sábado, 28 de julho de 2018

ESTRANGEIRISMO & VIRA-LATAS

O estrangeirismo tanto pode enriquecer como empobrecer o idioma pátrio e contribuir para o sentimento de inferioridade do povo. Mentes colonizadas e submissas às coisas e aos interesses estrangeiros existem nas camadas rica, remediada e pobre da sociedade brasileira, tanto no meio civil como no militar e no eclesiástico. À semelhança do cão sem raça e ao léu, o cidadão vira-lata apresenta em diferentes proporções, as seguintes características: (i) insuficiente qualificação técnica e intelectual (ii) cultura geral medíocre (iii) falta de brio, leniente, amoral (iv) astuto, maldoso, galhofeiro (v) desonesto, condescendente na ilicitude.
Tome-se, para efeito ilustrativo, a seleção brasileira de futebol masculino. Havia um branco rico (Coutinho), um negro rico (William) e um mestiço rico (Neymar). Notava-se pela conduta dos três, que um deles era vira-lata. O mestiço. Daí, a constatação: de 3 brasileiros 1 é vira-lata. Logo, o Brasil teria aproximadamente 70 milhões de vira-latas. Se tomarmos por base a população de São Paulo, cidade que congrega brasileiros de todas as regiões, podemos obter outra proporção: de 3 paulistas, 2 são vira-latas. Por esta amostragem, o Brasil teria 140 milhões de vira-latas. Nesse total, incluem-se os tipos macunaíma, mazombo e jeca (civis, militares, religiosos; ricos, remediados, pobres).    
Em consequência do pendor dessa fração demográfica para imitar sem refletir, os brasileiros recebem apelidos de macaquitos e papagaios. Culturalmente, o idioma é mais valioso do que a moeda. Países europeus trocaram a sua moeda por moeda continental comum (euro), porém, mantiveram o idioma nacional. O vira-lata brasileiro acha vergonhoso não saber pronunciar palavras estrangeiras. Pergunta angustiado: “é assim que se pronuncia”? Os estadunidenses usam pronúncia inglesa para qualquer palavra estrangeira sem se importar com a pronúncia original. Para Florida, palavra espanhola e portuguesa paroxítona, eles pronunciam como proparoxítona: Flórida. Para Orleans, palavra francesa oxítona, eles pronunciam como paroxítona Órlins. Nos países de língua espanhola, nomes próprios estrangeiros são vertidos para o espanhol. No Brasil, não se verte ao português tais nomes. O brasileiro vira-lata sente necessidade de se mostrar culto. Acha que escrever e pronunciar palavras estrangeiras no original é demonstração de cultura. Atitude esnobe de quem quer se mostrar superior na colônia e afinado com a metrópole. Efeito psicossocial da colonização. O vira-lata assimila hábitos e frases exibidos nos filmes estrangeiros. Apressa-se a usar palavras novas para designar coisas velhas como aporofobia, fake news, bulling. Sente prazer orgástico quando usa tais palavras nos programas de notícias da televisão.
Aporofobia, termo criado em 1995 por Adela Cortina, professora de Filosofia da Universidade de Valência (Espanha), significa aversão ao pobre. Áporos = pobre + phobos = medo, horror. A nova palavra significa o incômodo que a pobreza causa às camadas média e alta da sociedade. Os pobres do mundo – e não só os de Paris e Bombaim – são vistos como incultos, inferiores, infantaria na guerra e mão-de-obra ordinária no serviço doméstico, na lavoura, na pecuária, na construção civil, na indústria e no comércio. Na Europa, a rejeição é agravada quando o pobre é imigrante. No Brasil, o pobre originário da Venezuela é acolhido por ordem do presidente dos EUA (2018). Pobres de países americanos, europeus, africanos, asiáticos, são admitidos no território brasileiro desde o período imperial até hoje (1840/2018). Os imigrantes integram a história do Brasil. Com a oficial abolição da escravatura (1888), os serviços que eram prestados por escravos passaram às mãos dos pobres. Composta de brancos de origem humilde ou fracassados (nativos e imigrantes), de negros, mulatos e caboclos, a camada pobre é vista como a parte desprezível da sociedade. No entanto, sem os pobres: [i] os proprietários teriam de fazer todos os serviços (com a foice, o martelo, a pá, a picareta, a vassoura. o sabão, o fogão) [ii] os hipócritas não teriam como exibir espírito cristão [iii] seria menor o mercado dos estelionatários da fé e dos demagogos. Desprezados e maltratados pelos ricos, os pobres eram o público de Jesus, o Cristo, que os consolava, prometia vida feliz na esfera espiritual do mundo (céu) e ensinava a aceitar o sofrimento na esfera material do mundo (terra) como senda ascensional para se aproximar do pai celestial (deus).         
Fake news, expressão inglesa que ganhou notoriedade por significar a divulgação de notícias falsas através dos meios de comunicação social. Desde as primeiras civilizações, notícias falsas circulavam para desorientar o inimigo estrangeiro e o adversário interno, o que se intensificou depois da invenção da tipografia para imprimir textos (1439).  Atualmente, a mentira ganhou enorme extensão com o ativismo político: [i] dos jornalistas [ii] dos proprietários dos meios de comunicação social (jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão) [iii] dos navegantes no ciberespaço (internautas). Evidenciou-se o divórcio entre o jornalismo e a ética. No Brasil, o jornalismo, dominado pelo dinheiro de uma estreita e poderosa minoria, dedica-se à produção e divulgação de mentiras, à facciosa seleção de notícias, ao entretenimento dispersivo e à expansão do fascismo. 
Bulling, palavra inglesa que ganhou notoriedade entre os brasileiros por significar humilhação imposta a alguém pelo grupo etário a que pertence. Os motivos são vários: étnico, modo de vestir, de andar, de se expressar, aparência física. Cuida-se de conduta social mais antiga do que o nome em inglês que ora se lhe dá. Modismo idiomático apreciado pelos vira-latas. Na opinião dessa turma colonizada, bulling é termo mais chique do que zombaria, ultraje, intimidação, maltrato.  

terça-feira, 24 de julho de 2018

ELEIÇÕES

A indefinida situação jurídica da candidatura de Lula obsta satisfatória análise do quadro eleitoral. Parcela dos magistrados da justiça federal, tanto a ordinária como a eleitoral, posiciona-se francamente contra a candidatura do petista. O explícito ativismo político partidário do judiciário é uma realidade constrangedora. Esse ativismo é incompatível com o exercício da judicatura ante a vigente organização constitucional brasileira que veda aos juízes atividade política partidária (direta ou indireta). Além de inconstitucional, esse ativismo é degradante e contrário ao dever de imparcialidade. Os juízes perdem a serenidade e usam a retórica para contornar princípios jurídicos e morais. Mandaram às favas os escrúpulos como fizeram os militares no período autocrático (1964/1985). Lula dificilmente vencerá a vergonhosa barreira judicial. A outra parcela, constituída de magistrados liberais, republicanos e democráticos, pressionada pelo corporativismo, poderá se omitir. Portanto, quase impossível obter decisão favorável a Lula nos tribunais superiores (Justiça, Eleitoral e Federal). O lamaçal é extenso e profundo. Hoje o fascismo é dominante. “Amanhã é outro dia”.    
As estatísticas no campo das disputas eleitorais que normalmente não são confiáveis, ficam piores na ausência de dados concretos e definitivos sobre os candidatos. O cálculo das chances e do provável resultado certamente será melhor depois da primeira quinzena de agosto. Partindo dos resultados das eleições presidenciais de 2014, pode-se ensaiar, num cálculo proporcional e em números redondos, a seguinte projeção para as eleições presidenciais de 2018:

Eleitorado em junho de 2018:                147 milhões de eleitores.
Comparecimento às urnas:                     117 milhões de eleitores.
Ausência:                                                30 milhões de eleitores.   

Direita extremada –      Bolsonaro:        10 milhões de votos.
Direita moderada –       Marina:             19 milhões de votos.
Direita central –           Alckmin:            15 milhões de votos.    
Esquerda central –       Ciro:                   10 milhões de votos.
Esquerda moderada –   Lula:                  35 milhões de votos.
Esquerda extremada –  Boulos:                8 milhões de votos.
Diversos:                                                   2 milhões de votos
Votos nulos + brancos:                            18 milhões de votos.

Esses números podem variar conforme Lula participe ou não do pleito eleitoral. Os votos dos candidatos nanicos têm pouco peso. Se houver segundo turno, aumentará o abstencionismo e pesará a capacidade de cada candidato eliminado no primeiro turno transferir seus votos ao concorrente da sua preferência.
Caso a candidatura de Manuela D´Ávila à presidência da república seja mantida, os números projetados mudarão. Trata-se de mulher honesta, dedicada à família, jovem, bonita, simpática, inteligente, culta e experiente em assuntos políticos. O eleitorado jovem (16 a 30 anos de idade) soma 35 milhões de votos. Essa juventude poderá sentir-se representada ao votar maciçamente em Manuela. Além disto, os jovens da classe média podem influir na decisão dos pais. Na camada pobre e na camada rica acontece o contrário: os pais influenciam os filhos. Trata-se de comportamento social genérico que às vezes admite exceções conforme os costumes regionais. A influência dos jovens sobre os pais será menor quando a liderança da família revestir caráter militar ou religioso. 

sexta-feira, 20 de julho de 2018

O QUE MOVE? - III

O que move Carmen Lúcia? Apesar de provocada, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) nega incluir na pauta de julgamentos questão relevante para a nação. Estaria ela sob pressão irresistível? Seria por simpatia ou gratidão ao conterrâneo Aécio? Teria assumido compromisso com o presidente do tribunal federal de Porto Alegre de não pautar ação contrária à politicagem dos magistrados sulinos? Estaria ferida no seu espírito cristão por ter Luiz Inácio promovido a ascensão da camada pobre da população e assim borrado a nobre e superior classe social a que ela pertence? A dolosa omissão da presidente significa capitis execratio ao relator que lhe solicitou a inclusão das ações na pauta. Só tribunal nanico e juiz mendaz mantêm preso um cidadão para impedi-lo de exercer os seus direitos políticos embora ele tenha o constitucional direito à liberdade até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. 

O que move Laurita Vaz? A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) declarou incompetente o juiz do tribunal gaúcho que concedeu a ordem de habeas corpus (HC) a favor de Luiz Inácio. Possivelmente, Laurita baseou-se no seu código particular para dizer tamanha asneira. No ordenamento jurídico vigente no Brasil, juiz do tribunal de segundo grau (no caso, o plantonista do TRF-4) tem competência jurisdicional para conhecer e julgar pedido de HC formulado contra ato abusivo de juiz do primeiro grau (no caso, da juíza da 12ª VF de Curitiba – Execuções Penais, que por ação e omissão, cassou os direitos políticos do paciente). Da decisão do juiz competente (no caso, o plantonista desembargador Favreto) cabe recurso ordinário (RO) a órgão colegiado (no caso, turma ou pleno do TRF-4). A decisão do desembargador, escrita em bom vernáculo, bem fundamentada juridicamente, preenche os requisitos legais. Podia conceder a liberdade de locomoção condicionada à eficácia dos direitos políticos do preso. A avaliação cabia exclusivamente ao desembargador na instância inicial (HC) e ao TRF-4 na instância recursal (RO).

Em suma: O direito perde eficácia no estado de exceção. A desmoralização do judiciário não chegou ao fundo do poço com o episódio “Mensalão” como se pensava. A profundidade é maior como indica o episódio “Lava-Jato”. Juiz de primeiro grau em férias determina à polícia que desobedeça a ordem de juiz de grau superior expedida em ação judicial de HC; juiz de segundo grau em férias interfere na decisão de juiz de igual hierarquia em exercício no tribunal; presidente de tribunal regional usurpa competência de tribunal nacional para dirimir conflito de atribuições ardilosamente criado; presidente de tribunal nacional declara incompetente juiz de tribunal regional legalmente competente; ministro de estado ordena à polícia que não cumpra ordem judicial.
O descalabro ocorrido no domingo negro (08/07/2018) indicou a profundidade abissal da imoralidade no judiciário. Para encontrar o fundo dessa desgraça, necessários os préstimos de especialistas na prospecção em águas profundas e escuras. A conduta antijurídica desses juízes embriagados pelo poder absoluto revela ao mundo que o judiciário brasileiro é um viveiro de julgadores venais. Legalmente, juízes togados. Moralmente, embriões no útero da canalha.

OBS. Reordenação do blog. Texto retocado e republicado.

quinta-feira, 19 de julho de 2018

O QUE MOVE? - II

O que move Barroso? Ele disse que não pediu para ser ministro, que torcia pelo bem da senhora Dilma Rousseff, mas não se sentia devedor. Revelou-se enganador refinado, sofista de primeira linha. Juristas fazem campanha visando ao ingresso no STF. Barroso não foi exceção. Ele deve a sua nomeação não só à Presidente da República, mas, também, ao Ministro da Justiça e possivelmente à influência da seleta clientela do seu escritório de advocacia na qual se inclui a organização Globo de jornalismo et alii. Socialmente, ele era da “esquerda festiva”, no jargão militar dos anos 70. Politicamente, ele é “um dos nossos”, como dizia o general Figueiredo ao se referir a Fernando Henrique. Na realidade, Barroso se encaixa no perfil do carioca verborrágico e embromador. Homem culto, vaidoso, exibe plumagem tucana, almofadinha, gesto teatral, discurso bem articulado, encanta Rosa Weber, seduz colegas e discípulos. Ele utiliza o seu visual e o seu patrimônio intelectual para conquistar adesão às suas ideias, à sua vontade e aos seus interesses. Nesse mister, não se limita ao tribunal e à universidade; circula palestrando por diversas instituições dos setores público e privado. Em palestra gravada e publicada, vertendo vaidade pelos poros, ele se declarou o mais antigo constitucionalista brasileiro vivo depois de Paulo Bonavides. “Vivo” ele é. Ocultou a existência de vetustos constitucionalistas.
Barroso tenta amoldar o STF à suprema corte estadunidense. Complexo de vira-lata. Na Inglaterra e nos EUA, os alicerces do direito são os costumes e os precedentes judiciários. Acrescentam-se: [i] na Inglaterra, as normas fundamentais esparsas (Magna Carta, Petição de Direitos, Habeas Corpus, Declaração de Direitos) e [ii] nos EUA, a Constituição escrita e as emendas dos direitos fundamentais. No Brasil, a Constituição e a lei escrita são os alicerces da ordem jurídica. O costume e o precedente judiciário são aceitos como legítimos quando se ajustam à Constituição e à Lei. Festejado constitucionalista, Barroso não se envergonha de decidir contra a Constituição. Serve de exemplo, a maliciosa interpretação da norma que exige o trânsito em julgado da sentença penal condenatória para alguém ser considerado culpado. No exercício do poder constituinte originário, o legislador de 1988, mediante cláusula pétrea (a citada norma), ampliou o espaço da presunção de inocência (do inquérito até a sentença judicial transitada em julgado). No exercício do poder constituído, os juízes do STF reduziram esse espaço (do inquérito até a sentença judicial de segundo grau). Inverteram a hierarquia. O poder constituído subordinado (juiz e tribunal) colocou-se acima do poder constituinte subordinante (povo e legislador). A “interpretação” do Barroso seguida por cinco ministros agradou aos opositores do ex-presidente Luiz Inácio, inclusive a organização Globo de jornalismo.
Demagogo insuspeitado, Barroso defende implicitamente, mediante rebuscada argumentação, abusos praticados na "operação lava-jato”, embora afirmando explicitamente o contrário. Ele diz, ao criticar a nova maioria do STF, que a proibição da condução coercitiva foi esforço para desautorizar juízes corajosos no combate à corrupção dos ricos. Sofismou. A condução coercitiva não foi proibida. A norma que autoriza essa medida continua em vigor e pode ser utilizada quando pessoa previamente intimada não comparece para prestar informações ou depoimento (informante, testemunha, vítima, perito). Esse tipo de condução só não se aplica ao indiciado em inquérito e ao acusado em ação penal. No entendimento da atual maioria do STF, não há obrigação de comparecimento à delegacia, à vara criminal ou ao tribunal, de quem está na posição de investigado ou de réu. Prevalecem os direitos de locomoção, de não incriminar a si próprio, de se manter calado e ao devido processo legal. Os “juízes corajosos” a que se refere Barroso, são os inquisidores da justiça federal que violam a Constituição, inventam normas para o caso concreto e decidem segundo os seus sentimentos, os seus interesses e a sua particular visão de mundo. Aplicam a teoria jurídica do fascismo italiano e do nazismo alemão.           

OBS. Reordenação do blog. Texto retocado e republicado.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

O QUE MOVE? - I

O que move Fachin? Pergunta Tereza Cruvinel, jornalista do JB. Essa indagação agita o senso crítico de juristas e outros intelectuais impressionados com a mudança de comportamento desse ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Especulam se ele está sofrendo fortes pressões ou sendo chantageado. No cenário político, ele andou de mãos dadas com a esquerda até conseguir o cargo de ministro. Agiu como Fernando Henrique Cardoso, o “Cabo Anselmo” da nova república. Depois, Fachin se uniu à facção nazifascista do STF, manobrou com o regimento interno do tribunal, proferiu decisões tendenciosas em conluio com os inquisidores curitibanos e gaúchos.
Logo no início da sua judicatura, relator de um processo, ele foi voto vencido. A relatoria se deslocaria para o autor do primeiro voto divergente. Para ficar com a relatoria, ele diz que não se importava de modificar o relatório e o seu voto. Já no alvorecer, mostra ser do tipo “Maria vai com as outras”.
Fachin é gaúcho e também cidadão da República Fascista de Curitiba integrada por advogados, jornalistas, membros da magistratura, do ministério público, da polícia e de partidos políticos. Ele encarna um tipo de sulista oriundo da imigração europeia que esconde os seus reais pensamentos em prol de uma conduta que agrade a quem lhe interessa e atenda aos seus objetivos. Tal como parcela da população sulina, ele se revela adepto da ação e do pensamento da direita nazifascista. Em conluio com os inquisidores sulinos, manobra a favor dos abusos praticados.
Juiz que se preza e honra a toga, escrupuloso e digno, jamais abdica da sua convicção formada no criterioso e sereno exame dos aspectos fáticos e jurídicos do caso concreto, seja para se irmanar à corporação judiciária, seja para ser simpático, mostrar-se bom moço ou qualquer outro motivo. Juiz valoroso não condena fundado apenas na literatura jurídica, ou em indícios, sem lastro em prova idônea e robusta. Pessoa digna do título de Juiz não compactua com ilegalidade ou abuso de poder no intuito de manter alguém na prisão ilegal e injuriosamente.  

OBS. Reordenação do blog. Texto retocado e ora republicado.  

terça-feira, 17 de julho de 2018

CONDUÇÃO COERCITIVA

Conduzir implica movimento de pessoa, coisa e/ou pensamento em certa direção segundo a vontade de alguém ou o determinismo natural. Supõe condutor e conduzido. O comandante conduz o exército. O policial conduz o preso. O fio conduz a eletricidade. O metal conduz o calor. A ideia de república conduz à ideia de responsabilidade da autoridade. A ideia de democracia conduz à ideia de soberania popular. Quando alguém é conduzido contra a sua vontade, a condução se diz coercitiva. Priva-se o paciente da sua liberdade. Essa privação é lícita se ordenada por autoridade competente e por motivo justificado (esclarecer um fato criminoso, por exemplo) ou se necessária ao salvamento do paciente (levar o acidentado ao hospital, por exemplo); ilícita se for contrária à lei e aos bons costumes.  Nas sessões dos dias 7, 13 e 14 de junho de 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) debateu esse tema ao examinar o artigo 260, do Código de Processo Penal (CPP) assim redigido: “Se o acusado não atender a intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”.
Em 2016, a maioria dos ministros do STF azeitara as grades da cadeia atrás das quais colocaria o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva. Os ministros não se envergonharam de violar o inciso LVII, do artigo 5º, da Constituição da República que assim dispõe: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. Mediante sofisma, os ministros justificaram o estreitamento do espaço da presunção de inocência. Fizeram do 2º grau de jurisdição muro intransponível, ainda que caibam recursos para graus superiores. Permitiram execução de sentença antes do trânsito em julgado. Luiz Inácio estava condenado pelo inquisidor federal curitibano e aguardava decisão do tribunal regional de Porto Alegre. Quase toda a nação brasileira sabia que o julgamento era político e a condenação seria mantida. Com recursos pendentes, Luiz Inácio, que jamais admitiu prática delituosa alguma, está preso em estabelecimento público, graças a um processo judicial fraudulento. Enquanto isto, réus confessos (inclusive delatores) condenados a muitos anos de prisão pela comprovada prática de crimes envolvendo a Petrobras (Cerveró & Cia.), gozam do benefício da prisão domiciliar.
Em 2018, o STF montava a “base jurídica” para o Superior Tribunal de Justiça e o Conselho Nacional de Justiça arquivarem as representações contra aquele bandido de toga (na feliz expressão da ministra do STJ Eliane Calmon) da República Fascista de Curitiba. O plano não deu certo por faltar um voto, o da Rosa Weber, ministra que se afastou do grupo nazifascista no qual ainda permanecem: Moraes, Fachin, Barroso, Fux e Carmen. O grupo liberal, republicano e democrático agora é maioria: Rosa, Antonio, Ricardo, Gilmar, Marco e Celso. Ficou decidido que a condução coercitiva do acusado em ação penal não foi recepcionada pela Constituição de 1988.
A atual minoria defendeu a vigência do artigo 260 do CPP. Colocou o interesse do estado acima dos direitos fundamentais da pessoa natural e do cidadão (como, aliás, é próprio do fascismo, do nazismo e do estalinismo). Esse grupo se revelou fiel à doutrina do jurista alemão Carl Schmitt, teórico do direito nazista. Hans Kelsen, jurista tcheco/austríaco/americano, no rigor lógico do seu pensamento, dizia que podíamos não gostar, mas havia um direito nazista. Kelsen argumentava com a vigência e a eficácia da ordem jurídica do regime nazista. Ele definiu o direito como “ordenação coercitiva da conduta humana”. 
Conduzir coercitivamente a esposa, a filha, ou o filho, para forçar o marido, ou o pai, a se apresentar, a delatar, a confessar ato criminoso que lhe foi imputado, é maneira infame de exercer autoridade. Assim agiam a polícia, o fiscal e o juiz na Itália fascista, na Alemanha nazista e na Rússia estalinista. Os juízes brasileiros que praticam, ou permitem que sejam praticados, abusos desse jaez, seguem a opinião de Ferdinand Lassalle: “A Constituição escrita é uma folha de papel”. Tais juízes usam-na como papel higiênico no banheiro das suas moradias.
Nas sessões acima referidas, a nova maioria do STF defendeu a plena vigência das normas constitucionais e legais que asseguram a liberdade de locomoção, o direito de calar, o direito de não se incriminar e o devido processo legal (CR 5º). Na questão em debate, a nova maioria colocou a liberdade da pessoa natural e do cidadão acima do interesse do estado na perseguição criminal (como, aliás, é próprio do estado democrático de direito). Historicamente, a relação entre liberdade e autoridade oscila conforme a situação de fato. A dinâmica social não permite equilíbrio entre os dois polos. A perseguição criminal é de grande relevância para a nação juridicamente organizada, mas também não é menor a relevância dos direitos fundamentais da pessoa natural e do cidadão. Saído de uma ditadura de 20 anos, o legislador constituinte brasileiro priorizou as liberdades públicas. Algumas normas do antigo regime se tornaram incompatíveis com o novo regime, enquanto outras normas permanecem em vigor. A norma insculpida no artigo 260 do CPP, mostrou-se incompatível com o sistema constitucional posto pelo legislador constituinte de 1987/1988. As operações tipo lava-jato provocaram o questionamento. Verificou-se que a permanência dessa norma no ordenamento jurídico contraria direitos fundamentais e enseja abusos.
Com o advento da Constituição Federal de 1988, nenhum acusado está obrigado a comparecer em juízo para: (1) ser identificado e interrogado (2) produzir prova contra si mesmo (3) participar de qualquer diligência no processo. A ausência do acusado não impede a identificação e a qualificação indiretas e tampouco o prosseguimento da ação penal (CPP 259).  Outrossim, cabe registrar que: (1) o acusado preso comparece em juízo para o interrogatório sem prejuízo do seu direito de permanecer calado (2) o acusado solto, quando intimado, costuma comparecer regularmente. A recusa do acusado em atender ao chamado da autoridade é eventual e não implica sanção alguma. 
A obrigação de comparecer não é do acusado e sim da vítima, do informante, da testemunha, do perito. Todo cidadão deve colaborar com o estado no esclarecimento dos atos e fatos ilícitos. Ônus da cidadania. Exigência da civilização. Caso as pessoas intimadas não compareçam sem justa causa, o juiz pode ordenar a condução forçada. Nesta hipótese, o juiz exerce o seu poder estatal ordinário. Em razão do princípio da legalidade estrita na esfera criminal, não cabe ao juiz aplicação analógica de regras com apoio no poder geral de cautela. Esse poder é exclusivo da esfera cível. Na jurisdição criminal, o poder cautelar do juiz limita-se aos casos estabelecidos expressamente em lei. Se assim não fosse, o sistema brasileiro regressaria aos procedimentos defendidos pela escola do direito livre, inorgânico e assistemático movimento doutrinário do século XIX e primeira metade do século XX que, a partir de 1933, teve enorme importância na estruturação do direito nacional socialista (nazista) da Alemanha, a saber: decisão judicial romântica (fundada mais no sentimento do que na razão); superação da objetividade da prova e da lei pela subjetividade do juiz; atuação criativa e legisladora do juiz; guiar-se o juiz pelo direito não escrito que brota da alma do povo (volksgeist). A ordem jurídica brasileira é refratária a tais doutrinas. 

OBS. Reordenação do blog. Texto retocado e republicado. 

segunda-feira, 16 de julho de 2018

FUTEBOL 9

Programa noturno muito bom do canal Fox denominado “Os Especialistas” reunindo treinadores de futebol. Jô Soares participava como representante do torcedor, de quem paga ingresso para assistir aos jogos ou de quem os assiste pela televisão. Mais contido do que nas transmissões de jogo, mais bueno e menos galvânico, o jornalista Téo José comandava o programa permitindo aos participantes falar mais do que ele, sem interrompê-los de modo deseducado ou inoportuno. O jornalista e os participantes não se mostraram arrogantes. Com o final da copa do mundo 2018, o programa também terminou. Aficionado do futebol que da arquibancada observa os jogadores, os técnicos e a dinâmica dos jogos, Jô afirmou que o futebol mudara e que os técnicos também deviam mudar e não ter medo. Abel respondeu que os treinadores que ali se encontravam não tinham medo e desafiou o humorista, escritor e entrevistador de TV a esclarecer o que mudara. Jô não soube responder, surpreso com a reação dos colegas do programa. Luxemburgo respondeu que nada mudara, o futebol é o que sempre foi desde a sua invenção. Roger e o treinador argentino preferiram não polemizar.
A lei de mutação regente do mundo da natureza (construído por deus) também atua no mundo da cultura (construído pelo homem). A sociedade experimenta mudanças no curso dos anos, dos séculos, dos milênios, porém o essencial permanece: a presença do ser humano. Guerra é guerra desde as antigas civilizações até o presente. O instinto bélico continua vivo nos seres humanos. No entanto, da Idade Antiga à Idade Contemporânea mudaram os equipamentos, os armamentos, as munições, os veículos terrestres, marítimos e aéreos, as estratégias, o poder de destruição. No futebol não foi diferente. Esporte de elite nos seus primórdios, com o passar do tempo tornou-se popular. Prática social durante um século com fins mantenedores e de entretenimento, não lucrativos, depois tornou-se uma indústria que movimenta bilhões de dólares e faz do jogador mercadoria. Além disto, o futebol tornou-se fonte de ascensão social e econômica de jogadores e suas famílias, arena política e via de congraçamento das nações.
Outrora, jogava-se mais por amor à camisa da equipe da várzea ou do clube; hoje, mais por amor ao dinheiro do clube e dos patrocinadores. Os equipamentos, rústicos no passado, hoje são de luxo e visam ao conforto físico e psicológico dos jogadores. No passado, tática simples; no presente, diversidade de táticas utilizadas conforme o temperamento de cada treinador e as qualidades e características de cada jogador disponível. Alguns esquemas táticos são rígidos, outros flexíveis. No futebol de campo oficial permanece o essencial: as regras, o árbitro, o campo retangular, as linhas divisórias, as traves com redes, os onze jogadores de cada equipe, as posições básicas de defesa, armação e ataque, o gol como alvo, o treinador. Entretanto, mudou a nomenclatura: de beque, alfo, centeralfo, centroavante, meia esquerda e direita, ponta esquerda e direita, para zagueiro, volante, ponta-de-lança, lateral esquerda e direita. Além do nome, mudou a função desses jogadores, de fixa para móvel, de específica para genérica, de baixa para alta velocidade. As jogadas evoluíram: do passe curto para o longo, do drible simples para o sofisticado (meia-lua, chapéu, corta-luz, calcanhar), do chute simples para o de efeito (trivela). Surgiu também a necessidade de constituir comissões técnicas. A administração agigantou-se, tornou-se complexa e corrupta.          
Medo é sentimento próprio do psiquismo animal. A raça humana pertence ao mundo animal. Os jogadores e os treinadores pertencem à raça humana. Logo, os jogadores e os treinadores têm medo. O agente provocador do medo pode ser de múltipla natureza. Há o medo de morrer, de fantasma, de cachorro, do sogro, do vizinho encrenqueiro, de viajar de avião, de saltar do trampolim ou de paraquedas, de prestar exames ou socorro, de enfrentar o adversário ou o inimigo, de lidar com loucos, de ir para o inferno, e assim por diante. No Brasil, os treinadores de futebol têm medo de perder o jogo e o emprego. Por isto mesmo, alguns preferem que o seu time jogue na retranca. Preferem mais não sofrer gol do que fazer gol. Priorizam a defesa e encerram-na em sistema com feição específica (racionalidade x sensibilidade). Treinadores ousados não se importam do time sofrer gols, desde que faça mais gols do que o adversário, nem se intimidam com a pujança ou fama da outra equipe, embora acautelem-se. Ao convocar um número de defensores maior do que o necessário e de atacantes menor do que o recomendável, o treinador de uma seleção dá sinal de privilegiar o sistema defensivo com medo de sofrer derrotas.      

domingo, 15 de julho de 2018

FUTEBOL 8

14/07/2018. Partidas finais. Bélgica x Inglaterra (2 x 0). Disputaram o terceiro lugar. Vitória belga com um gol no primeiro tempo e outro no segundo. Vistoso desempenho dos belgas cuja equipe merece estar entre as melhores do mundo. Campanha elogiável com boas atuações e apenas uma derrota em 7 jogos. Destacaram-se Kompany e Hasard. Este último, autor do segundo gol, ao abusar dos dribles, deixou de prestar melhor assistência ao artilheiro Lukaku. Cheiro de boicote e de rivalidade interna. Ao ser substituído, o afrobelga foi para os vestiários ao invés de ficar no banco ao lado dos companheiros. Ele perdeu dois gols por não chutar de primeira. Aliás, isto se vê muito em seleções e clubes: jogadores que antes de chutar sentem a compulsão de dar dois ou três toques de arrumação na bola. Acabam perdendo a bola ou finalizando mal. Tanto o afrobelga Lukaku como o inglês Kane, ambos artilheiros desta copa, tiveram fraco desempenho na partida. Os ingleses exibiam-se pouco motivados, talvez decepcionados por não ganhar a taça. Todavia, no segundo tempo, empenharam-se mais e geraram situações de grave perigo à defesa belga. 
15/07/2018. França venceu a Croácia (4 x 2). Campeã (pela segunda vez) e vice-campeã (pela primeira vez) respectivamente. Os croatas tiveram como adversários os franceses e o árbitro argentino. França e Argentina são irmanadas pelo tango (e quiçá pelos euros, quem sabe?). No primeiro tempo, o árbitro propiciou os dois gols da seleção francesa, marcando faltas que não existiram. Cobrada a primeira pelo francês Griezmann, o croata Mandzukic cabeceou contra o seu próprio gol. A segunda falta caracterizou pênalti. Na pequena área, a bola bateu na mão do defensor croata (não intencional), mas o árbitro “interpretou” como se fosse mão na bola (intencional), depois de malandramente consultar o árbitro de vídeo. Pois, é. A tecnologia também pode ser usada para safadeza. Griezmann cobrou e marcou. Os croatas estiveram superiores aos franceses e marcaram o seu gol de forma legítima com belo chute de Perisic. No segundo tempo, todos os gols foram legítimos. Os dois franceses em contra-ataques. Pogba tenta duas vezes após bom trabalho coletivo e marca.  Depois de veloz e individual jogada de fora da grande área, Mbappe finalizou com êxito. Pelos croatas, Mandzukic marca aproveitando-se do exibicionismo do goleiro francês ao pretender devolver a bola com os pés aos companheiros. A briosa campanha dos croatas ficará na história das copas. Destacar algum jogador seria injusto para com os demais jogadores. Nenhum destaque também na seleção francesa. O esquema tático francês nivelou a atuação dos seus jogadores, principalmente no sistema defensivo, o que facilitou os contra-ataques quando os croatas se mostravam mais ofensivos.  
A melhor seleção da copa foi a belga por seu conjunto, seus valores individuais, sua capacidade de mudança tática com inteligência e eficiência, seu futebol moderno, misto de europeu e sul-americano. O pecado belga foi o mesmo das demais seleções: poucas finalizações, a maioria sem êxito. No futebol, a lógica às vezes engana. O imponderável decide. A equipe menos forte vence a mais forte, ou a equipe mais fraca vence a menos fraca, segundo o nível técnico alto ou baixo da competição.
No mundo esportivo também há fakenews, falsidades premeditadas na comunicação social (jornais, revistas, rádio, televisão) como a obrigatoriedade de silenciar sobre as deficiências das celebridades e só divulgar notícias e opiniões elogiosas. Perderá o emprego o jornalista que mencionar ato ou fato desprimoroso aos protegidos dos donos do dinheiro. Os patrocinadores (banqueiros, industriais, grandes comerciantes), os proprietários de empresas jornalísticas, os intermediários na compra e venda de jogadores, os diretores de clubes, todos protegem os seus negócios milionários ao blindar os seus pupilos. Impedem qualquer comentário que ameace a falsa e enganosa exaltação. Trabalham para lançar ao poço do esquecimento atletas que possam colocar os pupilos na sombra. Quem lembra daqueles, logo é apelidado ironicamente de “saudosista”. A verdade atrapalha os negócios. Se comparados com os autênticos gênios do futebol (Leônidas, Zizinho, Didi, Garrincha, Pelé, Romário, Ronaldinho Gaúcho, Puskas, Di Stefano, Eusébio, Zidane) os pupilos atualmente exaltados pela média (mídia?) e protegidos pelos barões do esporte entrariam para a categoria dos “jênios” (bem humorada expressão do jornalista Paulo Henrique Amorim). Na verdade, os “jênios” são apenas bons jogadores se comparados com jogadores excepcionais como Friedenreich, Ademir Menezes, Heleno, Rivelino, P. C. Caju, Ademir da Guia, Zico, Sócrates, Ronaldo Nazário, Kócsis, Beckenbauer, Maradona, Valderrama, Beckham, Ibrahimovic, Iniesta, Pirlo, Sneijder, entre outros. 
Assim como a abertura, a cerimônia de encerramento desta copa mundial de futebol masculino foi muito bonita. Os russos merecem parabéns pela beleza e pela organização. A copa do mundo foi a oportunidade da Rússia mostrar ao mundo o seu lado alegre, musical, construtivo e civilizado. Até então, os amestrados meios de comunicação do Ocidente, orientados pelos EUA, mostravam em reportagens e filmes, um lado escuro e sombrio, numa versão tendenciosa e mentirosa como, aliás, continuam a fazer. Jornais e emissoras de rádio e televisão no Brasil e nas demais repúblicas de bananas da América do Sul continuam a atuar desse modo colonizado como, por exemplo, em relação à Venezuela, sob a batuta do governo estadunidense colonizador.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

FUTEBOL 7

Na primeira das duas partidas semifinais da copa do mundo de futebol masculino (10/07/2018) França derrotou a Bélgica (1 x 0). As duas equipes defendiam e atacavam em bloco. No segundo tempo, após cobrança de escanteio, o zagueiro Umtiti cabeceia e acerta o gol. Depois, a equipe francesa privilegiou a defesa e o contra-ataque enquanto a belga intensificou as jogadas ofensivas. Individualmente, ninguém se destacou. A nota antidesportiva foi dada por Mbappe. Para ganhar tempo e irritar o adversário esse francês reteve a bola indevidamente e caiu maliciosamente algumas vezes. Nesse passo, segue o mau exemplo de Neymar. Na segunda partida (11/07/2018), Croácia derrotou a Inglaterra (2 x 1). Houve empate no tempo regulamentar. Logo no início da partida, saiu o gol inglês de excelente cobrança de falta semelhante à realizada por C. Ronaldo no jogo contra a seleção espanhola. Os croatas fizeram os seus gols no segundo tempo e na prorrogação. Muito esforço e ardor dos jogadores, todos empenhados em vencer para disputar o primeiro lugar. Individualmente, os croatas foram superiores aos ingleses, inclusive no toque de bola feito com calma e nos dribles. Os ingleses exibiram melhor preparo físico, eram mais velozes, ficaram nervosos na prorrogação e zangados quando os croatas “faziam cera”. Enquanto venciam, os ingleses também imprimiram marcha lenta na partida. As duas equipes mostraram-se fracas nas finalizações.
Para as partidas finais estão classificadas as seleções: (I) da França e da Croácia, que disputarão o primeiro e o segundo lugares; (II) da Bélgica e da Inglaterra que disputarão o terceiro lugar.  
Os prognósticos deste blog foram confirmados conforme os seguintes trechos de artigos publicados.   
15/05/2012. Minguou a genialidade no futebol na primeira década deste século XXI. Até o momento, não se vê sucessores de Romário, Ronaldo Gaúcho e Zidane, últimos gênios do futebol. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi eram promessas; aquele malabarista, este marreteiro (...) mostraram limitações e tiveram atuações apagadas (...) revelaram desempenho muito longe da genialidade.
Comentário. O mesmo ocorreu nas copas de 2014 e 2018. Em todas as copas, seleções de alto nível foram exceção. A regra tem sido a mediocridade, como se viu nesta de 2018.   
03/06/2018. Oba-oba. Na Granja Comary, apareceram (...) Zagallo (...) e Parreira (...) Imprensa e televisão zoando. (...) Leitura dos sinais: (...) a seleção atual vai dançar nessa copa.
Comentário. Oba-oba prosseguiu na Rússia com mães, irmãos, esposas, namoradas, filhos, parentes, amigos, no hotel da seleção, nas proximidades, no local da concentração, nos treinos. Reincidiu-se na festa da copa de 2006. Os jogadores, a parentela, a turma de amigos e serviçais, nutriam a certeza de que a seleção brasileira era imbatível nesta copa. Dançou.
Nos jogos classificatórios, a seleção brasileira teve excelente desempenho (...) Todavia, nos jogos da copa do mundo prestes a iniciar, as outras seleções exibirão o seu melhor futebol, com os jogadores dando o máximo das suas energias, esforçando-se para superar a si mesmos e aos adversários (...) A seleção brasileira poderá empacar nas quartas-de-final (...) Poderá haver surpresas.
Comentário. Prognóstico confirmado. Realmente, não só houve surpresas como também a seleção brasileira empacou nas quartas-de-final.
08/06/2018. O Centro Internacional acima citado (...) concluiu que em 2018: (i) a seleção espanhola será campeã (ii) a brasileira vice-campeã (iii) a francesa ficará em terceiro lugar e a alemã em quarto. (...) O resultado das competições esportivas surpreende em função do imponderável (...)
Comentário. Falhou a previsão do órgão da FIFA. A seleção francesa se classificou para a partida final e as outros seleções citadas foram eliminadas mais cedo. Prevaleceu a opinião do blog.    
19/06/2018. Os russos mostraram que estão dispostos a ganhar a taça.
Comentário. Contra o menosprezo da crônica esportiva, eles chegaram às quartas-de-final.
Os croatas estão dispostos a vencer a copa.
Comentário. Diagnóstico acertado. Sem estrelismo e badalação, com simplicidade e determinação, os croatas chegaram à partida final e talvez conquistem a taça.       
Os jogadores brasileiros ficaram um pouco abalados. Nas próximas partidas talvez voltem mais preparados, sem excesso de confiança.
Comentário. O previsto não aconteceu.  
24/06/2018. Algumas seleções estacionaram ou entraram na rampa descendente, enquanto outras ainda têm espaço para crescer durante o torneio (...) A bravata do treinador é prévia defesa sua e do seu pupilo para eventual fracasso da equipe.
Comentário. Possibilidade e eventualidade ocorridas. Em se tratando de seleção nacional e não de clube, o insucesso na copa recomenda a mudança de treinador. Além disto, no Brasil, há necessidade de reforma estrutural, conforme exposto no artigo anterior (07/07/2018).
28/06/2018.  (...) Argentina, Brasil, Espanha e Portugal, talvez empaquem na segunda fase do torneio (...) na hipótese do confronto de duas equipes com o mesmo potencial, o que será mais provável doravante, aquele que tiver os nervos sob controle terá maior chance de vencer.
Comentário.  Possibilidade e probabilidade confirmadas.
07/07/2018. Doravante até o final da copa, veremos menos dribles e atuações individuais marcantes. Prevalecerá o jogo coletivo no estilo europeu.
Comentário. Previsão confirmada. Aliás, a fraqueza na finalização foi geral nos jogos desta copa. A partida final será entre a seleção da França (Europa Ocidental) e a seleção da Croácia (Europa Oriental). Esporte de gente branca das camadas superiores da sociedade brasileira que pretendia se nivelar aos ingleses, o futebol se profissionalizou e abriu as portas à gente negra e mestiça. Mirada retrospectiva de 2018 a 1930, permite verificar esse fato. O futebol tornou-se instrumento de ascensão social e econômica. Raros foram os grandes jogadores de pele branca oriundos da camada média da população como Heleno, Sócrates, KK. Na Europa, o futebol foi e continua a ser esporte de gente branca. Todavia, nos clubes europeus há muitos jogadores negros e mestiços, geralmente importados. Nas partidas semifinais e finais desta copa (2018) a maioria dos jogadores é de pele branca. Na atual seleção da França, os melhores jogadores são franceses negros de raízes africanas. Na seleção da Croácia são todos brancos. Os europeus aprenderam bem a cabecear, usar o calcanhar, driblar, amortecer a bola com o peito e com os pés, aplicar chapéu, cobrar faltas, fazer jogadas de letra. Em suma, a partir das duas últimas décadas do século XX, os europeus desenvolveram habilidades individuais como bem o demonstram as duas finalistas desta copa.

sábado, 7 de julho de 2018

FUTEBOL 6


No primeiro jogo da fase das partidas quartas-de-final da copa do mundo de futebol masculino (Rússia, 06/07/2018) a França derrotou o Uruguai (2 x 0). A celeste sentiu falta do artilheiro Cavani que, em consequência de contusão, não entrou no jogo por recomendação médica. A seleção francesa portou-se melhor em campo e saiu vitoriosa marcando um gol no primeiro tempo, cabeceio de Varane e outro no segundo tempo, chute de Griezmann que contou com a colaboração do goleiro uruguaio. A seleção uruguaia reagiu com a garra costumeira até o último minuto da partida. Suarez, grande e oportunista artilheiro, sumiu no jogo, quer pelo poder defensivo da equipe francesa, quer pelo esquema tático uruguaio, quer pela ausência do seu companheiro e também grande artilheiro. No desespero nervoso de quem vê a certeza da vitória virar fumaça, os uruguaios apelaram para a violência e a briga. Interpretaram como deboche um passe de letra. Se os uruguaios controlassem os nervos poderiam empatar tendo em vista a sua indiscutível qualidade técnica. Na partida destacaram-se: Mbappé, Griezmann, Kanté e Pogba. Arbitragem razoável.
Bélgica derrotou o Brasil (2 x 1). Os gols da seleção belga saíram no primeiro tempo. Após cobrança de escanteio, a bola bateu no braço de Fernandinho e entrou no gol brasileiro. Depois, veloz contra-ataque, escapada de Lukaku do seu campo para o da seleção brasileira, assistência ao seu companheiro De Bruyne que chutou forte contra o canto direito do goleiro. No segundo tempo, o gol da seleção brasileira saiu da assistência de Coutinho e cabeceio de Renato. Os brasileiros não perderam a cabeça e nem a dignidade. Ficaram naturalmente apressados e nervosos porque necessitavam empatar, os ponteiros do relógio avançavam e eles não obtinham êxito nas finalizações. Cometeram erros que normalmente não cometeriam. Jogo emocionante com duas equipes de bom nível técnico. Tal como a brasileira, a seleção belga também cresceu durante o torneio e mereceu a vitória. Os jogadores e o treinador da seleção belga são de bom nível e exibiram técnica e tática eficientes, determinados a vencer a seleção brasileira e preparados especialmente para essa missão que os levará ao topo. Os belgas poderiam aumentar o placar no segundo tempo se não tivessem: (1) perdido o ímpeto ofensivo (2) errado passes importantes próximo à área brasileira (3) priorizado o sistema defensivo. Correram grave risco de levar o segundo gol diante da pressão dos brasileiros. Os melhores jogadores da seleção brasileira nessa partida foram: Thiago, Miranda, Marcelo e Douglas. Da seleção belga, os melhores foram: Courtois, Kompany, De Bruyne e Hasard. Arbitragem sofrível. Excelente transmissão do jogo pelo canal Fox. Narrador e comentaristas muito bem qualificados, funções divididas entre eles, intervenções oportunas e objetivas.  
Inglaterra derrotou a Suécia (2 x 0). Dois gols de cabeça, um no primeiro tempo (Maguire) e outro no segundo (Dele). Durante toda a partida, mesmo depois de estarem com vantagem no placar, os ingleses pressionaram os suecos. Depois de sofrerem o segundo gol, os suecos atacaram mais, porém sem resultado positivo. Os ingleses também estavam bem na defesa. O goleiro inglês espinafrou os seus companheiros em duas ocasiões, uma no primeiro e outra no segundo tempo, depois de perigosas ameaças dos suecos. Atitude comum a alguns goleiros, porém, censurável. Goleiro não está em campo para assistir ao jogo e sim para dele participar ativamente. A sua função é defender sem esperar que outros façam a sua tarefa. Quando os defensores deixam alguma brecha, basta orientá-los sem espalhafato. Falhas acontecem em todos os setores e todos os jogadores a elas estão sujeitos, indistintamente. A seleção inglesa se mostrou mais ofensiva, porém com pouco talento individual. Destacaram-se Pickford (goleiro) e Sterling (atacante). A sueca não teve destaques individuais. Arbitragem correta e de bom nível. Não houve reclamações acintosas, nem jogadores cercando o árbitro ou tentando enganá-lo com encenações. Disputa entre pessoas civilizadas.        
Croácia e Rússia empataram no tempo regulamentar (1 x 1). Surpreendente petardo do russo inaugurou o marcador da partida. Depois de boa trama do ataque, cabeceio do croata empatou a partida. Na prorrogação, dois gols de cabeça, um dos croatas e outro dos russos. Novo empate (2 x 2). Decisão mediante cobrança de pênaltis. Os croatas erraram menos e ficaram com a vitória. Em qualidade individual, os croatas superam os russos. No jogo coletivo, as equipes se equivalem. A estratégia do treinador russo não permitiu a supremacia da seleção croata. Jogo em alta velocidade. Esforço inaudito dos jogadores. Vigor físico de ambas as equipes. Entretanto, no final do jogo, os croatas pareciam mais cansados do que os russos. Esquemas bem estudados pelos treinadores, inclusive no que tange às substituições. Boa arbitragem, reclamações respeitosas, sem jogadores cercando o árbitro ou tentando enganá-lo com encenações. Quem imaginava grosseiros os jogadores da Europa Oriental equivocou-se. Virilidade sim, grosseria não. Excelente transmissão do jogo pelo canal Fox2. Narradora e comentaristas bem qualificados.
Classificaram-se para as partidas semifinais Bélgica, Croácia, França e Inglaterra. Foram eliminadas as seleções do Brasil, Rússia, Suécia e Uruguai. Doravante até o final da copa, veremos menos dribles e atuações individuais marcantes. Prevalecerá o jogo coletivo no estilo europeu.
No que tange à seleção brasileira, nenhum jogador deve ser crucificado pela derrota. Todos cumpriram as determinações do treinador. Todos se esforçaram e colocaram em prática o seu talento, a sua técnica e o seu amor à camisa da seleção. Nenhum esteve abaixo do seu potencial. Afirmar o contrário é balela de perdedor. Todos jogaram dentro dos limites técnicos, físicos, mentais. Nada tinham a exibir além disto. Nos clubes eles parecem superiores porque não enfrentam seleções dos melhores jogadores de cada país. Na próxima copa (2022), nenhum deles estará melhor do que hoje. Outros iguais ou superiores estarão prontos para jogar na seleção futuramente.   
Mais do que funcional, o problema da seleção brasileira é estrutural. A escolha dos jogadores não pode ser confiada a uma só pessoa e sim a um órgão colegiado de composição diversificada. O processo de seleção não deve depender das preferências do treinador, da sua simpatia por este ou aquele jogador. Paparicar um moleque pode ser altamente prejudicial não só à imagem da seleção nacional como também ao desempenho do grupo. A ausência de um jogador com esse perfil será mais benéfica. Ao pupilo do atual treinador, incensado pela crônica esportiva e por emissoras de TV, aplica-se o que foi dito aqui em artigo anterior sobre Messi e C. Ronaldo: bons jogadores, mas longe da genialidade. Os melhores jogadores do mundo atuam na copa mundial. As copas de 2010, 2014 e 2018 evidenciaram esse fato. Quem assistiu aos jogos desta copa testemunhou a existência e a atuação de jogadores técnica e disciplinarmente superiores ao trio Messi, C. Ronaldo, Neymar.      
De acordo com recente prognóstico deste blog (28/06/2018), a seleção brasileira seria eliminada nas oitavas. Chegou às quartas, o que é de se louvar. Segundo prognóstico anterior (25/05/2014), a seleção brasileira levará cerca de 12 anos para conquistar o hexacampeonato mundial, ainda assim, se até lá mudar a mentalidade argentária e as práticas mercadológicas que nela interferem. Reduzir o poder do dinheiro na escolha e na escalação dos jogadores é de suma importância. Esse prognóstico já se confirmou em 2014 e 2018. Aguardemos 2022 e 2026.
Sugestão contida naquele artigo: O futebol integra a cultura do Brasil ao ponto de identidade nacional. Por representar o país de modo tão significativo, a seleção brasileira não deve mais ficar na esfera privada, pois inegável e insofismável o interesse nacional na sua organização. O Congresso Nacional deve emendar a Constituição e sob um novo artigo (217-A) criar órgão executivo autônomo composto de representantes da câmara dos deputados, do ministério dos esportes, da confederação de futebol, dos árbitros e da imprensa esportiva, todos em igual número, com a precípua e exclusiva competência para organizar a seleção brasileira, escolher jogadores, treinador e membros da comissão técnica, sempre que o Brasil participar de competições internacionais. O novo órgão propiciará benéfico distanciamento dos interesses econômicos privados. A seleção ficará livre das pirraças dos dirigentes e dos técnicos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em relação a certos jogadores injustamente preteridos, como aconteceu no passado (Romário, Djalminha) e acontece no presente (Ronaldinho, Fabiano, Lucas). Circunstância agravante: alguns selecionados não estão dentro do seu melhor padrão (caso de Fred e Jô).       

terça-feira, 3 de julho de 2018

FUTEBOL 5

Na primeira partida das eliminatórias (30/06/2018), a França venceu a Argentina (4 x 3). No primeiro tempo, os argentinos sofreram um gol de pênalti cobrado por Griezmann. Depois, empataram com um gol de Mercado (na área adversária, ele desviou a bola chutada por Messi) e passaram à frente com o gol marcado por Di Maria de fora da área. No segundo tempo, Parvard empatou para os franceses. Dos pés de Mbappé saíram mais dois gols. Nos momentos finais, Arguero marcou o terceiro gol da Argentina. O destaque da partida foi Mbappé. Estrela de Messi sem o brilho que exibia no Barcelona. Goleador, mas sem dominar os fundamentos do esporte, Messi foi colocado indevida e prematuramente no panteão dos gênios do futebol. Uruguai venceu Portugal (2 x 1). O primeiro gol resultou do magistral passe de uma lateral a outra do campo, de Cavani para Suarez que, por sua vez, cruzou para a área adversária onde Cavani chegou e cabeceou. O segundo resultou de um chute de Cavani colocado no lado esquerdo do goleiro. O gol português resultou de um cabeceio do luso-brasileiro Pepe. C. Ronaldo se sobressai ao jogar pelo Real Madri. Tal como Messi, o lusitano também é alvo de exagerada avaliação. Goleador, sim; craque genial, não. Arbitragem razoável. O árbitro de campo desprezou o de vídeo em lances que a consulta era recomendável. Rússia e Espanha empataram (1 x 1). Os dois gols foram marcados pelos russos no primeiro tempo, um contra e outro a favor, este último, de pênalti bem assinalado pelo árbitro. Dentro da área espanhola, a bola bateu na mão do defensor que saltara com os braços erguidos acima da cabeça. Fato semelhante aconteceu na copa de 2014 com o brasileiro Thiago Silva que também saltou desse modo e cometeu pênalti. Os espanhóis abusaram dos passes, deixaram de municiar o centroavante e enfraqueceram o sistema ofensivo. Os russos fecharam-se na defesa. As equipes finalizaram pouco e mal. Houve prorrogação sem gols. Depois, cobrança de pênaltis. O russos acertaram todas as cobranças. Os espanhóis desperdiçaram duas defendidas pelo goleiro russo. Arbitragem satisfatória. O árbitro de campo recebeu apoio do árbitro de vídeo. Croácia e Dinamarca empataram (1 x 1). Tensão normal aos jogos eliminatórios, cuidados maiores na defesa, finalizações poucas e sem êxito. Os dois gols foram marcados no início da partida. As equipes imprimiram velocidade na disputa. No segundo tempo, o ritmo diminuiu, muitos passes e poucos dribles. Na prorrogação os croatas desperdiçaram um pênalti. Jogadores extenuados. Decisão por cobrança de pênaltis. Vitória da Croácia cujos cobradores erraram menos. Os goleiros brilharam.
Brasil venceu o México (2 x 0). As equipes exibiram futebol primoroso. Atacavam e defendiam com afinco. Do oportunismo de Neymar e de Firmino, saíram dois gols no lado esquerdo do goleiro mexicano. Destaque para F. Luís, Thiago, Fagner, William, sem desdouro aos demais jogadores. Nas entrevistas à imprensa, o treinador mexicano disse verdades percebidas também pelo público internacional. Futebol masculino não é para homem desfibrado. Neymar retrata um tipo de brasileiro responsável pela má fama da nação no exterior. A esperteza enganosa que caracteriza esse tipo de brasileiro é o elemento anímico da corrupção tanto no meio esportivo como no político (congresso nacional, presidência da república, tribunais). Essa mania de embromar e fingir é uma indecência que não se coaduna com o espírito esportivo. O jogador mexicano pisou no pé do brasileiro, talvez de leve e sem intenção de machucar, até por faltar espaço, quando tentava apanhar a bola que o brasileiro, fora de campo, prendia entre as pernas a fim de ganhar tempo. A cena do brasileiro era de quem necessitava de uma ambulância e de ser internado na UTI. Depois de esfriar a partida, ele se levantou e voltou a jogar normalmente. Essa atitude indecente e antidesportiva é rara nos jogadores europeus, africanos e asiáticos, como se viu nesta copa e nas anteriores. Já houve jogadores geniais que nunca se prestaram a protagonizar essas palhaçadas.
Bélgica venceu o Japão (3 x 2). Logo no início do segundo tempo, os japoneses fizeram dois gols. Numa enfiada de bola do campo japonês ao campo belga, o veloz atacante nipônico se aproveitou da furada do defensor belga, conduziu a bola e, próximo à área, chutou cruzado fora do alcance do goleiro. Logo a seguir, eles fizeram bonita jogada na frente da área adversária e marcaram o segundo gol. O primeiro gol dos belgas foi espírita: a bola veio por alto na área, o belga cabeceou para prestar assistência aérea a um companheiro, mas a bola tomou o rumo do gol e encobriu o goleiro. No segundo, o cabeceio visava ao gol intencionalmente. O terceiro saiu no último minuto dos acréscimos ao tempo regulamentar. No minuto anterior, quase todos os japoneses estavam na área belga para tentar o gol da vitória numa cobrança de escanteio. O goleiro belga interceptou a bola no alto e rapidamente a rolou para o companheiro que desferiu um veloz e mortal contra-ataque. A defesa nipônica estava desguarnecida. O árbitro apitou o fim do jogo. Tristeza dos japoneses. Alegria dos belgas. Suécia venceu a Suíça (1 x 0). Muitos passes e cruzamentos, poucos dribles e finalizações. A seleção sueca perdeu duas excelentes oportunidades de gol. No segundo tempo, o artilheiro sueco marcou com um chute de fora da área. A bola desviou no defensor suíço e enganou o goleiro. A seleção suíça tentou empatar. O goleiro sueco defendeu um excelente cabeceio. Com ajuda do árbitro de vídeo, o de campo reconsiderou a decisão sobre o pênalti que assinalara contra a seleção suíça, anulou o cartão vermelho que aplicara ao jogador suíço substituindo-o pelo amarelo, marcou falta fora da área que, embora bem cobrada, não resultou em gol. Na Suécia, jogando contra a seleção sueca, o Brasil conquistou pela primeira vez a copa mundial. Lá se destacaram três gênios do futebol: Didi, o melhor jogador, Garrincha e Pelé, as duas grandes revelações (1958). Na oitava e última partida dessa fase (03/07/2018), a Inglaterra empatou com a Colômbia (1 x 1). Os gols saíram no segundo tempo, o inglês do pênalti cobrado por Kane e o colombiano do cabeceio de Mina depois da cobrança de escanteio nos últimos minutos dos acréscimos ao tempo regulamentar. Houve prorrogação e depois decisão mediante cobrança de pênaltis. A vitória coube à Inglaterra. Errou menos. Durante a partida, jogadores nervosos. Os ingleses pareciam mais controlados do que os colombianos. Correria, empurrões, agressões físicas, inúmeras e acintosas reclamações, inclusive contra a marcação pelo árbitro de uma escandalosa falta praticada dentro da área (pênalti) e que os colombianos teimavam em negar, tumultuando a partida. No terço final do segundo tempo, os ingleses começaram a ganhar tempo (“fazer cera”) para desespero dos adversários. Os colombianos fizeram o mesmo depois do seu gol, para desespero dos ingleses. Os colombianos também exibiram a antidesportiva característica dos jogadores sul-americanos: a apelativa e irritante embromação, as encenações para enganar o árbitro, o jeitinho indecente para tirar vantagem. Está na hora de a FIFA encontrar um meio de punir o jogador e/ou a equipe por esse tipo de conduta fraudulenta, essa esperteza de estelionatário que mancha eticamente a atividade esportiva.
Classificaram-se para disputar as partidas quartas-de-final: Bélgica, Brasil, Croácia, França, Inglaterra, Rússia, Suécia e Uruguai. Foram eliminadas: Argentina, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Japão, México, Portugal e Suíça, Confirmaram-se quase todos os prognósticos deste blog: [1] que haveria surpresas nesta copa; [2] que as seleções da Argentina, Brasil, Espanha e Portugal talvez empacassem na segunda fase do torneio. Prognóstico não é adivinhação e sim prévio e provável conhecimento do que pode acontecer. Fundada na criteriosa observação dos fatos do passado e do presente, bem como em números e relações, a probabilidade que sustenta a previsão não significa certeza de que aquilo que foi previsto realmente acontecerá, mormente na areia movediça do esporte coletivo. Na previsão entram, em graus diferentes, a sensibilidade e a racionalidade do observador (intuição dos sentidos e desapaixonado cálculo do intelecto). 
O trabalho das mulheres no canal Fox tem sido bom. Nota-se o instinto maternal dessas mulheres quando elas tratam Neymar de “Menino Ney”. Menino é o filho e não ele, o pai marmanjo de caráter mal formado, enganador e vedete. A imagem de pai amoroso que está junto ao pequeno filho até nos treinamentos da seleção, transmitida ao mundo pelos canais de televisão, ajuda esse jogador a ser visto como pessoa de bom caráter e não como um moleque irresponsável. Engana a muitos, mas não a todos. O trabalho da ala masculina da Fox também é bom. Locutor de voz bem postada (N. Prieto), narração enfática sem euforia (salvo nos jogos da seleção brasileira). Difere do outro locutor (Téo José) o “Galvão Bueno” da Fox. Um porre. Se desligarmos o som do aparelho de televisão, deixaremos de ouvir a festiva sonoridade produzida pelo público maravilhoso que comparece aos estádios de futebol nas copas mundiais. Se mudarmos de canal, teremos de suportar a galvanice epidêmica cujo foco está na rede Globo de TV.