sábado, 27 de abril de 2024

DEUS - II

 DEUS não é o começo o meio nem o fim 

DEUS não é o átomo a molécula nem a célula 

DEUS não é o planeta a galáxia nem o universo

DEUS não é o sol a lua nem a constelação

DEUS não é o mar o rio o lago nem a cachoeira

DEUS não é o seixo a rocha nem a montanha

DEUS não é o ar o vento a brisa nem a nuvem

DEUS não é o raio o trovão nem a tempestade

DEUS não é o fogo a brasa nem o vulcão

DEUS não é a semente a flor nem a árvore

DEUS não é o boi a baleia nem a águia

DEUS não é a criança a mulher nem o homem

DEUS não é a matéria nem a forma

DEUS é alma cósmica.


sábado, 20 de abril de 2024

DEUS - I

DEUS não nasceu nem morreu

DEUS não tem cérebro, coração e sexo  

DEUS não tem fé, razão, opinião e dúvida

DEUS não legisla para a sociedade e o estado 

DEUS não celebra pactos com humanos 

DEUS não conversa com humanos

DEUS não é verdadeiro nem falso

DEUS não é justo nem arbitrário

DEUS não absolve nem condena

DEUS não premia nem castiga 

DEUS não sente amor nem ódio

DEUS não sente felicidade nem dor

DEUS não sente alegria nem tristeza

DEUS é inteligência cósmica.   


sábado, 13 de abril de 2024

FUTEBOL III

09/04/2024. Madri. Estádio Santiago Bernabéu. Champions League. Real Madri x Manchester City (3x3). Encontro de dois treinadores de prestígio internacional: Carlo Ancelotti e José (Pepe) Guardiola. O empate indica a paridade de forças entre as equipes por eles comandadas. Da equipe inglesa, Erling Haaland, considerado gênio lá na Europa, no jogo retromencionado não se mostrou à altura da fama. Aqui na América do Sul, temos dúzias de Haalandes. A fama desse jogador decorre da sua função e do seu posicionamento dentro do campo: finalizador parasita posicionado na área adversária para ser municiado pelos companheiros. Isto lhe possibilita fazer gols com alguma facilidade. Se, de um lado, a ele rendeu fama, de outro, o episódio evidenciou, mais uma vez, o fato de nem todo goleador ser necessariamente craque ou gênio, conforme se constata dos jogos de clubes e seleções de 1930 a 2024.  
A esse tipo de jogador finalizador parasita faltam, geralmente, outros fundamentos da arte de jogar futebol, tais como: o drible, o passe, o controle de bola, a visão de jogo. Sem excelência na prática desses fundamentos, jogador algum se qualifica como craque. No Brasil, por exemplo, o parasitário finalizador do Flamengo, em decorrência da sua função e do seu posicionamento na área adversária, faz mais gols do que os companheiros. A imprensa esportiva o incensa por isso, apesar de ele ser um jogador de nível médio.   
A falta de notar, na qualificação técnica dos jogadores, a distinção entre os níveis excelente, bom, médio e sofrível, já causou encrenca entre um treinador da seleção brasileira e um presidente da república. O general Garrastazu Médici, chefe de governo em 1970, apreciador do futebol, torcedor do Grêmio de Porto Alegre, queria ver, na seleção brasileira, o atacante finalizador Dadá Maravilha. O então treinador da seleção, João Saldanha, que preferia atacante genérico, mandou o recado: “O presidente que cuide do governo. Da seleção, cuido eu”. Foi demitido. Mário Zagalo, ponta-esquerda da seleção de 1958, substituiu Saldanha, convocou Dadá, contentou o general. Entretanto, naquela seleção, considerada a melhor do mundo de todos os tempos, Zagalo escalou como titulares no ataque os jogadores: Jairzinho, Rivelino, Tostão, Pelé e Caju (Paulo César Lima). Quanto ao Dadá, ficou maravilhado.  
Como se vê deste caso de 1970, o finalizador parasita nem sempre se encaixa na organização tática do treinador. O atual da seleção brasileira talvez se depare com situação semelhante, caso tenha de escolher entre um atacante finalizador parasitário e um atacante genérico de nível excelente, ao convocar e escalar jogadores. Hoje, não há general na presidência da república com a espada sobre a cabeça do treinador e dos dirigentes do futebol. Há um civil da paz e do amor, nordestino apaulistado, mais esperto do que inteligente, apreciador do futebol, torcedor do Corinthians. Há profissionais da imprensa esportiva, diretores de clubes e da confederação, despreocupados com os aspectos artístico, didático e moral do esporte. Pouco lhes importa se os convocados são honestos ou desonestos, fraudadores ou estupradores. O que lhes importa é a qualificação técnica. Da vida dos jogadores fora de campo não cogitam. No lado oposto, colocam-se os moderados e éticos. Preocupam-se com a imagem do país, com o aspecto artístico e eficiente da seleção, com a honestidade, a  boa forma e o nível excelente dos jogadores. 
Outro problema para o atual treinador da seleção brasileira consiste na situação de Vini Jr., atacante de bom nível. Depois do episódio de racismo na Espanha, o desempenho de Vini, quer no seu clube (Real Madri), quer na seleção brasileira, ficou distante da sua performance anterior. Foi muito significativo e comovente o que, com amargor, tristeza e lágrimas, ele disse na entrevista transmitida pela televisão: “Eu só queria jogar futebol”. Sugere não querer mais. No esporte, ou em outra atividade humana, nem todos têm o mesmo grau de resistência às pressões, aos desafios e às ofensas. Alguns nem reagem. Dos que reagem, nem todos fazem-no do mesmo modo, com a mesma eficácia e com as mesmas cautelas. Há resistências fortes, medianas e fracas, geradoras de múltiplos efeitos no corpo, na alma e no comportamento. Focado pelas câmeras de televisão nos jogos mais recentes, Vini exibe o semblante de jovem amadurecido na estufa, marcas no rosto de quem envelheceu precocemente. Parece que ele perdeu a alegria de jogar e de viver. Talvez, sinais de súplica silenciosa por ajuda da família, dos amigos e de psicólogos. Talvez, alguém deva orientá-lo para que [1] ignore as manifestações dos nazifascistas nos estádios [2] responda mostrando o seu talento em campo e fazendo gols na equipe adversária [3] não revide com palavras e gestos (continência difícil para temperamentos fortes) [4] deixe para o seu clube tomar as providências legais em sua defesa [5] na omissão do clube, procure o apoio de entidades de defesa dos direitos humanos.

sábado, 6 de abril de 2024

FUTEBOL II

No início deste mês de abril começou a fase de grupos da Taça Libertadores da América e da Taça Sul-Americana, duas importantes competições regionais. Delas participam 14 clubes brasileiros: 1. Atlético de Minas, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Grêmio de Porto Alegre, Palmeiras e São Paulo, nos respectivos grupos da Libertadores. 2. Atlético do Paraná, Bragantino, Corinthians, Cruzeiro, Cuiabá, Internacional e Fortaleza, nos respectivos grupos da Sul-Americana. Na 1ª rodada das duas competições, encerrada nesta semana. os clubes brasileiros jogaram contra clubes estrangeiros. 
Na Sul-Americana, Atlético do Paraná, Fortaleza e Bragantino, venceram. Corinthians, Cruzeiro, Cuiabá e Internacional, empataram. Individual e coletivamente, o Atlético, fora de casa, jogou bem contra o brioso clube paraguaio. Venceu por 4x1. Caso tivesse se descuidado e menosprezado os paraguaios, certamente teria sofrido mais de um gol.
Na Libertadores, Atlético Mineiro venceu. Flamengo, Fluminense e Palmeiras, empataram. Grêmio, Botafogo e São Paulo, perderam. Em Caracas, o Atlético Mineiro venceu o time da casa por 4x1. Veloz e bem entrosado, o visitante mostrava-se disposto a golear o clube venezuelano. Todavia, no segundo tempo, o visitante não veio com o mesmo ímpeto e acrescentou apenas 1 gol aos 3 feitos no primeiro tempo. O clube anfitrião fez o seu gol de honra sem mostrar condições técnicas suficientes para vencer o visitante. Em Bogotá, o Flamengo jogou contra o Millonario e não foi além do empate (1x1). No segundo tempo, o time carioca atuou com um jogador a mais sem tirar proveito dessa vantagem. O gol foi marcado de pênalti, portanto, sem a criatividade e o encanto dos passes e dribles, ou, sem a maestria de cobrança de falta fora da área. O Botafogo, jogando em casa, enfrentou o Junior Barranquilla. No primeiro tempo, o clube carioca foi mais agressivo e persistente no ataque. O clube colombiano fechou-se na defesa, optou pelo contra-ataque e teve êxito: marcou 3 merecidos gols pela habilidade e velocidade dos seus jogadores e pela incapacidade da defesa botafoguense de neutralizar a tática adversária. O clube carioca marcou o gol de honra. No segundo tempo não houve gols. O jogo terminou com o placar do primeiro tempo (3x1). O Palmeiras, jogando fora de casa, empatou com o San Lorenzo (1x1). No primeiro tempo, o clube argentino exibiu futebol de alto nível, dominou o brasileiro e marcou o seu gol. No segundo tempo, o clube brasileiro exibiu alto nível, dominou o argentino e marcou o seu gol. Nos minutos finais, os argentinos sufocaram os brasileiros, porém, não conseguiram alterar o resultado. Fora de casa, o São Paulo, com todo o seu notável elenco, perdeu para o Talleres (1x2). O time da casa – de faca, garfo e colher nas mãos e queijo na mesa – foi superior ao visitante e teria ampliado o placar se não tivesse perdido algumas chances de gol.   
Os jogos da Libertadores caracterizaram-se pela garra dos jogadores e equilíbrio entre os clubes. Da amostragem desta 1ª rodada verifica-se que barbada será exceção. Jogo duro será regra. Quem vacilar, dança. A arbitragem despendeu maior esforço para manter a disciplina e fazer respeitar as regras do futebol, dada a constância das agressões. Nas próximas rodadas, passado o entusiasmo das estreias, talvez os ânimos se acalmem, ainda que entre latino-americanos a calmaria seja difícil. Os clubes brasileiros estarão escaldados e provavelmente acautelar-se-ão contra o vigor dos clubes estrangeiros. As partidas da última rodada da fase de grupos serão realizadas em 30/05/2024. Conforme os resultados, classificar-se-ão 16 clubes para a disputa das oitavas-de-final segundo as diretrizes da Confederação Sul-Americana de Futebol – Conmebol. 
Os clubes andinos, em virtude da altitude dos seus países, levam alguma vantagem sobre os clubes costeiros. Os visitantes estranham o clima e sentem falta das suas torcidas maciças. Quando as equipes sofrem empates e derrotas, treinadores e jogadores apresentam justificativas. Algumas valem para todas as equipes em disputa no mesmo campeonato: mau estado dos gramados, chuva, calor excessivo, jogadores no departamento médico, calendário extenuante, violência em campo, arbitragem frouxa. As mais frequentes atribuem culpa à modalidade esportiva e à arbitragem: “coisas do futebol, isto acontece, o futebol é assim mesmo, futebol não tem lógica, futebol tem etapas, jogamos com os reservas, estávamos sem o apoio da torcida, o árbitro nos prejudicou, o árbitro foi parcial, fomos roubados”. Enfim, treinadores e jogadores terceirizam as causas do empate e da derrota e afastam de si a culpa pelo sucedido. Interessante introdução do complexo de culpa na atividade esportiva. 
A lógica do futebol atém-se a fatores relacionados à vitória e à derrota. O seu objeto é dinâmico. Trata-se de jogo. Sobre o resultado não há certeza alguma: (i) antes do jogo começar (ii) antes do jogo terminar, salvo quando a diferença no placar for muito grande e a partida aproximar-se do fim sem tempo hábil para gols de empate. A probabilidade reina em torno da vitória, do empate e da derrota. A maior probabilidade de vitória é do time que (i) tem o maior número de jogadores talentosos (ii) arma bem o sistema defensivo (iii) atua com inteligência na intermediária do campo e eficiência no desarme e na armação (iv) erra poucos passes (v) melhor aproveita as falhas do adversário (vi) perde poucas chances de gol. O empate e a diferença mínima nos resultados indicam paridade de forças. 
O treinador tanto pode ajudar como atrapalhar a equipe que está em campo. Se tiver a habilidade de um maestro, transmitirá confiança e firmeza, inclusive com oportunas e adequadas substituições. As mudanças de humor do treinador e do jogador influem no conjunto e constituem variáveis comuns aos praticantes do esporte. Os motivos dessas mudanças podem ser: (i) dores do corpo e da alma (ii) desilusões e descontentamentos (iii) insegurança e antecipado sentimento de derrota (iv) simpatias, antipatias, diálogos infrutíferos, inamistosos ou ausentes no interior do clube (v) dificuldades econômicas, expectativas contratuais, relações de família. Cabe lembrar: 1) Treinador e jogador não são robôs. 2) Na América do Sul está o melhor e mais bonito futebol do planeta.    

sábado, 30 de março de 2024

FUTEBOL

A seleção brasileira masculina de futebol enfrentou, em jogos amistosos, duas poderosas seleções europeias. Em 23/03/2024, venceu a inglesa em Londres, no estádio Wembley, pelo placar mínimo (1x0), gol de Endrick no segundo tempo da partida. A inglesa mostrou-se agressiva e persistente no ataque. A brasileira fechou-se na defesa, acautelou-se contra as bolas altas na área, valeu-se do contra-ataque e perdeu algumas finalizações. Em 26/03/2024, a brasileira empatou (3x3) com a espanhola em Madri, no estádio Santiago Bernabéu. Arbitragem sofrível. No primeiro tempo, a anfitriã marcou um gol de pênalti e outro em jogada individual do camisa 10 (Olmo). A visitante marcou um gol em jogada individual do camisa 10 (Rodrygo) que, ao interceptar passe, encobriu o goleiro. No início do segundo tempo, placar ainda adverso, Endrick marcou o segundo gol da visitante. Depois, a anfitriã, de pênalti, marcou o seu terceiro gol.  No último minuto, a visitante, de pênalti, cobrado por Paquetá, marcou o seu terceiro gol. 
Jogos disputados como se fossem de campeonato. Gramados em bom estado. Campeãs mundiais em 1966, a inglesa e em 2010, a espanhola, as duas seleções exibiram futebol de alto nível apoiadas por suas torcidas. Dois fatores contribuíram para o bom desempenho da brasileira: [1] A presença (i) de treinador maduro, seguro, eficiente e (ii) de jogadores confiantes, de bom nível técnico, moralmente bem formados. [2] A ausência (i) de treinador que desestabiliza a equipe e (ii) de jogadores com deficiência moral, como Daniel, Neymar e Robinho. 
Ao contrário do caso de Neymar com a brasileira no hotel de Paris, nos casos de Daniel e Robinho não houve acordo com as vítimas, ambas europeias. Instaurou-se processo judicial e os dois foram condenados. Dir-se-á que, sob o ângulo moral, outro jogador também devia estar fora da seleção por ato criminoso. Todavia, há diferença entre a situação deste e a daqueles três, porque (i) o caso das apostas esportivas não está concluído, o que assegura o vigor da presunção de inocência (ii) o objeto da investigação é a prática de crime patrimonial e não a de crime contra a liberdade sexual. Psicologicamente, o episódio das apostas parece influir. O jogador cometeu muitas faltas no primeiro jogo. Se fosse campeonato, seria expulso. No jogo seguinte, ele voltou a ser punido com cartão amarelo. Tecnicamente, trata-se de jogador acima da média.  
A Confederação Brasileira de Futebol parece que outorgou carta branca ao novo treinador para selecionar e escalar. Nada de Tite. Nada de Neymar. Nada de patrocínio intervencionista. Se reduzir o número de passes errados, de desarmes sofridos e de chances de gol perdidas, a seleção, bem treinada e autoconfiante, poderá ser campeã. Ronaldo conta que certa ocasião, ao ser perguntado pelo treinador se havia estudado a equipe adversária, respondeu: “Eles é que devem se preocupar comigo e não eu com eles”. Ronaldo fora eleito o melhor jogador do mundo. Tal confiança, porém, não afasta o cuidado da equipe de “combinar com os russos” (royalties para Garrincha). 
Aliás, bom evitar comparações com os jogadores da letra R de Rivaldo, Rivelino, Roberto Carlos, Romário, Ronaldinho, Ronaldo e, também, com o grupo de letras GLP de Garrincha, Gerson, Leônidas e Pelé. Hoje, brasileiros e europeus se nivelam. Destarte, a prudência aconselha aguardar a Copa América para, então, avaliar, elogiar e erigir novos ídolos, se for o caso. 
O racismo entrou na ordem do dia por causa das ofensas sofridas na Espanha por Vini Jr., jogador negro do clube Real Madri. Da seleção espanhola participaram dois jogadores negros que deram muito trabalho aos defensores brasileiros. Tal escalação indica que as ofensas não ganharam a simpatia geral dos espanhóis. Negros de distintas nacionalidades jogam em clubes espanhóis sem que o racismo se manifeste de modo explícito e constrangedor. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, jogando pelo Barcelona contra o Real Madri, foi aplaudido de pé pela torcida adversária. Diante desses fatos, o caso Vini desperta curiosidade. Às vezes, o êxito dos negros incomoda os brancos, como se viu nas olimpíadas de 1936, em Berlim (Owens x Hitler).  
A justiça desportiva aplicou pena de suspensão ao jogador Gabriel Barbosa por tentativa de fraude no exame antidoping. Não fosse isto e diante da sua excelente qualidade técnica e boa forma física, ele poderia integrar o elenco da seleção brasileira. Segundo noticiado pela imprensa, dos exames a que ele foi submetido ao longo da carreira, nenhum resultou positivo. A fraude, consumada ou tentada, deve ser provada sem deixar margem à dúvida. In dúbio pro reo. Com imparcialidade, o tribunal deve examinar os fatos, as circunstâncias, a idoneidade dos meios de prova e pesar os efeitos da decisão. A aplicação da lei ao caso concreto deve ser ponderada, razoável e justa. Havendo 22 jogadores em campo, o critério da escolha para exame antidoping sujeita-se a questionamento. Se exames periódicos são realizados em datas  diferentes, cabe indagar, por exemplo, o motivo de a escolha recair, invariavelmente, sobre o mesmo atleta. Isto pode caracterizar perseguição, deliberado propósito de prejudicar o atleta e/ou o clube, assistindo a estes, o direito de recorrer ao poder judiciário nacional com fulcro nas garantias constitucionais. [CR 5º, XXXV, LXVIII, LXIX + 217, § 1º]. 
As decisões da justiça desportiva estão sujeitas ao crivo do poder judiciário, mormente quando afetam direitos fundamentais. A definição de tentativa de fraudar exame antidoping não está clara e bem desenhada na lei. Essa lacuna deixa o atleta e o clube à mercê do capricho dos acusadores e julgadores. Outrossim, desatende ao direito, decisão lançada em termos genéricos tais como: “prejudicar de várias maneiras o trabalho dos oficiais”. Necessário especificar o prejuízo e detalhar as maneiras. Se os exames foram realizados a contento, como noticiado no caso em tela, maior será a necessidade de explicar em que consistiu a tentativa e se houve, ou não, intenção de fraudar. Não se descarta a hipótese de abuso da autoridade à vista do hábito comum, no Brasil, de usar pessoas famosas como escada para o agente se promover socialmente. O árbitro Armando Marques, branco espevitado, por exemplo, sem justa causa, expulsou Pelé durante um jogo. Fê-lo para constar do seu currículo ter sido ele o único árbitro do planeta a expulsar de campo o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Espiritual miséria humana!   

sábado, 23 de março de 2024

EU E A ROSA-CRUZ II

A concordância e a discordância frequentam as relações humanas. A primeira, conduz à amizade e à paz; a segunda, à inimizade e à guerra. Fora dos extremos. a concordância pode ser diplomática, conciliadora, no intuito de encerrar o debate e preservar a amizade; a discordância pode ser conveniente ao encorpar o debate na busca da verdade, do esclarecimento ou do consenso, sem provocar inimizade. 
Instituições religiosas e místicas apresentam seus mandamentos e ensinamentos como verdades incontestáveis, escritos sob inspiração divina quando não ditados diretamente pela divindade. As contradições e as falsidades contidas nesse material são resolvidas mediante a interpretação: (i) dos sacerdotes, pastores e teólogos, condicionada pela fé (ii) dos intelectuais, cientistas e filósofos, condicionada pela razão. Os religiosos consideram a fé, caminho da verdade absoluta e a razão, caminho da verdade relativa. Os fiéis são vistos como dignos das recompensas que recebem na Terra e que receberão no Céu. Os infiéis são vistos como livres pensadores, ateus e arrelientos, merecedores dos castigos na Terra e no Inferno. 
Nessa matéria, a principal discordância está na essência e não na existência. Os descrentes sabem da influência social e política do pensamento e da prática das organizações religiosas e místicas no curso da história. No entanto, a fé religiosa e mística é matriz da ilusão, obnubila o cérebro dos crentes e sustenta a vigarice das elites religiosas e políticas. Alicerçadas nas ilusões metafísicas, as instituições religiosas, desde as antigas civilizações até as modernas, exploram a população, acumulam tesouros e exercem os  poderes espiritual e secular. 
Ainda jovem e solteiro (26 a 28 anos de idade), frequentei, aos sábados, de 1965 a 1967, as convocações ritualísticas da Loja Curitiba. Em diferentes ocasiões, a convite do mestre, atuei como guardião externo, guardião interno, cantor, capelão e sonoplasta, embora sem pertencer ao quadro de oficiais. Eu atuava como coringa, sentia-me útil, agradecido e integrado. Todavia, passadas algumas décadas, o meu entendimento entrou em rota de colisão com a doutrina rosa-cruz. Inobstante os 55 anos em que estive filiado à venerável fraternidade, ruiu a minha crença nos profetas, nas profecias post factum, nas narrativas da Bíblia e da literatura mística.
Vejo o Antigo Testamento – parte judaica da Bíblia – como um códex resultante da compilação de tradições orais feita por Esdras, sacerdote judeu, na Babilônia, nos anos 500 a 401 antes de Cristo (a.C.). Trata-se do esforço do sacerdote para unir e disciplinar os judeus no retorno à Palestina, depois de autorizados por Ciro, rei da Pérsia que havia conquistado a Babilônia em 538 a.C. A maioria daqueles judeus era ignorante; mesclava-se com outras raças cujos deuses passava a cultuar. Esdras impôs um monoteísmo exclusivista, racial e nacional. Aliou a isto, um tom de superioridade ao inventar que os judeus eram um povo escolhido pelo deus Javé e que esse deus os colocou acima dos outros povos. Essa parte foi bem recebida e nela os judeus acreditam até hoje. Esdras copiou o monoteísmo posto no Egito cerca de 1375 a 1355 a.C., pelo faraó Aquenaton [grafia portuguesa]. Apesar das periódicas recaídas no politeísmo, a monolatria ficou sendo a base da religião. As religiões dos coetâneos também eram nacionais: cada povo tinha seus próprios deuses e suas liturgias. 
Vejo o Novo Testamento – parte cristã da Bíblia – como fruto da mentalidade judaica dos apóstolos. Segundo os evangelhos, Jesus criou nova seita, com novos preceitos e um novo deus denominado Pai Celestial, poderoso, amoroso, misericordioso, diferente do deus Javé (ou Jeová), satânico, cruel, vingativo, genocida, exclusivo da nação hebraica. Inicialmente, a seita de Jesus tinha caráter nacional palestino. Entretanto, depois da sua morte, alguns dos seus discípulos atravessaram as fronteiras da Palestina e difundiram a doutrina por outros países. À medida que o cristianismo foi se expandindo na Ásia e na Europa, o Pai Celestial foi assumindo extensão universal, deus da humanidade e do mundo. Apesar desta expansão, a maior parcela da humanidade não é cristã.  
Os evangelhos mostram um Jesus: (i) divino, humano e ungido (ii) sábio, amoroso, terapeuta fabuloso (iii) mestre radical e violento (iv) apreciador de vinho, boa comida e de companhia masculina e feminina (v) protetor dos pobres, mulheres e crianças (vi) crítico dos costumes judaicos e da riqueza (vii) opositor ferrenho dos fariseus e saduceus (viii) político astuto que distingue o reino dos homens do reino de Deus e contesta a autoridade do estado. 
Ao contrário do que pensam os cristãos, Jesus não é Deus e tampouco filho unigênito de Deus. Todos os seres vivos são filhos de Deus. Se Jesus existiu biológica e historicamente, então ele foi um ser vivo, do gênero animal, da espécie racional, do tipo semita, nascido na Palestina em local e data desconhecidos. Nazaré não existia, quer como cidade, quer como aldeia ou  simples povoado. Nazareno era apelido do filho hebreu que os pais entregavam ao serviço de Deus. A data 25 de dezembro foi adotada pela igreja cristã para substituir o culto que nesse dia era prestado ao deus Mitra, na Roma imperial. Depois de cinco séculos, o cristianismo superou o mitraísmo na Europa. Aparência física desconhecida. Jesus não foi retratado em pintura, escultura, desenho ou texto enquanto vivia, até porque, naquela época, ele não tinha a importância social e religiosa que adquiriu séculos depois. Ele era tão banal quanto os outros indivíduos que circulavam na Palestina e se diziam mensageiros da verdade divina. Se existiu de fato, então Jesus tinha a aparência do homem hebreu: dolicocéfalo, olhos e cabelos castanhos, nariz adunco, pele morena, estatura mediana, compleição robusta, diferente dos galãs que o representam nos filmes de Hollywood.

Bíblia Sagrada. São Paulo. Editora “Ave Maria”. 1987.
Burns, Edward McNall - História da Civilização Ocidental. PA. Globo. V. 1. 1955.
Jaguaribe, Hélio - Um Estudo Crítico da História. SP. Paz e Terra. V.1. 2001.
Josefo, Flávio – Antigüedades Judias. Madri. J.V. Donado. 2013.
Kempis, Tomás de – Imitação de Cristo. Petrópolis/RJ. Vozes. 2015.Lewis,
Harvey Spencer – La Vida Mística de Jesús. Califórnia. Amorc. 1967.
Mahfuz, Naguib – Akhenaton, O Rei Herege. Rio. Record. 2005.
Stewart, Ian - Será que Deus Joga Dados? Rio. Zahar. 1991.  


sábado, 16 de março de 2024

EU E A ROSA-CRUZ

Durante 55 anos (1965-2020), com o número 27513 (R+C), estive filiado à Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis - AMORC, cuja sede para os países de língua portuguesa localiza-se no Brasil, na cidade de Curitiba, capital do Estado do Paraná. Durante todo esse período paguei pontualmente as contribuições até outubro de 2020, inclusive. A partir daí, a AMORC não mais enviou boletos. Cessados os pagamentos, extingue-se o vínculo contratual. Na maçonaria (Grande Oriente), onde fui iniciado nos graus de aprendiz, companheiro e mestre, o maçom mantém o seu título e o seu vínculo mesmo que esteja inativo. Ao contrário da ordem rosa-cruz, a ordem maçônica tem um braço político que me pareceu, depois de algum tempo, comprometer a independência e a imparcialidade exigidas pela função de juiz de direito por mim exercida. Em consequência, assumi o status de maçom adormecido (inativo).  
Enquanto filiado à AMORC, percorri todos os graus e recebi todos os ensinamentos da venerável fraternidade. Participei de cerimônias iniciáticas. As aposições de nome (batismo) dos meus 3 filhos, ainda bebês, foram realizadas na Loja Curitiba (1972, 1975, 1979). No Rio de Janeiro, eu e outros membros fundamos o Capítulo Leblon do qual fui mestre, minha esposa foi matre e minha filha, columba. Os membros se cotizaram para a compra de um imóvel na Gávea onde se instalou a Loja Gávea, sucessora do Capítulo Leblon. As maiores cotas foram dadas por mim e pelo frater Romualdo. Da escritura de compra consta a AMORC como adquirente.
As monografias ensinam técnicas para: (i) reflexão e meditação (ii) conexão com o mundo espiritual (iii) operar com as leis naturais e sobrenaturais (iv) obter boa saúde física e mental. 
Os ensinamentos rosa-cruzes têm seus alicerces nas crenças: (i) no Deus que cada pessoa traz no coração e na mente (ii) na imortalidade da alma (iii) na existência de um mundo espiritual habitado por grandes mestres e por almas desencarnadas (iv) na reencarnação das almas. 
Eu divergia desses pontos centrais da doutrina sem contestação explícita a fim de salvaguardar a harmonia e evitar divisão e conflito internos. A Paz Profunda não se alcança sem a pacificação dos afetos. A minha liberdade de pensar, sentir, agir e a minha capacidade de tolerar ampliaram-se. A minha concepção de mundo e as minhas atitudes perante a vida mudaram e não mais coincidiam com os belos e vetustos ensinamentos da AMORC. 
Respeito a imagem da divindade que cada humano traz em sua mente e em seu coração. Acredito: [1] Que essa imagem é desenhada pelas instituições religiosas e místicas [2] Que “inspiração divina” é engodo [3] Que conhecimentos podem ser obtidos por harmonização, tanto a espontânea (insight) como a intencional, com os conteúdos da zona gravitacional da Terra [4] Que deuses e deusas antigos e atuais da África, da América, da Ásia, da Europa e da Oceania, têm suas respectivas imagens desenhadas pela cultura de cada povo, selvagem ou civilizado [5] Que a origem das crenças religiosas está: (I) no medo, na ignorância e na credulidade dos humanos (II) na consciência que eles têm (i) da sua fraqueza ante a pujança da natureza (ii) da finitude e da brevidade das suas existências (III) no anseio por proteção superior (IV) na esperança de viver num mundo melhor após a morte [6] Que a parte animal dos seres humanos é forte e comanda; que a parte racional é fraca e orienta.    
A personalidade-alma de cada pessoa, construída durante a existência terrena, morre com o corpo. Daí, a impossibilidade da reencarnação. Nada de ilusões metafísicas, apesar do encanto e da beleza que proporcionam. O mundo espiritual é o arquivo dinâmico da história humana. O seu conteúdo pode ser comparado às partículas eletromagnéticas de fonte humana que inundam o nosso planeta, captadas pelos telefones celulares e transformadas em sons e imagens.
Segundo a teoria de Einstein, o Sol, ao “afundar na superfície da grade do espaço/tempo", cria em torno de si uma zona gravitacional por onde circulam os planetas. Provada essa teoria, cada planeta será como um Sol que se “afunda na superfície da grade do seu espaço/tempo" e cria em torno de si uma zona gravitacional. Na zona da Terra circulam a Lua e trilhões de partículas eletromagnéticas. Considerada no seu conjunto psicossomático, ao “afundar na superfície da grade do seu espaço/tempo", a humanidade cria uma zona gravitacional em torno de si onde circulam os elementos da sua energia vibrátil. Cuida-se de um repositório de sons, imagens, experiências e conhecimentos cuja fonte é o ser humano.
Por espíritos, entendo essas vibrações de energia significante emanadas da zona gravitacional da Terra, captadas de acordo com as suas diferentes frequências: (1) involuntariamente pelos bebês (2) voluntariamente, por via introspectiva, pelos adultos, para fins místicos, artísticos ou científicos. Depois da morte restam, na zona gravitacional, as partículas da significante energia vibrátil do ser humano que podem ser acessadas pelas vias apropriadas. 
“O Homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras). Cada ser humano é um Sol “afundado na superfície da grade do seu espaço/tempo". Em sua privada zona de gravitação, giram pensamentos, sentimentos, valores, interesses, coisas, pessoas e instituições. Ecce homo!     
 

domingo, 10 de março de 2024

HOLOCAUSTO - II

Os judeus, que se acham etnia especial selecionada por seu deus nacional chamado Javé ou Jeová, reclamam de perseguição, vítimas da maldade alheia. Em alguns períodos da sua história não houve perseguição alguma; em outros, houve perseguições legítimas e ilegítimas, mais por motivos políticos e sociais do que religiosos. Não há perseguição imotivada. 
Guiados por Abram, sem perseguição alguma, os hebreus saíram da Mesopotâmia e entraram em Canaã, posteriormente denominada Palestina pelos romanos no século I a.C. Pastores, lavradores e negociantes, inclinados ao mal, sem refinamento, os hebreus viviam às turras com seus vizinhos em Canaã. Decorridos três séculos, acossados pela escassez de alimentos, emigraram para o Egito onde José, filho de Jacó, era ministro plenipotenciário. José era o Henry Kissinger daquela época (XVII a.C.). Lá, permaneceram por 430 anos. As novas gerações eram de hebreus egípcios. Então, numeroso contingente de hebreus egípcios autorizado por Ramsés II e comandado por Moisés, partiu do Egito para Canaã. Carregava prata e ouro, bens valiosos considerados “despojos”, surrupiados do patrimônio egípcio. Evitou passar por território filisteu. Preferiu o trajeto mais longo, pelo deserto. Ao descobrir o furto praticado pelos hebreus, a autoridade egípcia saiu-lhes no encalço. Perseguição legítima. 
As agruras durante o trajeto despertaram, em milhares deles, a intenção de retornar ao Egito. Ante a discordância de Moisés, eclodiu a rebelião. Nas imediações do Monte Sinai onde as tribos estavam acampadas, os rebeldes foram vencidos e mortos. A batalha provou que os hebreus não eram escravos no Egito. Ninguém luta até a morte no intento de voltar à escravidão. Os rebeldes queriam livrar-se do jugo posto por Moisés e retornar à pátria egípcia que acolheu os seus ancestrais, onde não passavam fome, viviam bem e enriqueceram.
Os redatores dos livros da Bíblia apelam para o romance a fim de engrandecer o povo hebreu. Pesos, medidas, quantidades e qualidades de coisas e pessoas mencionados nesses livros devem ser vistos com cautela, considerados os contextos históricos, a técnica e a cultura incipientes, os exageros e as falsidades postos pelos redatores. Crimes cometidos por esse povo são tratados como heroísmo e obediência à vontade divina. Reis medíocres são ombreados a faraós do Egito e a reis da Assíria, da Babilônia, da Pérsia. Vitórias sobre reinos pequenos cujos habitantes foram exterminados pelos hebreus são vistas como façanhas extraordinárias. Salomão é apresentado como o mais sábio dos homens, portanto, superior aos sumérios, egeus, egípcios, babilônios, assírios e persas. Os filósofos gregos e latinos ainda não haviam nascido. Esse rei era idólatra, perdulário, vaidoso, fascinado pelo esplendor das monarquias orientais. Após a sua morte, o seu reino dividiu-se em dois: [1] Israel, na região norte da Palestina, povo israelita urbano, astucioso, aberto à influência estrangeira, destruído pelos assírios 700 anos antes de Cristo [2] Judá, na região sul da Palestina, povo judeu conservador, fechado à influência estrangeira, composto de pastores, lavradores e negociantes, destruído pelos caldeus 500 anos antes de Cristo.
Oportuno transcrever abaixo o texto da orelha do livro “A Indústria do Holocausto”, citado no artigo intitulado Holocausto publicado neste blog em 22/02/2024.
“As atrocidades nazistas transformaram-se num mito americano que serve aos interesses da elite judaica. O holocausto é uma indústria que exibe como vítimas o grupo étnico mais bem-sucedido dos Estados Unidos e apresenta como indefeso um país como Israel, uma das mais formidáveis potências militares do mundo, que oprime não-judeus em seu território e em sua área de influência. O número de sobreviventes dos campos de concentração é exagerado para chantagear bancos suíços, indústrias alemãs, e países do Leste Europeu em busca de indenizações financeiras. A luta feroz por indenizações tem como efeito colateral insuflar o anti-semitismo na Europa. Israelenses e judeus americanos são hoje as grandes forças de opressão, perseguindo palestinos e negros americanos”.
“Afirmações como estas deflagraram uma grande polêmica nos últimos meses de 2000 na Europa e nos Estados Unidos, provocando reações indignadas de historiadores e lideranças judaicas. Um dos principais motivos para a indignação é que o autor dessas declarações não era um líder de grupo neonazista ou um radical islâmico, e sim um professor judeu da Universidade de Nova York. Mais: filho de judeus egressos do Gueto de Varsóvia e sobreviventes dos campos de concentração de Maidanek e Auschwitz”.
“Em A indústria do holocausto, Norman Finkelstein mostra que o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra, foi transformado em uma representação ideológica que defende interesses de classe e sustenta políticas. Finkelstein, de 47 anos, recorda sua infância, durante a qual não se discutia o holocausto, para mostrar que o interesse pelo assunto coincidiu com a Guerra dos Seis Dias, quando os Estados Unidos perceberam que seria interessante ter um parceiro forte no Oriente Médio. E, para os grupos judaicos americanos e a direita então no poder em Israel, a melhor forma de angariar simpatia era vender a ideia de que a hostilidade árabe poderia levar a uma reedição da Solução Final. É quando, segundo Finkelstein, nasce a indústria do holocausto e ganham destaque personagens como Elie Wiesel e Simon Wiesenthal. Hoje, essa indústria dedica-se a cobrar indenizações de empresas e países, e o autor acusa instituições judaicas mundiais de mentir sobre o número de sobreviventes para extorquir dinheiro que não é efetivamente entregue às vítimas reais. O que, segundo Finkelstein, reduz o martírio de milhões de pessoas a instrumento de chantagem”. 
Bíblia. AT. Gênesis 41: 37/44 + 47: 27. Êxodo 12: 37/38 + 13: 17 + 32: 9, 22, 27/28.  
Burns, Edward McNall - História da Civilização Ocidental. PA. Globo. V. 1. 1955.
Jaguaribe, Hélio - Um Estudo Crítico da História. SP. Paz e Terra. V.1. 2001.
 

domingo, 3 de março de 2024

TOLERÂNCIA

Carmen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, disse, nesta semana, quando trabalhava no Tribunal Superior Eleitoral, não gostar de ser juíza num mundo louco. De fato, em tal mundo, afigura-se mais apropriada justiça cibernética do que justiça humana convencional. Na extensão daquela frase é possível incluir: (i) o morticínio na Ucrânia e em Gaza (ii) as portas abertas à guerra nuclear (iii) a animosidade entre Putin e Biden (iv) a sanha assassina de Netanyahu (v) a competição entre as seitas religiosas e a imersão delas na política partidária (vi) o ódio e a intolerância grassando na sociedade brasileira.
Tolerar significa: (i) estar disposto a ouvir pacientemente opiniões contrárias às suas (ii) ser indulgente com o que desagrada, com as crenças alheias, com as ofensas pessoais, com as violações às regras vigentes. Tolerância consiste na disposição de espírito para tolerar. A sua presença nas relações humanas contribui para a coexistência pacífica entre pessoas, nações e estados. A ultrapassagem de limites faz da tolerância frouxidão moral. Através da análise racional e circunstancial dos atos e fatos traçam-se limites. 
A tolerância civil não deve chegar ao ponto de minar a forma de governo estabelecida na Constituição. A sociedade convive com zonas de prostituição e casas de tolerância onde homens casados transam com mulheres sem a mácula do adultério. O Congresso Nacional se compõe de duas casas de tolerância onde opiniões contrárias são debatidas e criminosos anistiados. Os tribunais judiciários são casas de intolerância onde, mediante o devido processo, pessoas são condenadas por ações e omissões contrárias ao direito. 
A tolerância religiosa não deve chegar ao ponto de minar os bons costumes vigentes na sociedade, o que (i) exige autodomínio dos fiéis e dos líderes das diversas seitas (ii) evita confronto bélico (iii) facilita a coexistência fraterna. O espírito de tolerância religiosa orientou a assembleia constituinte brasileira de 1988. Os deputados instituíram a liberdade de consciência e de crença. Desde o golpe republicano de 1889, tal liberdade vem declarada nas diversas leis orgânicas do estado brasileiro. Não há religião oficial. O estado brasileiro é laico. A nação brasileira é religiosa. A Constituição assegura liberdade de culto. A parcela maior da nação brasileira compõe-se de católicos, protestantes, kardecistas e umbandistas; a parcela menor, de judeus, muçulmanos, budistas e hinduístas. 
O direito à liberdade religiosa implica o dever de tolerância. Havendo intolerância explícita entre seitas, o estado pode intervir mediante o devido processo jurídico a fim de assegurar a eficácia da norma constitucional que a todos garante aquela liberdade. Atualmente, a coexistência pacífica entre religiões está ameaçada pela agressiva busca de hegemonia e de domínio político encetada por seita evangélica pentecostal. Isto lembra 1980, quando o líder sindicalista Luiz Inácio da Silva e companheiros perceberam que só atividade sindical era insuficiente para colocar em nível de igualdade os termos do binômio capital + trabalho. Precisavam de poder político. Então, apoiados pela igreja católica, fundaram o partido dos trabalhadores. Agora, os evangélicos pentecostais, apoiados pela igreja protestante, têm partido político e desafiam a laicidade do estado. 
A manifestação política e religiosa na Avenida Paulista em 25/02/2024, exibiu o inconstitucional amálgama religião/política. O episódio evidenciou (i) a intolerância dessa parcela minoritária do povo brasileiro com os valores democráticos e com as crenças de outras seitas religiosas (ii) a pretensão de anistia para os agentes dos crimes praticados contra o estado democrático de direito (iii) a participação ativa de lideranças civis e religiosas no fracassado golpe de 08/01/2023.
A civilização ocidental traz no seu bojo a tolerância recomendada por Jesus no sermão da montanha: amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; abençoai os que vos maldizem; orai pelos que vos injuriam; ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica; ao que tomar o que é teu, não lho reclames. (Lucas 6: 27/30). Utópicos mandamentos diante da real incapacidade humana de amar e tolerar incondicionalmente. A humanidade não é, nunca foi e jamais será comunidade de anjos e santos. Ao criar seita hebraica com nova imagem de deus e novos preceitos, o profeta galileu mostrou-se tolerante com a seita dos essênios e intolerante com as seitas dos fariseus e dos saduceus. Estas duas seitas predominavam na vida religiosa e política da Palestina. Naquela época, os galileus ao norte, os samaritanos ao centro e os judeus ao sul, habitavam a Palestina, todos sob a lei mosaica (Pentateuco). Lei mosaica escrita no século IV a.C., na Babilônia, por Esdras, sacerdote judeu, vinte séculos depois da morte de Moisés (2.500 - 500 = 2.000 = 20 séculos). 
A divergência entre a seita do galileu e as seitas dos judeus residia na liturgia, na interpretação e na aplicação do Pentateuco. Valendo-se da sua autoridade de profeta hebreu, Jesus xingava fariseus e escribas: víboras, hipócritas, sepulcros caiados, e quejandos. Hoje, se algum missionário for pregar o evangelho no Irã, criticar o Islã, ou ofender os aiatolás, será morto. Transpor os limites da tolerância pode gerar consequências funestas. Jesus, quiçá pela impulsividade da sua juventude, sem a prudência da maturidade, atacou adversários poderosos. Fê-los inimigos. Foi por eles condenado à morte como blasfemo e subversivo. A sentença do Sinédrio foi executada por crucifixão na forma da lei romana. Apedrejamento era o modo hebreu de executar a pena de morte sem as formalidades jurídicas de Roma. 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

HOLOCAUSTO

Na entrevista coletiva concedida à imprensa internacional no domingo, 18/02/2024, em Adis Abeba, capital da Etiópia, o presidente do Brasil disse: O que está acontecendo em Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças
A entrevista tem sido elogiada por simpatizantes e amigos, de um lado; execrada por adversários e inimigos, de outro lado. Há também o fogo amigo. Israel é a pátria comum dos judeus espalhados pelo mundo. Daí, judeus brasileiros posicionarem-se a favor de Israel na conjuntural crise com o Brasil. O atual governante israelense afirmou que o governante brasileiro ultrapassou a linha vermelha ao desonrar os 6 milhões de judeus do holocausto. Oficialmente, considerou o brasileiro persona non grata. Trata-se de linha vermelha imaginária traçada ao talante do sujeito. A linha vermelha da cidade do Rio de Janeiro é real. Ali trafegam pessoas de diferentes nacionalidades sem que nenhuma seja considerada non grata por discordar da regra de trânsito. Quem desonra a memória dos judeus do holocausto é o governo israelense com a sua conduta criminosa. Ser considerado persona non grata por governo desse naipe é galardão para o presidente brasileiro como estadista de relevo no cenário internacional. O governo israelense está sendo processado na Corte Internacional de Justiça (Haia). 
O entrevistado não empregou o vocábulo holocausto, não citou genocídios ocorridos desde a Idade Antiga até a Idade Moderna, apenas deixou implícita a semelhança entre Hitler e Netanyahu. Outros líderes israelenses do século XX também foram comparados ao líder nazista (Begin, Sharon).
Comparar é operação intelectual própria da racionalidade humana. Dessa operação resulta  conhecimento vulgar, artístico, científico e filosófico. A comparação revela as semelhanças e as diferenças entre as coisas. Comparar o genocídio praticado pelos alemães contra os judeus no século XX com o genocídio praticado pelos judeus contra os palestinos no século XXI é buscar as semelhanças e as diferenças. Esses dois episódios são: 
I. Semelhantes no que concerne: [1] À historicidade e ao morticínio coletivo de humanos desarmados e indefesos [2] Ao nazismo do governo alemão daquela época (1933-1945) e o nazismo do governo israelense posterior (1950-2024) [3] Ao perfil político dos chefes, o alemão Hitler e o israelense Netanyahu, ambos nacionalistas, autoritários, racistas e genocidas [4] Ao expansionismo territorial à luz da doutrina nazista do espaço vital.
II. Diferentes no que concerne: [1] À quantidade dos mortos [2] À personalidade dos chefes: (i) Hitler, carismático, empreendedor eficiente, líder autêntico (ii) Netanyahu, líder medíocre, grosseiro, corrupto [3] À independência do governo nazista alemão e a dependência do governo nazista israelense em relação ao governo dos Estados Unidos da América. 
Não há notícia de combinação entre jornalistas e entrevistado. Sem conhecimento prévio das perguntas, o entrevistado não pode trazer respostas escritas e sim prestá-las oralmente, de improviso. A protocolar leitura de texto se faz, por exemplo, nos pronunciamentos unilaterais, sem apartes, em reuniões oficiais solenes. O chefe do governo israelense mostrou oportunismo político ao tentar afastar as críticas relacionadas ao genocídio dos palestinos. 
Os judeus fizeram do holocausto uma indústria rentável do ponto de vista econômico e político, conforme descrito e explicado pelo professor Norman G. Finkelstein no seu livro “A Indústria do Holocausto. Reflexões sobre a exploração do sofrimento dos judeus” (Rio/SP, Record, 2001). A reação do governante israelense encaixa-se nessa esperta exploração ao tirar proveito da crise por ele mesmo gerada, ou seja, ao aproveitar-se da própria torpeza. 
Holocausto significa sacrifício em que a vítima é consumida pelo fogo. Trata-se de ritual do povo hebreu (judeus + israelitas) de oferenda ao deus satânico, cruel, vingativo, genocida, denominado Javé ou Jeová (Bíblia. Antigo Testamento. Levítico 1: 1/17). A vítima queimada (novilho, cordeiro, rolas, pombinhos) substitui o seu dono na expiação. Evita-se sacrificar humanos. Os judeus colocam-se como eternas vítimas. Entretanto, eles também são algozes cruéis, vingativos e genocidas, à imagem e semelhança daquele deus. Eles mataram todos os habitantes, homens, mulheres, crianças e idosos, bois, ovelhas e jumentos, quando invadiram e destruíram Jericó (Josué 6: 21). O mesmo fizeram quando invadiram o reino de Amalec (I Samuel 15: 3). 
A matança promovida por Hitler nos campos de concentração não foi só de judeus, mas, também, de milhares de outros humanos: comunistas, ciganos, negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais, adversários políticos. Falta certeza quanto à quantidade de judeus mortos pelos nazistas. Há possível exagero com o fito de aumentar a comoção e o lucro social. Os judeus consideram o seu sofrimento com exclusivismo monopolista na sua permanente propaganda para impressionar o público. 
O caso em tela não é de retratação do presidente do Brasil. Nas circunstâncias desse episódio, só os covardes, colonizados, invertebrados morais, submeter-se-iam a tal humilhação. No local apropriado, no momento certo e no tom adequado, o presidente falou a verdade que precisava ser dita em sintonia com os fatos públicos e notórios. O tom usado foi o Sol, não o Si, da escala musical. Os críticos pedantes, insanos e petulantes, seccionam a personalidade do presidente em natural e política no intuito de ensiná-lo a selecionar o que ele deve e o que ele não deve falar. 
A parcela da opinião pública nacional e internacional que apoiou o presidente brasileiro ficará decepcionada se a exigência do governo israelense for atendida. Espera-se que tal humilhação não aconteça. O governo tem que zelar pela soberania, princípio fundamental da república brasileira. A repreensão ao embaixador brasileiro pelo governo israelense foi atrevida, descabida e injuriosa. O embaixador é hierarquicamente subordinado ao ministro das relações exteriores do Brasil e não ao ministro de Israel. Quem deve pedir desculpas e se retratar é o governo israelense por essas afrontas. Se não o fizer, cabe ao governo brasileiro romper as relações diplomáticas com Israel e mandar às favas aquele arrogante governo.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

APOCALIPSE

Noite de sábado. 10/02/2024. Multidão na rua. Carnaval baiano. Duas mulheres maduras, uma na faixa etária dos setenta e a outra na faixa dos cinquenta. Ambas cantoras famosas, de microfones nas mãos, nos respectivos trios elétricos. Inesperadamente, trava-se, entre elas, insólito debate religioso. A idosa anuncia, com fervor, o advento do apocalipse dentro dos próximos 5 ou 10 anos. A mais nova contesta com veemência. Pelas vozes delas, amplificadas por alto-falantes, a Bíblia entrou no carnaval de Salvador sacudindo as cadeiras ao som da intrépida bateria pentecostal. 
Bispos, pastores e crentes evangélicos descumprem o dever cívico de respeitar os seguidores de outras religiões. Abusam do exercício da liberdade de religião constitucionalmente assegurada aos brasileiros. Aquele povo estava reunido na capital baiana para brincar o carnaval e não para ouvir sermão religioso. 
O Apocalipse tem 1.898 anos de idade, aproximadamente. Trata-se de um livro (produto cultural) e não de uma hecatombe (fenômeno natural). Então, pode ser macetado, como sugeriu a contestante. Basta desentranhá-lo da Bíblia e nele bater com a maceta ou colocá-lo numa prensa e comprimi-lo até se tornar finíssima folha de papel. Macetando-o ou prensando-o, nada se perderá de importante e de verdadeiro. 
O primeiro livro da Bíblia, intitulado Gênesis, tratou da criação do mundo. O último livro da Bíblia, intitulado Apocalipse, tratou do fim do mundo. Esses dois livros foram esterilizados pelas modernas Antropologia, Biologia e Astrofísica. Isto constitui mais um motivo para as sinagogas, as igrejas católicas e os templos protestantes demonizarem a Ciência. 
A autoria do Apocalipse é atribuída ao apóstolo João. Esse livro foi escrito no início do século II (101-110 d.C.) na ilha Patmos (Turquia), onde João estava homiziado. Dizendo-se “arrebatado” e “em êxtase”, o apóstolo afirma ter recebido instruções ditadas por voz forte como trovão de alguém parecido com Jesus postado entre 7 candelabros. A descrição mais parece a de um robô, ou, a de uma nave metálica semelhante à que foi vista e descrita por Ezequiel. As aparições naqueles dias não ocorriam em goiabeiras. 
Apocalipse é palavra grega que significa revelação. Com tal palavra, João inicia o seu livro: “REVELAÇÃO de Jesus Cristo, que lhe foi confiada por Deus para manifestar aos seus servos o que deve acontecer em breve. Ele, por sua vez, por intermédio de seu anjo, comunicou ao seu servo João, o qual atesta como Palavra de Deus e testemunho de Jesus Cristo, tudo o que viu. Feliz o leitor e os ouvintes se observarem as coisas nela escritas, porque o tempo está próximo”. 
Esse “tempo próximo” para o juízo final está muito distante e demorado: dois mil anos! Segundo a cantora gospel, agora vai acontecer. Acabou a espera. Em 10 anos, no máximo, a profecia tornar-se-á realidade. 
Pois, é. O Apocalipse já veio há dois milênios. O horror descrito e profetizado nesse livro é que ainda não aconteceu. Além do prólogo e do epílogo, o livro contém:
1. As epístolas de João às sete igrejas da Ásia sob domínio romano: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. Dessas cartas que João escreveu inspirado por um anjo, consta que Jesus afirma conhecer as obras de todas aquelas igrejas, as suas virtudes e fraquezas. A todas, ele dirige palavras encorajadoras, fala das tribulações de cada uma delas e de como serão punidas em caso de desídia, desânimo ou desistência da fé. 
2. As visões de João: I. Do livro dos 7 selos aberto por Jesus: (i) os cavalos branco, vermelho, negro e amarelo (ii) as almas dos mártires (iii) o grande terremoto (iv) os 144 mil assinalados (v) a multidão dos outros assinalados (vi) o silêncio no céu. II. Das 7 trombetas: os efeitos do som da trombeta de cada um dos 7 anjos. III. Dos 7 portentos: (i) a mulher e o dragão (ii) a besta que saiu do mar (iii) a besta que saiu da terra (iv) o cordeiro (v) os três anjos e a voz do céu (vi) as foices e as vindimas dos pecadores (vii) o mar de vidro. IV. Dos 7 anjos com seus 7 cálices. V. Da besta de 7 cabeças e a prostituta: (i) queda da Babilônia anunciada por um anjo (ii) lamentações sobre a Babilônia (iii) cântico triunfal no céu (iv) morte das duas bestas. VI. Dos mil anos: o anjo amarra o dragão (diabo) e o manterá preso por mil anos. VII. Da batalha final e do juízo universal. VIII. Do novo céu e da nova terra. IX. Da nova e santa Jerusalém (reminiscência do judaísmo nacional vivido por João na infância e juventude). 
O texto das visões do futuro do mundo e da igreja, miscelânea de dados e imagens, brotou da mente delirante do autor. Alucinações, sonhos e fantasias decorrentes do estado senil de João e do seu amor pelo mestre. Ainda que levado a sério pelos crentes e pelos crédulos, com sua linguagem esotérica e suas figuras simbólicas, o texto se presta a múltiplas e opostas interpretações, adaptável a quaisquer épocas e tendências, tal qual as profecias de Nostradamus, águas turvas onde navegam vigaristas de variados matizes. 
Esse torvo texto que trata da luta do bem contra o mal, da catástrofe planetária, da extinção da raça humana, da severa punição dos pecadores, é o que mais impressiona e apavora os crentes e os crédulos. Semente lançada no solo fértil do medo e da ignorância. Colheita farta para os silos dos bispos e pastores que acumulam tesouros na Terra. Freguesia cativa dos mercadores da fé religiosa. Rebanho vulnerável sob pastoreio dos estelionatários da fé, terrivelmente evangélicos, que enredam a sociedade e o estado. 
Eventos com mortes e destruição, tais como as guerras santas cristãs e muçulmanas e as guerras profanas mundiais, são vistos e adjetivados como apocalípticos. Líderes religiosos, como Maomé e o Papa Urbano II, e líderes profanos, como Átila, Gengis Khan, Hitler e os chefes de governo de Israel e dos Estados Unidos da América, são vistos e adjetivados como cavaleiros do apocalipse. 

domingo, 11 de fevereiro de 2024

PERSEGUIÇÃO

Frustrada com o resultado das urnas nas eleições presidenciais de 2010 e 2014, a direita brasileira promoveu, mediante golpe politico, a destituição da vencedora. Serviu-se da maioria dos votos que possui no Congresso Nacional para, baseada em crime de responsabilidade inexistente, decretar o impeachment da presidente (2016). A seguir, no intuito de eleger o candidato tucano, a direita serviu-se de procedimentos judiciais abusivos e de expedientes escusos, em conluio com o governo dos Estados Unidos da América, para afastar do pleito o forte candidato petista, empreitada na qual teve êxito. No primeiro turno, o candidato tucano não obteve votos suficientes. Então, no segundo turno, a direita apoiou o candidato da extrema direita, que se saiu vitorioso (2018). 
A presidência da república passou a ser exercida de forma autoritária. Inaugurou-se um regime híbrido: formalmente democrático e materialmente autocrático (2019-2022). Ganhou força o movimento nazifascista militar/civil umbilicalmente avesso à democracia. Tal movimento vinha se intensificando desde a segunda década deste século XXI (2011-2020). Presidentes da República (Temer + Jair), ministros, políticos, empresários, oficiais das forças armadas, integravam esse movimento. Para se manterem no comando dos negócios do estado brasileiro, os integrantes desse movimento não titubearam em se atolar no pântano da criminalidade. 
O regime democrático estabelecido pelos representantes do povo brasileiro na assembleia nacional constituinte de 1987/1988, esteve gravemente ameaçado na etapa final do golpe: a baderna em Brasília, na Praça dos Três Poderes, no dia 08 de janeiro de 2023. Depois de sufocar a rebelião, prender em flagrante e processar os bagrinhos, o governo federal passa a processar e a prender preventivamente os tubarões. Acossados pela polícia federal e pelo ministério público federal, os tubarões paisanos e fardados reclamam de perseguição e se postam como vítimas. 
Realmente, a perseguição existe e continua em andamento, apesar do Carnaval. Contudo, nada há de ilegal. Trata-se de perseguição válida do ponto de vista político, moral e jurídico. Perseguir, no mundo dos animais racionais, significa correr atrás de alguém ou de alguma coisa, seguir de perto uma ideia, uma doutrina, com algum propósito lícito ou ilícito. Na esfera penal, a perseguição lícita é conhecida pela expressão em latim “persecutio criminis”, cujo propósito é elucidar crimes, buscar provas da materialidade e da autoria e promover a responsabilidade dos agentes. Essa tarefa cabe ao estado. 
Os procedimentos persecutórios lícitos deparam-se com barreiras constitucionais e legais. Quando isto acontece, a autoridade policial ou o agente do ministério público, pede autorização ao juiz ou ao tribunal, para realizar as necessárias diligências que exigem transposição dessas barreiras (invadir domicílio, apanhar correspondência, buscar e apreender coisas, obter dados privados e sigilosos). Uma vez judicialmente autorizada, a autoridade pública realiza as diligências. 
A perseguição oficial pode ser lícita no início e ilícita na continuidade ou no final. A conduta abusiva, arbitrária, ilegal, dos seus executores, torna ilícita a perseguição. Exemplo bem conhecido é o da operação lava-jato de Curitiba. Lícita no início, foi festejada nacionalmente, recebeu apoio da sociedade, de jornais e revistas, de emissoras de rádio e televisão e dos tribunais. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aliaram-se. “O Fux é nosso” afirmava com entusiasmo o procurador federal, sem ser desmentido. Barroso recebia em seu apartamento no Rio, um dos líderes da operação. Fachin, Toffoli, Carmen e Rosa davam sustentação. Notava-se naquele tribunal: (i) condescendência (ii) temor em contrariar o juiz paladino do direito e da moral (iii) oportunismo, ensejo para impedir o líder petista de assumir o governo do país. Políticos, como Roberto Requião e Álvaro Dias, ambos do Paraná, manifestavam sua adesão e simpatia à causa moralizadora. Artistas também faziam o mesmo, inclusive da música popular brasileira. Caetano Veloso, por exemplo, recebeu em seu apartamento no Arpoador, um dos líderes da operação.  
Tanto vai o jarro à fonte que um dia quebra. E o dia da criminosa operação chegou. A patifaria veio à tona e se expôs à luz do dia. Os processos judiciais emanados daquela operação foram anulados pelo STF. 
A nação brasileira testemunha agora, a lícita perseguição aos militares e civis protagonistas do golpe de estado mais recente. Os oficiais das forças armadas participantes do movimento nazifascista podem, em sua defesa,  invocar o dever de obediência às ordens dos superiores hierárquicos. Aos magistrados competirá, no devido processo legal, decidir se tal invocação exclui a punibilidade ou só atenua a pena. 
Oficiais das forças armadas não são ingênuos; sabem o que fazem; há cálculo no agir. O plano dar certo ou errado, depende das circunstâncias e do imprevisível. No caso em tela, deu errado. Restaram provas das ações e omissões ilícitas. Os agentes do golpe estavam despreocupados com isso, na certeza de que tudo daria certo. Enganaram-se por excesso de confiança. Ao subversivo movimento faltou apoio da maioria da população civil e da caserna. Civis e militares que dele participaram direta ou indiretamente, devem ser processados e punidos exemplarmente.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

MAZELAS LAVAJATISTAS

Nulidades processuais apuradas. Abusos e arbitrariedades da polícia e do ministério público. Desonestidade e parcialidade dos magistrados federais. Constatações feitas pela imprensa (comunicação social) e pelo Supremo Tribunal Federal (processo judicial). 
A história do Brasil registra, na segunda e terceira décadas deste século XXI (2011-2030), duas grandes máculas: a criminosa operação lava-jato e o criminoso movimento militar/civil nazifascista avesso à democracia.
Na curitibana operação lava-jato aconteceram ilegalidades, abusos, arbitrariedades, cometidos pela polícia, pelo ministério público e pela magistratura federal. Incompetência, desonestidade e parcialidade dos magistrados, acarretaram a anulação, pela suprema corte de justiça, dos processos judiciais oriundos da referida operação. Empresas e pessoas físicas condenadas naqueles processos, agora pretendem receber de volta o que lhes foi tirado e ser indenizadas por danos materiais e morais. Tal pretensão encontra amparo no direito positivo brasileiro. 
Todavia, ao estado brasileiro cabe o direito de defender o seu interesse específico no caso, além do seu interesse geral na eficácia da lei vigente. Por intermédio dos seus fiscais e representantes no devido processo legal, lato sensu, o estado pode averiguar se as empresas e as pessoas físicas que agora se apresentam como vítimas da ação criminosa dos agentes públicos, são responsáveis – ou não – pelas ilicitudes noticiadas nos inquéritos e processos daquela operação. Embora perdida a original força probatória em virtude da nulidade processual e das circunstâncias em que foram obtidas, as confissões e as delações podem servir de indícios para instauração de novos inquéritos e processos, segundo aconselha o interesse público.  
Tanto o pleito dos particulares como o pleito do estado no caso em tela, importam na sequência de procedimentos sob auspícios do devido processo jurídico e seus corolários: contraditório, ampla defesa e juiz natural imparcial e independente. Excluídos, portanto, o juízo de exceção e o tribunal de exceção que caracterizaram a famigerada operação lava-jato. Caso os novos procedimentos evidenciem algum ato ilícito, o respectivo agente deverá ser responsabilizado nas esferas civil e penal. Eventual crédito dos particulares deverá ser compensado com eventual crédito do estado. Até que as situações de fato e de direito sejam clarificadas e definidas, as quantias recolhidas pelo estado poderão ficar depositadas  judicialmente com as cautelas de estilo. 
As nulidades absolutas impedem o aproveitamento da instrução e do julgamento ocorridos nos processos judiciais anulados. Os procedimentos devem ser renovados ab ovo se houver interesse da sociedade e/ou do estado e se ainda não exaurido o prazo da prescrição. As relações de fato e de direito voltam ao status quo ante. Se isto for parcial ou totalmente impossível, meios compensatórios devem ser aplicados. A fim de preservar a moral e o direito, qualquer acordo entre o estado e os particulares que figuram como partes nos processos judiciais anulados, não deve implicar impunidade e tampouco favorecimento pecuniário indevido. Os altíssimos valores em jogo (na casa dos bilhões) assanham causídicos e escritórios de advocacia que, 
na ânsia e na expectativa de ganharem altíssimos honorários (na casa dos milhões) como patronos da causa, consultores ou pareceristas, falam e escrevem muito, às vezes, equivocam-se e se expressam até infantilmente. 
Reconhecida a parcialidade do juiz primitivo, o processo é anulado desde o nascedouro (ab initio). Nenhum ato instrutório ou decisório praticado durante os trâmites do processo anulado poderá ser aproveitado. Entretanto, baseado em inquéritos e documentos que precederam a instauração do processo anulado, o agente do ministério público poderá oferecer denúncia, ou optar pelo arquivamento ou por novas investigações preparatórias. Se oferecida denúncia, o juiz natural poderá recebê-la ou rejeitá-la, orientado por sua consciência e por sua racional análise do caso concreto.  

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

TROVAS 5

 Menino forte não chora

Precisa ser homem rude

Não brinca com a flora

Mas com bolinha de gude

 

Homem não escolhe feijão

Não faz trabalho de mulher

Mas finca a estaca no chão

Bom pedreiro usa a colher

 

De tijolo em tijolo a cimentar

Recitando bem me quer

Sombra do mal me quer

Constrói a casa sem desfolhar

 

Homem em mulher não bate

Por ciúme nem desagrado

Com ela só o gentil combate

De quem ama bem amado

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

DEUS

DEUS não é o átomo nem a molécula ou a célula;

DEUS não é o planeta nem a galáxia ou o universo;

DEUS não é o sol nem a lua o cometa ou a constelação;

DEUS não é o mar nem o rio o lago ou a cascata;

DEUS não é o seixo nem a areia a rocha ou a montanha;

DEUS não é o raio nem o trovão o relâmpago ou a nuvem;

DEUS não é o ar nem o vento a brisa ou a termpestade;

DEUS não é o fogo nem a brasa o vulcão ou a lava;

DEUS não é o pinheiro nem a flor ou a floresta;

DEUS não é o boi nem a baleia ou o falcão;

DEUS não é o homem nem a mulher ou a criança;

DEUS não é;

DEUS noé.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

IMPEDIMENTO DO JUIZ

No Brasil, a judicatura exige do magistrado: dedicação exclusiva (salvo uma função de magistério), distanciamento da política partidária, espírito público, senso de justiça, bom caráter e saber jurídico. Da base à cúpula da organização judiciária nacional, juízes e juízas, incluídos portanto desembargadores, desembargadoras, ministros e ministras, devem funcionar em sintonia com a honestidade, a imparcialidade, a independência, a serenidade, a urbanidade, a assiduidade, a celeridade e a eficiência. Tal como os deuses e as deusas do Olimpo, os juízes e as juízas também têm fraquezas e, às vezes, sucumbem às tentações. Daí, os legisladores estabelecerem a casuística do impedimento e da suspeição. 
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) propôs Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) perante o Supremo Tribunal Federal (STF), impugnando o inciso VIII, do artigo 144, do Código de Processo Civil (CPC) que diz: “Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções”: no processo em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório. A AMB pretende a supressão desse impedimento a fim de que os juízes e juízas possam funcionar nos processos em que uma das partes é cliente do escritório de advocacia do seu cônjuge, companheiro, companheira ou parente. 
Contra essa pretensão, manifestaram-se os presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados, o Advogado-Geral da União, o Procurador-Geral da República e os ministros do STF: Edson Fachin (relator), Roberto Barroso, Cármen Lúcia e Rosa Weber. Manifestaram-se a favor da insólita pretensão os ministros do STF: Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Nunes Marques, André Mendonça e Cristiano Zanin (21/08/2023). 
Nos tribunais judiciários brasileiros, as votações seguem a ordem inversa da antiguidade. Depois do relator, o primeiro a votar é o juiz mais novo e o último a votar é o juiz mais antigo. Na ADI em tela (5.953 - STF) o juiz mais antigo (Gilmar Mendes) votou em primeiro lugar, divergiu do relator e convenceu a maioria dos colegas. O motivo da quebra da norma  regimental talvez seja o fato de Gilmar e de outros ministros que o acompanharam, como Toffoli e Zanin, serem maridos ou companheiros de advogadas militantes. Sendo assim, eles julgaram em causa própria, o que implica suspeição (CPC 145, I e IV). 
[Em memorável altercação entre os ministros Joaquim Barbosa e Gilmar Mendes durante sessão plenária do STF sob a presidência da ministra Cármen Lúcia, convicto e firme, Joaquim disse em voz alta para toda a nação ouvir e saber que Gilmar envergonhava a Justiça. Ele mencionou até capangas. A presidente suspendeu a sessão].
Na vida do humano casal urbano, os ganhos da esposa advogada beneficiam o marido juiz e os filhos. Os ganhos do marido juiz beneficiam a esposa advogada e os filhos. Os honorários do escritório de advocacia da esposa são pagos pelos clientes. A ética judiciária impede o marido de funcionar como juiz no processo em que uma das partes é cliente do escritório de advocacia da sua esposa. Ao contrário do ridículo argumento dos votos vencedores, o impedimento independe de o juiz possuir lista dos clientes da esposa. Bastam a convivência doméstica e as relações sociais para indicar (i) que o marido juiz sabe o escritório em que a esposa advogada trabalha (ii) que a esposa advogada sabe o tribunal a que está vinculado o marido juiz. Isto não é segredo de alcova. No lar, ambiente doméstico, o varão e a mulher não conversam apenas sobre o calo no dedinho do pé esquerdo. Se não atender às súplicas da mulher, o varão corre o risco de dormir no sofá.
No provável anseio de favorecer as respectivas esposas ou companheiras, os ministros sustentaram que a norma processual impugnada contraria os princípios constitucionais do juiz natural, da razoabilidade e da proporcionalidade. Contudo, falta-lhes razão e vergonha. 
No texto constitucional, o conceito juiz natural é utilizado na sua extensão universal. Todo juiz ou juíza competente para conhecer e processar determinados tipos de ação (cível, criminal, trabalhista, eleitoral) é juiz natural nos termos da lei. Ante a pluralidade de juízes e juízas competentes para o mesmo tipo de ação, as demandas passam pelo mecanismo da distribuição. Se o juiz natural singular (a quem é distribuída a ação) estiver impedido ou for suspeito, outro juiz natural singular substituí-lo-á na forma da lei. Destarte, mostra-se falacioso o argumento de que a norma impugnada é inconstitucional porque afasta o juiz natural. A valer tal sofisma, as hipóteses legais de impedimento e de suspeição seriam varridas do CPC, pois, todas elas afastam do caso sub judice o juiz natural. 
A argumentação dos votos vencedores assemelha-se ao jogo de palavras que – sem lastro na realidade – procura confundir e convencer. No entanto, a norma processual impugnada tem seus pilares fincados na experiência forense, tem caráter moralizador inequívoco e é proporcional aos danos que a conduta ilícita do juiz ou da juíza pode causar aos direitos dos jurisdicionados, ao decoro e à imagem do Poder Judiciário. 
O Brasil goza da fama internacional de país corrupto. Já dizia Charles de Gaulle, presidente da França (1959-1969): “O Brasil não é um país sério”. Ministro do governo Costa e Silva: “Às favas com os escrúpulos” (1968). Governo Geisel: ministro dos dez por cento (1974-1979). Governo Collor: ministro dos vinte por cento (1990-1992). Governo Cardoso: negociatas das privatizações, "comissão prá cá, comissão prá lá" (1995-2002). Governo Silva: negociatas da Petrobrás, "escândalo do mensalão" (2003-2010). Magistrados da curitibana operação lava-jato: desonestidade e parcialidade (2014-2022). Civis e militares planejadores, financiadores e facilitadores do golpe contra a democracia: impunidade, bagrinho preso, tubarão solto (01/2023 - 01/2024). O propinoduto passa pelas esferas municipal, estadual e federal. O dinheiro entra pela porta dos fundos e a vergonha sai pela porta da frente. 
Situações judiciárias como esta, ora comentada, reforçam a má fama do Brasil. O respeito pela magistratura declina na medida que declina o respeito dos magistrados por si mesmos, pelos jurisdicionados e pela instituição judiciária nacional.
Tão logo publicado o acórdão da ADI 5.953, o ministro Toffoli prolatou decisão monocrática em processo no qual uma das partes (empresa denominada J & F) é cliente do escritório de advocacia da sua esposa. O aspecto solidário do amor conjugal é apto a condicionar a decisão do juiz ou da juíza no processo judicial. Frustra-se, então, a paridade de forças característica da garantia do devido processo jurídico. Embora suspeito do ponto de vista moral, o ministro buscou apoio jurídico naquele finório acórdão do STF. A conduta e a decisão monocrática do ministro merecem reparos. Ele devia aguardar o retorno dos seus colegas. Em atenção à constitucional garantia do contraditório, recomenda-se a citação ou a intimação da parte adversa antes de o juiz tratar da concessão liminar de medidas judiciais. Para colher a maçã, desnecessário derrubar a macieira. A real urgência pode ser atendida por câmara de plantão. Não se há de confundir tribunal judiciário com UTI hospitalar. Nos casos judiciais, alguma delonga é necessária ao bom, sereno e imparcial exame, sem prejuízo da celeridade nos restantes trâmites do processo. Decisão monocrática é aberração no seio de tribunal judiciário, pois, priva os litigantes do direito a uma decisão colegiada proferida pelos juízes e juízas componentes da câmara, da turma ou do tribunal pleno.  
Cabe ao Congresso Nacional restabelecer a norma moralizadora mediante Emenda à Constituição com o teor a seguir sugerido: 
“As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do artigo 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto constitucional”: 
Art. 1º. O parágrafo único do artigo 95 da Constituição Federal passa a vigorar com a seguinte redação: “Aos juízes e juízas, inclusive do Supremo Tribunal Federal, é vedado”:… 
Art. 2º. O parágrafo acima citado fica acrescido do seguinte inciso VI – funcionar no processo em que o seu cônjuge, companheiro, companheira ou amante, integra o escritório de advocacia do qual uma das partes é cliente

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

TROVAS 4

 Bonita canção na roda infantil

Dos versos bem pouco lembro

Folga da escola em dezembro

Lindo e vasto céu de azul anil


Mãos entrelaçadas a rodar

Alegres na praça a cantar

Na ciranda menina formosa

O menino cravo ela a rosa


Macias as mãos da menina

O toque na roda boa sina

Da vida esquece a rudeza

Na palma a suave lhaneza



sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

TROVAS 3

 Defender a nossa sociedade

Feito de grande necessidade

Em favor do bem geral

Algum abuso é natural

Diz com desdém o mau juiz

Ao condenar o pobre infeliz

 

Torcer a lei um pouquinho

Prender o pássaro no ninho

Pestilento ar de um tribunal

De juízes venais composto

No plural ocultam o rosto

O rubor da sentença imoral