No jogo amistoso contra a seleção
da França, em Paris (26/03/2015), a seleção brasileira de futebol masculino apresentou
deficiência no ataque apesar de ter vencido (3 x 1). Começou perdendo e
terminou vencendo o jogo, o que foi bom para aumentar a confiança dos jogadores
no seu potencial e na sua capacidade de recuperação. O primeiro gol da seleção
brasileira contou com o esforço de Oscar e uma pitada de sorte. O segundo gol
resultou de boa jogada dos brasileiros e da proveitosa finalização de Neymar. O
terceiro gol resultou de cobrança de escanteio com oportuno e eficaz cabeceio
de Luis Gustavo.
Durante a partida foi possível
notar a insistência do ataque pela esquerda onde se posicionava o jogador
Neymar. A ala direita ficou sem função a maior parte do tempo. Capenga desse
jeito, a seleção facilita o trabalho da defesa adversária. Necessário escalar
um bom atacante que saiba atuar eficientemente na ala direita e confundir a
defesa adversária. Desse modo, a seleção atacará tanto pela direita como pela
esquerda por diferentes e bons jogadores. A equipe adversária terá de
distribuir os seus defensores e, assim, abrir espaço para a penetração dos
atacantes brasileiros. A seleção carece de inteligência e liderança no setor de armação. Notou-se,
também, a falta de um centroavante do tipo Luis Fabiano, que saiba
movimentar-se fora e dentro da área adversária, driblar, prestar assistência, aproveitar
oportunidades e fazer gols.
No jogo amistoso contra a seleção
do Chile, em Londres (29/03/2015), a seleção brasileira apresentou deficiências
em todos os setores, o que é compreensível, pois o treinador testava jogadores
que ainda não haviam atuado. Em jogo preparatório de campeonato internacional,
o comportamento do jogador estreante não é o mesmo do treino ou do clube em que
atua. O entrosamento entre os jogadores fixos e os jogadores estreantes demanda
tempo; uma só partida é insuficiente para tal desiderato. A seleção chilena
aproveitou-se da situação e esteve melhor durante a partida. Apesar disto, coube à seleção brasileira a magra e sofrida vitória decorrente da trama bem urdida pelo setor
direito do ataque (1 x 0).
O fato de Robinho ficar no banco explica-se:
ele já foi testado. Os novos é que precisam do teste. O importante é participar
de todos os treinos e manter conexão em campo com os demais convocados, pois
ele poderá ser decisivo na Copa América a ser disputada no Chile no meio do ano
(inverno). A seleção chilena é forte candidata ao título ao lado da seleção
argentina. A comissão técnica da seleção brasileira repete erros do passado ao
desprezar bons jogadores, veteranos ainda em forma, tais como: KK, Lucas, Luis
Fabiano, Ronaldinho Gaúcho. Resolvidos o problema físico e o problema familiar,
KK voltou a apresentar o seu bom futebol. Esses jogadores ainda podem atuar na
Copa América (2015). A Copa do Mundo está longe e até lá novos talentos
podem surgir e se firmar (2018).
Embora esforçados, alguns convocados
e estreantes estão aquém da eficiência e do talento dos jogadores acima citados.
Assim como a seleção brasileira anterior, a de 2015 parece corpo sem alma. As
jogadas coletivas parecem robóticas. Os jogadores parecem células desprendidas
do organismo e conectadas ao acaso. Falta aquele clima de união espiritual –
autêntica e não artificial – bem evidenciado em outras seleções brasileiras,
como as de 1970, 1982, 1994.
Manter no ataque apenas o jogador
Neymar é pouco. Como estrela de primeira grandeza, esse jogador recebe marcação
implacável, situação agravada por sua fama de cai-cai. Na copa mundial de 2014, a sua atuação foi
discreta. A continuar na mesma toada, a seleção brasileira obterá novamente um suado quarto
lugar, se tanto. Convém não se iludir com a série de oito vitórias nos jogos
amistosos da fase preparatória que terminou neste domingo. Como dizia mestre
Didi: treino é treino, jogo é jogo.
Durante os jogos da Copa América, veremos outra realidade. Assim como a
brasileira, as demais seleções também farão seus ajustes. Todas entrarão em
campo dispostas a vencer. Na eventualidade de alguma equipe se reconhecer
tecnicamente inferior, buscará, pelo menos, o empate, sem perder a esperança no
tropeço da equipe que se apresentar como superior.
Espera-se que, desta vez, o interesse financeiro de
empresários e patrocinadores na convocação de jogadores não suplante o
interesse esportivo no bom desempenho da seleção brasileira e que o trabalho
nefasto dos cartolas não se repita.