segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

JESUS


JESUS, O PROFETA.

Cristo. Assim apelidaram o profeta Jesus, depois da sua passagem pelo mundo terreno: “o ungido”. Tal era – e continua a ser – o apelido de inúmeros místicos dedicados às coisas divinas, ungidos com os santos óleos, purificados, sagrados. Houve – possivelmente ainda há – vários cristos na Terra. Acredita-se que Jesus tenha sido o maior deles. Os seguidores da sua doutrina foram chamados cristãos, espalharam-se pelo mundo, organizaram igrejas. Do nascimento dele, fizeram divisor do tempo histórico em antes e depois. Multiplicaram-se. Agruparam-se em ortodoxos e heterodoxos, católicos, protestantes e espíritas. Nos tempos difíceis da inquisição na Espanha e em Portugal (1478-1835), maometanos e judeus converteram-se ao cristianismo, alguns por conveniência. Estes continuavam muçulmanos e judeus em seus corações e na privacidade dos seus lares. Por isso, foram denominados “cristãos novos”. Distinguiam-se dos cristãos velhos e dos nascidos na autêntica fé cristã. Insuficiente só crer. Necessário praticar. A doutrina é bela, mas impraticável no mundo terreno. Ele próprio dizia: meu reino não é deste mundo. Sabia que as congênitas fraquezas dos seres humanos tornavam a prática improvável. Nem o próprio Jesus a praticou inteiramente, como revelam episódios narrados nos evangelhos (violência no templo, luxúria com mulheres, ofensas a sacerdotes, menosprezo à mãe e aos irmãos, agressividade verbal contra discípulos e conterrâneos).    

Nazareno. O povo e as autoridades judias e romanas assim o apelidaram, sem relação alguma com o torrão natal, pois, ao seu tempo, não havia cidade ou aldeia com o nome de Nazaré. Esse nome foi dado séculos depois a uma localidade pelo clero católico para encobrir o fato de Jesus ter pertencido a uma seita mística. Ao clero interessava passar a idéia aos fiéis de que todo o conhecimento de Jesus vinha diretamente de Deus e não dos homens. Jesus apresentava-se publicamente com as vestes e a aparência dos adeptos da seita nazarita, cuja doutrina pregava. Daí o apelido “nazareno”. Para a sua própria e visível irmandade mística adotou o modelo de organização nazarita e essênia. “Nazareno também era o apelido que se dava, entre os hebreus, ao filho primogênito, quando a família o colocava a serviço de Deus. O menino consagrado a Deus era entregue aos cuidados do sacerdote. Assim aconteceu com Samuel e Sansão, dois juízes hebreus, ambos nazarenos, nenhum deles nascido em aldeia ou cidade denominada Nazaré. Embora não sendo de origem hebréia, mas submetidos à lei judaica em vigor na Palestina, os pais de Jesus o consagraram a Deus e o entregaram aos cuidados de uma irmandade que lhe deu formação intelectual, moral e mística. Passados 30 anos, Jesus retorna à vida pública com missão definida.

Rabi. Assim o chamavam os discípulos e os leigos da Palestina: “mestre”. Ele demonstrava grande conhecimento das escrituras sagradas, das coisas divinas e mundanas, inclusive da natureza humana. Ensinava em lugares abertos e fechados, na montanha, à beira do lago, nas casas de discípulos, de simpatizantes e de curiosos, nas sinagogas e no templo de Jerusalém. Travava debates com os sacerdotes e escribas judeus. Ao ficarem inteirados dos ensinamentos de Jesus, os sacerdotes e escribas perceberam que a religião judaica corria sério risco. Ficaram preocupados quando aumentou a adesão da camada pobre e ignorante do povo aos novos ensinamentos. A idade de Jesus girava em torno de 40 anos – e não 33, como se difundiu – quando tramaram a sua morte. Acusaram-no de blasfêmia e o condenaram. A autoridade romana se recusou a executá-lo por aquele motivo religioso. Os sacerdotes e escribas mudaram a acusação: Jesus era subversivo, intitulava-se rei dos judeus e desafiava o poder de Roma. Desta vez, conseguiram o seu desiderato. Apesar de a autoridade romana ter lavado as mãos, foi aplicada a pena de morte. Era sexta feira. Duas horas depois da crucifixão, ou pouco menos, sem atender ao costume de quebrar as pernas do crucificado, Jesus foi retirado da cruz e atendido em lugar próximo ao Gólgota, por José de Arimatéia. Na madrugada de sábado ou na manhã de domingo, deixou o abrigo e saiu de Jerusalém sem barba, de cabelos cortados e vestes comuns, o que dificultou ser identificado até pelos discípulos, inclusive Maria Madalena. Na Galiléia, reuniu-se com os apóstolos e depois se recolheu à vida privada.  

Profeta. Assim o chamava o povo de Canaã (Palestina), terra dos profetas. Desde Elias em 875 a.C. até Malaquias em 450 a.C. quase 20 profetas se destacaram. Qualificava-se profeta a pessoa carismática que não só tinha antevisões do futuro, mas tinha também a fama e a credibilidade de falar em nome de Deus, de expressar a vontade e a palavra de Deus. Daí a autoridade moral dos profetas sobre o povo hebreu e seus governantes. Quando se excediam nas admoestações, os profetas eram perseguidos e punidos pelo povo ou pelo governante. Isto aconteceu mais de uma vez, inclusive com Jesus e seu primo João Baptista. No entusiasmo da pregação com o fim de cativar adeptos e mudar os maus costumes, os dois se excederam na agressividade contra a massa e contra as autoridades. No sermão da montanha, Jesus referiu-se aos maus tratos de que eram vítimas os profetas. Na sinagoga da cidade da Galiléia em que viviam seus pais, reclamou da desconfiança do povo ao afirmar que nenhum profeta é bem aceito em sua pátria.     

Jesus. Este era o nome de batismo desse profeta. Pregava a existência de um deus bondoso e misericordioso a quem chamava “Pai Celestial”, diferente do deus hebreu, maldoso, vingativo, genocida, denominado “Javé” ou “Jeová”. Dizia, para acalmar e cativar os indecisos, que não viera para revogar a lei (os cinco primeiros livros da bíblia hebraica = torá = pentateuco). Contudo, a sua doutrina a revogava de fato. Daí a feroz resistência e perseguição dos sacerdotes e escribas judeus aos ensinamentos e à pessoa de Jesus. Esse profeta qualificava de bem aventurados aos que seguissem a nova e boa doutrina (evangelho = boa nova). A quem padecia de pobreza, fome e tristeza na Terra, haveria riqueza, fartura e alegria no Céu. Ele recomendava as seguintes condutas: (i) amar ao inimigo, fazer bem a quem nos odiar, abençoar aos que nos maldizem, orar aos que nos injuriam; (ii) a quem nos ferir numa face, oferecer a outra; quem nos tirar a capa, que também leve a túnica; dar ou emprestar sem almejar retorno, a quem nos fizer algum pedido; se alguém tira o que é nosso, não reclamar; (iii) fazer às pessoas o que queremos que elas nos façam; (iv) ser misericordioso; não julgar para não ser julgado; não condenar para não ser condenado; perdoar para ser perdoado. Com a mesma medida com que medirmos, seremos medidos. Os cumpridores de tais mandamentos formariam uma comunidade de santos. Desde aquela época até hoje, nenhuma comunidade cristã os cumpriu. No juízo final, os bons entrariam na morada divina e os maus queimariam no inferno. Por seus vícios, Jerusalém seria destruída; não ficaria pedra sobre pedra. Esta profecia é do tipo post factum. Esperteza dos evangelistas diante da destruição de Jerusalém no ano 70. Posteriormente, eles lançaram o fato nos evangelhos como profecia com o propósito de fortalecer a crença na origem divina dos poderes do profeta.  

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