domingo, 19 de junho de 2011

FUTEBOL

Recentemente, as seleções da Irlanda e da Itália se enfrentaram. Em seus poucos ataques, a Irlanda fez um gol no primeiro tempo e outro no segundo tempo da partida. Vencedora de quatro copas do mundo, a Itália atacou muito, porém não conseguiu fazer gol. Isto acontece inclusive no Brasil, a mostrar que o controle da bola por mais tempo não assegura a vitória. Vence a equipe mais eficaz nas finalizações; se ambas forem eficazes, vence a que melhor aproveitar as falhas da equipe adversária.

Tratava-se de jogo amistoso entre as duas seleções. Entenda-se por amistoso aquele jogo disputado fora de campeonatos e sem contagem de pontos. A finalidade do amistoso pode ser beneficente ou preparatória para jogos de campeonatos. No amistoso beneficente o jogo é mais descontraído e os jogadores exibem suas habilidades individuais mais do que as virtudes coletivas. No amistoso preparatório há preocupação com a eficiência da equipe; o técnico faz experiências trocando jogadores, varia de táticas, leva a equipe para jogar em altas ou baixas altitudes contra equipes de nível alto ou médio. Exceto pela linguagem, o amistoso tem pouco a ver com amizade, seja o beneficente, seja o preparatório. Amigável e respeitoso há de ser todo o relacionamento na esfera esportiva, dentro e fora das quadras. Entretanto, o jogo é confronto. As iniciais gentilezas cessam e busca-se a vitória. Às vezes, o pau come solto, empanando o brilho do espetáculo.

O espírito de competição é umbilical. O jogador quer vencer, em jogo amistoso ou de campeonato, mesmo diante de adversário de qualidade técnica superior. O jogador não presta ajuda a sua equipe, pois a integra. Na sua função, o jogador tem o dever de se dedicar à equipe e de empregar o máximo da sua capacidade. Prestam ajuda: (i) o técnico, com sua orientação; (ii) o jogador que estiver fora do jogo mas presente no local, acompanhando e incentivando os companheiros; (iii) os torcedores com a sua empolgação; (iv) as fontes pagadoras ao manter em dia os salários dos jogadores.

Ainda é cedo para comparações entre Neymar e Messi. Embora a comparação seja método racional e científico, afigura-se desalentador o seu emprego com falta de critério. Cada jogador tem seu estilo próprio, sua personalidade própria, vive seu tempo e exibe suas potencialidades quando se lhe oferece ensejo. A comparação às vezes é maldosa. Exemplo: para humilhar ou menosprezar o jogador, comparam-no a alguém deficiente. A comparação às vezes é maliciosa. Exemplo: para enaltecer o jogador, afirmam que ele é melhor do que outro famoso por seu talento e qualidades específicas. Essa comparação maliciosa acontece com Pelé. Há jogadores que gostam de se valorizar se dizendo melhor do que esse notável jogador. Maradona é um deles.

O técnico do Santos FC tocou na ferida: Neymar é leve e magro. No choque com outros jogadores mais pesados, leva a pior. Além disto, é desarmado com freqüência. Nota-se nele certo deslumbramento e imaturidade. A imprensa esportiva exagera no incenso. Messi é mais corpulento e maduro, cai pouco, dribla bem, passes regulares, boas finalizações, sem se deslumbrar. Bom no clube espanhol, Messi é apenas sofrível na seleção argentina. Bons jogadores das outras seleções ofuscam o brilho da estrela messiana.
Técnicos também são comparados. Tomando por critério o desempenho da seleção, vitórias e derrotas de 2005 até 2011, verifica-se que Dunga foi melhor do que Parreira e Mano Meneses. Diante do que está acontecendo com a seleção brasileira atualmente, a imprensa esportiva estaria estrilando se o técnico fosse Dunga. Como o técnico é Meneses, os jornalistas o colocam nos cornos da Lua, apesar das derrotas e dos resultados pífios. Constata-se, dessa comparação, o quanto a imprensa esportiva é irracional e preconceituosa.

Nenhum comentário: