quarta-feira, 22 de junho de 2011

POESIA

Se és capaz de manter a tua calma quando / todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa / de crer em ti quando estão todos duvidando / e para esses no entanto achar uma desculpa / Se és capaz de esperar sem te desesperares / ou, enganado, não mentir ao mentiroso / ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares / e não parecer bom demais, nem pretensioso / Se és capaz de pensar – sem que a isso só te atires / de sonhar – sem fazer dos sonhos teus senhores / Se encontrando a desgraça e o triunfo conseguires / tratar da mesma forma a esses dois impostores / Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas / em armadilhas as verdades que disseste / e as coisas, pelas quais deste a vida, estraçalhadas / e refazê-las com o bem pouco que te reste / Se és capaz de arriscar numa única parada / tudo quanto ganhaste em toda a tua vida / e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada / resignado, tornar ao ponto de partida / de forçar coração, nervos, músculos, tudo / a dar seja o que for que neles ainda existe / e a persistir assim quando, exaustos, contudo / resta a vontade em ti que ainda ordena: “persiste!” / Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes / e entre reis, não perder a naturalidade / e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes / Se a todos podes ser de alguma utilidade / e se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo o valor e brilho / tua é a terra com tudo o que existe no mundo / e o que é mais – tu serás um homem, ó meu filho!. (“Se” – Rudyard Kipling).

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