domingo, 5 de fevereiro de 2012

VIAGEM

V

O dia seguinte.

Sem ressaca. Boa disposição física e mental. Festa bendita. O projeto de visitar Marco Valério e Lucinyr, casal nosso amigo de longa data, naufragou nas águas curitibanas. Solicitei o número do telefone fixo e do celular do Marco, pois esquecera a agenda em Penedo. Jussara mo informou. Liguei pela manhã e à tarde de sábado (28/01/2012), sem êxito. Creio que eles estavam na praia, onde moram Luciano e Lunyr, pais de Lucinyr, também nossos amigos há mais de 40 anos e que, para satisfação nossa, visitaram-nos aqui em Penedo ano passado. Visitamos minha sogra, dona Isaura, mãe da Jussara, no Jardim das Américas. Depois, rumamos para a Ordem Rosacruz, Loja Curitiba, situada no bairro Bacacheri; adquirimos incenso e material de sanctum. Regressamos ao hotel. Usamos a piscina, a sauna seca e a sauna a vapor. Rafael ainda usou os aparelhos de musculação para não perder a seqüência de exercícios da academia carioca. Eu me limitei ao alongamento. À noite, batemos o ponto no restaurante Novo Madalosso, em Santa Felicidade, onde jantamos.

No domingo (29/01/2012), depois do check out no hotel, ou seja, depois de encerrar a estadia no hotel (parece feio usar o vernáculo; tem que usar o inglês!) seguimos para a casa da minha irmã Adília e de lá fomos para a casa da filha dela, Vanice, minha sobrinha. Farta macarronada nos esperava, com dois tipos de salada de batata e filé na grelha. Refrigerante e cerveja à vontade. Sorvete de sobremesa. Consumi cerca de dois litros de cerveja sem perder o equilíbrio físico (quanto ao mental, nem tanto). Rafael bebeu refrigerante, pois tinha de conduzir o automóvel até o aeroporto, onde ajustamos conta com a locadora. O intuito do almoço foi o de celebrar o domingueiro costume do lado materno da nossa família: a indefectível macarronada. Lá estavam: (i) Gilson, marido de Vanice, o anfitrião, senhor da churrasqueira e da carne grelhada, e a mãe dele, senhora simpática e bem educada; (ii) Juliano e Vinícius, meus sobrinhos netos, filhos da Vanice; (iii) minha sobrinha Viviane, a filha Andréa, as netas e o marido; (iv) Adília e Delair, meu cunhado; (v) Rafael e eu; (vi) funcionários da empresa de Gilson. Conversamos, rimos e nos abraçamos durante o evento, hábito antigo entre nós de conversar em decibéis acima da média, toques e abraços durante a conversa, mais riso do que sisudez, tempo curto para tristeza e longo para alegria, despedidas repetidas duas ou mais vezes, como se o iminente distanciamento fosse indesejável.

No seio da família, desde os avoengos do início do século XX, houve divergências, desilusões, separações, esperanças perdidas, projetos frustrados, diferentes caminhos, mágoas que vieram à superfície, outras que ficaram no fundo das nossas almas, lacunas em nossos corações deixadas pelas pessoas amadas que passaram pela transição ou que se ocultaram no isolamento. Entretanto, permanece um vínculo indelével que teima em não se romper. Nos últimos 70 anos, quantas pessoas, depois de comungarem conosco em família, entraram nas brumas do esquecimento, túmulo da recordação. Quantas pessoas que conviveram conosco no bairro, na escola, no colégio, na universidade, na empresa, no serviço militar, na profissão liberal, no magistério, no tribunal, nas reuniões sociais, também mergulharam nessas brumas sem que nos lembremos dos nomes e das fisionomias. Alternam-se lembranças e esquecimentos; visibilidade e invisibilidade.  Assim é a vida humana em sociedade, até a derradeira morada.

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