EUROPA (1900 a
2014). Continuação.
O nacionalismo, o ódio e a
rivalidade entre as nações, a competição selvagem, a incerteza econômica, a
depressão, a ambição imperialista, o militarismo, contribuíram para a
hecatombe. Incluem-se entre os fatores do conflito mundial: (1) As posições
opostas na guerra civil espanhola (1935 a 1938): Mussolini e Hitler apóiam os
rebeldes comandados pelo general Franco, enquanto Stalin apóia os republicanos;
(2) A expansão da Alemanha como triunfo do nazismo que, ao seu território,
anexou a Áustria, a Boêmia e a Moravia (Tchecoslováquia), tomou o porto de
Danzig, invadiu a Polônia e deixou clara a sua pretensão ao domínio continental
(1939). Ao anexar a Áustria, a Alemanha ganhou mais cinco divisões de tropas,
minério de ferro, campos petrolíferos, indústria metalúrgica, 200 milhões de
dólares em ouro e reserva de divisas estrangeiras. Inglaterra e França se
aliaram e entraram na guerra contra a Alemanha. O avanço alemão prosseguiu:
Finlândia, Noruega, Dinamarca, Holanda, Bélgica e França (1940). Os alemães
também dirigiram seus ataques aos Bálcãs, submetendo a Romênia, a Bulgária, a
Iugoslávia e a Grécia (1941).
Duas guerras, uma na Ásia,
do Japão contra a China (1937) e outra na Europa, da Alemanha contra a Polônia
(1939), transformaram-se numa só guerra de âmbito mundial. O Japão atacou a
base americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico e declarou guerra aos EUA e à
Inglaterra (1941). Alemanha e Itália declararam guerra aos EUA. Os países da
América Latina apoiaram os países da América Anglicana, porém, só o Brasil e o
México enviaram tropas enquanto outros países forneceram apenas bens de consumo
civil e militar. Hitler enviou agentes à América do Sul a fim de angariar
simpatia para a causa nazista.
Após um período de derrotas,
a Inglaterra e seus aliados conseguiram reverter a marcha dos acontecimentos
(1942). Na batalha de El Alamein,
norte da África, ingleses aliados aos australianos venceram os alemães, apesar
da habilidade estratégica e da capacidade marcial de Rommel, marechal alemão
(1942). Certo de que suas tropas teriam êxito em três meses, Hitler ordenou a
invasão da Rússia. A tática defensiva russa suportou o ataque alemão meses a
fio. Com a chegada do inverno, mudou a sorte da guerra. Os alemães não estavam
preparados para: (1) enfrentar o rigoroso inverno da Rússia; (2) guerra
prolongada, posto que os recursos distanciavam-se cada vez mais do campo de
batalha à medida que as tropas alemãs avançavam; o transporte ficava cada vez
mais difícil e demorado. A
batalha de Stalingrado (atual Volgogrado, ao sul de Moscou) foi cruel, implacável,
casa a casa, mas os russos venceram e impediram os alemães de transpor o Rio
Volga (1942 a
1943). Da defensiva, as tropas russas passaram à ofensiva, recuperaram as
cidades conquistadas pelos alemães e os encurralaram em Berlim. Na Itália,
Mussolini foi deposto e morto quando fugia Os italianos assinaram o armistício
(1943). Apesar disto, tropas alemãs permaneceram na Itália. Os combates
prosseguiram em solo italiano com as tropas inglesas, estadunidenses e
brasileiras de um lado e as alemãs de outro. Palmo a palmo, as forças alemãs
foram perdendo os territórios conquistados até serem comprimidas em Berlim.
Nada como a desgraça para
despertar a humildade e a sensatez nos desgraçados e provocar juras de elevados
propósitos. Assim foi com os ingleses e americanos quando elaboraram a Carta do Atlântico em 1941, assinada
pelo presidente dos EUA (Roosevelt) e pelo primeiro-ministro da Inglaterra
(Churchill) declarando os seguintes princípios: (1) ausência de ambição
territorial; (2) respeito ao direito dos povos de escolher a forma de governo
sob a qual desejam viver; (3) comércio livre e matérias-primas acessíveis a
todos em plano de igualdade; (4) melhor padrão de trabalho; (5) desenvolvimento
econômico e segurança para todas as nações; (6) paz e segurança individual e
coletiva; (7) liberdade dos mares em tempo de paz; (8) desarmamento das nações
agressivas. A Carta do Atlântico
recebeu a adesão da URSS, da China e de mais 24 países (1942). Posteriormente,
aderiram mais 40 nações. Formava-se o embrião da futura ONU.
Os chefes de governo dos
EUA, da Inglaterra e da China nacionalista (Chiang-Kay-Chek) reuniram-se no
Cairo (África morena), em conferência sobre o destino do império nipônico na
hipótese de vitória dos aliados (1943). No mesmo ano, os chefes de governo dos
EUA, da Inglaterra e da URSS reuniram-se em Teerã (Ásia morena), para declarar
que juntos trabalhariam na guerra e na paz, a fim de banir o flagelo e o terror
da guerra por muitas gerações e possibilitar a todos os povos uma vida livre e
isenta de tirania. Estes chefes de governo tornaram a se reunir no palácio dos
czares, próximo à cidade de Yalta, na província da Criméia (sul da Ucrânia e da
Rússia) para combinar os termos da rendição alemã, a extinção do nazismo e do
militarismo alemão, os planos de paz (1945). Marcaram uma conferência de nações,
que se realizou na cidade de São Francisco, EUA, a partir de 25.04.1945 e se encerrou
em 26.06.1945, com a promulgação da Carta
das Nações Unidas centrada na paz mundial.
No clima de boa vontade e
de proteção ao sistema capitalista dos países ocidentais, foram celebrados
acordos internacionais criando o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco
Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BID) e o Acordo Geral de
Tarifas e Comércio (GATT). A URSS negou-se a participar dessas instituições.
Divulgou-se pelos meios de comunicação disponíveis à época, que a experiência
estadunidense era a chave do futuro e todos os países ainda não desenvolvidos
(“terceiro mundo”) deviam adotar os princípios e as práticas daquela fabulosa
nação: autoajuda, espírito empresarial, livre comércio, democracia. Em janeiro
de 1946, instala-se a Organização das Nações Unidas (ONU), constituída dos
seguintes órgãos: (1) Assembléia Geral, composta de todos os Estados membros;
(2) Conselho de Segurança, composto de representantes de cinco Estados com
assento permanente (EUA, Inglaterra, França, Rússia e China) e de seis outros
Estados com assento temporário escolhidos pela Assembléia Geral; (3)
Secretaria, com um Secretário-Geral e o corpo de auxiliares; (4) Conselho
Econômico e Social, com oito membros escolhidos pela Assembléia Geral; (5)
Corte Internacional de Justiça. Observadores internacionais otimistas viam
nessa organização o esboço de um futuro Estado mundial.
Os chefes das potências
vitoriosas reuniram-se em Potsdam, subúrbio de Berlim, centro histórico do
militarismo prussiano, a fim de tratar do destino da Alemanha e dos territórios
por ela ocupados durante a guerra (1945). Nessa ocasião, o presidente dos EUA
era Harry Trumann, sucessor de Roosevelt. No curso da conferência, Churchill
foi substituído por Clement Atlee, novo primeiro-ministro da Inglaterra. Stalin
permaneceu como representante da URSS até o final. Os “três grandes” decidiram
que a Alemanha: (1) perderá grande porção do seu território; (2) terá
totalmente desmontada a sua organização militar, inclusive os serviços de
inteligência e as escolas militares; (3) terá reduzida a sua rede industrial;
(4) estará proibida de produzir material bélico e todos os itens necessários à
economia de guerra; (5) será incentivada a desenvolver a agricultura e a
indústria doméstica de fins pacíficos; (6) pagará indenização por perdas e
danos em dinheiro e em forma de máquinas, minério, produtos manufaturados,
equipamentos, navios mercantes. Instituíram um Conselho de Ministros composto
de representantes dos EUA, Inglaterra, França, Rússia e China, com sede
permanente em Londres, para os projetos de paz com as nações européias
derrotadas, propor ajustes territoriais e resolver questões submetidas à sua
apreciação por outros Estados.
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