sexta-feira, 25 de março de 2011

RELIGIÃO

ANTIGO TESTAMENTO - VII.

Habacuc.

Este livro refere-se ao período da invasão dos caldeus (605 a.C.). Habacuc trata do problema do mal. A solução, segundo ele, está na intervenção divina que salvará o justo e punirá o malfeitor. Profetiza a extensão do conhecimento divino à Terra inteira. Nesse livro há o diálogo do profeta com a divindade e 5 maldições: (i) ai daquele que amontoa o bem alheio (ii) ai daquele que procura lucros criminosos para a sua casa (iii) ai daquele que constrói uma cidade a preço de sangue, que funda uma cidade na iniqüidade (iv) ai daquele que dá a beber aos outros misturando um veneno que os embriague, para ver a sua nudez (v) ai daquele que diz à madeira “desperta-te” e à pedra “levanta-te”, não se ouvirá mais do que silêncio; do que serve a imagem esculpida para que o escultor a faça? O ídolo fundido que só ensina mentiras, para que o artífice nele ponha a sua confiança, fabricando divindades mudas? Mas o Senhor reside em sua santa morada; silêncio diante dele, ó terra inteira. Uma oração do profeta encerra o livro.

Jeremias.

Este profeta nasceu na Judéia, de uma família sacerdotal (650 a.C.). Iniciou o seu ministério profético no reinado de Josias e sustentou a reforma religiosa após a descoberta do livro da lei. O povo queixava-se muito do deus Javé e voltava-se para outros deuses. O profeta combatia esses abusos, profetizava desgraças e aconselhava a não resistência aos caldeus e a fuga para o Egito, o que suscitou a ira do povo e dos poderosos que quase o mataram. Preso em uma cisterna, foi salvo por um escravo do rei. Profetizou a queda de Jerusalém. O ministério de Jeremias durou 40 anos. Este livro revela fatos sobre a sua pessoa. Há relatos das suas atividades, dos seus sentimentos, dos seus sofrimentos, suas lutas interiores. Interessante a interpelação que ele faz ao seu deus sobre a prosperidade dos maus. O profeta parece duvidar da justiça divina: vós sois sumamente justo, Senhor, para que eu entre em disputa convosco. Entretanto, em espírito de justiça, desejaria falar-vos; por que alcançam bom êxito os maus em tudo quanto empreendem? E por que razão os pérfidos vivem felizes? Vós os plantastes e eles criam raízes, crescem e frutificam.

O livro conta a vocação de Jeremias para o ministério profético quando ele conversa com a divindade. O livro contém os oráculos contra Judá e Israel; qualifica as duas nações de irmãs prostituídas; condena a idolatria e os crimes praticados; promessas de restauração da unidade do reino (Judá + Israel). Na porta do templo, Jeremias admoesta o povo como se fosse o Senhor: se reformardes vossos costumes e modos de proceder, se verdadeiramente praticardes a justiça; se não oprimirdes o estrangeiro, o órfão, a viúva; se não espalhardes neste lugar o sangue inocente e não correrdes, para vossa desgraça, atrás dos deuses alheios, então permitirei que permaneçais neste lugar, nesta terra que dei a vossos pais por todos os séculos. Os judeus não libertaram os escravos; desobedeceram as demais prescrições. Jeremias adverte: o Senhor os entregará em cativeiro ao rei da Babilônia. Por ordem do Senhor, o profeta ditou todos os oráculos a Baruc, que os escreveu a tinta em um rolo. Joaquim, rei de Judá, mandou buscar o rolo, leu-o, queimou-o e mandou prender Jeremias e Baruc. Os dois fizeram outro rolo e acrescentaram mais oráculos, inclusive sobre a morte do rei. Após a invasão estrangeira, muitos judeus escaparam da deportação e permaneceram na Judéia sob as ordens do governador nomeado por Nabucodonosor II. Alguns desses judeus assassinaram o governador, fugiram para o Egito e levaram Jeremias.

Lamentações.

Atribui-se a autoria deste livro a Jeremias. O livro se compõe de 5 elegias, pequenos poemas consagrados ao luto e à tristeza. Insere-se em período posterior à destruição de Jerusalém. Este livro era lido pelos judeus no dia do aniversário da citada destruição. Exortava os judeus a reconhecer os seus pecados e a renovar a confiança no seu deus; havia súplica a Javé para que voltassem os dias felizes.

Ezequiel.

Este livro situa-se no período da conquista de Jerusalém por Nabucodonosor II (599 a.C.). O rei, os poderosos e sete mil guerreiros judeus foram deportados para a Babilônia. Receberam autorização para se estabelecer onde lhes aprouvesse, cultivar a terra, comerciar e se organizar em comunidades. Tratava-se mais de exílio do que de cativeiro. Os judeus aderiram ao politeísmo dos caldeus e se entregaram à idolatria. O ministério profético de Ezequiel no seio dos exilados coincide com o de Jeremias entre os judeus que permaneceram em Jerusalém. Ezequiel anunciou a destruição de Jerusalém. Quando esta ocorreu (586 a.C.) houve nova deportação de judeus. Isto aumentou o número de exilados na Mesopotâmia. O livro atribui esse fato ao castigo divino, censurando a infidelidade e a corrupção do povo judeu e dos seus chefes. O profeta estabelece normas sobre a partilha da terra, pesos e medidas, oferendas e outras prescrições. Ezequiel profetiza a restauração de Israel e um futuro reino de justiça, sob o comando da divindade.

Ao narrar a sua vocação para o ministério profético, Ezequiel fala da aparição de Javé, glória divina, como uma silhueta humana em uma espécie de trono situado acima de uma abóbada que havia sobre as cabeças de 4 seres vivos com 4 faces e 4 asas cada um, todos aparentando forma humana, com rostos humanos, pernas direitas, pés semelhantes aos do touro e mãos humanas que saíam por debaixo das suas asas. O deus e os seres vivos chegaram à terra em uma espessa nuvem com um feixe de fogo resplandecente. Ao lado de cada um dos 4 seres vivos havia uma roda. As rodas pareciam construídas uma dentro da outra, seus aros eram de assombrosa altura, guarnecidos de olhos em toda circunferência. As rodas se locomoviam ou se elevavam sempre que os seres vivos se locomoviam e se elevavam para qualquer lado ou altura. O espírito que animava os seres vivos animava também as rodas. Nessa aparição, o Senhor Javé instrui Ezequiel a profetizar entre os judeus e o adverte sobre a testa dura e o coração insensível desse povo. O profeta parece descrever uma nave espacial.

Pela voz do profeta, o deus Javé qualifica o povo judeu de raça pertinaz, rebelde, indomável, teimosa e traiçoeira como escorpião. Para enfrentar esse povo, esse deus endurece as feições de Ezequiel e o faz engolir um rolo, doce como o mel, contendo cânticos de luto, queixumes e gemidos. Trata-se de uma visão de Ezequiel. Passados sete dias dessa visão, Ezequiel recebe a missão de Javé, que faz promessas, alerta contra os falsos profetas, refere-se à espada, à fome, às feras e à peste como os quatro funestos flagelos divinos. O profeta individualiza a responsabilidade dos homens ao declarar que os justos não merecem punição e que nenhum dos seus filhos e parentes escapará do castigo se pecar, se não observar as leis e prescrições divinas, se não agir com retidão. Pela voz de Ezequiel, Javé qualifica Samaria e Jerusalém de prostitutas. No livro há oráculos de Javé contra os amonitas (povo de Amon), os edomitas (povo de Edom), os filisteus (povo de Gaza); oráculos contra as cidades de Tiro e Sidon, contra o Egito e contra os pastores infiéis. Há referência a uma visão de ossos secos em uma planície que Javé, por intermédio de Ezequiel, une em esqueletos, cobre-os de carne e músculos, reveste-os de pele e lhes sopra espírito, dando-lhes vida. Javé diz que esses ossos representam toda a raça israelita que necessita reviver. Ezequiel descreve a visão que teve do futuro templo da nova Jerusalém.

Estér.

Xerxes (Ansuero é o seu apelido utilizado na Bíblia), rei da Pérsia e da Média, dominava partes da Ásia, África e Europa; seu governo ia da Índia à Etiópia. Após separar-se da rainha, Xerxes escolheu Estér para esposa, sem saber da sua origem judia. Às instâncias de um macedônio, seu conselheiro, o rei persa baixou edito de proscrição para exterminar os judeus. Estér salvou os judeus do extermínio graças à sua intervenção junto ao monarca. O edito foi revogado a pedido de Estér. O macedônio foi executado. Sentindo-se livres e apoiados pelo rei, os judeus mataram todos os seus inimigos em cada uma das 127 províncias do império persa. O escritor bíblico avalia em 75 mil as mortes de adultos e crianças, homens e mulheres.

Abdias.

Este é um oráculo de profeta desconhecido. Situa-se na época do exílio. Censura o povo de Edom por se alegrar com a desgraça de Jerusalém. Diz que Edom será julgado por Javé e receberá o merecido castigo. Profetiza a restauração de Israel e o triunfo da Casa de Jacó (Judá) e da Casa de José (Israel) sobre a Casa de Esaú (Edom).

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