quarta-feira, 8 de junho de 2011

FUTEBOL2

Militam contra a regularidade no desempenho técnico e na eficiência do jogador fatores como: (i) desavença na diretoria do clube, problemas financeiros, falta de pagamento, seguidas mudanças na equipe técnica; (ii) turbulência na família, má conduta, agressividade da torcida, ameaças de morte ou dano pessoal e patrimonial, assédio de outros clubes com promessas sedutoras.
A passagem do tempo é fator prosaico. Alguns jogadores sentem os efeitos mais cedo e outros, mais tarde. Geralmente, a vida profissional do jogador começa aos 18 anos e se encerra por volta dos 35 anos de idade. Em média, após 10 anos de profissionalismo, o jogador começa a apresentar desempenho irregular; decai na eficiência; os aguerridos perdem o ímpeto. Djalma Santos, como defensor, um dos maiores jogadores de todos os tempos, atuou bem nos campos de futebol com mais de 40 anos de idade. O genial Romário chegou lá com menos vigor: parado em campo, ele aguardava ensejo para completar 1.000 gols.
Outro fator de irregularidade e de redução da eficiência são as contusões. Ao voltar recuperado da contusão, o jogador necessita de algum tempo para retornar à boa forma. Dependendo da gravidade da contusão, o jogador jamais recupera a forma, como aconteceu com Ronaldo Nazário. Ele sofreu lesões sérias no joelho e da última vez acreditava-se que não tornaria mais a jogar futebol. A superação foi considerada fenomenal. Daí surgiu o apelido “fenômeno”. Da cura quase milagrosa da pessoa, o apelido passou para a qualificação do jogador, embora a sua forma física e técnica jamais tenha voltado ao que era. Originalmente, pois, o “fenômeno” Ronaldo referia-se à sua capacidade de se recuperar das lesões e não ao seu desempenho como jogador. Neste particular, fenômeno mesmo foi Garrincha, que no campo jogava divinamente com as pernas tortas.
A estabilidade financeira e o patrimônio acumulado contribuem para a preguiça do jogador em campo. Quando rico e famoso, o jogador tende a relaxar e se descuida da dieta: excede-se no consumo de alimentos e de bebidas alcoólicas; entrega-se ao tabagismo, à esbórnia e às drogas proibidas. Dedica-se menos aos treinos. Esquece-se do compromisso com o clube e com a sociedade. Durante o contrato, o jogador tem o dever de se cuidar, pois a sua boa disposição física e psicológica e a boa conduta são inerentes à sua atividade profissional. O clube e os torcedores esperam do contratado o cumprimento dessas condições; esperam vê-lo bem disposto em campo e com imagem limpa; a mesma expectativa da parcela decente da sociedade. Ao celebrar contrato, as partes contratantes limitam a si próprias, em seus direitos e liberdades, pois contraem obrigações explícitas e implícitas nas cláusulas. A conduta dos jogadores há de se conformar com o padrão moral vigente na sociedade de modo a não manchar a própria imagem e a do clube. O compromisso do técnico e dos jogadores além de esportivo, também é moral e social. Na Europa, a má conduta pode ser justa causa para rescindir o contrato. No Brasil, também.
Ronaldo Nazário, Ronaldo Gaúcho e Adriano, entre outros menos famosos, protagonizaram episódios de quebra desse importante compromisso. Por três vezes Ronaldo Nazário recebeu o título de melhor jogador do mundo, outorgado pela FIFA, o que pouco significa diante do esquema de corrupção existente nessa entidade, inclusive no que tange à compra de votos. O terceiro título foi imerecido por mais um fato notório: Zidane estava melhor do que Ronaldo. O francês e demais candidatos foram consolados posteriormente: cada um, à sua vez, recebeu o título: Zidane, Cristiano e Messi. Mesmo com um desempenho fraco na Copa de 2010, o argentino ganhou o título. Politicagem fifense. O merecedor do título era o holandês Sneijder por sua regularidade e eficiência durante toda a competição.
Após o escândalo com travestis no Rio de Janeiro, a representação de Ronaldo Nazário perante a juventude mundial foi cassada pela UNESCO e diminuíram suas chances como garoto propaganda na Europa e como jogador de clube europeu. Segundo Caetano Veloso não há pecado abaixo da linha do equador. Apesar disto, neste Brasil de frouxos laços morais, foi pequeno o interesse em contratar Ronaldo. O Flamengo o deixou na sala de espera. O Corinthians se dispôs a contratá-lo.
A filosofia de Caetano ignora que imoralidade e criminalidade são xipófagas, irmãs gêmeas: a primeira abre portas à segunda.
A opção sexual de cada jogador cabe ao seu exclusivo juízo. Se lhe apetece, pode transar com duas ou mais pessoas do mesmo sexo, travestis ou não, ao mesmo tempo e sob o mesmo teto. Entrevistado por repórter de jornal impresso, um travesti informa que há clientes que o procuram – não para penetrar (ou “traçar” como ouvi em canal de TV) – mas para serem penetrados (“traçados”), ou para as duas coisas, em trocas de posição durante o ato. Apesar dessa liberdade no campo sexual, os setores públicos e privados da sociedade não estão obrigados a tolerar escândalo decorrente das práticas sexuais que extrapolam os limites da intimidade.
Ronaldo Gaúcho, gênio do futebol mundial, também recebeu da FIFA o título de melhor jogador do mundo. Naquela ocasião, o título foi merecido, diga-se de passagem. Após atravessar má fase, recuperou a forma. A farra o derrubou. O episódio marcante foi a esbórnia em Milão por madrugadas seguidas até a véspera de jogo decisivo para seu clube. Tamanha irresponsabilidade diminuiu suas chances de convocação para integrar a seleção brasileira. Retornou ao Brasil. Disputado por alguns clubes, apesar da fase descendente, acabou contratado pelo Flamengo onde seu desempenho apresenta a irregularidade própria desse período que todos os jogadores atravessam na vida profissional.
Adriano, excelente jogador cujas ligações perigosas e vida social tumultuada o colocaram sob suspeita: a sua imagem ficou mais associada à de bandido do que à de cidadão respeitável. Perdeu a chance de ser convocado para integrar a seleção brasileira. Saiu do Flamengo, voltou para a Itália e retornou ao Brasil, onde foi contratado pelo Corinthians, apesar de estar fora de forma.

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