O artigo “Ódio na Política”,
publicado neste blog em 28/03/2008, seguiu a linha das admoestações aos
governos de Fernando Henrique e Luiz Inácio feitas por mim no jornal impresso Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro, ao
longo de 20 anos, quanto às mazelas dos governos tucano e petista. O tucano e o
petista prometiam governo honesto diferente dos maus costumes até então
vigentes. No entanto, a safadeza continuou nos dois governos muito mais
acentuada do que nos governos de Collor e Sarney. O prometido modelo econômico
oposto ao neoliberal não foi implantado. O governo petista seguiu à risca o
programa do governo tucano: colocou um tucano no Banco Central, esperto em
práticas ilícitas (como a remessa de dinheiro para fora do país) e um
condescendente no Ministério da Fazenda, esperto em arrecadar dinheiro para o
partido, participar de festinhas em Brasília e violar sigilo bancário. O artigo
acima citado censurava as altas taxas de juros que proporcionavam lucros
fabulosos aos bancos. Ninguém proporciona estrondosos lucros a terceiros sem
receber algo em troca. Eu
via, nisto, indício de arrecadação de fundos para alimentar os projetos tucano
e petista de navegação de longo curso.
O artigo também comentava o ódio
e a arrogância manifestados pelos militantes do PT, líderes ou não, espalhados nos
diversos escalões da república e no Congresso Nacional. Os petistas demonstravam
ódio contra todos aqueles que desvendassem a sórdida e oculta face do PT; raiva
e ódio daqueles que pretendiam investigar os gastos ilícitos da presidência da república.
Eles formaram tropa de choque na CPI dos cartões corporativos para blindar os
companheiros. Como esse tipo de cartão de crédito foi inventado pelos tucanos
no governo de Fernando Henrique, tudo ficou como antes. O sigilo das contas da presidência
ou de qualquer órgão público é incompatível com a forma republicana de governo
onde todos os gastos devem ser comprovados. O saque de dinheiro público, por
agente público ou privado, mediante cartão de crédito é inconcebível. O cartão
corporativo é inaceitável no setor público, onde vigem a legalidade e a
indisponibilidade do erário. A destinação da verba pública tem de ser
específica e dentro das formalidades orçamentárias que assegurem a fiscalização
e o controle.
Reproduzia-se no governo Luiz
Inácio a bandalheira do governo Fernando Henrique. Desde as eleições de 2014, o
ódio mudou de lado. Agora, são os quadros do PSDB e aliados que destilam ódio contra
o PT e aliados. Graves ofensas pessoais. Nível ético baixíssimo. A grande
imprensa (jornais impressos, emissoras de televisão) prestigia e endossa os
ataques desferidos pelo PSDB contra o governo petista. O clima de ódio
propaga-se por todo o país. Amizades foram rompidas. Pessoas que pareciam ser
de bom caráter, revelaram-se o oposto. No facebook, sem se conhecerem, tão só por
divergência político-partidária, as pessoas ofendem umas às outras, o que é o
máximo da leviandade. O caráter mal formado, a falta de educação e o linguajar
chulo não são apanágios dos jovens imaturos, exclusivamente, mas, também, de
pessoas adultas e com diploma universitário. Esses intolerantes agressores se
dizem democratas e cristãos, mas não aceitam a derrota do seu candidato em
eleições limpas e legais e promovem ostensiva e sórdida campanha para afastar a
candidata eleita. Esses “cristãos democratas” são golpistas indecorosos.
Nas eleições presidenciais de
2014 notou-se clara divisão dos eleitores no mapa divulgado pela imprensa: o
Sul aristocrata, colorido de azul, onde venceu o candidato tucano e o Norte
democrata, colorido de vermelho, onde venceu a candidata petista. No Sul,
preponderam os filiados e simpatizantes do PSDB e partidos aliados e no Norte,
os filiados e simpatizantes do PT e partidos aliados. A minoria no Sul é
democrata. A minoria no Norte é aristocrata. A operação lava-jato foi
deflagrada no Sul (Paraná), onde a maioria tucana se faz presente na polícia
federal, no ministério público, no executivo, no judiciário e na imprensa. Isto
já é motivo de suspeição. A forma tendenciosa como a operação está sendo
conduzida, reforça a suspeição. A imprensa divulga depoimento prestado por
criminoso cujo interesse é o de se livrar da pena ou obter redução da pena. Por
isto mesmo, o criminoso diz o que lhe é sugerido pelo delegado, pelo promotor e
pelo juiz. Omite-se qualquer referência à corrupção na Petrobrás ao tempo do
governo Fernando Henrique (PSDB). O objetivo é desestabilizar o governo da
candidata que venceu as eleições. Conforme circulou na rede de computadores, o juiz
do processo é marido da advogada do PSDB no Paraná. Se isto for verdade, então
era dever do juiz se declarar suspeito ou impedido em atenção à ética da
magistratura. A imprensa tucana paranaense e nacional explora qualquer fato,
ainda que falso, em desfavor do governo petista e silencia sobre ilícitos do
governo tucano praticados na Petrobras e na alienação das empresas públicas
estratégicas.
O equilíbrio da balança judicial
certamente ocorrerá depois que o processo sair da jurisdição sulista, seguir
para Brasília e passar pelo crivo do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo
Tribunal Federal. Enquanto o processo estiver no Paraná, a balança penderá para
os tucanos golpistas. Brasília fica entre o Sul e o Norte, o que sugere
mediação e equilíbrio dos tribunais entre as duas forças antagônicas. Essa
posição geopolítica pode influir beneficamente na visão ampla e panorâmica das
autoridades judiciais superiores, ajudar na equidistância dos juízes no
confronto entre aristocratas sulistas e democratas nortistas. A posição geográfica
da capital foi projetada pelos militares que golpearam a monarquia e
instauraram a república. O objetivo da mudança da capital era estratégico: dificultar agressão
estrangeira pelo litoral à sede do governo federal e estimular o
desenvolvimento social e econômico da região central. Constou das Constituições
e Cartas da república até se tornar realidade no governo JK. Tendo em vista a
sofisticação das armas contemporâneas, o primeiro motivo não mais subsiste. A
sede do governo pode ser atingida por míssil disparado a quilômetros de
distância. O segundo motivo subsiste e contribuiu de fato para o progresso do
Brasil central e setentrional. As forças armadas fundaram a república e dela
são tutoras. O aumento artificial do escândalo pelo tucanato apoiado pela
grande imprensa visa a alarmar a população e criar expectativa de intervenção militar.
As forças armadas nem sempre defenderam a legalidade na história brasileira. Na
atual conjuntura, espera-se que elas cumpram o seu dever e assegurem o mandato
da presidente eleita democraticamente e que governa dentro dos parâmetros da
Constituição. Caso isto não aconteça, haverá confronto armado entre o exército de Caxias e o exército do Povo. Desta vez, não será um
punhado de civis extremistas e impacientes que lutarão pela democracia e sim
parte considerável da população devidamente organizada. No seio das forças
armadas poderá ocorrer divisão: de um lado, soldados aristocratas e de outro,
soldados democratas.
Na década de 1990, Luiz Inácio da
Silva, que fora deputado constituinte, contou cerca de 300 picaretas no
Congresso Nacional. Certamente, esses picaretas ajudaram na picaretagem dos
governos do PSDB e do PT. Ante os escândalos que vieram à luz posteriormente, esse
número provavelmente aumentou. Que boa reforma se pode esperar de um bando de picaretas? A solução
não é apenas afastar as quadrilhas de bandidos do colarinho branco que infestam
a política brasileira. As agremiações políticas devem dispor em seus quadros de
pessoas dotadas de espírito público, de escolaridade superior, de excelente
formação moral, cumpridoras das suas obrigações para com a família e a
sociedade. Necessário também que, por sua vez, o eleitor amadureça e se
conscientize da importância de um comportamento guiado por valores morais.
Disto resultará boa escolha dos representantes do povo e melhor cuidado do bem público.
Enquanto isto não acontecer, reforma alguma será eficaz e a situação continuará a mesma: roubalheira e quadrilhas
se revezando no governo. A crise na política é moral e afetou o sistema
representativo. Daí, o grito do povo, no movimento de junho de 2013, dirigido aos
legisladores e chefes de governo: “VOCÊS NÃO NOS REPRESENTAM”. Vox populi vox dei.
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