domingo, 20 de junho de 2010

FUTEBOL

JOGOS DA COPA
A primeira rodada desta copa do mundo de futebol encerrou-se em 16/06/2010. No mesmo dia, iniciou-se a segunda rodada. Distribuídas em 8 grupos (A/H), jogam as seleções de países americanos (Argentina, Brasil, Chile, EUA, Honduras, México, Paraguai, Uruguai) europeus (Alemanha, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, França, Grécia, Holanda, Inglaterra, Itália, Portugal, Sérvia, Suíça) africanos (África do Sul, Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gana, Nigéria) asiáticos (Coréia do Norte, Coréia do Sul, Japão) e da Oceania (Austrália, Nova Zelândia). Os hinos emocionam, mas não levam os jogadores às lágrimas. O atacante norte-coreano foi exceção. Mesmo de país comunista, asiático também chora. Robinho e KK não choraram, mas colocaram a mão direita sobre o coração. Depois que voltou do exílio, em cerimônia cívica no Aterro do Flamengo, Leonel Brizola, já governador, ficou com os olhos marejados ao ouvir o hino nacional. Os militares ao seu lado ficaram impassíveis.
O som infernal das cornetas denominadas vuvuzelas obriga-nos a reduzir, ao mínimo, o som do aparelho de TV. Perde-se, com isso, a tranqüila e bem humorada narração de Milton Leite e a comedida análise de Maurício Noriega. O citado narrador não se intromete na seara do analista, salvo para provocar o comentário. Faz o seu trabalho sem colocar a sua opinião antes ou acima da opinião do analista. Nele, o ranço radiofônico é bem menor do que em outros narradores falastrões e gritalhões esquecidos de que o telespectador não é cego nem surdo. A narração da dinâmica do jogo há de ser moderada, pois as imagens dispensam tagarelice. Às vezes, lances fora do campo de visão do telespectador não são mencionados pelos narradores.
Emerson, jogador da festiva e decepcionante seleção brasileira de futebol de 2006 afirma, em programa de televisão, que não há seleção fraca nos jogos da copa do mundo. Assiste-lhe razão. Equipe fraca não se classifica. Ademais, falta de tradição no futebol não se confunde com fraqueza. Vários motivos de caráter individual e coletivo levam equipes a se apresentar mal. Há estilos e estratégias diferentes. A deficiência nos passes e nas finalizações tem sido geral. Até o momento, o favoritismo referido por analistas não se confirmou. As seleções da Espanha, Portugal, França, Alemanha e Inglaterra sofrem reveses. Para encobrir seus erros de análise e prognóstico, os analistas invocam o cansaço dos jogadores decorrente de outras competições e qualificam de zebra o resultado desfavorável a uma seleção tradicional. Entretanto, os jogos revelam certo nivelamento entre as equipes nesta fase. Provavelmente, na fase seguinte (oitavas de final) as diferenças aparecerão com maior nitidez.
A corpulência dos jogadores africanos, acentuada pelo uniforme colante, chamou a atenção geral. O modo de jogar corresponde a esse volume muscular: dureza ao se defender e firmeza ao atacar. As equipes da Ásia amarela exibem espírito guerreiro. As artes marciais integram a cultura daquela região (China, Coréia, Japão). Esse espírito permeia o futebol apresentado pelas respectivas seleções; os jogadores são velozes, disciplinados, esforçados, obedecem rigorosamente o esquema tático e a orientação dos treinadores, oferecem desmedida resistência aos adversários, armam bloqueios de difícil transposição. A tática do bloqueio também é empregada por seleções dos demais continentes diante de adversários portadores de histórico de vencedores. Cabe a esses adversários romper o bloqueio, o que exige paciência, persistência, habilidade e criatividade. A Suíça empregou essa tática com sucesso contra a Espanha. Os norte-coreanos não tiveram o mesmo êxito contra o Brasil.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

FUTEBOL

DINHEIRO E FUTEBOL.
Sócrates, médico, excelente jogador da seleção brasileira de 1982, marcou presença na festa de abertura da copa do mundo de futebol de 2010. Comentou o caráter mercadológico do evento. De fato, as copas servem de vitrine para promoção de produtos e pessoas (técnicos, jogadores, dirigentes, comunicadores). O amor à camisa empalideceu, mais em nível de clube e menos em nível de seleção. Diante da evidência dos fatos no mundo do futebol, inegável que o amor ao dinheiro superou o amor ao clube. A atitude dos torcedores de atirar moedas no campo de futebol ou de acenar com cédulas quando os jogadores mostram falta de empenho durante o jogo indica a noção que o povo tem do aspecto mercantil do esporte.
Inventado e praticado pelos ingleses, o futebol foi trazido da Inglaterra para o Brasil por um brasileiro cujo pai era inglês. Inicialmente, era esporte de uma elite branca. No Paraná, havia elencos só de brancos (por isso mesmo, o Coritiba FC era apelidado de “coxa-branca”). Negros buscaram meios de clarear a pele para jogar em algum clube. No Fluminense, clube do Rio de Janeiro, os jogadores de pele escura usavam pó de arroz. Com o passar do tempo, a perícia individual superou o preconceito. Nos clubes, a necessidade de vitórias e títulos nivelou as epidermes. A partir dos anos 70, visando a obter um rico patrimônio, os brancos da classe média brasileira voltam a se interessar pela prática do esporte como profissionais.
Praticado na várzea pelos pobres (brancos, negros, mulatos), o futebol exigia apenas uma bola e dois paus fincados em lados opostos de um campo a guisa de traves do gol. O travessão era uma linha imaginária entre os dois paus acima da cabeça do goleiro. As discussões eram inevitáveis quando bola alta entrava no gol. Cara ou coroa: um time tirava a camisa e outro não; sem camisas versus com camisas. Em nível popular e âmbito nacional, o brasileiro tinha sua música, dança e festa: samba, chorinho, maxixe, carnaval. Faltava um esporte. O futebol preencheu essa lacuna. Massificou-se. Clubes foram criados, estádios construídos, torneios organizados com o comparecimento do público e ingressos cobrados. Jogadores da várzea ingressaram nos clubes. O esporte profissionalizou-se: jogadores contratados e remunerados. Os clubes criaram a categoria juvenil com o propósito de preparar os jovens para jogar no time principal. As mulheres aderiram ao esporte. Neste século XXI, a brasileira Marta consagrou-se como a melhor jogadora de futebol feminino do mundo.
Empresas industriais, comerciais, prestadoras de serviços, incluíram o futebol nos seus interesses. Marcas de produtos, nomes de empresas, logotipos, são exibidos nos estádios, nos bonés e nos uniformes dos jogadores e da comissão técnica. Para exibir marcas e modelos, jogadores penduram chuteiras no pescoço e beijam bolas. Clubes disputam a compra de jogadores. Os preços sobem a alturas estratosféricas. Desse mercado mundial participam jogadores, técnicos, entidades desportivas, veículos de comunicação social, empresas públicas e privadas. Os jogadores ambicionam ingressar nos clubes ricos da Europa, ganhar altos salários, rendas da propaganda e do patrocínio, além das mordomias. Não há lugar para amor à camisa. A fidelidade saiu de moda. Diante do encolhimento da várzea no Brasil, da valorização dos jogadores e do crescimento do mercado, os clubes criaram também a categoria infantil. Proliferam escolas de futebol particulares fundadas e dirigidas por ex-jogadores. Instrutor de uma dessas escolas afirma na TV: os jovens querem se dedicar ao futebol pelo dinheiro.

domingo, 13 de junho de 2010

FUTEBOL

DANÇA E FUTEBOL
A celebração da copa do mundo de futebol contou com a presença de artistas, bandas de música e jogadores no dia 10 de junho de 2010. A nota de maior encanto foi dada pela cantora colombiana Shakira. Pouco se ouviu a voz; mais se ouviu o som dos instrumentos musicais e de percussão. Viu-se o lindo rosto da cantora em expressão convidativa e o seu corpo escultural a se contorcer sensualmente na mistura de danças africana e oriental.
O povo sul-africano mostra-se muito alegre por seu país sediar a copa do mundo. Parece que tanto a vitória da sua seleção como a de seleções de outros países africanos importa pouco. Há sul-africanos que torcem por seleções de países europeus e americanos e admiram jogadores brasileiros. O povo está feliz pela divulgação mundial do seu país, da sua cultura, da sua história, dos seus costumes. As pessoas pronunciam com freqüência e entusiasmo o nome de Nelson Mandela, herói nacional.
A veneração tem justo motivo. Do ponto de vista político e social, Nelson Mandela e Mohandas Karamchand Gandhi foram as duas maiores personalidades do século XX. Ambos fazem parte de um tipo nobre e raro da espécie humana, que poucas vezes se manifesta na história. Esse tipo muito se aproxima do avatar referido na doutrina bramânica. No mesmo século, Hitler e Stalin foram as duas maiores expressões da face demoníaca do ser humano, considerada a extensão mundial do sofrimento gerado por suas decisões e atitudes.
Por ocasião da posse na presidência da África do Sul, Nelson Mandela, de modo natural e espontâneo, movimentou o corpo em gestos de dança tribal. Exibiu um traço característico do negro africano: a ginga do corpo, a dança comemorativa própria da cultura desse povo manifestada nas ruas e nos estádios. Em documentários sobre a África negra é perceptível essa característica. Os negros e mulatos brasileiros herdaram-na. Caboclos brasileiros também herdaram a expressão corporal dos silvícolas. Todavia, enquanto na dança africana há maior flexibilidade do corpo, na dança indígena há maior rigidez. A ginga própria do jogador brasileiro tem ascendência africana. Já o brasileiro descendente de imigrantes europeus e asiáticos não tem o mesmo gingado.
Após estudarem a formação e as táticas da seleção brasileira, os adversários montam esquemas com o propósito de embaraçá-la. Para desmontar tais esquemas, os jogadores brasileiros valem-se da ginga, criatividade e versatilidade. Essas qualidades distribuem-se em porções diferentes entre os jogadores, pois nem todos têm o mesmo talento e a mesma percepção. A equipe deve estar bem sintonizada para tirar proveito coletivo dessas qualidades. Com os esquemas montados pelos adversários o jogo tende a ficar robotizado. Percebendo isto, o técnico certamente advertirá os seus pupilos e indicará o modo de contornar a automação. Em última instância, o talento individual resolverá o problema.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

FUTEBOL

HORA DA VERDADE
Seleções de países de todos os continentes exibir-se-ão nos estádios da África do Sul a partir de 11.06.2010, durante a copa do mundo de futebol. O público internacional terá oportunidade de ver os melhores jogadores do mundo em atividade. Com os seus próprios olhos, o público escolherá a melhor seleção e o melhor jogador. Formar-se-á opinião pública diretamente, sem manobras de bastidores ou propaganda em favor de seleções e jogadores com patrocínios milionários. Apontar o melhor entre os melhores é tarefa difícil. Ficarão fora da avaliação do público os bons jogadores das seleções eliminadas na primeira fase da competição e os que dela foram excluídos por falta de condições físicas, morais e/ou psicológicas.
A escolha anual do melhor jogador do mundo pela FIFA é suspeita e inadequada. Os seus dirigentes agradam gregos e troianos a fim de obter votos e se perpetuarem no comando internacional do esporte. A organização mundial movimenta milhões de dólares. Os atuais dirigentes quebraram a hegemonia dos negros e mestiços entre os melhores do mundo e produziram a onda branca. A FIFA passou a escolher só jogadores brancos de clubes europeus: Zidane, KK, Cristiano Ronaldo e Messi. Cada um aguardou a vez e todos ficaram felizes. Na escolha, prevaleceram os critérios subjetivos e os interesses objetivos. Além dos ganhos como jogador e garoto propaganda, o escolhido rende milhões de euros ao clube.
A escolha adequada do melhor jogador há de ser feita de 4 em 4 anos, por ocasião dos jogos da copa do mundo de futebol. Dentre aqueles que mostrarem desempenho e nível técnico excelentes durante as partidas há de sair o melhor do mundo. Na opinião de argentinos e brasileiros a copa de 2010 será de Messi. Convém aguardar os jogos e conferir com os próprios olhos se o jogador corresponderá às expectativas, pois haverá mais elementos de comparação na plêiade dos bons jogadores das diversas nações.
Em 2006, antes do início dos jogos, a seleção brasileira e os jogadores KK, Robinho, Ronaldo, Ronaldo Gaúcho foram colocados nos cornos da lua. Entretanto, durante os jogos, constatou-se que: (i) a seleção estava sem liderança e sem energia, o técnico passeando de um lado para outro com as mãos nos bolsos; (ii) o desempenho desses jogadores foi sofrível; (iii) o melhor jogador da seleção brasileira foi Zé Roberto; (iv) o melhor jogador da copa foi Zidane, apesar da censurável conduta contra a equipe da Itália. Quando a partida já estava no segundo tempo da prorrogação, Zidane reagiu à provocação com uma cabeçada no peito do adversário (Masterazzi) e foi expulso. A seleção francesa empatou com a italiana, mas saiu derrotada na decisão por pênaltis.
Diante dos sucessos históricos, tende-se a prognosticar vitórias de equipes da Europa e da América do Sul. Tradição influi no palpite, mas não determina o resultado. Vence a equipe bem preparada sob o aspecto coletivo, técnico e psicológico, com ou sem tradição. Seleções africanas e asiáticas podem obter boa classificação. As quatro seleções melhor classificadas serão premiadas. Os jogadores brasileiros confiam na sua própria experiência e capacidade; não se intimidarão diante dos adversários. Sem medo, sem arrogância, sem esmorecer até o minuto final, bem entrosada e fazendo muitos gols, a seleção brasileira saberá respeitar todas as equipes na medida certa.

domingo, 6 de junho de 2010

FUTEBOL

O TÉCNICO E A IMPRENSA
Há técnicos de futebol que graças à facilidade de expressão gostam de se relacionar com a imprensa enquanto outros, por timidez, impaciência e/ou dificuldade de expressão dela se esquivam. Os técnicos concedem entrevistas coletivas por dever de ofício. Das entrevistas isoladas pode resultar ganho extra ao entrevistado. O despreparo profissional, a vaidade ou compulsão leva alguns entrevistadores a se sobreporem aos entrevistados e a desvirtuarem a entrevista com suas próprias versões e impressões.
A informação sobre os exteriores e os bastidores do esporte interessa a um grande público. O papel da imprensa é veicular essa informação. A imprensa inclui jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão (“mass media”) e atua nos setores informativo, instrutivo e recreativo com programas, textos, sons e imagens. Versa técnica, arte, ciência, religião, misticismo. Contribui para a formação do universo mental dos povos.
No interesse público, a imprensa promove debates e as mais variadas campanhas: combate às doenças, defesa do meio ambiente, assistência às vítimas de catástrofes, prevenção de acidentes, alfabetização, paz, fraternidade. O serviço de rádio e televisão pode ser prestado por empresas particulares mediante concessão do poder público, o que implica limitações administrativas. Nas democracias autoritárias da América Latina, o comunicador pode ser afastado das suas funções quando insiste na crítica desfavorável aos governantes. Se prestigiar o atrevimento do seu comunicador, a empresa emissora arrisca-se a perder a concessão.
Ativada por seres humanos, a imprensa reflete as virtudes e os vícios dos seus agentes e atua para o bem e para o mal. No futebol, constante é a pressão da imprensa para impor táticas e formações de equipe aos técnicos. Há críticas destrutivas e ofensivas quando o técnico não segue as diretrizes sugeridas pelos agentes da imprensa. Ciosos dos seus próprios direitos, tais agentes não respeitam direitos alheios, inclusive os relativos à intimidade. Exemplo recente: com máquinas fotográficas e filmadoras, repórteres perscrutavam quartos do hotel em que os jogadores se hospedaram na África do Sul (copa de futebol de 2010). Ciosos do seu trabalho, os repórteres não respeitam o trabalho alheio: afrontam decisões da comissão técnica da seleção de futebol e pretendem interferir no método de trabalho adotado.
Na “Era Dunga” desmontou-se o circo em torno da seleção brasileira. A decisão da comissão técnica de treinar sem a presença da imprensa e do público evita que os jogadores se distraiam e percam a concentração no trabalho. Os jogadores necessitam de um ambiente tranqüilo para buscar entrosamento e bem assimilar as táticas. No ensaio há paradas, repetições e mudanças. Nos jogos amistosos, o público que se impacienta com as interrupções no treino, pode ver a seleção em atividade contínua no campo, além de conversar com os jogadores e obter autógrafos nos salões do hotel e nas ruas da cidade. Para atender a imprensa, há local e horário reservados com diferentes jogadores, o que revela cuidadosa e racional organização.
A imprensa perdeu a neutralidade quando as finanças assumiram importância vital. Paris, 11 de julho de 1848. No derradeiro número do jornal “Povo Constituinte” que abrira falência, Lamenais escreve: “Hoje é preciso ouro, muito ouro para exercer o direito de falar. Nós não somos ricos. Silêncio aos pobres!”. A imprensa moderna é uma indústria capaz de distorcer fatos e forjar situações de acordo com os propósitos dos seus donos, dos seus agentes ou dos seus anunciantes. Orientadora de condutas e formadora de opinião, a imprensa exerce pressão tanto sobre o governo como sobre o povo. No regime autocrático, ela atua com as rédeas curtas do governo; no regime democrático, com as rédeas soltas. A democracia, solidária à informação, permite o contraditório. O governo serve-se da imprensa para buscar aprovação do povo à sua política, sondar a opinião pública e se informar sobre as necessidades da nação. Exercendo o seu poder de persuasão, a imprensa atua a favor ou contra o governo, constrói e destrói reputações, apóia e combate candidaturas. No século XVIII (1701-1800), Edmund Burke, membro do parlamento inglês, mencionando os três poderes do Estado (legislativo, executivo e judiciário) afirmava: a imprensa é o quarto poder.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

FUTEBOL

O TÉCNICO E OS JOGADORES
Na equipe de futebol profissional, entre o técnico e os jogadores há hierarquia: comandante e comandados. As instruções do técnico devem ser assimiladas e executadas. Todos perseguem a vitória embora, às vezes, o empate satisfaça. Destarte, os esforços do técnico e dos jogadores convergem para o mesmo fim. O relacionamento entre eles há de ser cordial e respeitoso. As mudanças na equipe durante as partidas devem ser recebidas com acatamento. O técnico pode proceder a alterações táticas e mudar a composição da equipe. Técnica e fisicamente, o jogador pode estar bem e, mesmo assim, a substituição ser recomendável.
Por análise equivocada da situação, o técnico pode se enganar antes da partida ao adotar uma tática e escalar os jogadores, ou durante a partida ao proceder a alterações. Cabe ao público – e não ao jogador – criticar o técnico pelo erro cometido. Sugestões do experiente jogador ao técnico, antes e durante a partida, são admissíveis e até benéficas, porém, críticas em tom de censura nada constroem, bem ao contrário, são veículos de fofocas e intrigas no meio do grupo e provocam dissidências. Condiz mais com a ética desportiva o jogador pedir para sair da equipe do que envenenar o ambiente com maledicências e indisciplina.
O jogador também erra, ainda que sua técnica seja excelente. O seu desempenho não permanece regular o tempo todo durante sua carreira. Há fases boas e más. Além da passagem do tempo, fatores domésticos, sociais e econômicos influem na sua vida e se refletem no exercício da profissão. Limitações na vida particular e social do jogador decorrem do profissionalismo no futebol. Os clubes assumem compromissos e despesas, inclusive com altos salários a alguns jogadores. Enquanto vigente o contrato com o clube ou o vínculo com a seleção do seu país, a boa conduta do jogador interessa a todos. Os jogadores devem zelar por sua saúde como convém a qualquer atleta e evitar extravagâncias e boêmia. Desse modo, não prejudicarão a si mesmos, nem ao clube que os contratou e que neles investiu dinheiro.
A conduta dos jogadores há de se conformar com o padrão moral vigente na sociedade, de modo a não manchar a imagem do clube ou da seleção do seu país. O compromisso do técnico e dos jogadores não é apenas esportivo, mas também moral e social. Na Europa, a má conduta pode ser justa causa para a dispensa do jogador.
Primeiro exemplo: Ronaldo Nazário. Por duas vezes, a FIFA lhe concedeu o título de melhor jogador do mundo. Após o escândalo com travestis no Rio de Janeiro, a sua representação perante a juventude mundial foi cassada pela UNESCO e diminuíram suas chances como garoto propaganda e como jogador de clube europeu. Mesmo abaixo da linha do equador, onde não há pecado, segundo Caetano Veloso, aqui neste Brasil de frouxos laços morais, foi pequeno o interesse em contratar esse jogador. O Flamengo o deixou na sala de espera. Somente o Corinthians se dispôs a contratá-lo, apesar do nariz torcido do técnico.
Segundo exemplo: Ronaldo Gaúcho. Gênio do futebol mundial, a FIFA concedeu-lhe o título de melhor jogador do mundo. Após atravessar má fase, recuperou a forma. A farra o derrubou. Promoveu esbórnia em Milão por madrugadas seguidas até a véspera de jogo decisivo para seu clube. Tamanha irresponsabilidade o afastou da seleção brasileira.
Terceiro exemplo: Adriano. Excelente jogador cujas ligações perigosas e vida social tumultuada o colocaram sob suspeita. Perdeu a convocação para integrar a seleção brasileira. Com futuro incerto, saiu do Flamengo e voltou para a Itália onde, certamente, os seus antecedentes facilitarão ingresso em qualquer clube mantido pela máfia italiana.