quinta-feira, 6 de novembro de 2014

TREVA ESPIRITUAL



A sepultura do náufrago pode estar nas profundezas do oceano.

Há momentos da vida nacional brasileira em que a ralé, porção moralmente inferior da sociedade, manifesta-se com mais vigor e visibilidade. As eleições para cargos públicos é um deles. Vêm à tona expressões injuriosas, mentiras deslavadas, palavras de baixo calão, gestos obscenos, agressões físicas e morais, condutas levianas e irresponsáveis. Essa ralé moral se encontra no setor público, no setor privado e em todas as camadas da população: a abastada, a remediada e a pobre. Essa ralé se compõe de brasileiros de má índole, muitos deles de boa aparência, bem vestidos e perfumados, contra os quais nos devemos acautelar, embora sem ódio, porque “a maldade nessa gente é uma arte”, como diz a canção de Ataulfo Alves.

Somos irmãos pela paternidade divina e pelos laços da nacionalidade. Entretanto, a ralé disto se esquece naqueles momentos em que se deixa dominar pela paixão e pelos instintos demoníacos.

A violência é companheira da humanidade. Da natureza bipolar do humano (angelical e demoníaca) tem prevalecido o pólo demoníaco que o vincula a Terra e às necessidades do mundo físico, tais como: (I) alimento (sólido, líquido, gasoso); (II) sexual (prazer, reprodução); (III) abrigo (vestuário, moradia, escola, hospital); (IV) produção, aquisição e consumo de bens (caça, pesca, agricultura, pecuária, artesanato, comércio, indústria); (V) segurança individual e coletiva, difusa e institucionalizada (leis, tribunais, polícia, forças armadas). As necessidades naturais e artificiais são satisfeitas tanto por meio pacífico como pela força.

Práticas bárbaras e cruéis contra mulheres e crianças são costumeiras inclusive a mutilação e o estupro. O genocídio é praticado por governos de povos que se qualificam de civilizados. Freqüente a invasão de um Estado em outro para lhe tomar as riquezas e submetê-lo aos seus interesses. Internamente, a nação apresenta facções que se digladiam, preconceitos raciais e culturais decorrentes das diferenças religiosas, ideológicas e patrimoniais. Na sociedade humana há tensão entre distintas camadas sociais, rebeliões e criminalidade.

Neste estágio encontra-se a vetusta humanidade que já conta com 1 milhão e 500 mil anos de idade, aproximadamente, desde a fase eolítica até a fase atual. Tempo longo para os humanos, porém, insignificante na escala cósmica, apenas uma fração de segundo em centenas de trilhões de horas. O humano atingiu a plena capacidade intelectual há 25.000 anos (homo sapiens). A presente geração e milhares de outras ainda conviverão sob o domínio do pólo demoníaco da natureza humana. Talvez, por volta do ano 25.000, quando o homo sapiens completar 50 mil anos de idade, o pólo demoníaco tenha sido subjugado pelo pólo angelical da natureza humana. O azul do planeta e o vermelho do coração refletir-se-ão na aura lilás da personalidade anímica. As ações humanas serão orientadas pela luz espiritual.            
Ecce homo.

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