quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

código da vinci

O CÓDIGO DA VINCI

O livro com o título acima, escrito por Dan Brown, editado nos EUA em 2003, e no Brasil em 2004, provocou muita discussão na América do Norte. O seu autor, entrevistado em programas de televisão, afirmou que se tivesse de escrever sobre o mesmo tema, em uma obra de não ficção, nada mudaria do que escreveu nesse romance. Disse que, após a sua pesquisa, passou a acreditar nas teorias lançadas no livro. Tal declaração preocupou as organizações cristãs. Em defesa da tradição cristã saíram, entre outros, a professora católica Amy Welborn, com o livro “Decodificando Da Vinci” e o professor protestante Darrell L. Bock, com o livro “Quebrando o Código Da Vinci”, ambos editados no Brasil em 2004. A professora, com mestrado em História da Igreja, diz que procurou responder as perguntas formuladas com mais freqüência pelos leitores do romance, particularmente, as relacionadas a temas históricos e teológicos. O professor de teologia diz que familiares, amigos, produtores de programas de televisão, todos solicitaram respostas racionais à polêmica gerada pelo livro de Brown. Embora protestante, o professor contou com o apoio de um teólogo católico no prefácio do seu livro. Tais livros deixam a impressão de uma cruzada contra as teorias contidas no livro de Brown. Protestantes e católicos unem-se no comum interesse de defender a sua riquíssima fonte de renda. Pela fé, as pessoas mantêm-se filiadas às instituições religiosas, contribuindo com bens e dinheiro. Um abalo nessa fé representará perda de riqueza e de poder.

As declarações de Brown à imprensa foram comercialmente corretas. Brown reforçou a polêmica, ao dizer que acreditava naquelas teorias. Desse modo, manteve o seu livro em primeiro lugar nas vendas. O enredo é pura ficção. Trata-se de romance policial fincado em algumas verdades históricas, principalmente, no que concerne às artes, que não difere do padrão dos filmes policiais americanos, com pessoas suspeitas, perseguições em automóveis e aviões, dispositivos eletrônicos para localização de pessoas e veículos, sistemas de segurança nas entradas e saídas de museus e bancos, expedientes para despistar os perseguidores, e assim por diante. As referências às obras de arte e seus autores são interessantes, respondem pelo nível cultural do livro e por uma parte da polêmica que se criou em torno dele. A história se passa na Europa (França, Inglaterra, Itália). O assassinato do curador de um museu (Louvre) dá início à trama. No final, o crime é desvendado, os mocinhos (um professor americano e uma perita criminal francesa, ambos solteiros e de boa aparência física) são inocentados, o verdadeiro culpado é descoberto e preso. O bem vence o mal. Alguns episódios da história motivaram a polêmica com a comunidade cristã. Começa por uma mensagem codificada no corpo do curador, completada pela sua posição e algumas frases no chão onde foi encontrado. A mensagem conduz aos quadros “Monalisa” e “Última Ceia”, pintados por Leonardo da Vinci, que teriam significados ocultos sobre o feminino sagrado. “Monalisa”, anagrama com os nomes dos deuses egípcios Amon e Isis, união de masculino e feminino, em cujo quadro o próprio Leonardo estaria retratado, motivo do irônico sorriso estampado naquele rosto, serviu para indicar um quadro localizado à sua frente, na sala do museu, atrás do qual o curador colocara uma chave. Os mocinhos descobriram que a chave era de um cofre de banco e que alguma coisa estaria lá guardada. Genial dedução! “Última Ceia”, indicaria o enlace de Jesus e Maria Madalena. Esse recheio inclui uma inesperada busca do Santo Graal ou Sangue Real, com base na tese de que o Graal vincula-se ao casamento de Jesus e Maria Madalena e à descendência resultante desse casamento. Objetivamente, o Graal incluiria ossos de Maria Madalena e documentos dos Templários, depositados sob o chão do Louvre, no ponto em que está localizada a pirâmide de vidro. Em abono das suas teses, o autor invoca textos gnósticos e sociedades secretas. Coloca em xeque a versão tradicional da vida, morte e ressurreição de Jesus. Reputa arbitrária a seleção dos 4 evangelhos, feita pelo Concílio de Nicéia sob pressão de Constantino. Considera válidos os evangelhos rejeitados pela Igreja, acusada de ocultar a verdade. Essas teorias serão examinadas nos próximos artigos.

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