sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

JESUS


JESUS, O REDENTOR.

Havia mulheres “livradas de espíritos malignos e curadas de enfermidades” que acompanhavam e prestavam assistência a Jesus: Maria Madalena, Joana, Susana e outras (Lucas 8: 1-3). Aquela expressão (“livradas de...”), numa leitura tendenciosa, pode sugerir enganosamente que elas estavam livres da sensualidade e do pecado por acompanharem Jesus nas andanças através da Galiléia, Samária e Judéia (Marcos 15: 40). Na verdade, a expressão indica que eram mulheres saudáveis de corpo e alma. Por serem galileus, Jesus e o seu grupo de homens e mulheres eram tratados como estrangeiros pelos judeus. Na Judéia, destacavam-se as seitas dos saduceus, dos fariseus e dos essênios. Esta última seita era vigorosa na doutrina, rigorosa nos costumes e coletivista na organização social, cujos adeptos – menos numerosos do que os seguidores das outras duas – consideravam-se os verdadeiros filhos de Israel e autênticos herdeiros do sacerdócio de Levi. A organização do grupo de Jesus assemelhava-se à organização dos essênios, o que contribuiu para irritar mais ainda os saduceus e os fariseus.

Os votos dos nazarenos incluíam a castidade e o celibato. O voto de castidade implicava abstinência sexual, prática adotada pelos místicos para alcançar iluminação espiritual. A energia sexual é canalizada para a concentração, meditação e demais exercícios físicos e mentais. A relação sexual desvia essa energia e enfraquece a vontade do adepto para lograr o fim espiritual colimado. A masturbação desperdiça essa energia e frustra aquele objetivo. O voto de celibato consiste em viver no estado de solteiro por um determinado tempo. Durante esse período o adepto transa sexualmente se não houver prestado o voto de castidade, porém, não pode casar e nem constituir família. O estudo, a prática e a difusão da doutrina exigem dedicação intensa e exclusiva. Os deveres de cônjuge e de pai comprometem essa dedicação. 

Dos objetivos da irmandade de Jesus constavam: (i) o de acabar com o mito do messias; (ii) o de introduzir um deus universal (Pai Celestial) no lugar do deus nacional (Javé ou Jeová); (iii) o de elevar espiritualmente a humanidade; (iv) o de amparar os pobres e o de curar os enfermos.

Para atingir tais objetivos, Jesus assumiu o papel de messias. Cumpriu, passo a passo, as profecias do Antigo Testamento, como se fora o roteiro de um filme. Jeová e Satanás são nomes diferentes daquela mesma divindade que celebrou, com êxito, um pacto com Abraão e que também tentou celebrá-lo com Jesus no deserto, sem êxito. A partir da monolatria dos hebreus, a ação redentora conduziria o povo ao universal monoteísmo da irmandade. A monolatria facilitaria a passagem ao monoteísmo cristão. Convertido aquele povo, a ação redentora se estenderia aos povos politeístas. O plano desconsiderou o que estava escrito sobre os hebreus: “Tu mesmo sabes o quanto esse povo é inclinado ao mal”; “somos um povo cabeça dura” (Êxodo 32: 22 + 34: 9). O deus desse povo (Javé ou Jeová) dissera a Saul: “Vai, pois, fere Amalec e vota ao interdito tudo o que lhe pertence, sem nada poupar: matarás homens e mulheres, crianças e meninos de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos” (I Samuel 15: 3). Tal índole frustrou a ação redentora. Ao contrário do que Jesus e sua irmandade esperavam, o plano fracassou entre os judeus. Entretanto, ironicamente, a doutrina floresceu no seio dos outros povos.

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