O ex-diretor de operações de
inteligência da Frota do Pacífico dos EUA, James Fanell, publicou carta
criticando a política interna e externa da China. Ao responder, o porta-voz do
governo chinês, Sheng Chuang, disse que: (i) a atitude do americano e dos seus
apoiadores, ao instigarem o confronto entre as duas potências, em nada contribui
para as boas relações internacionais e a paz no mundo (ii) a carta revela
preconceito ideológico e mentalidade da guerra fria (iii) as acusações nela contidas
são infundadas, mentirosas e difamatórias.
Na experiência política dos povos, o fator
ideológico está presente, sendo comum a divergência entre agentes moderados e
agentes radicais. O subscritor da mencionada carta alinha-se aos radicais que
proliferam nos diversos escalões do governo estadunidense. As ideias e os
interesses que a elite intelectual expressa e formaliza (filósofos, cientistas,
artistas, jornalistas, professores, doutrinadores, legisladores, magistrados)
brotam da complexa realidade social cujos principais elementos constitutivos
são as famílias, os grupos, as classes, os setores industrial, comercial,
agrícola, as instituições (civis, militares, religiosas) e o estágio cultural (usos, costumes, crenças, religiosidade,
música, literatura, educação, arte, ciência, tecnologia). Em país sob regime totalitário, as ideias e os interesses
prevalecentes são explícitos, enquanto os divergentes estão implícitos. Em país sob regime liberal
autoritário, prevalecem as ideias e os interesses da elite econômica. Em
país sob regime social democrático,
busca-se o equilíbrio entre as ideias e os interesses da elite, de um lado, e
as ideias e os interesses da massa popular, de outro. Em país sob regime socialista autocrático,
prevalecem as ideias e os interesses da massa popular sob o comando da
burocracia estatal.
O imperialismo das grandes potências, a
espionagem, a difusão de falsidades, injúrias, difamações e calúnias, são fatos
notórios da história universal. Nos EUA, são notórios: [1] o radicalismo de
agentes do governo (congressistas, presidentes, vice-presidentes, secretários
de estado, juízes) [2] o propósito de introduzir, em outros países, a sua
cultura, o seu modo de vida e abrir portas aos negócios das suas empresas.
Em Luoding, cidade da província de Guangdong, Sudeste da China, um brasileiro lá residente, instrutor de paraquedismo, surpreendeu-se com a realidade social diferente da imagem negativa exportada pelo governo dos EUA e por dissidentes asiáticos radicados na América e na Europa. Notou a arquitetura moderna de casas e edifícios, o trânsito barulhento e intenso com numerosas motocicletas, a existência de uma classe média semelhante à do Texas, crianças e adolescentes alegres, com roupas, tênis e hábitos ocidentais, pedalando nas suas bicicletas, ampla liberdade. Então, curioso, ele solicitou esclarecimentos ao chinês seu colega de profissão. Obteve a seguinte resposta: sim, temos bom padrão de vida e também liberdade para quase tudo, menos para atacar o governo. Esta restrição funciona como defesa preventiva de modo a evitar que a liberdade plena do indivíduo propicie a desestabilização do governo ou a destruição do estado.
Em Luoding, cidade da província de Guangdong, Sudeste da China, um brasileiro lá residente, instrutor de paraquedismo, surpreendeu-se com a realidade social diferente da imagem negativa exportada pelo governo dos EUA e por dissidentes asiáticos radicados na América e na Europa. Notou a arquitetura moderna de casas e edifícios, o trânsito barulhento e intenso com numerosas motocicletas, a existência de uma classe média semelhante à do Texas, crianças e adolescentes alegres, com roupas, tênis e hábitos ocidentais, pedalando nas suas bicicletas, ampla liberdade. Então, curioso, ele solicitou esclarecimentos ao chinês seu colega de profissão. Obteve a seguinte resposta: sim, temos bom padrão de vida e também liberdade para quase tudo, menos para atacar o governo. Esta restrição funciona como defesa preventiva de modo a evitar que a liberdade plena do indivíduo propicie a desestabilização do governo ou a destruição do estado.
Do preâmbulo e dos artigos 4º, 6º, 11/14, 33/36, da Constituição da
República Popular da China (1982) verifica-se que: [1] as nacionalidades que
compõem o estado chinês são livres para usar seus idiomas, preservar, ou
reformar, os seus usos e costumes [2] apesar do coletivismo, da propriedade
pública dos meios de produção, o estado chinês cedeu razoável espaço ao
individualismo útil na área econômica e interessante na área social [3] o estado
protege: (I) os direitos e interesses
legítimos da economia individual (II) o direito dos cidadãos à posse dos rendimentos
legitimamente adquiridos, às suas poupanças, a casas e a outras formas de
propriedade legítima (III) o direito a herdar propriedade privada [4] o estado tem
em conta os interesses coletivos e individuais [5] todos os cidadãos são iguais
perante a lei [6] todos gozam de liberdade de expressão, imprensa, associação,
reunião, desfile, manifestação, crença religiosa.
A senda realista e pragmática aberta
(parte capitalista, parte socialista, liberal sob um aspecto, igualitária sob
outro) ensejou extraordinário desenvolvimento econômico e social à China. Iniciada
com a revolução liderada por Sun Yatsen, que derrubou a monarquia e instituiu a
república (1911), avançando com a revolução liderada por Mao Zedong, que substituiu
o modelo capitalista de sociedade pelo modelo socialista (1949), experimentando
a revolução cultural (1996) e executando o projeto “socialismo de mercado” de
Deng Xiaoping (1997), essa trilha sintonizou-se com a temperança do chinês. Em
que pesem os movimentos revolucionários inspirados no materialismo dialético,
os chineses conservam aspectos tradicionais da sua milenar cultura (medicina, ensinamentos
de Lao-Tse e Kong-Fu-Tse, visão metafísica do mundo, concepção filosófica e
mística do homem e da sociedade) paralelamente ao esforço de modernização orientado
para a educação, arte, literatura, ciência, tecnologia, industrialização,
agricultura e defesa nacional.
A vigente Constituição da república chinesa
contém os fundamentos jurídicos do estado e da sociedade, conforma-se à ditadura
do proletariado (operários + camponeses), assegura a unidade de todas as
nacionalidades que compõem o estado, define o sistema e as tarefas básicas do
estado, atribui todo o poder ao povo que o exerce através do Congresso Nacional
Popular e dos congressos populares locais, todos formados mediante eleições
democráticas. Estes órgãos são responsáveis perante o povo e estão sujeitos à
fiscalização pelo povo. Os assuntos econômicos, sociais e culturais são
administrados pelo povo por diversos canais, em conformidade com a lei.
O Brasil, a partir da Constituição de
1988, seguiu o caminho conciliatório entre ideologias opostas. Essa trilha tornou-se
mais viva e fecunda no período de 2003 a 2010. Todavia, a ala direita da
política nativa usou a liberdade para destruir o modelo social democrático. A
partir de 2013, a democracia brasileira foi se desmantelando. Restou o processo
eleitoral. Ainda assim, fraudaram-no. Sem justa causa e em frontal colisão com
a letra e o espírito da Constituição e das leis, processaram, condenaram e
prenderam o concorrente com maior chance de vencer as eleições presidenciais de
2018. O candidato da extrema-direita sagrou-se vencedor com 57 milhões de
votos. O candidato da esquerda obteve 47 milhões de votos. Abstiveram-se: 42
milhões de eleitores.
O novo governo brasileiro manifesta tendência
nazifascista, semeia ódio, discrimina pessoas de modo preconceituoso, faz
apologia das armas, da violência, da tortura e do extermínio dos adversários (vistos
e tratados como inimigos da pátria). Atua contra os direitos dos trabalhadores, dos
indígenas, dos negros, das mulheres, dos homossexuais, dos professores, dos
estudantes, dos jornalistas [inclusive legislando em causa própria mediante portaria,
ultrapassando os limites da simples regulamentação]. Interfere destrutivamente na
previdência e assistência sociais, nos sistemas de educação e saúde, na cultura
e no meio ambiente. Falta-lhe a compostura digna de presidente de uma nação
livre e soberana. Entre as suas atitudes contrárias aos interesses nacionais
incluem-se: [1] alienar a soberania e bens estratégicos da nação [2] prestar
continência à bandeira dos EUA formalizando, com este gesto altamente
simbólico, a submissão ao governo daquele país [3] patentear o retrocesso do
Brasil à condição de colônia [4] usar linguagem rasteira própria de capataz da
colônia ou de miliciano [5] atacar de forma
precipitada, leviana e injuriosa, o resultado de pesquisa sobre desmatamento
elaborada por instituto brasileiro de reconhecida capacidade técnica e
científica [6] agredir governos de países amigos (China, Índia, Irã, Venezuela)
a fim de agradar a metrópole [7] depreciar publicamente cidadãos do
Nordeste do Brasil [8] prestigiar oficiais entreguistas e menosprezar os nacionalistas [9]
aparelhar o estado com evangélicos em detrimento dos católicos, muçulmanos e espíritas
[10] ensejar embate entre seitas e a formação de um estado religioso contrário à laicidade do estado brasileiro.