domingo, 26 de julho de 2015

SUICIDIO DE DEUS II



Entre as teorias e doutrinas citadas nos artigos anteriores foi incluída a teoria da unidade cósmica (mundo material + mundo espiritual). Admitida esta união cósmica, ponderou-se: (1) deus a criou e vive em função dela; (2) o fim de um dos mundos implica o fim do outro; (3) o fim do mundo por vontade divina significa o suicídio de deus. Certamente, grande parte da humanidade não aceita esta conclusão. A população mundial está dividida entre os que acreditam e os que não acreditam na existência de deus e do mundo espiritual. Embora sem um levantamento estatístico, a mera observação empírica mostra que a maioria da população é de crentes e a minoria, de descrentes. Do ponto de vista quantitativo e demográfico, pois, a fé supera a razão. O conhecimento humano vai além do mundo físico e adentra a esfera metafísica para chegar a uma visão filosófica, religiosa e mística do universo.

Às duas perguntas sobre a existência de deus e do mundo espiritual segue esta outra: é possível aos humanos conhecer deus e o mundo espiritual? Obviamente, para os descrentes (ateus e materialistas) a pergunta carece de sentido. Para os crentes, a pergunta tem sentido, porém, as repostas tanto podem ser afirmativas como negativas.

Para algumas pessoas (filósofos, intelectuais, religiosos, místicos), a resposta é negativa: deus é incognoscível. O humano, por ser encarnado, não tem acesso direto a deus. Somente após a morte do corpo humano, a alma poderá conhecer deus. O humano apenas sente a presença divina sem discernir a forma e sem perceber a substância de deus. A estrutura lógica do pensamento humano é insuficiente para defini-lo. A divindade está além do plano conceitual humano. 

Para outras pessoas (filósofos, intelectuais, religiosos, místicos), deus é cognoscível. O humano pode conhecer deus pela intuição e pela revelação. Algumas destas pessoas afirmam a impossibilidade de traduzir em palavras essa experiência extática. Outras descrevem a imagem e arrolam os atributos do deus com o qual dizem haver entrado em contato direto. Assim acontecia, por exemplo, com o líder hebreu chamado Moisés, com o místico persa chamado Zaratustra, com teólogos, sacerdotes e santos cristãos. Os pensadores e crentes que não conseguem traduzir em palavras o seu conhecimento de deus usam símbolos e recorrem a analogias com as coisas familiares aos humanos tais como: astros, luz, calor, forças telúricas, figuras geométricas, números e assim por diante. Deus recebe diferentes nomes que lhe são atribuídos inclusive por aqueles pensadores e crentes que entendem impossível conhecê-lo.
Possibilidade e impossibilidade de conhecer o mundo espiritual dividem os pensadores e crentes. O conhecimento do mundo natural (criado por deus) e do mundo cultural (criado pelo homem) pode ser obtido por métodos intelectuais. O conhecimento do mundo espiritual (criado por deus) é obtido por vias irracionais. Nem todos acham isto possível.
Todo conhecimento na esfera humana ocorre pela apreensão de um objeto pela consciência. A estrutura geral de qualquer conhecimento compreende a consciência do sujeito, o objeto e a imagem do objeto formada na consciência. O processo do conhecimento consiste, pois, em formar a imagem de algo na consciência. Esse algo (objeto de conhecimento) pode ser produto da experiência (real, sensível) ou da razão (ideal). Da relação entre a mente do sujeito e o objeto advém a verdade ou a falsidade do conhecimento. A verdade do conhecimento consiste na concordância da imagem na consciência com o objeto apreendido.

Para os dogmáticos, a capacidade da inteligência para apreender o objeto é evidente. O objeto do conhecimento é apresentado à consciência de modo absoluto, sem qualquer função cognitiva. Logo, o problema do conhecimento não existe. Já para os céticos, o problema existe. Alguns deles são radicais: afirmam a incapacidade humana para conhecer a essência das coisas. Os céticos moderados afirmam a impossibilidade apenas do conhecimento moral e metafísico. A moral tem sede na vontade humana e por isto mesmo é cambiante. No que tange a deus, o seu conhecimento pelos humanos é impossível. Entretanto, os céticos moderados admitem a capacidade humana para conhecer os dados da experiência (empirismo). Qualquer verdade é válida exclusivamente para o sujeito que a formula. O conhecimento humano depende de fatores externos, como o meio ambiente, a cultura, o espírito do tempo e assim por diante (relativismo). “O homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras).

Ao afirmar que toda verdade é relativa, o cético se contradiz, pois está afirmando uma verdade absoluta. Para os racionalistas, o pensamento é a fonte principal do conhecimento. O processo de conhecimento deve incluir a crítica racional. Verdadeiro é tão somente o conhecimento logicamente necessário e universalmente válido como, por exemplo: “o todo é maior do que a parte”. O conhecimento fundado em juízos logicamente necessários e universalmente válidos tem como modelo o raciocínio matemático, conceptual e dedutivo.

Na Física, a origem do conhecimento está no mundo natural. Na Metafísica, a origem do conhecimento está no mundo espiritual. No mundo natural e no mundo cultural a mudança é constante. Isto os faz refratários a um saber estável e a uma certeza definitiva. No reino metafísico das idéias está o modelo da atualidade empírica (Platão). As idéias brotam do nous, espírito universal que ilumina o espírito humano (Plotino). A fonte de todo conhecimento é deus, que ilumina o espírito humano (Agostinho). A consciência humana recebe os seus conteúdos de deus, que é a causa do aparecimento das percepções sensíveis nos seres humanos.

Plotino refere-se à intuição emocional na contemplação mística de deus e do mundo espiritual. Agostinho adota o pensamento de Plotino com maior vigor quanto à superioridade da visão divina em face da visão racional. Esse contato direto com deus resulta de um processo emocional. No pensamento de Agostinho, convivem as intuições racional e emocional. A par do órgão de conhecimento teórico e racional, há o órgão de conhecimento irracional e prático: a , apreensão e assentimento intuitivo e emotivo. A fé radica em um instinto psíquico que leva à certeza da realidade do mundo.

A religião está sediada no sentimento e não na razão ou na vontade. A religião supõe a intuição do universo. Certeza intuitiva é a vivência imediata de algo que se não pode experimentar, a certeza de algo transcendente. Só a intuição alcança a essência das coisas, o conteúdo íntimo da realidade. A intuição é a chave da Metafísica. Só chegamos a deus pelo caminho da intuição. Só conhecemos deus quando ele a nós se revela.

A questão da existência de um conhecimento intuitivo paralelo a um conhecimento racional discursivo relaciona-se ao conceito de ser humano. Quem concebe o humano como criatura teórica, cuja principal função é o pensamento, admitirá somente o conhecimento racional. Quem o concebe como criatura essencialmente emotiva e volitiva, admitirá também o conhecimento intuitivo. Deus chega ao homem pela experiência religiosa e não por meio de uma atitude metafísica racional. A certeza sobre deus é de índole distinta daquela que possa advir do raciocínio elaborado. A religião é uma esfera de valor autônoma sustentada por seus próprios pilares, independente de qualquer outra esfera de valor. O seu fundamento de validade repousa nela própria, na certeza imediata peculiar ao conhecimento religioso.

Ante o exposto, tem lugar a confissão de Sócrates: “tudo o que sei é que nada sei”. O modesto filósofo grego referia-se aos limites da capacidade humana para conhecer o lado metafísico da existência. Sabemos apenas que deus é, mas não sabemos o que deus é.

terça-feira, 21 de julho de 2015

SUICIDIO DE DEUS



O problema teológico começa com a pergunta: deus existe?

A resposta negativa é dada pelos ateus. O ateísmo nega a existência de deus. Os ateus admitem o governo da natureza por ela mesma. Negam a necessidade de explicar e justificar o mundo através de um deus. Basta a razão.

A resposta afirmativa comporta duas vertentes: a deísta e a teísta. O deísmo afirma a existência de deus, criador do universo, mas não interventor. Após criar o mundo, deus não mais interfere; deixa-o sob o comando das leis naturais impregnadas da sua inteligência. Os deístas não admitem a revelação divina como fonte do conhecimento; deus nada revela aos homens. O teísmo afirma a existência de deus personalizado, criador do universo, interventor e providencial, que revela aos homens o seu saber e os seus mistérios. Os teístas admitem a revelação divina como fonte do verdadeiro conhecimento.

A seguir, vem outra pergunta: o mundo espiritual existe?

A resposta dada pelos materialistas é não. O mundo sobrenatural é invenção de pessoas que apreciam a ilusão e se deixam por ela convencer. Existe apenas o mundo natural em que vivemos. Tudo o que nele nasce nele perece. A alma nasce e morre com o corpo. Vida após a morte é pura ilusão, sonho de eternidade.

A resposta dada pelos espiritualistas é sim. Há um mundo além do mundo natural. Esse mundo sobrenatural é a morada dos deuses (ou do deus único) e das almas individuais, segundo a crença dos diferentes povos no curso da história. Os espiritualistas divergem entre si, quanto à estrutura e ao funcionamento desse mundo espiritual.

Os espiritualistas filiados à linha platônica entendem que o mundo espiritual é a realidade verdadeira; o mundo material é apenas a sombra daquele. O que existe no mundo material é uma projeção do que existe no mundo espiritual. Os dois mundos são independentes. O mundo espiritual continuará a existir ainda que o mundo material seja destruído. Deus continuará a existir na sua morada celestial. Nessa mesma linha, morto o corpo humano, a alma individual prossegue a sua existência no outro mundo. Há, pois, vida após a morte.

Algumas correntes espiritualistas (como a hinduísta e a budista) ensinam que a alma humana é individual e reencarna para se purificar pelo sofrimento. O nosso planeta é visto como um cadinho purificador. Alcançada a pureza, a alma individual não mais reencarna; permanece no mundo espiritual na companhia dos bem-aventurados. A doutrina da igreja cristã ensina que a alma individual não reencarna, permanece no mundo espiritual onde é julgada, absolvida dos pecados ou condenada ao sofrimento eterno.

Ante algumas dificuldades decorrentes da idéia de separação entre dois mundos, pensadores platônicos defendem a existência de um terceiro mundo, exclusivamente divino. Deus tem a sua própria morada que não se confunde com nenhum dos dois mundos por ele criados. Ao seu inteiro e exclusivo arbítrio deus poderá, querendo, destruir os dois mundos enquanto ele próprio continuará a existir no seu mundo exclusivo.
   
Pensadores e escolas esotéricas ensinam que entre o mundo material e o espiritual há distinção, mas não separação. Os dois mundos são harmônicos e ambos formam uma unidade cósmica: o múltiplo no uno (universo). A diferença entre os dois é apenas de freqüência vibratória, pois, na origem, comungam a mesma energia. Destarte, se um perecer o outro também perecerá. Considerando que a existência de ambos implica a existência de deus, a dissolução de ambos acarreta a morte de deus. Nesse contexto, se a dissolução decorrer da vontade divina, significará que deus se suicidou.

Na doutrina platônica e cristã, deus é ato puro; deus não foi e nem será; simples e eternamente, deus é. Deus existe por si mesmo, imóvel, imutável, infinito, primeiro motor do mundo, causa primeira de todas as coisas. Entre os povos semitas, as letras EL e AL indicam o laço sagrado ou a própria divindade (Rafael, Al-Corão). O deus dos hebreus (judeus + israelitas) recebia nomes diferentes: Elohim (singular) ou Eloah (plural), Adonai e YHWH (Javé). O deus dos cristãos é tratado de Pai Celestial, o deus dos muçulmanos, de Allah, o deus dos místicos, de Ser e Absoluto. Os gregos referiam-se à divindade como Theos.

Apesar de ser uma questão de fé, há tentativas de provar a existência de deus mediante o uso da razão. A consciência moral inata no ser humano é um dos argumentos racionais utilizados. Os humanos são dotados naturalmente da noção do bem e do mal, embora a avaliação das ações e omissões como morais ou imorais possa variar segundo a cultura de cada povo. Aquela noção natural supõe uma fonte de moralidade anterior e superior que orienta o humano em direção à justiça, à bondade, à santidade. Essa fonte é deus.

A inteligência criadora também é mencionada como prova da existência de deus. Ao contemplar a estrutura e o funcionamento do mundo natural, ao intuir as leis que o governam, impregnadas de inteligência, o ser humano percebe a existência de uma superior inteligência governante. Essa inteligência é deus. O movimento característico do universo também é apresentado como prova. O movimento indica a necessária existência de um motor que deu o impulso inicial. Esse primeiro motor é deus. O princípio da causalidade constitui outro argumento racional. Da constatação de que tudo no mundo material tem uma causa e de que cada causa é efeito de outra antecedente (sucessão de causas e efeitos), infere-se a existência de uma causa inicial. A causa primeira de todas as coisas é deus. Argumenta-se ainda com a transitoriedade das coisas no mundo material. Ao verificar a contingência, natural ao mundo físico, onde tudo que nele nasce nele perece, o espiritualista intui que só deus é permanente, estável e absoluto. A essencialidade é outro argumento racional. Atributos como sabedoria, poder, nobreza moral, podem se conservar ou se perder durante a existência de cada indivíduo. Todavia, em deus, poderes e virtudes são da sua essência; deus não tem sabedoria, poder e nobreza; deus é sabedoria, poder e nobreza.         

Pensadores, sacerdotes, escolas esotéricas, apresentam deus sob diferentes formas, ora como ser animado, ora como inanimado; ora concentrado, ora difuso. Geralmente, apresentam-no sob forma humana, com predicados humanos. A religião dos hebreus e a religião dos cristãos atribuem forma humana aos seus deuses. Afirmam que o homem foi criado à imagem e semelhança de deus. Isto faz do homem um projeto divino e afaga o seu ego. Deus também é apresentado como algo semelhante ao Sol, que ilumina a mente e aquece o coração dos humanos (doutrina monoteísta do faraó Aquenaton).

Para alguns místicos, deus não tem forma alguma; apenas, essência. Deus não ocupa lugar no espaço e nem dura no tempo. Deus não é feio e nem bonito, não é bom e nem mau, não é justo e nem injusto, não é verdadeiro e nem falso. Na incapacidade de atingir a verdade suprema, os humanos imaginam o que deus é e como deus é. Imaginam, também, o que deus deve ser e os atributos que deus deve ter. Os humanos tomam a si mesmos e o mundo em que vivem como premissas das suas inferências. Na esfera metafísica, há somente opinião ao invés de certeza; reina a suposição; há muita dúvida e vasta ignorância.   

sábado, 18 de julho de 2015

FIM DO MUNDO V



FIM DO MUNDO V

A doutrina da alma é contraditória, diz Hans Kelsen, jurista e filósofo tcheco (austríaco), em seu livro “A Ilusão da Justiça” (1985). Kelsen notou vacilo da doutrina que, de um lado, afirma existir uma única alma imortal e, de outro, afirma existir duas almas: a divina e a humana, ambas imortais. A alma divina é pura e contempla o verdadeiro, o justo, o bom e o belo. A alma humana, impregnada do mal, é submetida a julgamento perante um tribunal. Por causa do seu peso, a humana tende a voltar para a Terra e a reencarnar. A essência da doutrina da alma é a justiça como valor ético. Bem e mal são as díades da doutrina. O bem é recompensado com o bem e o mal é castigado com o mal. Cuida-se do princípio retributivo: prêmio e penalidade.

O princípio retributivo mencionado por Kelsen é conhecido como karma no hinduísmo. Bons pensamentos e sentimentos, boas palavras e ações, geram benefício para a pessoa e para a coletividade. Maus pensamentos e sentimentos, más palavras e ações, geram malefício para a pessoa e para a coletividade. O karma corresponde à lei natural de causa e efeito, ação e reação. Vulgarmente, o karma é visto como relação pessoal de caráter punitivo. Cada indivíduo carrega a sua cruz com o peso dos seus pecados. O mal que hoje fizeres, amanhã o receberás; quem com ferro fere, com ferro será ferido; quem semeia vento, colhe tempestade; aqui se faz, aqui se paga; frases usuais que expressam o funcionamento da referida lei. Há, todavia, o menos lembrado karma recompensador: o bem que hoje fizeres, amanhã o receberás. Nos pratos da balança da justiça cármica pesarão a boa e a má conduta do indivíduo. Se o prato da bondade pesar mais, a alma do indivíduo, após a morte do corpo, gozará da bem-aventurança; se o prato da maldade pesar mais, a alma do indivíduo permanecerá no ciclo das reencarnações. A vida aqui na Terra é vista como castigo e sofrimento purificador. Com o propósito de ajudar a humanidade a se elevar espiritualmente, mestres iluminados abdicam da bem-aventurança e reencarnam. No budismo, eles recebem o nome de boddhisatvas. Há, também, o karma coletivo de uma cidade, ou de uma nação, que se manifesta como felicidade e infortúnio, progresso e retrocesso, paz e guerra, segundo sejam bons ou maus os costumes e o proceder da comunidade.
   
A alma tem sido conceituada como algo imaterial e imortal cuja existência o ser humano intui em si mesmo. Todavia, a placidez da crença na imaterialidade da alma está sendo perturbada pela Física. Cientistas contemporâneos como Fritjof Capra, Stephen W. Hawking e Brian Greene, em suas respectivas obras de divulgação científica, arrolam três componentes básicos do universo: (1) matéria clara (átomos, fótons, neutrinos), parte menor do universo + (2) matéria escura (partículas desconhecidas), parte maior do que a anterior + (3) tecido difuso (natureza desconhecida), parte maior do que as duas outras juntas.

Na opinião dos cientistas, a terceira parte (ou camada) que se convencionou chamar de plasma, compõe 65% do universo e pode ser a fonte de energia das outras duas partes (ou camadas). Esse plasma aproxima-se do que se entende por alma cósmica em linguagem mística. Platão já asseverava que a alma gera todo movimento e toda mudança. O referido tecido cósmico, difuso e diáfano, fonte da energia inteligente responsável pelo movimento e pela vida do universo, assemelha-se à alma cósmica de que falam os místicos, com a espantosa diferença de a sua natureza ser material e imaterial. O plasma integra os dois mundos: material e espiritual. Disto se extrai a ilação de que o corpo humano está no interior da alma (plasma). A personalidade humana é como um decalque na alma cósmica. A matéria do universo (na qual se inclui o corpo humano) está mergulhada no oceano cósmico (plasma, influxo provedor e conservador que liga todas as coisas). Há uma conexão entre tudo o que existe nas faces material e espiritual do universo. A personalidade humana (alma “individual”) é um dos efeitos dessa conexão. A personalidade permanece com a sua freqüência vibratória no seio da alma cósmica após a morte do corpo humano. Essa personalidade anímica pode reencarnar, segundo a crença oriental. Os monges tibetanos percebem quando a personalidade anímica do Dalai Lama reencarna e saem à sua procura até localizá-lo, identificá-lo e entronizá-lo. O exemplo mais sensível para o ocidente cristão foi dado pelos magos do século XX. Eles afirmaram que a personalidade anímica de Jesus reencarnou no Curdistão. Portanto, nesta encarnação, Jesus tem outro nome, a aparência, as vestes e os hábitos do povo curdo, e está com 45 anos de idade, aproximadamente. 

O plasma (alma, tecido ou oceano cósmicos) poderá ser qualificado de vida no sentido amplo, isto é, como energia fundamental e inteligente geradora e mantenedora dos dois mundos: o de estrutura atômica (mineral, vegetal e animal) e o de matéria escura. Neste amplo sentido da palavra, inverte-se a proposição tradicional: ao invés de a vida ser gerada no mundo físico, a vida é que gera o mundo físico. O sentido amplo da palavra vida aqui utilizado ajusta-se à tríade mística que expressa a base imaterial do universo: Vida+Luz+Amor. No sentido estrito e biológico da palavra, a “vida” (vegetal e animal) só floresceu em nosso planeta quando reunidas condições ambientais favoráveis, o que demorou milhões de anos para acontecer. Na linha evolutiva do reino animal no planeta Terra, a vida humana surgiu por último.

O cientista austríaco Fritjof Capra, especialista em Física de Alta Energia, no livro “O Tao da Física” (1974), traçou o paralelo entre o conhecimento científico situado nos limites da razão, expresso em palavras e números, e o conhecimento místico oriental que dispensa o raciocínio e não pode ser expresso adequadamente em palavras. Capra voltou ao tema no livro “O Ponto de Mutação” (1981), defendendo mudança de paradigma para enfrentar a crise ecológica, social e econômica que eclodiu no planeta na segunda metade do século XX. Crise de percepção, diz ele, conceitos de obsoleta visão de mundo aplicados indevidamente a uma nova realidade.   

O paralelo retro mencionado autoriza a visão de um universo completo, com as suas três partes componentes integradas. As partes menores no interior da parte maior, ou seja, a esfera maior contendo as esferas menores. A esfericidade – e não a hipótese de fundo, aqui aventada – vem mencionada no livro “O Universo numa Casca de Noz” (2001), do físico teórico Stephen Hawking, quando diz que a história mais simples do universo no tempo imaginário é uma esfera, como a superfície da Terra, mas com duas dimensões a mais. A esfericidade é imagem presente no intelecto desde que os humanos contemplaram a abóbada celeste, o Sol, a Lua, e a empregam na linguagem: “esfera celeste”, “esfera social”, “esfera pública”, “esfera particular”, “esfera religiosa”, e assim por diante, para significar o ambiente em cujo interior algo existe. A esfera é a figura mais perfeita (Pitágoras). O SER é imóvel, imutável, completo, sem devir, assemelha-se a uma esfera perfeitamente redonda (Parmênides). No seu interior, reside o bem; fora dos limites dessa esfera reside o mal.
    
A radical separação entre os mundos material e espiritual ainda pode ser questionada com base na teoria do físico Albert Einstein, segundo a qual, na sua origem, a matéria é energia. A energia é vibratória. As vibrações têm diferentes freqüências. Matéria e energia (espírito) distinguem-se apenas pela baixa e alta freqüência das suas vibrações. Mundo material e mundo espiritual são as duas faces do universo, formam uma unidade cósmica e se distinguem apenas pela freqüência vibratória. A expansão da consciência humana de um lado a outro do universo depende da modulação dessa freqüência. Os místicos utilizam incenso, vela, som vocálico, música, oração e concentração, com o objetivo de alterar a freqüência vibratória do ambiente e, assim, torná-lo propício à meditação e facilitar o acesso ao lado espiritual do universo. Eles não buscam o mundo espiritual nas estrelas ou em algum ponto do espaço e sim em outra faixa vibratória.

Sendo inseparáveis o mundo material e o mundo espiritual, a destruição de um implica a destruição do outro. Destarte, o fim do mundo por vontade divina significa o suicídio de deus.

sábado, 11 de julho de 2015

FIM DO MUNDO IV



O terreno da espiritualidade é metafísico e nele se caminha tendo como farol a intuição. De acordo com os ensinamentos dos místicos orientais, penetrar no mundo espiritual exige um procedimento prévio: esvaziar a mente, o que significa afastar preocupações, sentimentos e pensamentos mundanos no processo de harmonização. As categorias tempo e espaço condicionadoras da mente humana são inoperantes no mundo espiritual. A atividade lógica do ser humano coloca ordem nas idéias, porém, o raciocínio dificulta a harmonização com o plano espiritual. A mente vazia é a senda para o êxtase espiritual.

No livro “O Triunfo da Vida Sobre a Morte”, o filósofo e teólogo Huberto Rohden diz o seguinte: Entre o entendimento intelectual do homem profano e o compreender espiritual do iniciado medeia um grande sofrimento. Ninguém chega a Deus só pela força do pensamento. Certo. Há outras exigências, tais como: vontade determinada a esse fim, boas ações, rituais, tudo com desprendimento e amor que torne possível um ambiente de alta freqüência vibratória. Na metafísica religiosa prepondera a fé, contudo, o raciocínio é indispensável a uma fé lúcida. Durante reportagem em evangélico canal de TV (08/07/2015), no decorrer de uma convenção internacional de adventistas, onde os fiéis se apresentam com os trajes típicos dos seus países, todos se declarando felizes, um deles, peruano, diz que aguarda a “volta de Jesus”, crença geral daquela igreja, apesar das evidências em contrário. Isto ilustra o que se entende por fé cega.    

De um modo geral, os místicos acreditam na reencarnação. Alguns acreditam que Jesus é um dos grandes mestres da humanidade que, nesta Era de Aquário, reencarnou entre os curdos. Se isto for verdade, o irmão adventista, que se dizia feliz, pode ficar mais feliz ainda, ao saber que o seu amado Jesus voltou e vive entre nós em carne e osso. O Pai Celestial de Jesus gosta de enviar o filho a regiões inóspitas. Primeiro, à Palestina, onde o filho levou bordoadas e foi crucificado. Agora, ao Curdistão, território encravado entre o Irã, Iraque, Síria, Turquia e Armênia, cujo povo tem bandeira, luta pela independência e por reconhecimento internacional. Guerrilha, mortes, sofrimento, pobreza, cotidiano da nação curda. O divino filho podia ter reencarnado no Brasil, neste paraíso tropical, ingressar na política e se dar muito bem presidindo a Câmara ou o Senado. Acontece que deus não é brasileiro. Deus é pai ou é padrasto? Pai bondoso e amoroso não envia o filho para aquele caldeirão infernal. Este planeta azul tem lugares mais aprazíveis.

Lao Tse, filósofo e historiador chinês do sexto século antes de Cristo, contemporâneo de grandes mestres da humanidade como Kong Fu Tse (Confúcio), Pitágoras e Sidarta Gautama (o Buda, histórico herdeiro de um principado no Nepal), expõe o seu pensamento no livro “Tao Te King” (Caminho que Conduz a Deus). A bipolaridade cósmica representada no diagrama chinês tei-gi (yang x yin) permeia a filosofia de Lao Tse. Este livro singelo influiu na cultura oriental e deu origem ao Taoísmo. Ensina que o Tao é a fonte do profundo silêncio que o uso jamais desgasta. O Tao é como uma vacuidade, origem de todas as plenitudes do mundo. O Tao desafia inteligências aguçadas, desfaz as coisas emaranhadas, funde todas as cores em uma só, unifica todas as diversidades. Quanto mais falamos no Universo [Infinito, Absoluto] menos o compreendemos; melhor é auscultá-lo em silêncio. O céu e a terra são eternos porque radicam em algo além deles mesmo. Antes que o céu e a terra existissem havia o SER sem forma, imóvel, o vácuo, o nada, berço de todas as possibilidades. O valor do físico está no metafísico. Todas as coisas visíveis são setas que apontam para o invisível. O SER jaz nas profundezas do insondável. Tudo o que existe egressa do SER e regressa ao SER.

Para além da palavra e do pensamento situa-se o Tao, poderoso, insondável, eterno servidor da vida, seio materno do Universo, pátria de todos os seres, querência dos bons, refúgio dos maus, ciclo do ser e do existir. Quem quer ver a divindade não a verá, porque ela é invisível. Nenhum caminho parcial conduz à meta total; só na visão do todo se encontra a divindade. Quem sintoniza com a alma do Infinito alcança a sabedoria; assemelhar-se-á em tudo ao Infinito. Paz e amor é sabedoria. De nada adianta extinguir ódios quando ficam ressentimentos. Inteligente é quem conhece o outro. Sapiente é quem conhece a si mesmo. Tolo é quem julga poder substituir pela inteligência a cultura do coração. A sabedoria radica na simplicidade.

Para conhecer o mundo, desnecessário viajar pelo mundo. Posso conhecer os segredos do mundo sem olhar pela janela do meu quarto, diz Lao Tse. Quem conhece a sua própria ignorância revela a mais alta sapiência. Quem ignora a sua própria ignorância vive na mais profunda ilusão. Quem se ergue às alturas sem desejos, enche de silêncio o coração. Quem se junta ao Uno não tem desejos; onde não há desejos, há paz; onde há paz, há harmonia e felicidade. Quem harmoniza os seus atos com o Tao se torna um com ele. O mundo é uma entidade espiritual que se plasma por suas próprias leis. A moralidade e o direito nasceram quando o homem deixou de viver pela alma do Universo. Em tempos bons, apreciamos a justiça. Em tempos maus, recorremos ao direito. Verdade e justiça geram benevolência. Ilusão e direito geram violência. Quem se guia pela voz da consciência só atende à voz do dever e não insiste em seus direitos.

terça-feira, 7 de julho de 2015

FIM DO MUNDO III



A destruição do mundo físico implica destruição do mundo espiritual? O fim do mundo com seus múltiplos universos cada qual com bilhões de galáxias afigura-se possibilidade remota, mas se ocorrer será por determinação natural e não por “castigo de deus”. Os humanos vivem num desses universos, no sistema solar localizado na periferia de uma galáxia chamada Via Láctea. Os cientistas elaboram suas teorias a partir da observação desse universo. Acreditam que ele teve origem em uma explosão de energia concentrada e supõem que o mesmo deve ter acontecido com os outros universos. Notaram que o nosso universo está em expansão. Alguns entendem que essa expansão é infinita; outros que haverá um limite e o universo ficará estacionário; outros que, atingido o limite, haverá movimento inverso, o universo começará a se contrair, as galáxias e os astros se fundirão até um ponto máximo de concentração quando explodirá e formará um novo universo. Tudo na forma da lei natural e não por ira divina. A vida na Terra extinguir-se-á dentro de um bilhão de anos, aproximadamente, quando o Sol consumir todo o seu combustível.

O fim do mundo noticiado nas profecias bíblicas referia-se, na verdade, à extinção da vida vegetal e animal em nosso planeta, especialmente da vida humana por sua implicação com o pecado, violação dos mandamentos divinos. Verificamos que as profecias do Antigo Testamento são todas posteriores aos fatos a que aludem. Antigo Testamento é uma coleção de livros sobre o povo hebreu (israelita + judeu) organizada no século quarto antes de Cristo e que juntamente com o Novo Testamento constitui a Bíblia. Novo Testamento é uma coleção de textos elaborados em  nome dos apóstolos cristãos organizada no século quarto depois de Cristo. A única profecia de algo que ainda não havia acontecido e que iria acontecer consta do Novo Testamento, atribuída a Jesus. Tratava-se de predição de curto prazo sobre o que iria acontecer naqueles dias com aquela geração: o juízo final. Esse dia não chegou para aquela e nem para as gerações futuras. Certamente, a profecia foi inventada pelos apóstolos. 

Sabemos o que é o mundo físico, desde o átomo até a galáxia, desde a semente até o pinheiro, desde a bactéria até o ser humano, mas não sabemos o que é o mundo espiritual. Na opinião dos adeptos do materialismo, tal mundo não existe; a vida é um fenômeno químico próprio do mundo material; a vida começa e acaba neste mundo; não há vida após a morte. Na opinião dos adeptos do espiritualismo, o mundo espiritual existe, a sua organização é invisível e nele habitam almas que foram encarnadas e passaram pela morte física. 

Há uma concepção restrita de mundo espiritual para designar a produção cultural dos humanos: idéias, sentimentos, crenças, aspirações, valores éticos e estéticos, que compõem o conhecimento vulgar, técnico, artístico, científico, filosófico, religioso, místico, e orientam os aspectos pessoais e institucionais da vida em sociedade. Embora criadores desse mundo, os humanos divergem constantemente sobre o significado daquilo que eles mesmos criaram. Assim, por exemplo, criaram o Estado e divergem quanto a sua definição (há dezenas de definições); criaram divindades e divergem quanto aos atributos divinos. Outra concepção de mundo espiritual considera-o de existência autônoma, acima do mundo natural e do mundo cultural. Trata-se de um mundo imaterial organizado segundo leis divinas e povoado por seres desprovidos de corpo físico. Essa crença é o alicerce das religiões. Cada pessoa, cada tribo, cada nação, constrói a imagem desse mundo.

Em decorrência da sua arquitetura mental, os humanos pensam o mundo espiritual em termos de espaço e tempo. O brocardo assim como encima é embaixo exemplifica esse pensamento. A ordem natural e a ordem social são consideradas réplica da ordem celestial. Na alegoria da caverna, Platão lança a imagem do mundo material como sombra do mundo espiritual. Segundo esse filósofo, as idéias e ações humanas reproduzem os arquétipos existentes no outro mundo. Doutrinas religiosas povoam o mundo espiritual com deuses, deusas, santos, santas, anjos, arcanjos, querubins, serafins e entes diáfanos bons e maus, sábios e ignorantes.

A necessidade humana do pão espiritual torna viáveis a mitologia e a religiosidade. Mito e religião são aparentados. O ser humano cria o mito: narrativa, deuses e heróis. Os membros do clã ou da nação compartilham do mito. A tradição conserva-o. No seu livro “O Poder do Mito”, diz Joseph Campbell: O mito é uma pista para as potencialidades espirituais da vida humana. Ao invés de um sentido para a vida, busca-se uma experiência de estar vivo de modo que essa experiência no plano puramente físico tenha ressonância no interior do ser humano. Essa ressonância provoca o enlevo de estar vivo. O mito ajuda a colocar a mente em contacto com a experiência de estar vivo.

A ilusão é o fermento do pão espiritual, armadilha do conhecimento. As igrejas exigem dos crentes a fé antes do saber; acreditar no desconhecido. Quem pauta sua existência pelo conhecimento racional procede de modo contrário: busca saber antes de crer. A fé lúcida consiste nisto: primeiro saber e depois crer. Em seu livro Las Formas Elementales de la Vida Religiosa o sociólogo francês Émile Durkheim considera a religião fenômeno social derivado dessa fome espiritual sentida pelo grupo humano desde remota antiguidade quando ainda não havia templo nem teologia. Os líderes religiosos aconselham os seguidores a ter fé e abandonar a razão nos assuntos espirituais como se a faculdade de raciocinar fosse coisa do demônio. Deus colocou no coração do homem. Lúcifer colocou razão no cérebro do homem.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

FIM DO MUNDO II



O mês de junho passou e o mundo não acabou. Notou-se a passagem de um asteróide cuja rota não era de colisão com a Terra. A catastrófica previsão dos religiosos não aconteceu. Tal previsão foi objeto de artigo publicado neste espaço no mês de junho sob o título acima. Ainda bem que as copas de futebol feminino e masculino não foram suspensas e terminarão regularmente nesta primeira semana de julho com a humanidade viva. 

No citado artigo, advertimos sobre a compreensão do vocábulo “mundo” naquele tipo de previsão. Fizemos a distinção entre mundo físico e mundo espiritual para situar a tragédia cósmica no primeiro. Sendo o mundo físico extenso, incluindo desde a menor partícula da matéria até os bilhões de galáxias, cuja imensidão a nossa inteligência é incapaz de quantificar, afirmamos que não há certeza alguma sobre o seu fim. A única certeza que temos é a do fim da vida no planeta Terra em conseqüência da queima de todo o combustível do Sol, o que acontecerá daqui a um bilhão de anos. O mundo físico existia antes de nele surgir vida vegetal e animal. Há planetas em nosso sistema solar e em outros rincões do universo onde não existe vida vegetal e animal. Nenhum planeta se extingue só porque nele a vida se extinguiu. 

O “mundo” cujo fim é apregoado por líderes religiosos está circunscrito ao nosso planeta. A profecia de Jesus, por exemplo, refere-se ao fim da vida humana e não à extinção do planeta. Esse fim era iminente, ocorreria naqueles dias, porque deus estava descontente com as safadezas do povo daquela região do planeta. Inexplicavelmente, a profecia não se realizou e até hoje os humanos continuam a se reproduzir e a pecar. Sobre essa fantasia cabe um exercício de sensatez mediante a formulação de algumas perguntas.

Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o nosso planeta, só porque João, casado com Teresa, comeu Maria, casada com Pedro? O adultério entre humanos justificaria tal destruição, mesmo que não houvesse vida em outros lugares do mundo? Inocentes pagarão pelos pecadores? Que justiça é esta? Divina que não é; talvez, satânica.

Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o nosso planeta, só porque Ronaldo transa com Renato e Joana transa com Eunice? A pederastia e o lesbianismo justificariam tal destruição?

Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o nosso planeta, só porque Eusébio desejou e provocou a morte de seu pai Alexandre, visando a entrar na posse da herança? As ações e os desejos malévolos dos humanos justificariam tal destruição?

Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o nosso planeta, só porque Isaac cobra juros extorsivos de Maurício? A usura dos humanos justificaria tal destruição?

Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o nosso planeta, só porque um grupo de depravados semeia o ódio e a discórdia visando a tomar posse do governo de uma nação? A ambição e a perfídia dos humanos justificariam tal destruição?  

Por que deus destruiria o universo com seus bilhões de galáxias, ou o sistema solar com todos os seus planetas, ou exclusivamente o nosso planeta, só porque um governo poderoso e criminoso provoca guerras para incrementar a venda de armas e invade países a fim de explorar petróleo? A prepotência e a rapinagem dos humanos justificariam tal destruição?   

Não há sentido nesse fim do “mundo” motivado apenas pelas fraquezas humanas, salvo se imaginarmos deus como um ser tresloucado, cruel, um Nero divino.