domingo, 25 de dezembro de 2011

JESUS


JESUS, O RESSURRECTO.

Alguns príncipes do Sinédrio, entre eles José de Arimatéia e Nicodemus, discordaram da condenação de Jesus. O romano Pilatos, que governava Jerusalém, convicto da inocência, também não queria a morte de Jesus e autorizou Arimatéia a retirar o corpo da cruz sem quebrar as pernas do crucificado. O evangelista Marcos refere-se ao testemunho do centurião sobre a morte de Jesus (Mar 15: 44-45). Breve nos costumes: o centurião recebera propina para testemunhar (Mat 28: 12). Pilatos aceitou o testemunho. Jesus foi levado ao sepulcro de propriedade de Arimatéia, próximo ao Gólgota (Monte Calvário). Ali recebeu os primeiros socorros e visual novo para não ser reconhecido por seus perseguidores. A crucifixão aconteceu na sexta-feira. No domingo pela manhã, Maria Madalena, companheira de todas as horas, não reconheceu Jesus (Jo 20: 11-15). Mais tarde, os demais discípulos também não o reconheceram e só ficaram convencidos quando viram as feridas deixadas pelos cravos nas mãos e nos pés de Jesus, assistiram-no tomar refeição e ouviram-no falar dos assuntos internos da irmandade (Luc 24: 16,36-43). Dificuldade explicável. Durante alguns anos, a comunidade palestina conviveu com um rabi nazareno de cabelos longos, barba comprida, bigode, vestindo clara túnica e sandália. De repente, dois dias após a execução da pena de morte, apresenta-se diante dos discípulos um homem de aparência madura, cabeça raspada, rosto liso (sem barba e sem bigode), roupas comuns, identificando-se como o rabi crucificado. Natural que duvidassem.

Teses mirabolantes tentam explicar essa aparição e esse convívio posterior à crucifixão. Sustentam que Jesus ali não estava com o seu corpo natural e sim com um corpo virtual ou um corpo astral. No entanto, o fato nada tem de sobrenatural ou milagroso. A explicação não pode fugir da evidência: Jesus ali estava com seu corpo biológico, com seu apetite natural, com sentidos e atividade mental humanos, simplesmente porque não morreu na cruz. Houve desmaio por fraqueza decorrente da desidratação, da falta de refeição normal, da agitação, do suplício e da perda de sangue no dia da crucifixão. Apesar disto, morte não houve, quiçá em decorrência da dieta saudável dos nazarenos e da ceia pascal da quinta-feira, quando eles comemoravam a passagem do culto mosaico ao culto cristão (páscoa = passagem). A páscoa dos judeus comemorava a saída do povo hebreu do Egito e o genocídio de crianças egípcias perpetrado pelo deus Javé; compreendia o período de março a abril de cada ano; iniciava-se no crepúsculo da sexta-feira (Êxodo 12 + 34: 18).

A pena de morte aplicada a Jesus adentraria o período pascal judeu, violando a lei mosaica. Daí, a súplica dos sacerdotes e escribas para que fosse aplicada a lei romana. Efetivada a crucifixão, houve socorro tempestivo e eficaz. Ainda hoje se fala em ressurreição quando pessoa vítima de acidente ou paciente de delicada cirurgia e de grave doença, nos limites entre a vida e a morte, consegue sobreviver. Costuma-se dizer: “foi um milagre, fulano ressuscitou”. A própria pessoa diz: “nasci de novo”. Em tal sentido, pode-se falar da ressurreição de Jesus e que ele nasceu de novo. Após a crucifixão, a irmandade cristã passou a comemorar – não mais a passagem do culto mosaico ao cristão – e sim a ressurreição de Jesus (páscoa cristã).

A prece católica, entretanto, cuja repetição na missa condiciona a mente dos fiéis de modo robótico, falsamente coloca Jesus entre os mortos e o faz descer ao inferno. O verdadeiro inferno vivido por ele começou no Monte das Oliveiras, passou pela assembléia do Sinédrio, pelo trono de Herodes, pelo pretório de Pilatos e terminou no Monte Calvário. A versão da morte era oportuna e necessária para tornar crível o milagre e causar maior impacto no espírito do povo. A notícia da morte e da milagrosa ressurreição convenceria o povo de que se cumprira profecia contida no Antigo Testamento. Deixar no sepulcro vazio o sudário cuidadosamente enrolado incluía-se na estratégia para lograr tal objetivo. A mensagem cristã e a catequese teriam força e êxito no futuro.

No livro “Quebrando o Código Da Vinci”, o professor Bock, sob ótica marcial, diz que a ressurreição é o choque entre a vida e a morte, do qual a vida sai vencedora. Contudo, outro será o panorama se o conceito “morte” separar-se do conceito “fim”. Desde que a morte seja definida como passagem de uma forma de vida a outra, a ótica marcial mostrar-se-á inadequada. Entre a vida e a morte há continuidade em diferente freqüência vibratória. Trata-se da universal lei de mutação que Heráclito e Lavoisier perceberam no mundo físico. O professor fala no “caminho para a vida”, como se os humanos estivessem mortos. Esta metáfora se afigura imprópria. A vida é palpitação, vibração, como se nota de todos os seres vivos. A natureza é vida, energia cósmica. A sua fonte está em Deus. Há diferentes modos de a fonte da vida ser percebida. O ciclo vital do ser humano provoca o sonho da eternidade.

Ponto chave, segundo Bock: Jesus revela o que Deus fez e faz para a humanidade. Argumento esquálido. Bastam, aos humanos, lucidez e sentidos ativos para perceber a obra divina neste mundo: maremotos, terremotos, furacões, que ceifam a vida de milhares de pessoas (idosos, adultos, crianças) e destroem patrimônios obtidos com muito sacrifício. As forças telúricas são forças da natureza cegas aos valores humanos. A natureza é criação divina. Isto indica que: (i) as leis de Deus são inflexíveis, incidindo sobre animais racionais e irracionais, planetas e galáxias; (ii) o universo está em constante movimento cíclico de construção, conservação, destruição e reconstrução; (iii) inexiste preocupação divina especial com qualquer ser da natureza. Os humanos percebem a obra divina também através da beleza captada pelos sentidos e interpretada pela razão. Sentem pulsar em seus corações a força ética da justiça, da verdade, da bondade e da santidade.    

Ponto chave real: Jesus desperta a consciência da universalidade de Deus. Mostra como os seres humanos podem se aproximar de Deus. A casa do Pai tem muitas moradas. Escala-se a montanha por diferentes lados. Quem se aventurar – e merecer – encontrará o reino de Deus. Aí, como disse Jesus, bastará bater e a porta se abrirá, pois, o reino de Deus já está entre vós.

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