terça-feira, 9 de agosto de 2011

POESIA

Primeira distração do dia luminoso / ó ilhas, deusas pela espuma e pela rosa! / Quando o primeiro ardor fizer que vossa rocha / corando experimente um éden poderoso / ó ilhas que eu predigo, então sereis colméias / pontas que um fogo após intimidar esposa / bosques que zumbireis de feras e de idéias / de hinos de homens com os dons de um éter justo honrados / ó ilhas! No rumor de vossos véus de mar / mães virgens para sempre, embora o neguem marcas / de joelhos vós me sois maravilhosas Parcas: / nada existe que iguale as vossas flores, no ar / mas como vossos pés, no abismo, estão gelados! (“La Jeune Parque” – Paul Ambroise Valéry).
Esse teto tranqüilo, onde andam pombas / palpita entre pinheiros, entre túmulos. / O meio-dia justo nele incende / o mar, o mar recomeçando sempre. / Oh, recompensa, após um pensamento / um longo olhar sobre a calma dos deuses! / Que lavor puro de brilhos consome / tanto diamante de indistinta espuma / e quanta paz parece conceber-se! / Quando repousa sobre o abismo um sol / límpidas obras de uma eterna causa / fulge o tempo e o sonho é sabedoria. / Tesouro estável, templo de Minerva / massa de calma e nítida reserva / água franzida, ôlho que em ti escondes / tanto de sono sob um véu de chama / ó meu silêncio!... Um edifício na alma / cume dourado de mil telhas, teto! / Templo do Templo, que um suspiro exprime / subo a este ponto puro e me acostumo / todo envolto por meu olhar marinho. / E como aos deuses dádiva suprema / o resplendor solar sereno esparze / na altitude um desprezo soberano / ... / (Excerto de “O Cemitério Marinho” – Paul Ambroise Valéry).

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