domingo, 6 de março de 2011

VIAGEM2

VIAGEM A CAMPINAS – II.

Na festa realizada na sociedade hípica, conhecemos as filhas, genros, netos e amigos do Lothar. Conversamos mais tempo com uns do que com outros. O Lothar referiu-se a mim como juiz federal. Na verdade, eu sempre fui juiz de direito estadual: primeiro, do Estado do Paraná (1970/1973); depois, do Estado da Guanabara (1973/1975) e por fim, do novo Estado do Rio de Janeiro (1975/1990). Tanto na magistratura do Paraná como na da Guanabara ingressei por aprovação em concurso público. Inscrevi-me no concurso para juiz federal, porém, o concurso da Guanabara saiu antes e eu lhe dei preferência. A confusão do Lothar deve-se a essa minha mobilidade em diferentes Estados da federação.
Aliás, colegas do Paraná afirmavam que eu havia passado em 1° lugar no concurso da Guanabara, sem que eu jamais falasse a respeito. Eles imaginavam e torciam por essa colocação, mas, na verdade, eu passei em 40º lugar. Eu ficaria feliz até com o último lugar, pois centenas de juízes, procuradores, promotores de justiça, defensores públicos e advogados vieram de vários Estados do Brasil, como RS, SP, RJ (antigo), MG, ES, AM, AC, disputar vagas no Estado da Guanabara. Foram aprovados 45. A maioria ficou nas provas escritas. Outros foram eliminados nas provas orais. A magistratura da Guanabara era bem conceituada no país. O Estado era rico e pagava muito bem os juízes. Entrei como juiz substituto ganhando três vezes mais do que ganhava como juiz substituto no Paraná. A banca examinadora era rigorosa e composta de juristas de escol (Ebert Chamoun, Hélio Tornaghi, Oscar Tenório).
A reunião estava animada. Uísque, cerveja, refrigerante, água mineral, à beça. Misturei tudo. Gosto de bebida gelada. A garganta que já não estava boa começou a dar sinais de agravamento. O alimento descia apertado. Jantar muito bom. Exposição de fotografias pelo laptop e projeção em tela, com fundo musical. Foi emocionante. Eu guardo boa lembrança do Lothar, da sua irmã, dos seus pais e da casa deles em Curitiba (apareceram nas fotos). Eles moravam perto da casa da minha irmã Adília. Paralelo às fotos na tela, o filme da minha juventude rodou na superfície da minha mente, projetado do fundo da memória. Imagens de pessoas queridas, vivas e mortas, recordação de episódios, alguns alegres, outros dolorosos, horas difíceis e horas felizes. Um sentimento misto de saudade e tristeza acompanhou a lembrança. Chorei. Jussara me socorreu, gentil e maternamente, preocupada com a minha saúde. Depois, Lothar e eu em pé, lado a lado, ambos com os olhos lacrimejados, ele segurando o copo de uísque, pousa o outro braço no meu ombro. Naquele instante, veio-me a sensação de que éramos dois sobreviventes no oceano da vida.
Impulsivamente, fiz um breve discurso em homenagem ao aniversariante. Era a despedida sem anúncio prévio. Saí da festa à francesa, como disse Larissa, simpática e educada filha do Lothar, no almoço do dia seguinte.
Sexta feira, 18/02/2011. 10,00 horas. Jussara e eu saímos a passear / hora e meia, calmos a folgar / fotografia dela tirei / na praça do coreto e chafariz / atrás o hotel Ibis em que fiquei / à frente o largo da eclesiástica matriz. Versejar também é preciso, meu caro Pessoa. Conhecemos a catedral, abóbada altíssima, altares emoldurados com madeira de lei escura e desenhos entalhados, que produz uma atmosfera pesada no interior da igreja. Lá se encontravam pessoas descansando e orando, idosos a maioria. Tiramos fotografia do exterior. Reserva-se o entorno aos pedestres. Intenso movimento. Entramos no mercado municipal. Transitamos por algum tempo. Retornamos ao hotel, pegamos o violão, alugamos um taxi e fomos para a casa do Lothar. Almoçamos costela bovina, alcatra, salada, sobremesa, vinho, cerveja, refrigerante, água mineral. Conversamos e cantamos (Waldir, Marília, Janete, Jussara, Lina, Lothar). Apesar da garganta adoentada e do rescaldo emocional do dia anterior, consegui cantar músicas da época de solteiro (1955/1970). Depois, assistimos, em DVD, ao excelente espetáculo do violinista holandês André(s) Rieu. Na janta, o mesmo cardápio do almoço (“queima de ossos”) sob a zombaria do Waldir, cujo repertório de piadas é imenso. Foram momentos de descontração, riso e alegria.

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