terça-feira, 2 de agosto de 2011

FUTEBOL

Como dito alhures, há jogadores, bons ou medianos, com faro de gol. No jogo do Flamengo contra o Grêmio (de Porto Alegre) realizado no Rio de Janeiro, em 30.07.2011, houve lance que ilustra bem o significado dessa expressão. Jogador da defesa atrasa bola para seu companheiro situado próximo da área gremista. Este, por sua vez, passa a bola para o goleiro. Ronaldo Gaúcho, que estava distante, quase na linha intermediária do campo, farejou o gol. Sabendo que o goleiro não podia pegar a bola com as mãos, saiu em louca disparada. O goleiro ficou aflito com a velocidade de Ronaldo e se embaraçou com a bola. Ronaldo alcançou-o antes que ele chutasse. Os dois disputaram a bola. Habilidoso, Ronaldo tirou a bola dos pés do goleiro, colocou-se em posição favorável e fez o gol. Isto é faro de gol. O faro atiça o senso de oportunidade e pode inclusive levar o jogador a produzir a chance ao invés de só esperá-la. Lembra a canção do Geraldo Vandré: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

O defensor gremista que efetuou o passe ficou estupefato. O seu companheiro tentou chegar a tempo de impedir o indesejável desfecho. Tarde demais. A bola entrou. Apesar de ter sido jogador do Grêmio, Ronaldo comemorou o farejado gol efusivamente. Deixar de comemorar porque jogou no time adversário, além de tolice, é deslealdade para com o seu time atual, que nele confiou, contratou-o, paga-lhe o salário e o cerca de cuidados. A negativa de comemorar significa ainda falta de solidariedade com todos aqueles que vibram de alegria: torcida, companheiros de equipe, treinador, sócios e diretores do clube.

Parte do público no estádio e dos profissionais da imprensa esportiva também pressente o gol no desenrolar de certas jogadas. Há uma sensação coletiva. Todos, ao mesmo tempo, tomam consciência do que está preste a acontecer no campo. Levantam-se. Suspendem a respiração. Se o gol sai, explodem de alegria, gesticulam, agitam bandeiras e símbolos da sua equipe, se abraçam, pulam e gritam. Se o gol não sai, ouve-se um “ó” de frustração geral e todos voltam a se acomodar nos assentos. Alguns comentam o ocorrido; outros ficam quietos. Os torcedores do outro time ficam felizes. Conforme a velocidade da jogada, os narradores aumentam o volume da voz, aceleram a narrativa e elevam o tom emocional. Se a finalização é exitosa, soltam o tradicional grito: goooooollllll. Se o gol não sai, elogiam a beleza da jogada e passam a bola para o comentarista.

No jogo de domingo (31/07/2011), a equipe do Santos FC voltou a perder, desta vez para a equipe do Clube Atlético Paranaense (CAP), na Arena da Baixada, em Curitiba. A chuva, as poças de água, o mal estado do gramado, prejudicaram o espetáculo. Começo fulminante. Em nove minutos, a equipe paranaense faz dois gols. Logo a seguir, a equipe santista faz o seu primeiro gol; no segundo tempo, faz o segundo. O jogo permaneceu empatado quase até o final, quando os paranaenses desempataram. Na entrevista em campo, o autor do gol da vitória do CAP, diz que os jogadores seguiram a orientação do treinador do time: não parar e não relaxar, enquanto o juiz não apitar (certamente, a rima ajudou a gravar a ordem na memória). Por seguirem a inteligente determinação do treinador, os jogadores obtiveram a vitória no penúltimo minuto da partida, já no tempo acrescido pelo árbitro.

Faltam muitas rodadas para o campeonato brasileiro terminar. A posição dos clubes no quadro de classificação ainda mudará algumas vezes. Esse quadro serve para mostrar a dinâmica do torneio, mas pode criar ilusão e até mesmo displicência de quem está no topo. Somente a rodada final é que servirá de bússola com alguma segurança. Clubes que estão na parte de baixo poderão ascender a boas posições. O CAP mostrou vontade e capacidade de reagir e escapar da zona do rebaixamento. Parece que vai conseguir.

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