Encerro a série “eleições 2018” iniciada em 24/07/2018, publicada neste blog e no site www.antonioslima.net. Ao todo, inclusive o presente, foram 13 artigos. Apesar da campanha suja e feroz, as autoridades judiciárias conseguiram manter a ordem e levar o processo eleitoral ao seu termo legal.
O candidato da extrema direita venceu o pleito nos dois turnos. No segundo, ele cresceu 8 milhões de votos em relação ao primeiro. O candidato da esquerda cresceu o dobro, 16 milhões, mesmo assim, o crescimento foi insuficiente para superar o concorrente. O número de eleitores omissos (abstenção + voto em branco + voto nulo) também cresceu entre os dois turnos de 40 para 42 milhões, número espantoso a indicar o desencanto dessa parte do eleitorado com a política, mais especificamente com a política partidária e os políticos profissionais.
Primeiro turno. Segundo turno
Eleitorado: 147.306.294 147.306.294
Comparecimento: 117.364.560 115.933.004
Abstenção: 29.941.735 31.373.290
Brancos: 3.106.936 2.486.591
Nulos: 7.206.205 8.608.088
Válidos: 107.050.673 104.838.325
Jair: 49.276.990 57.797.466
Fernando: 31.342.005 47.040.859
Verifica-se a supremacia dos eleitores inclinados à direita do espectro político na sociedade brasileira. Comparando-se o resultado da eleição presidencial de 2014 com o da eleição de 2018, constata-se o crescimento do setor politicamente conservador do corpo eleitoral. Dito setor é integrado por civis e militares, ricos, remediados e pobres, adeptos da direita moderada e da extrema direita, ou sem pendores ideológicos mas esperançosos de mudanças que melhorem a forma de exercer política e reduzam ao mínimo a corrupção no Brasil.
O eleitorado que votou a favor do candidato vencedor constitui maioria relativa. Apesar disto, o resultado há de ser acatado. Plagiando Noel Rosa, “não quero choro nem vela, só quero uma fita amarela, gravada com nome dela”: democracia. Obediência ao rito democrático. Embora pessoalmente mais qualificado para o cargo, o candidato da esquerda não conseguiu superar o da direita. Raros são os eleitores que, a exemplo de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, antes de decidir em quem votar, procedem à criteriosa análise dos atributos dos candidatos e do que mais convém ao país e às suas instituições. A maioria dos eleitores segue a via passional. Isto acontece também em outros países democráticos americanos, mais notadamente nos latinos do que nos anglicanos.
As arbitrariedades e violências praticadas contra universidades, instituições civis e religiosas, pessoas jurídicas e pessoas naturais, certamente serão objeto do devido processo jurídico. Responsabilidades deverão ser apuradas exemplarmente para que o ódio seja controlado e a violência não se repita. Não se há de agir por vingança e sim por necessidade pedagógica. Neste triste episódio da história política do Brasil não há lugar para impunidade. Cuida-se de proteger e fortalecer o regime democrático. Diante da agressão ou da grave ameaça à existência da democracia, o povo tem o direito de defende-la.
Os países que mantêm relações amistosas, econômicas e/ou culturais com o Brasil provavelmente sentirão a diferença de rumo do novo governo a ser iniciado em janeiro de 2019. Perceberão, certamente, o tratamento preferencial dado aos EUA e aos seus títeres da América Latina.