segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

FILOSOFIA XV - 8



EUROPA (1900 a 2014). Continuação.

O governo soviético adotou uma política de aproximação com as potências ocidentais prevenindo-se contra o perigo nazista. A URSS entrou para a Liga das Nações e ratificou aliança militar com a França (1934/1935). Depois, celebrou pacto de não agressão com a França ao constatar que esse país e a Inglaterra apoiavam a expansão da Alemanha para o leste europeu (1938/1939). A economia soviética prosseguiu socializada (agricultura, pecuária, comércio, indústria). Foram criadas fazendas coletivas e cooperativas. A religião foi tolerada, mas as igrejas tiveram seu número reduzido e as suas atividades educacional e caritativa foram proibidas. Só ateus podiam ser membros do partido. A ética cristã é substituída por uma ética positiva estribada no bem coletivo, no dever social, no devotamento ao trabalho, no respeito ao patrimônio público, no sacrifício pessoal, no interesse público, na lealdade à pátria e ao ideal socialista. A lealdade podia ser demonstrada por delação; enaltecia-se o delator. O governo reduziu em 90% a taxa de analfabetismo, esterilizou o poder da igreja, livrou da superstição a maioria do povo, suprimiu o ódio racial, aperfeiçoou os métodos agrícolas e a fertilização do solo obtendo aumento da produção, expandiu a indústria, reduziu o tempo de trabalho para oito horas diárias, planificou a economia ensejando mais empregos, facilitou o acesso à educação e à cultura às pessoas comuns, organizou a assistência do Estado à maternidade, às crianças, aos doentes e aos inválidos. Esses avanços não acabaram totalmente com a pobreza na URSS. 

Às vésperas da segunda guerra mundial, o regime democrático vigorava nos seguintes países: (1) da Europa: Inglaterra, França, Suíça, Holanda, Bélgica e escandinavos; (2) da América: EUA, Canadá, México. O regime autocrático vigorava nos seguintes países: (1) da Europa: Alemanha, Itália, Espanha, Portugal, Polônia, Hungria e Rússia; (2) da América: Brasil e Paraguai; (3) da Ásia: Turquia, China e Japão. Estas listas não são exaustivas e interessam exclusivamente ao capítulo da segunda guerra mundial.   

A Inglaterra, no fim da primeira guerra mundial, perdera grande parte do seu comércio exterior. Dos seus aliados europeus não podia receber o que lhes emprestara. A dívida com os EUA era enorme. A procura dos seus produtos manufaturados diminuiu tendo em vista o crescimento da tecelagem de algodão na Índia e no Japão e de lã na Austrália. A procura do carvão inglês também sofreu queda, pois a França retirava milhões de toneladas do território alemão. O governo inglês teve de suportar cerca de dois milhões de desempregados. Tarifou o produto de algumas indústrias básicas. Conservadores e trabalhistas revezavam-se no governo sem melhora alguma na mineração de carvão e na construção de navios e casas. Os mineiros entraram em greve e receberam a solidariedade dos operários da indústria pesada e dos transportes (1925). O governo baixou lei proibindo greves gerais, o piquete e a arrecadação pelos sindicatos de fundos para objetivos políticos (1927). Pesam na sociedade os efeitos da depressão (1931). Aumenta o número de desempregados. Forma-se um governo de coalizão. A reserva de ouro reduziu-se drástica e rapidamente. Pagamentos em ouro foram suspensos. Abandona-se o padrão ouro da economia. Outras nações fizeram o mesmo. O governo inglês adotou política protecionista, aumentou os subsídios para a construção naval e civil, reduziu os juros e as isenções de imposto sobre a renda e conseguiu equilibrar o orçamento. O desemprego recuou (1937).   

Na França também houve revezamento no governo. A política era ditada ora por um grupo de capitalistas financeiros, grandes banqueiros e industriais do ferro e do aço, ora por um grupo constituído de pequenos industriais, pequenos comerciantes e de pessoas que viviam da renda oriunda da aplicação de capital. O primeiro grupo defendia um governo forte, a aliança com a Polônia e se opunha ao radicalismo econômico. O seu objetivo era juntar o carvão e o coque do Sarre e do Ruhr ao ferro da Lorena para aumentar o valor deste último (1918 a 1924). O segundo grupo preocupava-se primordialmente com a segurança e em conservar o que tinha; desprezava os grandes negócios e considerava o especulador financeiro tão prejudicial quanto o comunista (1924 a 1926). A parcela da população francesa que se dedicava às atividades urbanas era quase igual à parcela que se dedicava às atividades rurais. Milhões de pessoas trabalhavam em seus próprios negócios. A França também sofreu os efeitos da depressão (1932). Os governos se sucediam sem superar a crise. Comunistas e fascistas aproveitavam-se da situação para promover tumulto. A união provisória de três partidos da esquerda denominada Frente Popular venceu a eleição nacional. Esse governo procedeu a reformas econômicas e deu nova orientação aos negócios estrangeiros, nacionalizou a indústria bélica, reorganizou o Banco de França, desmontou o monopólio sobre o crédito, desvalorizou a moeda (franco), fixou em 40 horas a semana de trabalho, concedeu férias anuais obrigatórias para os operários, cancelou a redução dos salários pagos pelo governo, iniciou programa de obras públicas, disciplinou a indústria do carvão, criou departamento para fixar o preço e controlar a distribuição do trigo, celebrou aliança com a Inglaterra (1936 a 1938). O governo sucessor da Frente Popular deparou-se com o agravamento da crise internacional e passou a se utilizar dos decretos de emergência (1939).   

Quando a primeira guerra mundial chegou ao fim, os EUA eram os mais ricos do mundo. Enquanto os europeus vertiam rios de sangue na guerra, os americanos apossavam-se dos seus mercados. A indústria e a agricultura americanas conheceram notável desenvolvimento. A dívida dos países europeus com os EUA girava em torno de 11 bilhões de dólares. O padrão de vida do seu povo era o mais alto do mundo. Aquela prosperidade fincou seus alicerces na areia, fato comum no sistema capitalista. O seu estímulo inicial proveio dos altos preços cobrados na primeira guerra mundial. Os fazendeiros esperavam o preço do trigo acima de dois dólares e se atolaram em dívida para adquirir mais terras. Quando o preço caiu abaixo de um dólar, os fazendeiros ficaram impossibilitados de pagar suas hipotecas. A mesma motivação de lucro excessivo levou à exploração de minas de carvão e à criação de fábricas muito acima da demanda normal. Os frutos da prosperidade foram distribuídos de forma desigual: maior proporção para os ricos; menor para a massa popular. Dos lucros da guerra, resultou excesso de capital para muitos americanos. Este capital foi aplicado na indústria doméstica, em empréstimos ao estrangeiro e na bolsa de valores.

Em setembro de 1929, os especuladores começam a vender seus títulos na bolsa de valores de Nova Iorque. O mercado de títulos flutua inquieto. Em outubro, o desvario nas vendas. A bolha de sabão estoura. Perdedores se suicidam. Catástrofe na economia. O presidente Hoover eleva os tributos de muitos artigos a altos níveis. Para aliviar a crise, esse presidente lançou moratória das dívidas entre governos, incentivou a aplicação de dinheiro em atividades públicas, autorizou empréstimo em dinheiro aos bancos, às estradas de ferro e aos Estados, visando à assistência pública (1932). O candidato democrata, Franklin Delano Roosevelt, vence as eleições e promove reformas na economia, cujo programa denominou-se “New Deal” (1933 a 1945). Mediante a lei do reajustamento agrícola e a lei de recuperação da indústria nacional, o governo Roosevelt estabeleceu um sistema de limitação da colheita, regras para a produção, horas de trabalho e salários adequados a cada tipo de indústria. Serviu-se do erário para: (1) construir barragens, pontes, estradas, parques, prédios escolares, casas populares; (2) demolir cortiços; (3) estender a rede elétrica à zona rural. O governo Roosevelt instituiu: seguro federal dos depósitos bancários, controle das bolsas e das emissões de apólices de seguro, pensões aos idosos, seguro desemprego, salário mínimo por hora trabalhada, semana de 40 horas de trabalho.              

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