quinta-feira, 17 de março de 2011

RELIGIÃO

ANTIGO TESTAMENTO - III.

Juízes.

Este livro narra os conflitos entre os hebreus e seus vizinhos em Canaã. Quando subjugados, os hebreus suplicavam por um libertador à divindade. Eles adoravam Baal e Astarte (nome geral que davam a deuses e deusas dos povos vizinhos). Os governantes recebiam o título de juiz, cuja missão era reatar a aliança com Javé, obter o perdão da divindade, recuperar o território perdido, tratar dos assuntos religiosos e das querelas internas. Cada tribo tinha seu chefe e gozava de autonomia. Otoniel, Aod e Samgar foram os primeiros juízes. Depois deles veio Débora, juíza e profetiza que ordenou o ataque ao rei de Canaã. O general por ela indicado, Barac, venceu a batalha. Passado algum tempo, os hebreus caíram sob domínio estrangeiro. A missão libertadora coube a Gedeão, que organiza pequeno exército, vence os inimigos, mas recusa a realeza que o povo lhe ofereceu, dizendo que só Deus era rei.

Abimelec matou os 70 filhos de Gedeão, se fez rei dos hebreus e reinou por três anos. Foi morto quando tentava destruir a cidade de Tebes, cujos habitantes haviam se rebelado. Três juízes se sucederam no governo: Tola, Jair e Jefté. Durante a excursão contra o rei de Amon (Leste do Rio Jordão, tríplice fronteira com os territórios das tribos de Rubem, Gad e Manasses) o juiz Jefté prometeu ao deus Javé que, se vencesse os amonitas, aquele que primeiro saísse ao seu encontro quando regressasse à sua casa seria oferecido em holocausto. Jefté venceu a batalha. Ao regressar, a primeira pessoa que saiu ao seu encontro foi a sua jovem, virgem e única filha. Jefté concedeu-lhe dois meses de liberdade para, nas colinas, chorar a virgindade com as amigas. Decorrido o prazo, ele a sacrificou no altar de Javé.

Mais três juízes se sucederam no governo em 25 anos: Ibsã, Elon e Abdon. O mais famoso dos juízes foi Sansão, cujos pais o consagraram pelo milagre de ter nascido de mulher estéril. Sansão foi juiz de Israel por 20 anos. Era dotado de força física descomunal. Matou um leão sem arma alguma, só com as mãos. Incendiou o trigo, as vinhas e os olivais dos filisteus porque, na sua ausência, a sua esposa, que pertencia a esse povo, foi dada em casamento a outro jovem. Alguns filisteus se vingaram queimando a esposa e o sogro de Sansão. Em represália, ele matou os assassinos. O povo filisteu reagiu e subjugou a tribo de Judá. Os judeus procuraram Sansão, prenderam-no e o entregaram aos filisteus. Enquanto estes se alegravam, Sansão rompe as amarras e com uma queixada de jumento mata mais de mil deles. Depois, enamora-se de Dalila, mulher estranha ao povo hebreu. Os filisteus a procuram e oferecem dinheiro para que ela descubra a fonte da força de Sansão. Frustradas três tentativas, porque Sansão lhe passou informações falsas, Dalila finalmente consegue a informação correta: os longos cabelos do nazareno era a fonte da força. Dalila aproveita-se do sono de Sansão e lhe raspa a cabeça. Os filisteus o prendem, cegam-no e dele se servem para girar a mó (pedra redonda e chata que tritura grãos no moinho). Durante festa religiosa, os filisteus colocam Sansão entre duas colunas do templo para diverti-los. O condutor atendeu ao pedido de Sansão (já de cabelos crescidos) para tocar e abraçar as colunas. Sansão sacudiu as colunas com força e todo o edifício veio abaixo. Além dele próprio, morreram cerca de três mil pessoas (o templo devia ser muito grande).

Na parte final desse livro, contam-se dois episódios. O primeiro refere-se ao furto, pelos membros da tribo de Dã, de um ídolo e acessórios ritualísticos do homem chamado Micas e do seqüestro do jovem levita que ali servia de sacerdote. Depois, atacaram a cidade de Lais, queimaram-na, mataram os habitantes, reedificaram-na com o nome de Dã e mantiveram o ídolo em santuário.

O segundo episódio relaciona-se à tribo de Benjamin. Um levita regressava com a concubina e o servo à sua casa em Efraim. Vinha de Belém e se recusou a parar em Jerusalém, habitada pelos jebuseus. Preferiu seguir até Gabaa, cidade que ficava em território da tribo de Benjamin. Ali estaria entre hebreus. Ao chegar, todos lhe negaram hospedagem. Um homem idoso se condoeu e ofereceu a sua casa. Os habitantes da cidade cercaram a casa e ameaçavam matar o levita. Para evitar a tragédia, o ancião ofereceu-lhes a sua filha virgem e a concubina do hóspede. Sem êxito. Então, o levita, em pessoa, apareceu à turba e entregou a concubina. Eles aceitaram a oferta e dela se serviram. Quando o levita abriu a porta na manhã seguinte, lá estava a concubina estendida e morta. Ele a levou para sua casa, cortou-a em 12 pedaços e enviou cada pedaço a diferentes pontos do território de Israel. As lideranças das tribos se reuniram em assembléia e exigiram que a tribo de Benjamin lhes entregasse os habitantes de Gabaa responsáveis pelo crime. A exigência não foi atendida. Javé escolheu a tribo de Judá para atacar a tribo de Benjamin. Os judeus foram derrotados. A assembléia resolveu atacar com as tribos restantes. Nesta segunda investida, a derrota foi da tribo de Benjamin. Os vencedores queimaram as cidades e mataram os habitantes e animais. A assembléia resolveu reabilitar a tribo de Benjamin, para que o número de tribos (12) não ficasse alterado. Providenciaram mulheres para os poucos sobreviventes (o que indica que haviam matado quase todas as mulheres daquela tribo) e permitiram a reconstrução das cidades.

Rute.

Este livro conta episódio da vida de um casal de judeus (Elimelec e Noemi) que partiu de Belém (Judá) para os campos de Moab, com seus dois filhos (Maalon e Quelion), porque havia fome na Palestina ao tempo em que os juízes a governavam. Os dois filhos casaram com mulheres moabitas (Orfa e Rute). O marido e os filhos de Noemi faleceram. O período de fome na Palestina chega ao fim. Ela manda as noras se juntarem às respectivas famílias em Moab, porém, Rute se nega a ir, acompanha a sogra a Judá e se converte ao judaísmo. Noemi coloca à venda a parte do campo que pertencia ao marido. O parente mais próximo tinha preferência na aquisição da propriedade (lei mosaica). A compra incluía a nora viúva (Rute). O parente preferencial recusou-se a comprar e negociou o direito de resgate com o parente imediato na linha de sucessão: Booz, dono do campo onde Rute trabalhava. Ele comprou a propriedade e tomou Rute por esposa. Desse casamento nasceu o avô do rei Davi.

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