EUROPA (1900 a
2014). Continuação.
O governo soviético adotou
uma política de aproximação com as potências ocidentais prevenindo-se contra o perigo
nazista. A URSS entrou para a Liga das Nações e ratificou aliança militar com a
França (1934/1935). Depois, celebrou pacto de não agressão com a França ao
constatar que esse país e a Inglaterra apoiavam a expansão da Alemanha para o
leste europeu (1938/1939). A economia soviética prosseguiu socializada
(agricultura, pecuária, comércio, indústria). Foram criadas fazendas coletivas
e cooperativas. A religião foi tolerada, mas as igrejas tiveram seu número
reduzido e as suas atividades educacional e caritativa foram proibidas. Só
ateus podiam ser membros do partido. A ética cristã é substituída por uma ética
positiva estribada no bem coletivo, no dever social, no devotamento ao
trabalho, no respeito ao patrimônio público, no sacrifício pessoal, no
interesse público, na lealdade à pátria e ao ideal socialista. A lealdade podia
ser demonstrada por delação; enaltecia-se o delator. O governo reduziu em 90% a
taxa de analfabetismo, esterilizou o poder da igreja, livrou da superstição a
maioria do povo, suprimiu o ódio racial, aperfeiçoou os métodos agrícolas e a
fertilização do solo obtendo aumento da produção, expandiu a indústria, reduziu
o tempo de trabalho para oito horas diárias, planificou a economia ensejando
mais empregos, facilitou o acesso à educação e à cultura às pessoas comuns, organizou
a assistência do Estado à maternidade, às crianças, aos doentes e aos
inválidos. Esses avanços não acabaram totalmente com a pobreza na URSS.
Às vésperas da segunda
guerra mundial, o regime democrático
vigorava nos seguintes países: (1) da Europa:
Inglaterra, França, Suíça, Holanda, Bélgica e escandinavos; (2) da América: EUA, Canadá, México. O regime autocrático vigorava nos
seguintes países: (1) da Europa: Alemanha,
Itália, Espanha, Portugal, Polônia, Hungria e Rússia; (2) da América: Brasil e Paraguai; (3) da Ásia: Turquia, China e Japão. Estas
listas não são exaustivas e interessam exclusivamente ao capítulo da segunda
guerra mundial.
A Inglaterra, no fim da
primeira guerra mundial, perdera grande parte do seu comércio exterior. Dos
seus aliados europeus não podia receber o que lhes emprestara. A dívida com os
EUA era enorme. A procura dos seus produtos manufaturados diminuiu tendo em
vista o crescimento da tecelagem de algodão na Índia e no Japão e de lã na
Austrália. A procura do carvão inglês também sofreu queda, pois a França
retirava milhões de toneladas do território alemão. O governo inglês teve de suportar
cerca de dois milhões de desempregados. Tarifou o produto de algumas indústrias
básicas. Conservadores e trabalhistas revezavam-se no governo sem melhora
alguma na mineração de carvão e na construção de navios e casas. Os mineiros
entraram em greve e receberam a solidariedade dos operários da indústria pesada
e dos transportes (1925). O governo baixou lei proibindo greves gerais, o
piquete e a arrecadação pelos sindicatos de fundos para objetivos políticos
(1927). Pesam na sociedade os efeitos da depressão (1931). Aumenta o número de
desempregados. Forma-se um governo de coalizão. A reserva de ouro reduziu-se
drástica e rapidamente. Pagamentos em ouro foram suspensos. Abandona-se o padrão
ouro da economia. Outras nações fizeram o mesmo. O governo inglês adotou
política protecionista, aumentou os subsídios para a construção naval e civil,
reduziu os juros e as isenções de imposto sobre a renda e conseguiu equilibrar
o orçamento. O desemprego recuou (1937).
Na França também houve
revezamento no governo. A política era ditada ora por um grupo de capitalistas
financeiros, grandes banqueiros e industriais do ferro e do aço, ora por um
grupo constituído de pequenos industriais, pequenos comerciantes e de pessoas
que viviam da renda oriunda da aplicação de capital. O primeiro grupo defendia
um governo forte, a aliança com a Polônia e se opunha ao radicalismo econômico.
O seu objetivo era juntar o carvão e o coque do Sarre e do Ruhr ao ferro da Lorena
para aumentar o valor deste último (1918 a 1924). O segundo grupo preocupava-se
primordialmente com a segurança e em conservar o que tinha; desprezava os
grandes negócios e considerava o especulador financeiro tão prejudicial quanto
o comunista (1924 a
1926). A parcela da população francesa que se dedicava às atividades urbanas
era quase igual à parcela que se dedicava às atividades rurais. Milhões de
pessoas trabalhavam em seus próprios negócios. A França também sofreu os
efeitos da depressão (1932). Os governos se sucediam sem superar a crise.
Comunistas e fascistas aproveitavam-se da situação para promover tumulto. A
união provisória de três partidos da esquerda denominada Frente Popular venceu a eleição nacional. Esse governo procedeu a
reformas econômicas e deu nova orientação aos negócios estrangeiros,
nacionalizou a indústria bélica, reorganizou o Banco de França, desmontou o
monopólio sobre o crédito, desvalorizou a moeda (franco), fixou em 40 horas a semana de trabalho, concedeu férias
anuais obrigatórias para os operários, cancelou a redução dos salários pagos
pelo governo, iniciou programa de obras públicas, disciplinou a indústria do
carvão, criou departamento para fixar o preço e controlar a distribuição do
trigo, celebrou aliança com a Inglaterra (1936 a 1938). O governo sucessor
da Frente Popular deparou-se com o agravamento da crise internacional e passou
a se utilizar dos decretos de emergência (1939).
Quando a primeira guerra
mundial chegou ao fim, os EUA eram os mais ricos do mundo. Enquanto os europeus
vertiam rios de sangue na guerra, os americanos apossavam-se dos seus mercados.
A indústria e a agricultura americanas conheceram notável desenvolvimento. A
dívida dos países europeus com os EUA girava em torno de 11 bilhões de dólares.
O padrão de vida do seu povo era o mais alto do mundo. Aquela prosperidade
fincou seus alicerces na areia, fato comum no sistema capitalista. O seu
estímulo inicial proveio dos altos preços cobrados na primeira guerra mundial.
Os fazendeiros esperavam o preço do trigo acima de dois dólares e se atolaram
em dívida para adquirir mais terras. Quando o preço caiu abaixo de um dólar, os
fazendeiros ficaram impossibilitados de pagar suas hipotecas. A mesma motivação
de lucro excessivo levou à exploração de minas de carvão e à criação de
fábricas muito acima da demanda normal. Os frutos da prosperidade foram
distribuídos de forma desigual: maior proporção para os ricos; menor para a
massa popular. Dos lucros da guerra, resultou excesso de capital para muitos
americanos. Este capital foi aplicado na indústria doméstica, em empréstimos ao
estrangeiro e na bolsa de valores.
Em setembro de 1929, os
especuladores começam a vender seus títulos na bolsa de valores de Nova Iorque.
O mercado de títulos flutua inquieto. Em outubro, o desvario nas vendas. A
bolha de sabão estoura. Perdedores se suicidam. Catástrofe na economia. O
presidente Hoover eleva os tributos de muitos artigos a altos níveis. Para
aliviar a crise, esse presidente lançou moratória das dívidas entre governos,
incentivou a aplicação de dinheiro em atividades públicas, autorizou empréstimo
em dinheiro aos bancos, às estradas de ferro e aos Estados, visando à
assistência pública (1932). O candidato democrata, Franklin Delano Roosevelt,
vence as eleições e promove reformas na economia, cujo programa denominou-se
“New Deal” (1933 a
1945). Mediante a lei do reajustamento agrícola e a lei de recuperação da
indústria nacional, o governo Roosevelt estabeleceu um sistema de limitação da
colheita, regras para a produção, horas de trabalho e salários adequados a cada
tipo de indústria. Serviu-se do erário para: (1) construir barragens, pontes,
estradas, parques, prédios escolares, casas populares; (2) demolir cortiços;
(3) estender a rede elétrica à zona rural. O governo Roosevelt instituiu: seguro
federal dos depósitos bancários, controle das bolsas e das emissões de apólices
de seguro, pensões aos idosos, seguro desemprego, salário mínimo por hora
trabalhada, semana de 40 horas de trabalho.
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