quinta-feira, 28 de junho de 2018

FUTEBOL 4

As seleções vencedoras nesta terceira e última rodada da fase de grupos da copa mundial de futebol masculino foram: Arábia Saudita, Argentina, Bélgica, Brasil, Colômbia, Coreia do Sul, Croácia, Peru, Polônia, Suécia, Tunísia, Uruguai. As seleções que empataram foram: Costa Rica e Suíça, Dinamarca e França, Espanha e Marrocos, Irã e Portugal. As que perderam foram: Alemanha, Austrália, Egito, Inglaterra, Islândia, Japão, México, Nigéria, Panamá, Rússia, Senegal e Sérvia. Classificaram-se para as oitavas-de-final: Argentina, Bélgica, Brasil, Colômbia, Croácia, Dinamarca, Espanha, França, Inglaterra, Japão, México, Portugal, Rússia, Suécia, Suíça, Uruguai. Na rodada anterior houve 3 equipes vencedoras com 5 e 6 gols, 4 com 3 gols, 10 com 2 gols e 10 com 1 gol. Houve 3 empates pelo placar mínimo e 2 com mais gols. Nesta terceira rodada houve 2 equipes vencedoras com 3 gols, 7 com 2 gols, 3 com 1 gol, 2 empates com 2 gols e 2 empates com 1 gol. O futebol africano e asiático melhorou ou foi o futebol europeu e americano que decaiu?
Nesta última rodada aconteceu o primeiro empate sem gols da copa. França e Dinamarca se enfrentaram num jogo fraternal. Ambas já estavam classificadas para a fase seguinte do torneio (partidas oitavas-de-final), por isso mesmo, os treinadores pouparam os seus jogadores não lhes  exigindo maior esforço. Mbappé, craque francês, entrou no segundo tempo apenas para satisfazer o público. O craque dinamarquês Sisto estava arisco como o Isco, quiçá abençoado pelo Papa Sixto.
Equipes já classificadas para a próxima etapa, como as duas retro mencionadas, mostram desinteresse no placar e jogam apenas para cumprir tabela, sem esforço para marcar gols. A torcida reclama. Os jogadores reagem, mas sem muito empenho. Assim foi com os jogadores japoneses apoiados pelo treinador. No segundo tempo da partida com a Polônia, eles perdiam por diferença mínima (1 x 0), quando souberam que estavam classificados para as partidas oitavas-de-final pelo critério do fair-play (menor número de cartões amarelos). De nada adiantou a torcida reclamar. Japoneses e poloneses se pouparam e o espetáculo perdeu a graça. Assim também no jogo em que a Bélgica venceu a Inglaterra (1 x 0). As duas seleções já classificadas, os jogadores atuaram “para inglês ver”, embora o público não estivesse gostando do que via.
Entre as surpresas desta copa está a derrota da Alemanha para a Coreia do Sul (0 x 2). Tetracampeã mundial, a seleção alemã ficou fora do torneio. Envelheceu. Diferente do vinho, ao envelhecer não ficou melhor e sim decadente. A seleção alemã não escondeu o seu potencial nos jogos amistosos a título de camuflagem como foi possível pensar. Na verdade, ela não tinha mais nada o que mostrar.
As seleções com mais tradição no futebol internacional estão penando no confronto com as seleções menos tradicionais nesta copa. Alemanha, Polônia e Peru não passaram da primeira fase e as que passaram, como Argentina, Brasil, Espanha e Portugal, talvez empaquem na segunda fase do torneio que tem caráter eliminatório. Esse caráter é fonte de nervosismo para os jogadores e treinadores. Quem pretender mascarar esse nervosismo se dizendo tranquilo estará enganando a si próprio. Bom começo é admiti-lo e treinar para submetê-lo a controle, pois, na hipótese do confronto de duas equipes com o mesmo potencial, o que será mais provável doravante, aquele que tiver os nervos sob controle terá maior chance de vencer. Tomar remédios ou calmantes pode prejudicar a lucidez e a aptidão do atleta.    
O Brasil venceu a Sérvia (2 x 0). Jogo muito bom. No primeiro tempo, Paulinho marcou ao vencer os zagueiros e encobrir o bom goleiro sérvio. No segundo tempo, os sérvios reagiram e ameaçaram empatar, porém as finalizações não tiveram êxito. O sistema defensivo brasileiro portou-se bem e até os atacantes voltavam para ajudar (William + Gabriel + Coutinho). Thiago Silva marcou o segundo gol da partida ao cabecear bola alçada na área em cobrança de escanteio. Os sérvios acusaram o golpe, mas ainda tentaram o gol de honra. Não tiveram sucesso. A seleção brasileira classificou-se para a fase das partidas eliminatórias.
Ótima a comentarista de arbitragem da Fox 2, objetiva, precisa e clara nos seus pronunciamentos. Em todos os canais há comentaristas de jogo que se esforçam por sofisticar as suas análises e estendê-las ao máximo para satisfação pessoal. Alguns locutores também gostam de aquecer o espetáculo de maneira desproporcional ao que o vídeo mostra. Exageram na falação e no tom da voz. O jeito é tirar o som.

domingo, 24 de junho de 2018

FUTEBOL 3

A segunda rodada da fase de grupos das seleções na copa mundial de futebol teve início em 19/06/2018 e terminou neste domingo (24/06/2018). O público continua alegre e cria um ambiente de festa e confraternização nos estádios. Pontualidade no início dos jogos. Cronometragem rigorosa. Os acréscimos ao tempo regulamentar variavam de 1 a 3 minutos no final do primeiro tempo e de 3 a 6 minutos no final do segundo. Arbitragem satisfatória. Ação padronizada dos árbitros em campo. Pênaltis marcados e desmarcados com ajuda do árbitro de vídeo. O desempenho das seleções na fase preparatória mudou na fase definitiva. Algumas seleções estacionaram ou entraram na rampa descendente, enquanto outras ainda têm espaço para crescer durante o torneio. Passado o nervosismo da estreia, melhorou a performance das equipes, contudo, ainda houve muitos passes errados, oportunidades de gols perdidas, simulações, reclamações acintosas. Jogadores de porte atlético, fortes, preparados fisicamente, suportam o extenuante vigor das disputas, inclusive as desleais como: pisar no pé do adversário, chutar o tornozelo para derrubá-lo, usar mãos, braços e cotovelos para bater no rosto do adversário, empurrões, agarramentos pela camisa e pelo corpo. Na maioria das vezes, o choque não tem a gravidade encenada pelos jogadores. Poucos gols nos jogos indicam equilíbrio e também pobreza técnica. Em campo, jogadores de bom nível, mas nenhum craque genial. Mensagens na rede de computadores postadas por dois futebolistas denunciam subliminarmente o que é de conhecimento geral nos veículos de comunicação social: (1) o mecanismo do jabá, propina recebida pelo jornalista para escrever e/ou falar a favor de pessoa, de empresa ou de produto; (2) o jornalismo marrom, propina que o jornalista exige para não escrever ou não falar contra pessoa, empresa ou produto.
Rússia venceu o Egito (3 x 1). A seleção egípcia se conduziu bem. Mérito para os russos. Nos outros jogos, as vencedoras (placar mínimo) foram: Portugal, Espanha e Uruguai. As perdedoras foram: Marrocos, Irã e Arábia Saudita. Com exceção da russa, as demais seleções tiveram imensa dificuldade em finalizar com êxito as jogadas de ataque. O português C. Ronaldo mergulhou na área entre os defensores, cabeceou e vazou o gol marroquino. Depois disto, algumas pedaladas para agradar ao público. O espanhol Iniesta armou a jogada que resultou no gol espírita (para afastar da área, o iraniano chutou a bola que ricocheteou na perna de Diogo e entrou no gol). O uruguaio Suárez aproveitou-se da confusão na área saudita para marcar o seu gol.    
Alemanha venceu a Suécia (2 x 1). Dois pênaltis a favor da Suécia e um a favor da Alemanha não assinalados pelo árbitro de campo que também não consultou o árbitro de vídeo. Lerda, a seleção sueca deu preferência à tática defensiva e negligenciou o ataque. Novamente o mesmo filme: o time que se fecha na retranca para garantir o empate é castigado. No último minuto dos acréscimos ao tempo regulamentar a seleção alemã marcou o gol da vitória pelos pés de Kroos na cobrança de falta próxima à área. Bélgica venceu a Tunísia (5 x 2). Ritmo frenético no primeiro tempo. Dois jogadores tunisianos substituídos por contusão. Individual e coletivamente, a seleção belga exibiu ótimo futebol. Destaque para os belgas Hasard e Lukaku.
Brasil venceu a Costa Rica (2 x 0). Os atacantes brasileiros estão entre os melhores desta copa mundial. Os treinadores das outras equipes sabem disto e montam esquema defensivo. A tática deles é fortalecer o sistema defensivo, todavia, aqueles que negligenciam o sistema ofensivo correm o risco de levar gol. Isto já aconteceu inúmeras vezes, mas os treinadores não aprendem a lição. Agora, aconteceu de novo. A seleção da Costa Rica suportou a pressão e segurou o placar em branco até o final, mas nos acréscimos ao tempo regulamentar, sofreu o castigo: gols resultantes do oportunismo de Coutinho e Neymar. A seleção brasileira fez em 5 minutos o que não conseguiu fazer em 90. Auxiliado pelo árbitro de vídeo, o árbitro de campo anulou falso pênalti encenado por Neymar. Este jogador estava muito nervoso, quiçá por sua palhaçada no jogo anterior, ou por sua má performance nesta copa, ou porque os adversários não lhe estendem o tapete vermelho. Desta cor, ele merecia o cartão, posto que recebera o amarelo anteriormente. O choro, do qual não se viu lágrimas, quando o jogo terminou, pode ser desabafo, eis que a partida aproximava-se do final e a seleção não conseguia a vitória. Crescia o pavor de não passar à fase seguinte do torneio. Rapaz mimado, saudável, milionário, ganhando vultosas quantias mensalmente, dono de imóveis, avião, iate, automóveis, cercado de mulheres e mordomias, vida faustosa, amparado afetivamente pela família e amigos, tinha motivo para chorar? A infelicidade bateu à sua porta? Está arrependido por ter bancado o palhaço? Está jogando mal? Está com medo de perder o cartaz? O treinador diz que não tira as características do jogador. Isto significa que o seu pupilo manterá as características de moleque e de vedete, a simular faltas para enganar o árbitro, a discutir com o adversário empregando palavras de baixo calão, a chamar para si a atenção do público. O treinador diz querer árbitro justo, mas parece mesmo querer árbitros que tolerem as encenações e a má conduta do seu pupilo e que assinalem os pênaltis cuja falsidade a imagem do vídeo registra e as leis da Física atestam. A bravata do treinador é prévia defesa sua e do seu pupilo para eventual fracasso da equipe. O árbitro não “interpreta” a imagem do vídeo e sim a intui pela via sensorial. Além da comum inteligência, do bom senso, do preparo físico, do conhecimento das regras, ter bons olhos é requisito essencial ao árbitro.
Colômbia venceu a Polônia (3 x 0). Os poloneses privilegiaram o contra-ataque. A atuação individual e coletiva dos colombianos foi superior à dos poloneses. Gols de Mina, Falcão e Quadrado, com excelentes assistências de James. Falcão precisa recuperar a sua boa forma física e técnica. A estrela de Lewandowski ainda não brilhou nesta copa. Croácia venceu a Argentina (3 x 0). Muitas faltas e atitudes agressivas. Apesar do seu bom futebol e dos seus qualificados (e nervosos) jogadores a seleção argentina não conseguiu superar uma adversária forte e bem organizada. Dinamarca empatou com Austrália (1 x 1). Belo gol do dinamarquês. As duas seleções alternavam bem ataque e defesa, mas pecavam nas finalizações. O goleiro dinamarquês teve mais trabalho e efetuou duas defesas bem difíceis.
França venceu o Peru (1 x 0). Excelente jogo. Seleções velozes e aguerridas, alternando ritmicamente ataque e defesa durante todo o tempo. Mbappé, estrela da seleção francesa, marcou o único gol da partida. Inglaterra venceu o Panamá (6 x 1). A seleção do Panamá resolveu ficar no canal. Tal como os anglo-americanos construtores do canal, os ingleses também usaram as suas armas, acumularam saldo de gols e garantiram passagem para a próxima fase da copa. Kane marcou três gols; Stones, dois; Lingard um gol resultante de bonito e bem colocado chute. Baloy (que não é atacante) marcou o único gol panamenho, o primeiro desta seleção em copas do mundo, o que levou a torcida ao delírio. Japão empatou com o Senegal (2 x 2). Inui e Honda marcaram para a seleção japonesa e Mané e Wague para a senegalesa. No Senegal, Mané é respeitável nome próprio e não apelido pejorativo como no Brasil, embora a história do futebol registre um genial e inigualável Mané (Garrincha). As duas seleções praticaram um bonito e eficiente futebol, a japonesa mais veloz do que a africana. Muita vibração na torcida de ambas as equipes. A imperatriz do Japão compareceu ao estádio, aplaudiu os súditos e assistiu ao jogo ao lado da primeira-dama russa. Essa gentileza ajuda nas boas relações diplomáticas entre os dois países outrora inimigos.    
México venceu a Coreia do Sul (2 x 1). O primeiro gol dos mexicanos resultou da cobrança de pênalti e o segundo de um certeiro chute de Chichiarito dentro da área coreana, aproveitando um bom lançamento. O gol coreano resultou de um chute de Son, melhor jogador da equipe, de fora da área, já no final da partida. Jogo muito corrido e um tanto desordenado. Nigéria venceu a Islândia (2 x 0). Dois estilos diferentes de jogar futebol. No plano individual, nigerianos superiores aos islandeses; no coletivo, o inverso. No segundo tempo, prevaleceu o talento individual dos nigerianos, com dois gols do artilheiro Musa. Com ajuda do árbitro de vídeo, o arbitro de campo assinalou um pênalti que depois foi mal cobrado e desperdiçado pelo atacante islandês. Suíça venceu a Sérvia (2 x 1). Duas equipes de estilos semelhantes e ritmo veloz. Os sérvios estiveram melhor no primeiro tempo e com vantagem no escore. No segundo tempo, os suíços reagiram, viraram o placar a seu favor e até o final não descuidaram da defesa e nem desistiram do ataque. Os sérvios pareciam cansados.

terça-feira, 19 de junho de 2018

FUTEBOL 2

No estádio de Moscou, em 14/06/2018, o presidente da Rússia declarou abertos os jogos da copa mundial de futebol. O monarca da Arábia Saudita, sentado ao lado do presidente Putin, assistiu a derrota da seleção do seu país para a seleção russa (5x0). Os russos mostraram que estão dispostos a ganhar a taça. As demais seleções se enfrentaram nos dias subsequentes. 
Brasil empatou com a Suíça (1 x 1). Os jogadores brasileiros ficaram um pouco abalados. Nas próximas partidas talvez voltem mais preparados, sem excesso de confiança. A certeza sobre os graus de facilidade e dificuldade não se obtém antes do jogo e sim durante o jogo. Os suíços não apenas se defenderam, mas também atacaram. Antes de cabecear para o gol, o jogador suíço empurrou o defensor brasileiro dentro da pequena área. O árbitro validou o gol. Na área suíça, o defensor derrubou Gabriel. O árbitro não marcou o pênalti. Coutinho fez bonito gol de fora da área. Exibindo cabelo ridículo, Neymar fez papel de palhaço. Lembrou a palhaçada de Ronaldo Nazário que apareceu quase careca assemelhado ao Cascão, da turma da Mônica, da revista infantil em quadrinhos. Nos clubes, em casa ou nas ruas, os jogadores podem se apresentar do jeito que lhes agradar, desde que os estatutos, a lei e os bons costumes permitam. Na seleção nacional, entretanto, eles são “a pátria de chuteiras”. Eles representam a nação brasileira. Graças à televisão, bilhões de pessoas captam a imagem do jogador cujo visual mais se destaca. Essa imagem é associada à nação que ele representa. Importa, pois, que seja a imagem de um país sério e responsável e não a de um picadeiro no centro de uma república de bananas. A figura histriônica do moleque, alvo de zombaria internacional, combinou com a sua fama de “cai-cai” e com a sua sofrível atuação. Desarmado na maioria dos dribles, finge contusão, rola no gramado, erra passes, joga para a plateia. Vedetismo desbragado. Para colocar Firmino em campo, o treinador devia tirar Neymar que estava mal e não Gabriel, que estava bem. Se em 1998 Romário foi cortado da seleção por falta de condições físicas, com maior razão devia ser feito o mesmo com Neymar em 2018, que estava sem treinar e sem jogar há meses e ainda convalescia de uma cirurgia no pé. Soaram falsas as insistentes afirmações da comissão técnica sobre a capacidade do jogador de superar as expectativas de melhora. O argumento de que esse jogador pode decidir uma partida vale, neste momento, muito mais para Gabriel, Coutinho, William, Firmino e Marcelo, que num lance feliz podem colocar o placar favorável à seleção.
Argentina empatou com a Islândia (1 x 1). Messi perdeu pênalti e foi deficiente na cobrança de faltas. Parecia enfastiado. Melhor foi o desempenho dos seus companheiros. Os islandeses estavam motivados, não se preocuparam com a sua falta de tradição e nem se intimidaram diante do potencial da equipe adversária. Colômbia perdeu para o Japão (1 x 2). Logo no início da partida um defensor colombiano impediu com o braço que a bola entrasse no gol. Foi expulso. O atacante japonês acertou o gol na cobrança do pênalti. Até o final da partida, os japoneses se mostraram aguerridos e não desistiram de atacar mesmo depois de marcarem o segundo gol. Os atacantes japoneses aprenderam a driblar, mas a equipe se movimentava em boa sincronia. Todos recuavam e se concentravam na defesa quando os colombianos atacavam. As estrelas colombianas (James, Falcão e Quadrado) não influíram no resultado. Costa Rica, apesar do seu estilo vistoso, perdeu para a troncuda seleção da Sérvia (0 x 1). México venceu a Alemanha (1 x 0). Os mexicanos mostraram determinação e coragem. Velozes, atacaram os campeões da copa de 2014 e exibiram um futebol de boa qualidade. Aplicaram a lição de Sun Tse: o ataque é a melhor defesa. Não deram sossego aos germanos. No segundo tempo, porém, mudaram de tática. Recuaram para garantir a vitória. Erro grosseiro de alguns treinadores. A retranca é arriscada quando mínima é a diferença no placar e há goleadores na equipe adversária. Felizmente para os mexicanos, Kroos finalizou pouco e sem êxito, Muller sem brilho, Ozil apenas regular, Klose e Götze ausentes. Panamá perdeu para a Bélgica (0 x 3). Os belgas, lentos mas bem organizados, tiveram as melhores chances de gol e o maior número de escanteios. No segundo tempo, voltaram mais determinados e fizeram os gols. Evidenciou-se a superioridade técnica dos belgas. Ainda assim, os panamenhos se desinibiram, eram rápidos no contra-ataque, mas as finalizações eram poucas e sem êxito. Peru sucumbiu diante da Dinamarca (0 x 1). Cuevas desperdiçou pênalti e ficou deprimido pelo resto da partida. A entrada do atacante Guerrero não alterou o resultado. A máquina dinamarquesa ainda necessita de lubrificação. Uruguai venceu o Egito (1 x 0). A seleção egípcia estava desfalcada do seu artilheiro Salah, enquanto a uruguaia estava com seus dois bons artilheiros: Cavani e Suarez.  
Irã venceu o Marrocos (1 x 0). Partida bem disputada, mas sem apuro técnico. Croácia venceu a Nigéria (2 x 0). Notou-se a diferença entre a dureza do futebol europeu e a beleza do futebol olímpico dos africanos. Os croatas estão dispostos a vencer a copa. Espanha empatou com Portugal (3 x 3). A seleção portuguesa obteve suado empate graças ao talento do seu bom artilheiro C. Ronaldo e à colaboração do goleiro espanhol no segundo gol. O terceiro gol resultou de magistral cobrança de falta do goleador lusitano. Isto bastou para o jornalismo esportivo alça-lo ao nível de Pelé. A manada de vira-latas não se emenda. Não é preciso citar jogadores sul-americanos melhores do que o português. Basta citar alguns europeus, tais como: Puskas, Kócsis, Eusébio, Zidane, Sneijder, Iniesta, entre outros. Não se trata de quem faz maior quantidade de gols e muito menos de quem, com sucesso, faz 2 dribles, embora desarmado em 10 numa só partida (craque goleador) e sim de quem melhor domina todos os fundamentos do esporte e sofre poucos desarmes (craque genial). Nos últimos 10 anos, a excelência no futebol empobreceu. Na terra de cegos, quem tem um olho é rei. Destarte, bons jogadores como C. Ronaldo, Messi e Neymar ganham relevo exagerado, ainda mais sob o milionário patrocínio da indústria e do comércio e a farta distribuição de jabás. Na FIFA, na CBF e na seleção brasileira, o dinheiro explica tudo. A caixa preta foi aberta.
França venceu a Austrália (2 x 1). Ambas as seleções estavam com o seu melhor elenco. Inglaterra venceu a Tunísia (2 x 1). No primeiro tempo o time inglês partiu ferozmente para sufocar o adversário, parecendo Tyson quando partia em direção ao boxeador desafiante. Depois do primeiro gol, entrou num ritmo mais tranquilo. A Tunísia marcou o seu gol de pênalti. Os tunisianos apelaram para a tática suicida da retranca a fim de garantir o empate. Nos acréscimos ao segundo tempo, após cobrança de escanteio, os ingleses marcaram o gol da vitória. Já vimos esse filme. Castigo para os tunisianos por abdicarem do ataque e não confiarem no seu poder ofensivo. O artilheiro Kane, jogador mais caro do mundo, marcou os dois gols da equipe inglesa. Polônia perdeu para o Senegal (1 x 2). Os africanos atacavam, porém, mais se defendiam, sem contudo, ficar na retranca. A tática deu bom resultado: desequilibrou e fragilizou a equipe adversária. O artilheiro polonês Lewandowski não conseguiu vencer a defesa senegalesca. Do cabeceio do seu companheiro saiu o gol de honra após cobrança de escanteio no final do jogo. Suécia venceu a Coreia do Sul (1 x 0). Os asiáticos eram mais velozes e determinados. Ambas as equipes finalizavam mal. O gol sueco foi de pênalti, com ajuda do assistente de vídeo. Os passes dos coreanos eram fortes e extraviavam a bola. Em ambas as equipes, mais vigor físico do que capacidade técnica e talento individual. 
O público nos estádios proporciona um espetáculo festivo cantando, gesticulando, rostos pintados, corpos fantasiados, além de torcer por suas seleções. Até o momento, a arbitragem tem sido satisfatória, auxiliada com recursos tecnológicos audiovisuais. A primeira rodada, estreia de cada seleção na copa, terminou hoje e neste mesmo dia começa a segunda rodada (19/06/2018). Foi possível perceber aumento do número de dribladores, embora ainda prevaleça o passe entre os mais utilizados fundamentos do futebol. Houve um festival de passes errados, oportunidades de gols perdidas, imperícias, agarramentos, reclamações acintosas, simulações, e assim por diante. O natural nervosismo dos jogadores prejudicou o nível técnico das seleções. Certamente, esse nível haverá de melhorar nas próximas rodadas. As equipes africanas tendem para o estilo sul-americano mesclando arte e eficiência, enquanto as asiáticas tendem para o futebol europeu e se valem mais da virilidade do que do talento. Nota-se um padrão ocidental em algumas seleções: ritmo cadenciado, triangulação e sincronia nos passes, paciência para atacar e segurança para defender. Seleções carentes de talentos individuais, com técnica modesta e pouca experiência, atuam de modo olímpico, sem ambicionar a taça. Ficam felizes de competir no torneio máximo do futebol mundial. Dos 16 jogos realizados nesta primeira rodada, em 7 houve mais de dois gols. Nos demais jogos o escore foi mínimo, com mais vitórias do que empates.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

TREINO E JOGO

A frase antológica de Didi, o fabuloso armador das seleções de 1958 e 1962 (o melhor do mundo segundo a imprensa esportiva francesa) permanece viva no ambiente futebolístico brasileiro: “treino é treino, jogo é jogo”. Justificava o menor esforço dos jogadores durante os treinos e a maior dedicação durante os jogos. O seu discurso opunha-se às azedas críticas dos torcedores, treinadores e jornalistas. Na sua generosidade, Didi partiu do pressuposto de que todos os jogadores eram craques. Portanto, treino descontraído e não exaustivo era suficiente. Ao treinador cabia distribuir as camisas e informar o esquema básico deixando o resto por conta dos jogadores na dinâmica do jogo conforme a concreta situação em campo. O treinador ficava mais tempo sossegado no banco a observar a partida e até se dava ao luxo de cochilar, como acontecia com Vicente Feola (1958).
De 1970 para cá, adotou-se o planejamento, o estudo do adversário com preleção e filmes, o cuidado físico e psicológico com os jogadores, instruções do treinador antes, durante e no intervalo da partida, material esportivo moderno e de melhor qualidade. Racionalizou-se o esporte até o exagero de automatiza-lo, como se os jogadores fossem robôs. Nenhuma alteração em campo sem a ordem do treinador. Isto ocorria nos clubes e nas seleções. Prevalecia a ideia europeia do “futebol de resultado”. Quê arte, coisa alguma! O que mais importava era aplicar a matemática e o conhecimento científico ao esporte e derrotar o inimigo. Atitude bélica.
Treino é exercício para aprendizado e aprimoramento. No esporte, os atletas treinam para: (i) aprender os fundamentos da modalidade esportiva que escolheram (ii) aprimorar a performance nas competições. No esporte coletivo (futebol, basquetebol, voleibol) além dos cuidados individuais, os atletas treinam em conjunto. O treino geralmente é interno: sob orientação do treinador, um grupo joga contra outro. Time principal contra time reserva, por exemplo. Trata-se de jogo no sentido amplo da palavra, a saber: atividade lúdica. O treino externo consiste no jogo de um clube contra outro, ou de uma seleção contra outra, fora de torneio oficial, sem promessa de prêmio ou taça a quem vencer. Trata-se do jogo amistoso com finalidade de treinar as equipes (diferente do amistoso com finalidade humanitária). No futebol masculino, tal amistoso é jogado com virilidade, rispidez e até violência, a indicar a gana de vencer. O modo vibrante dos treinadores ao comemorar cada gol nos jogos amistosos preparatórios para esta copa evidencia esse fato (2018).        
Em recente entrevista a um repórter de canal de televisão (SporTV, salvo engano), Tostão, que integrou a seleção de 1970, disse que nunca se considerou um jogador excepcional; que a sua função não era a de goleador e sim a de meio-campista ofensivo; que vestia a camisa 9 porque a 10 era do Pelé. Realmente, na crítica esportiva e histórica, as posições de armador e defensor são menos valorizadas do que a de atacante goleador. Há exceções, como a de Gerson – e esta foi outra afirmação do entrevistado a chamar atenção: “Ele era um técnico dentro do campo”. No meio esportivo, o armador excelente era considerado “cérebro do time”. Gerson enquadrava-se nesse conceito. Tostão completou a extensão do conceito. Gerson atuava como se fosse treinador “ad hoc” orientando os companheiros dentro do campo (o que exige inteligência lúdica acima da média) sem que isto tipificasse intromissão indevida no trabalho do treinador comandante. Nenhum treinador queixou-se dessa característica do Gerson. Tampouco, algum companheiro. E ele nem era o capitão!
Dunga, ao exercer esse papel na seleção de 1994, teve ríspida discussão com Bebeto em pleno jogo. Quase foram às vias de fato. Outrora, Didi orientava o conjunto com suave autoridade e elegância. Cuida-se mais de uma vocação do jogador do que de uma determinação do treinador. A liderança pode ser exercida por jogador carismático, independente da sua posição no esquema do treinador. Já o papel de capitão é mais adequado ao defensor.
Os jogos amistosos preparatórios para a copa mundial de futebol masculino Rússia/2018 não foram encarados como simples treinos indiferentes ao resultado, apesar das experiências feitas pelos treinadores. As seleções jogaram para valer. Muita pancadaria. Contra a seleção austríaca, a alemã escondeu um pouco o seu potencial. As seleções espanhola e brasileira nada esconderam, porém sofreram ao vencer a tunisiana e a croata, respectivamente. Na partida contra a seleção austríaca, da boa sintonia entre armadores e atacantes saíram o primeiro e o terceiro gols marcados por Gabriel e Coutinho (10/06/2018). Os dois jogadores exibiram calma e segurança nos lances bem finalizados. O segundo gol saiu do fundamento que encanta nacionais e estrangeiros aficionados do esporte: o drible. Neymar foi o autor da façanha. Ele e William são os que mais driblam. Com menos frequência (até por razões táticas) outros jogadores também driblam e brilham. Neymar sofreu mais desarmes e pancadas do que William. A defesa está bem postada e não perdeu a eficiência com as substituições experimentais. A equipe está sincronizada e cadenciada. Velocidade, só a necessária. Melhorou a qualidade do passe. Quase joga por música, credenciada para o sucesso. Enfrentará retrancas.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

FUTEBOL NÚMEROS ET CETERA

O Centro Internacional de Estudos do Esporte, sediado em Neuchätel, cidade suíça, fundado em 1995 pela FIFA em parceria com o governo e a universidade, publicou lista dos 100 jogadores de futebol mais caros do mundo. Entre os 10 jogadores mais caros, 5 são de clubes ingleses: Tottenham, Liverpool, Manchester City e Manchester United. O primeiro lugar coube a Harry Kane, do Tottenham, valendo 201,2 milhões de euros e o décimo lugar a Ramelu Lukaku, do Manchester United (163,4 milhões). Neymar, do PSG, ocupa o segundo lugar (195,7 milhões); Messi, do Barcelona, o quarto (184,2 milhões) e Salah, do Liverpool, o quinto (171,3 milhões).
Esses valores estratosféricos demonstram como o interesse econômico transformou o esporte em indústria e os jogadores em mercadoria. Essa mudança começou na Europa Ocidental, anos 70, século XX, estendeu-se para a América e foi encampada pela FIFA. Os jogadores são utilizados como garotos-propaganda. Daí, a importância da presença deles em campo, ainda que estejam sem condições físicas e técnicas. Os estádios de futebol permitem ampla visibilidade das marcas comerciais estampadas nos uniformes dos jogadores. Certa vez, Ronaldo Nazário foi além do uniforme: saiu andando do campo e pendurou no pescoço as chuteiras de determinada marca a fim de torna-la bem visível ao público do estádio e ao telespectador. As emissoras de TV também driblam a lei e recheiam a transmissão dos jogos com propaganda fora dos intervalos. Domínio do dinheiro e da esperteza onde a moral e a decência não entram.     
A copa do mundo de futebol masculino Rússia/2018 será disputada por 32 seleções nacionais, sendo 14 europeias (7 da Europa Ocidental, 4 da Europa Oriental e 3 da Escandinávia), 8 americanas (5 da América do Sul, 2 da América Central e 1 da América do Norte) 5 africanas (3 da África morena e 2 da África negra) 4 asiáticas (2 da Ásia amarela e 2 da Ásia morena) 1 australiana (Oceania).     
Para compor a seleção brasileira, o treinador convocou 23 jogadores, sendo 3 goleiros, 8 defensores, 7 armadores e 5 atacantes, nem todos em boas condições físicas e técnicas. O Centro Internacional acima citado, servindo-se de metodologia que leva em conta o desempenho dos jogadores e a frequência de jogos de que eles participam em determinado período, concluiu que em 2018: (i) a seleção espanhola será campeã (ii) a brasileira vice-campeã (iii) a francesa ficará em terceiro lugar e a alemã em quarto. Cuida-se de cálculo probabilístico.
Por se basearem em números reais, os calculadores aspiram a se aproximar da certeza. Em que pese o seu valor, a matemática nem sempre se dá bem com o esporte. Ainda que os dados da experiência sejam valiosos ao exame racional, a intuição mental e sensorial às vezes é mais eficiente.
O resultado das competições esportivas surpreende em função do imponderável, de fatores individuais (físicos, temperamentais, psicológicos) coletivos (táticos) sociais e políticos, que escapam ao cálculo. Em jogo duríssimo, quando há paridade de forças entre as equipes, um único lance de um jogador habilidoso pode ser decisivo. Na seleção brasileira esse jogador pode ser Coutinho, Firmino, Gabriel, Marcelo, Neymar. Esta é a vantagem numérica da brasileira sobre as demais seleções que têm apenas um Cavani, um Salah, um Ronaldo, um Messi.
A perda de um jogador taticamente importante no esquema do treinador influi no resultado da partida. Contusões graves tiram-no de campo, às vezes, provocadas intencionalmente pelo adversário. Fingindo inocência, há jogadores, como Sérgio Ramos do Real Madri, que batem pra valer. Outros, como alguns jogadores europeus, africanos e asiáticos, batem - não por maldade - e sim porque lhes falta habilidade e refinamento. Entrevistado há algum tempo, Pelé contou, em tom confidencial (como se fosse possível confidência em canal de televisão!) que seus companheiros combinaram, durante jogo da seleção, um deles acertar no adversário que estava batendo pra valer. O brasileiro escolhido não precisou cumprir a missão porque o próprio Pelé acertou o gringo quando surgiu a ocasião. Às vezes, quando o árbitro é omisso ou conivente, há necessidade de a vítima aplicar com jeitinho um “chega pra lá” a fim de o agressor desistir de dar pancadas.     
O futebol do século passado empolgava mais o povo brasileiro do que o futebol do presente século. Sem grande envolvimento do público, a equipe nacional fica pouco estimulada. Paira uma atmosfera de desilusão ou indiferença criada pela segunda derrota na própria casa. A primeira (1950) deprimiu o brasileiro por quase 50 anos. A frustração e a angústia geradas pela segunda (2014) talvez não durem tanto. A estas duas, acrescente-se a derrota para a seleção italiana na copa da Espanha (1982). Portanto, três grandes decepções que marcaram a alma nacional. O mercantilismo que cercou o esporte levou o torcedor ao descrédito. Além disto, mudou a mentalidade de parcela da população cuja autoestima tornou-se menos dependente do sucesso da seleção de futebol masculino.
O retrocesso econômico e social, a instabilidade política e a insegurança jurídica, reinantes no país, geram acabrunhamento, infelicidade, desespero, revolta, o que repercute no comportamento do povo em relação ao futebol e ao esporte em geral. A Constituição da República Federativa do Brasil tem sido usada no banheiro como papel higiênico pelo presidente da república, por parlamentares, ministros, juízes, membros do ministério público, pela elite econômica (banqueiros, industriais, comerciantes, fazendeiros, donos de empresas jornalísticas) e por uma fatia da camada remediada da população. Por enquanto, a Constituição tem sido respeitada pelos militares, por sacerdotes católicos, literatos, cientistas, filósofos, professores e parcela das camadas remediada e pobre da nação.

domingo, 3 de junho de 2018

FUTEBOL

Kiev, capital da Ucrânia. 26/05/2018. Decisão da Champions League. Real Madri x Liverpool. Abertura espetacular, como se fosse a dos jogos olímpicos. Sensacional criação artística. Beleza da voz e do físico da cantora, bailarinas em cadência harmoniosa exibindo belos corpos e vestes colantes, cenografia de bom gosto, dinâmica alegre e festiva de todos os participantes. Aplausos merecidos.
O Real Madri sagrou-se campeão pelo placar de 3 x 1. Geralmente, jogos de decisão são insossos e tensos. Entretanto, este jogo, sem retranca e bem movimentado, agradou a quem gosta do esporte. Os gols do Real foram marcados por Benzemá e Bale. A estrela do goleiro do Liverpool estava apagada. Mais preocupado em exibir o seu belo porte às câmeras de televisão, ele falhou de modo bizarro no primeiro gol e engoliu um frango no terceiro. O segundo gol resultou de meia-bicicleta de Bale. Bonito lance. Depois do jogo, o vaidoso goleiro (alemão) do clube inglês mostrou-se desolado e foi consolado por jogadores do seu time e do time espanhol. Sérgio Ramos, defensor do Real, numa disputa de bola, aplicou uma chave-de-braço e lesou a musculatura do ombro de Salah, artilheiro do Liverpool, tirando-o da partida ainda no primeiro tempo. Apesar disto, o time inglês conseguiu marcar um gol pelos pés do bom e esforçado Mané. A equipe espanhola levantou a taça no centro do estádio.          

Seleção brasileira. Maio/2018. Oba-oba. Na Granja Comary, apareceram os antigos técnicos da seleção, Zagallo, com seus 86 anos de idade e Parreira, com seus 75 anos. Imprensa e televisão zoando. Propaganda comercial. Oportunidade para ganhar dinheiro. Leitura dos sinais: como a seleção de 2014, a seleção atual vai dançar nessa copa mundial de futebol masculino Rússia/2018.
Atletas fora de forma física e técnica, um deles até convalescendo de cirurgia, foram convocados na esperança de que estejam em forma até o início dos jogos. Risco que podia ser evitado tendo em vista a existência de atletas em boas condições físicas e técnicas que podiam ser convocados (talvez já constem da lista suplementar do treinador). O dedo dos patrocinadores aponta para quem deve aparecer na seleção esteja ou não esteja em plena forma. Negócio é negócio, esporte é esporte, mas os dois se entrelaçam. E lá se vai para a cesta a sexta copa. O governo federal não poderá fazer uso político do sucesso da seleção brasileira e as emissoras de televisão não lucrarão com propagandas ufanistas e sensacionalistas.     
A presença em campo de Beckenbauer, com o braço na tipoia e de Zidane, sem condições físicas, não trouxe benefício para as respectivas seleções (alemã e francesa). Assim também colocar em campo Neymar, Renato Augusto, ou qualquer outro jogador, em precárias condições físicas e/ou técnicas, pode não trazer benefício à seleção. Considere-se, ainda, que Neymar, apesar de bom jogador e artilheiro, está abaixo do nível de Garrincha, Pelé, Romário, Ronaldinho Gaúcho e de outros craques do futebol mundial. A isto, soma-se o descontrole emocional.  
Dir-se-á: a seleção de 1970 saiu do Brasil desacreditada e ganhou a copa. Certo. A de 1958, cujo treinador às vezes cochilava no banco durante o jogo, também não empolgava o público brasileiro. Havia pouca fé nos treinadores, muito ardor e desconfiança no meio dos milhões de torcedores e “técnicos” que discordavam da convocação de alguns jogadores e das táticas utilizadas. João Saldanha assumiu a direção técnica da seleção de 1970. A ditadura militar estava no auge da repressão. O ditador de plantão, general Garrastazu Médici, apreciador do esporte e torcedor do Grêmio de Porto Alegre, exigiu a escalação do goleador Dadá Maravilha. Saldanha, que era comunista, respondeu: “O general manda no governo; na seleção mando eu”. Os dirigentes da CBF demitiram-no e chamaram Zagallo, mais dócil à ditadura.
Diferente daquelas seleções, o treinador e os jogadores da seleção atual saíram acreditados e prestigiados pelos torcedores e pela imprensa esportiva (Maio/2018). A espada não ameaça o pescoço dos civis. Nos jogos classificatórios, a seleção brasileira teve excelente desempenho, resgatando a beleza e a eficiência da idade de ouro do futebol brasileiro. Todavia, nos jogos da copa do mundo prestes a iniciar, as outras seleções exibirão o seu melhor futebol, com os jogadores dando o máximo das suas energias, esforçando-se para superar a si mesmos e aos adversários. Portanto, não será fácil o trabalho dos jogadores e do treinador da seleção brasileira.
As seleções da Suíça, Costa Rica e Sérvia (herdeira da Iugoslávia) são as primeiras que a brasileira enfrentará. Tolice falar em favoritismo. A seleção brasileira poderá empacar nas quartas-de-final, dependendo da eficiência e do nível técnico das seleções que disputarão a Copa/2018, sobre o quê, até o momento, há só especulação, pois certeza ter-se-á só depois de as diversas equipes se defrontarem na primeira fase do torneio. Aí, então, quem assistir aos jogos terá elementos suficientes para comparar e avaliar. Poderá haver surpresas.  

Seleção do Brasil x Seleção da Croácia. Liverpool. Inglaterra. 03/06/2018. Jogo amistoso de preparação das equipes para o torneio mundial. Primeiro tempo da partida terminou com o empate sem gols e o segundo tempo com a vitória da seleção brasileira (2 x 0). As duas equipes exibiram tática semelhante e satisfatório entrosamento. Mais velozes e vigorosos, os croatas deram muito trabalho aos defensores brasileiros. Disputas de bolas ríspidas e perigosas. Poucas finalizações tendo em vista o eficiente sistema defensivo das duas seleções. Na brasileira, destacaram-se Coutinho e William no ataque, Tiago e Fernandinho na defesa e o lateral esquerdo Marcelo na armação. Neste setor, não há especialista. Todos os jogadores estiveram bem em campo, mas por motivos táticos ou físicos, nem todos tiveram o mesmo rendimento. Os treinadores fizeram mudanças experimentais na escalação das respectivas seleções, o que alterou um pouco o panorama da partida. De um modo geral, o ritmo da seleção croata foi mais rápido e intenso enquanto o da brasileira foi mais cadenciado e brando, o que lhe permitiu ficar mais tempo com a bola. Funcionou a veia de artilheiro de Neymar e de Firmino, autores dos gols, apesar do discreto desempenho de ambos.