quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

FILOSOFIA XV - 9



EUROPA (1900 a 2014). Continuação.

O nacionalismo, o ódio e a rivalidade entre as nações, a competição selvagem, a incerteza econômica, a depressão, a ambição imperialista, o militarismo, contribuíram para a hecatombe. Incluem-se entre os fatores do conflito mundial: (1) As posições opostas na guerra civil espanhola (1935 a 1938): Mussolini e Hitler apóiam os rebeldes comandados pelo general Franco, enquanto Stalin apóia os republicanos; (2) A expansão da Alemanha como triunfo do nazismo que, ao seu território, anexou a Áustria, a Boêmia e a Moravia (Tchecoslováquia), tomou o porto de Danzig, invadiu a Polônia e deixou clara a sua pretensão ao domínio continental (1939). Ao anexar a Áustria, a Alemanha ganhou mais cinco divisões de tropas, minério de ferro, campos petrolíferos, indústria metalúrgica, 200 milhões de dólares em ouro e reserva de divisas estrangeiras. Inglaterra e França se aliaram e entraram na guerra contra a Alemanha. O avanço alemão prosseguiu: Finlândia, Noruega, Dinamarca, Holanda, Bélgica e França (1940). Os alemães também dirigiram seus ataques aos Bálcãs, submetendo a Romênia, a Bulgária, a Iugoslávia e a Grécia (1941).

Duas guerras, uma na Ásia, do Japão contra a China (1937) e outra na Europa, da Alemanha contra a Polônia (1939), transformaram-se numa só guerra de âmbito mundial. O Japão atacou a base americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico e declarou guerra aos EUA e à Inglaterra (1941). Alemanha e Itália declararam guerra aos EUA. Os países da América Latina apoiaram os países da América Anglicana, porém, só o Brasil e o México enviaram tropas enquanto outros países forneceram apenas bens de consumo civil e militar. Hitler enviou agentes à América do Sul a fim de angariar simpatia para a causa nazista.

Após um período de derrotas, a Inglaterra e seus aliados conseguiram reverter a marcha dos acontecimentos (1942). Na batalha de El Alamein, norte da África, ingleses aliados aos australianos venceram os alemães, apesar da habilidade estratégica e da capacidade marcial de Rommel, marechal alemão (1942). Certo de que suas tropas teriam êxito em três meses, Hitler ordenou a invasão da Rússia. A tática defensiva russa suportou o ataque alemão meses a fio. Com a chegada do inverno, mudou a sorte da guerra. Os alemães não estavam preparados para: (1) enfrentar o rigoroso inverno da Rússia; (2) guerra prolongada, posto que os recursos distanciavam-se cada vez mais do campo de batalha à medida que as tropas alemãs avançavam; o transporte ficava cada vez mais difícil e demorado. A batalha de Stalingrado (atual Volgogrado, ao sul de Moscou) foi cruel, implacável, casa a casa, mas os russos venceram e impediram os alemães de transpor o Rio Volga (1942 a 1943). Da defensiva, as tropas russas passaram à ofensiva, recuperaram as cidades conquistadas pelos alemães e os encurralaram em Berlim. Na Itália, Mussolini foi deposto e morto quando fugia Os italianos assinaram o armistício (1943). Apesar disto, tropas alemãs permaneceram na Itália. Os combates prosseguiram em solo italiano com as tropas inglesas, estadunidenses e brasileiras de um lado e as alemãs de outro. Palmo a palmo, as forças alemãs foram perdendo os territórios conquistados até serem comprimidas em Berlim.

Nada como a desgraça para despertar a humildade e a sensatez nos desgraçados e provocar juras de elevados propósitos. Assim foi com os ingleses e americanos quando elaboraram a Carta do Atlântico em 1941, assinada pelo presidente dos EUA (Roosevelt) e pelo primeiro-ministro da Inglaterra (Churchill) declarando os seguintes princípios: (1) ausência de ambição territorial; (2) respeito ao direito dos povos de escolher a forma de governo sob a qual desejam viver; (3) comércio livre e matérias-primas acessíveis a todos em plano de igualdade; (4) melhor padrão de trabalho; (5) desenvolvimento econômico e segurança para todas as nações; (6) paz e segurança individual e coletiva; (7) liberdade dos mares em tempo de paz; (8) desarmamento das nações agressivas. A Carta do Atlântico recebeu a adesão da URSS, da China e de mais 24 países (1942). Posteriormente, aderiram mais 40 nações. Formava-se o embrião da futura ONU.

Os chefes de governo dos EUA, da Inglaterra e da China nacionalista (Chiang-Kay-Chek) reuniram-se no Cairo (África morena), em conferência sobre o destino do império nipônico na hipótese de vitória dos aliados (1943). No mesmo ano, os chefes de governo dos EUA, da Inglaterra e da URSS reuniram-se em Teerã (Ásia morena), para declarar que juntos trabalhariam na guerra e na paz, a fim de banir o flagelo e o terror da guerra por muitas gerações e possibilitar a todos os povos uma vida livre e isenta de tirania. Estes chefes de governo tornaram a se reunir no palácio dos czares, próximo à cidade de Yalta, na província da Criméia (sul da Ucrânia e da Rússia) para combinar os termos da rendição alemã, a extinção do nazismo e do militarismo alemão, os planos de paz (1945). Marcaram uma conferência de nações, que se realizou na cidade de São Francisco, EUA, a partir de 25.04.1945 e se encerrou em 26.06.1945, com a promulgação da Carta das Nações Unidas centrada na paz mundial.

No clima de boa vontade e de proteção ao sistema capitalista dos países ocidentais, foram celebrados acordos internacionais criando o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BID) e o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). A URSS negou-se a participar dessas instituições. Divulgou-se pelos meios de comunicação disponíveis à época, que a experiência estadunidense era a chave do futuro e todos os países ainda não desenvolvidos (“terceiro mundo”) deviam adotar os princípios e as práticas daquela fabulosa nação: autoajuda, espírito empresarial, livre comércio, democracia. Em janeiro de 1946, instala-se a Organização das Nações Unidas (ONU), constituída dos seguintes órgãos: (1) Assembléia Geral, composta de todos os Estados membros; (2) Conselho de Segurança, composto de representantes de cinco Estados com assento permanente (EUA, Inglaterra, França, Rússia e China) e de seis outros Estados com assento temporário escolhidos pela Assembléia Geral; (3) Secretaria, com um Secretário-Geral e o corpo de auxiliares; (4) Conselho Econômico e Social, com oito membros escolhidos pela Assembléia Geral; (5) Corte Internacional de Justiça. Observadores internacionais otimistas viam nessa organização o esboço de um futuro Estado mundial.

Os chefes das potências vitoriosas reuniram-se em Potsdam, subúrbio de Berlim, centro histórico do militarismo prussiano, a fim de tratar do destino da Alemanha e dos territórios por ela ocupados durante a guerra (1945). Nessa ocasião, o presidente dos EUA era Harry Trumann, sucessor de Roosevelt. No curso da conferência, Churchill foi substituído por Clement Atlee, novo primeiro-ministro da Inglaterra. Stalin permaneceu como representante da URSS até o final. Os “três grandes” decidiram que a Alemanha: (1) perderá grande porção do seu território; (2) terá totalmente desmontada a sua organização militar, inclusive os serviços de inteligência e as escolas militares; (3) terá reduzida a sua rede industrial; (4) estará proibida de produzir material bélico e todos os itens necessários à economia de guerra; (5) será incentivada a desenvolver a agricultura e a indústria doméstica de fins pacíficos; (6) pagará indenização por perdas e danos em dinheiro e em forma de máquinas, minério, produtos manufaturados, equipamentos, navios mercantes. Instituíram um Conselho de Ministros composto de representantes dos EUA, Inglaterra, França, Rússia e China, com sede permanente em Londres, para os projetos de paz com as nações européias derrotadas, propor ajustes territoriais e resolver questões submetidas à sua apreciação por outros Estados.

Nenhum comentário: