domingo, 5 de junho de 2011

VIAGEM5

Desta vez, não erramos a entrada para a “Cidade Eterna”. O GPS que Rafael instalou no automóvel nos guiou até o Hotel Mondial, da rede Best Western, na Via Torino. Segundo a lenda contada no curso ginasial, os gêmeos Rômulo e Remo, abandonados pela mãe, amamentados por uma loba, sobreviveram e fundaram Roma. Segundo a História, a fundação de Roma se deve aos povos itálicos da região do Lácio, ao sul do Rio Tibre, no alvorecer do primeiro milênio antes de Cristo, célula do futuro império que duraria 1.000 anos. Mantivemos a rotina: passeios a pé e de ônibus turístico que nos proporcionou ampla visão da cidade de Roma. Táxi do hotel para o ponto inicial do passeio e depois para o retorno. Visitamos a Fontana de Trevi, onde nos deparamos com multidão de pessoas em pé e sentadas apreciando, filmando e fotografando aquela beleza em mármore branco (pedra abundante na Itália). Águas jorrando entre esculturas impressionantes. Jussara se deixou fotografar pelo Rafael na parte posterior da fonte. O filme “La Dolce Vita”, dos anos 50, do século XX, certamente contribuiu para fazer da fonte uma notável atração turística. Fomos ao Partenão. O que era templo de deuses romanos virou templo de santos católicos (procedimento geral da igreja católica de substituir coisas e festas pagãs por coisas e festas cristãs). Valeu pela decoração, pela reminiscência histórica, pela arquitetura: amplo salão circular, paredes com nichos dos deuses e santos em toda a circunferência, abóbada alta, cúpula aberta por onde entra a luz solar, símbolo da luz divina. No Coliseu, admiramos a capacidade dos arquitetos romanos para construí-lo. Senti uma ponta de tristeza ao lembrar a crueldade que ali se praticava: o feroz e mortal combate entre os gladiadores, o dilacerar dos corpos dos cristãos nas bocas e garras dos leões. Na entrada da Praça da Basílica de São Pedro, no Vaticano, os policiais revistavam as pessoas. Andamos pelas ruas daquele minúsculo Estado, que se inscreve entre os menores do planeta, como Luxemburgo e Mônaco. Quando saíamos do restaurante em que almoçamos, assistimos a uma cena deprimente: um senhor idoso, alto, gordo, de óculos de grau, já dentro do estabelecimento, tentava se dirigir às mesas, porém servindo-se do espaço destinado à saída, sem perceber que havia espaço destinado à entrada. O garçom chamou-lhe a atenção de modo grosseiro e impaciente. Aquele senhor, que parecia oriundo do norte da Europa, não entendia o que o garçom dizia em italiano. O gerente interveio e indicou o caminho certo. Cessou o entrevero, mas as avermelhadas faces do idoso estampavam indignação pela agressão moral sofrida. Grosseria italiana. Fomos ao museu do Vaticano. Depois de muito caminhar por imensos e altos corredores, passando por inúmeras bancas de mercadores, chegamos à Capela Sistina (Sixtina), construída por ordem do papa Sisto ou Sixto IV (1471-1484) e pintada internamente por Michelangelo (teto e paredes). Arte magnífica. Entretanto, o burburinho e o acotovelamento não deixavam lugar para enlevo. O amplo e retangular salão estava apinhado de gente. Parecia gado no curral. Os guardas advertiam que era proibido tirar fotografias e pediam silêncio por se tratar de igreja (ali se procede a eleição do papa). Advertências inúteis em face da multidão, além de contraditórias, pois se o lugar é de culto e de reunião dos cardeais, não devia se prestar ao turismo.
Pessoa conhecida aconselhou Jussara a visitar Siena. Por coincidência, o motorista do taxi que nos levou do Coliseu ao hotel, referiu-se a Siena como a cidade em que passava as férias. De Roma, fomos a Siena, onde circulamos de automóvel e almoçamos. Cidade pequena, bucólica, sem outros atrativos além da paisagem natural. O estado de espírito, o estado de saúde, os objetivos, os interesses, as expectativas, mapeiam a impressão que temos das pessoas, coisas e lugares. Destarte, podemos nada ver de extraordinário em cidades que deixaram forte impressão em outras pessoas. Terceiros podem se decepcionar com pessoas, coisas e lugares que nos agradaram e recomendamos.
Em Pisa, o recepcionista do Hotel NH Cavalieri, da rede NH Hoteles, na Piazza della Stazione, aparentando sexagenário, simpático, recomendou-nos um apartamento duplex: sala de TV e varanda na parte inferior; dois quartos separados, com privacidade e banheiros exclusivos, na parte superior. Excelente. Estas e as do Hotel Belle Plage, da Rue Brougham, em Cannes, foram as melhores acomodações que tivemos durante toda a viagem. Preços módicos diante do espaço, conforto e bom atendimento. Visitamos a Torre de Pisa, que integra um conjunto arquitetônico revestido de mármore branco: batistério (construção alta e redonda), catedral e torre, sobre um jardim de macia grama, largo e bem cuidado. A inclinação da torre não é acentuada, embora desafie a lei da gravidade. O número de turistas era bem menor do que o enfrentado por nós nas cidades de Milão, Veneza, Florença e Roma. A cidade de Pisa nos causou boa impressão.

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