EUROPA (1800
a 1900). Continuação.
Romantismo, realismo e simbolismo
convivem na Idade Moderna. O movimento simbolista caracteriza-se pelo modo de
expressão e pelo psicologismo. A obra de arte é utilizada para provocar
sensações, emoções e pensamentos. Os simbolistas devotavam-se à arte sem a
preocupação de transmitir uma filosofia ou algum conhecimento científico.
Valem-se do colorido, do florido, da delicadeza, primando pelo refinamento do
estilo. Ao fugir do realismo, alguns simbolistas adentraram no misticismo;
outros, cativados pela psicologia freudiana, procuravam revelar os segredos do
subconsciente por meio de imagens e palavras sugestivas. Da França, o
simbolismo difundiu-se por outros países europeus e americanos. Na opinião
geral dos simbolistas, as anteriores formas de expressão deformavam o espírito
humano. O homem não pensa por sentenças bem elaboradas e sim por palavras e
frases desconexas. [A lógica de Aristóteles tem como pressuposto esse fato e
por objetivo colocar ordem no pensamento e nas palavras que o expressam].
Stéphane Mallarmé (1842 a
1898), poeta francês, professor de literatura, deu ao movimento simbolista a
sua teoria e a sua técnica. “A Tarde de um Fauno” foi considerado o seu mais
primoroso poema, enquanto “Um Lance de Dados” foi considerado obscuro, apesar
do seu valor estético. Paul Verlaine (1844 a 1896), poeta francês, autor dos versos
reunidos em “Romances sem Palavras”, que expressam as suas tempestuosas
relações com Rimbaud. O poema “Sabedoria” expressa a sua conversão ao
catolicismo. Além desses, ainda se incluem entre a sua melhor produção: “Poemas
Saturnianos”, “Festas Galantes” e “Poetas Malditos”. Arthur Rimbaud (1851 a 1891), poeta francês,
literato revolucionário, aos 17 anos de idade escreve “O Barco Ébrio”, seu
poema retumbante que empolgou gerações de escritores. Na Inglaterra, quando
compartilhava sua vida com Verlaine, mergulhou na aventura mística para se
tornar profeta. Disto resultaram duas coletâneas de poemas em prosa: “Uma
Temporada no Inferno” e “Iluminações”.
O romantismo e o realismo
marcaram presença também na pintura. Os pintores Jean-François Millet (1814 a 1873) e Dante Gabriel
Rossetti (1828 a
1882) enquadram-se no romantismo. O primeiro artista retro citado (Millet)
seguiu a tradição da escola de pintura de paisagens, mas também incluiu no seu
trabalho a luta dos trabalhadores contra a pobreza e as forças da natureza como
exemplificam os quadros “Homem com Enxada” e “O Semeador”. O segundo artista
retro mencionado (Rossetti) primava pela simplicidade e naturalismo. Ele
desprezava o artificialismo na pintura. Para ser digna do nome, a arte há de
ser ligada à vida, veículo para idéias e útil para atender às necessidades do
homem. Honoré Daumier (1808 a
1879) e Gustave Coubert (1819
a 1877) foram pintores realistas, defensores dos
oprimidos e explorados. Ambos inseriram suas obras em uma dimensão social.
Apresentavam os fatos da vida real tal qual eram vistos. Manifestavam
consciência social e simpatia pelos pobres. Pintavam o sujo e o mísero, bem como
os vícios e fraquezas da burguesia. Daumier expôs a corrupção dos funcionários,
os disparates dos profissionais do direito e ridicularizou a piedade hipócrita
dos ricos. Coubert recusou a Cruz da
Legião de Honra oferecida por Napoleão III.
Nessa mesma época surge um novo
movimento derivado do realismo: o impressionismo.
Os pintores deste movimento também primam por reproduzir aquilo que seus olhos
enxergam. Além disto, consideram a visão científica da natureza. A técnica é
singular: o que esses pintores apresentam em suas obras é a impressão imediata
dos seus sentidos. Cabe ao observador preencher lacunas ou adicionar detalhes.
As figuras são deformadas. Poucos traços representam por inteiro o objeto.
Cores são lançadas lado a lado no mesmo quadro para que o observador as misture
com seus próprios olhos. Estava presente no espírito desses pintores o fato
comprovado pela ciência de que a luz se decompõe em várias cores. Buscaram luz
e sombra fora do atelier, no seio da natureza. O que de perto parece borrão de
tinta, de longe revela imagens. A França foi o berço desse movimento e seu
fundador foi Édouard Manet (1832
a 1883). Este pintor sofreu a influência dos mestres
espanhóis. O pintor Claude Monet (1840 a 1926) destacou-se no modo de interpretar
a paisagem. Ele fugiu do plano convencional; sugere, apenas, os modelos que
pinta (contornos de montanhas, rochedos, árvores, campos). Esse pintor dava
grande importância à luz. Augusto Renoir (1841 a 1919), o mais popular
dos impressionistas, distingue-se pela variedade dos seus modelos, além da
qualidade das suas pinturas. Ele pinta paisagens e também cenas da vida social
moderna.
A ausência de formas, a falta de
volume e de idéias e os aspectos casuais e momentâneos da natureza na obra dos
impressionistas provocaram nova onda na pintura. Esta devia revestir-se da
solidez que se nota na escultura. Segundo a nova corrente, a arte deve exprimir
algum sentido. A forma e a técnica devem servir a um propósito. Esse movimento
foi coetâneo ao tipo de sociedade que surgia no século XIX e refletia as
inquietações da época moderna. Paul Cézanne (1839 a 1906), pintor
francês, preferia como temas: natureza morta, paisagens e retratar a própria
esposa. Ele impulsionou o desenvolvimento da arte ao lado de Gauguin e Van
Gogh; lançou os fundamentos da pintura escultural, movimento artístico
resultante da reação aos movimentos anteriores (romantismo, realismo e
impressionismo). Ele alcançou o objetivo de representar a natureza de um modo
que as imagens pintadas em uma tela plana parecessem ter o relevo e a
profundidade de uma escultura. O sucesso da sua pintura gerou o brocardo:
“depois de Cézanne, não há mais razão para a escultura”. [Quando um tipo de
arte atinge o seu auge, a nova geração procura diferentes formas de expressão].
Paul Gauguin (1848 a
1903), peruano afrancesado, declara independência em relação aos tipos do
passado. Afirma a liberdade do artista. Pinta seus quadros com cores berrantes
e exótico simbolismo. Retrata o mundo segundo os seus próprios sentimentos (subjetivismo).
Imprime um sentido emocional à natureza. Desiludido com a complexidade e o
artificialismo da civilização moderna, ele se refugia nas ilhas dos mares do
sul e passa os seus derradeiros dias pintando as cores de uma sociedade
primitiva e inexplorada. Torna-se, desse modo, o precursor do movimento
primitivista na arte do século XX. Vincent Van Gogh (1853 a 1890), holandês
genial e genioso, desenhista e pintor cujos quadros revelam intensidade
emotiva. Retratava a vida dos camponeses em cores e de forma sombria.
Influenciado pelos impressionistas e pelas gravuras japonesas, já morando em
Paris (1886), ampliou os temas para paisagens, retratos e natureza morta.
Influenciou os pintores modernos que consideram a expressão do subjetivismo
como exclusiva função da arte. A sua vasta produção pictórica nada lhe rendeu
financeiramente. Viveu na pobreza. Alcoólatra, Van Gogh sofria crises nervosas,
alucinação e depressão. Numa dessas crises, após brigar com Gauguin, cortou
parte da própria orelha. Internado em manicômio, continuou a pintar.
Suicidou-se com um tiro.
A obra dos escultores foi numerosa, porém sem
originalidade. Prevaleceu o barroco (grande, pesado, decorativo). A exceção
coube ao francês Auguste Rodin (1840
a 1917). Influenciado pela produção artística de Miguel
Ângelo, esse pintor se mostra eclético ao refletir as correntes do romantismo,
realismo e impressionismo. Interessava-se pela origem do homem e suas
qualidades psíquicas. Inspirado na obra de Dante, ele produz “A Porta do
Inferno”. A sua escultura mais conhecida é “O Pensador”, que sugere a
culminância da evolução física do homem e a sua faculdade distintiva: a
racionalidade. A arquitetura do século XIX continuou a mesma dos séculos
anteriores: grandes construções barrocas como a Ópera de Paris, a catedral
luterana de Berlim e o Reichstag. Notavam-se construções ornamentadas com
motivos bizantinos, egípcios, chineses, mouriscos e hindus. Reviveu-se o estilo
gótico medieval, adotado na construção de igrejas, universidades, parlamentos e
outras edificações públicas.