EUROPA (1800
a 1900). Continuação.
Diante do
imperialismo europeu sobre os outros continentes e do crescimento da Rússia e dos
EUA, o primeiro-ministro britânico Lorde Salisbury notou e afirmou que o mundo
estava dividido entre potências vivas e potências agonizantes (1898). Na
esteira do darwinismo então em voga, as vitórias e as derrotas nos conflitos
entre as nações foram comparadas à evolução dos animais e interpretadas como
prova da teoria da sobrevivência do mais
capaz no âmbito da sociedade humana. “Os mais capazes” na época eram:
Rússia, França, Alemanha, Grã-Bretanha, Áustria/Hungria, Itália, Japão e EUA
(1900). Predominava nas elites civis e militares a opinião de que a competição,
o uso da força, a organização e o aumento dos recursos nacionais, fortaleciam o
poder estatal e asseguravam a ordem mundial. Quanto maior a base industrial, a
criatividade tecnológica e o conhecimento científico, maior a probabilidade de
uma nação se qualificar como potência. O poder da nação inclui a organização
social, política e econômica; as virtudes, habilidades e energia da sua gente;
os costumes, as crenças e os mitos da sua cultura.
O
progresso na indústria, no comércio, nos serviços, nas artes, nas ciências, nas
técnicas, ocorreu na Europa e na América, tanto nas monarquias como nas
repúblicas. O ritmo das mudanças na cultura européia aumentou a partir da
revolução francesa, apesar da morte do latim como língua dos sábios e da
dificuldade de se conhecer os diferentes idiomas dos escritores, cientistas e
filósofos franceses, alemães, ingleses, italianos, espanhóis, russos e
escandinavos. Avanços tecnológicos tipificam autêntica revolução industrial:
fundição de minério, obtenção do cobre, bomba hidráulica aspirante, motor a
vapor, torno de fiar, máquina de fazer meias, termômetro, telégrafo, imprensa
rotativa, tear mecânico para produzir simultaneamente várias fitas. Este
invento mencionado por último reduzia a mão-de-obra. Em represália, os mestres
das corporações assassinaram o inventor em Danzig. Com o
crescimento populacional aumentou a demanda por produtos industrializados
(roupas de algodão). A floresta européia foi devastada para suprir de carvão as
fundições de ferro. O carvão vegetal foi substituído pelo carvão mineral (coque)
descoberto por Abraham Darby (1709). A acumulação de água nas minas exigiu uma
fonte de energia para mover as bombas de sucção. Isto levou à invenção da
máquina a vapor. Essa máquina foi aperfeiçoada por James Watt, construtor de
aparelhos científicos da Universidade de Glasgow (1782). Até o século XVIII, a
Inglaterra era pobre. A industrialização começou na região setentrional desse
país e se expandiu. No século XIX, a Inglaterra foi pioneira na
industrialização e se tornou o mais rico e influente país da Europa.
Houve mudanças radicais nos
transportes e nas comunicações. A tração animal das diligências foi substituída
pela tração a vapor (1800). A locomotiva foi inventada. Estradas de ferro foram
construídas para a circulação de passageiros e cargas (1825). A navegação
fluvial e marítima passou a ser em barcos e navios movidos a vapor (1875). A
invenção do motor de combustão interna marca o começo da era do automóvel
(1876). O francês Levassor adapta esse tipo de motor a uma carruagem com
transmissão da tração ao eixo traseiro por cabo transmissor, engrenagem
redutora e diferencial de marchas (1887). Nascia o primeiro automóvel, veículo
de pequena produção e uso exclusivo de pessoas ricas. Com a sua produção em
série, o número de usuários aumentou. O automóvel e suas ampliações (ônibus,
caminhão) passam a trafegar na cidade e entre cidades. O petróleo natural, como
combustível, foi substituído por um derivado: gasolina. O motor a gasolina foi
aperfeiçoado com o carburador e a faísca elétrica para queimar o fluído (Karl
Benz). O motor movido a óleo cru foi inventado e utilizado em caminhões,
locomotivas e navios (Rudolf Diesel, 1897).
As comunicações foram
facilitadas pela invenção do telégrafo e pelo aperfeiçoamento dos processos de
impressão gráfica. O físico francês Ampére descobrira que o eletromagnetismo
podia ser utilizado para transmissão de mensagens entre pontos distantes por
meio de um fio (1820). Procurou-se, então, construir o instrumento para esse
fim. O alemão Karl Steinheil, o inglês Charles Wheatstone e o americano Samuel
Morse, separada e simultaneamente, inventaram o sistema elétrico de telégrafo
(1837). Tal invenção foi amplamente utilizada no mundo civilizado, inclusive
por meio de cabo transatlântico (1866). O mesmo ocorreu com o telefone, cuja
invenção é atribuída a Alexandre Graham Bell e a Elisha Gray, separadamente
(1876). Guglielmo Marconi inventa o telégrafo sem fio a partir das descobertas
de Henrique Hertz e outros sobre a transmissão das ondas eletromagnéticas
através do ar (1899). Esta invenção abriu caminho para o rádio, o telefone sem
fio e a televisão. Esta última (TV) resultou do trabalho do escocês J.L. Baird
(1926). A imprensa rotativa facilitou a publicação dos jornais em maior
quantidade. Na França, em 1836, Emile Girardin funda “La Presse”, jornal moderno,
barato, linguagem atraente visando ao amplo leque de leitores, objetivando
ganhos com anúncios, contendo fofocas, novelas e matéria política. Todas estas
invenções revolucionaram os meios de comunicação.
A eletricidade foi de
notável importância para o conforto e a segurança do homem moderno. Atribui-se
a sua descoberta ao inglês Sir Humphrey Davy (1820). Com a invenção do dínamo a
energia mecânica podia ser convertida em energia elétrica (1873). O dínamo
inicialmente movido a vapor passou a utilizar força hidráulica. A lâmpada de
filamento incandescente foi inventada pelo americano Thomas Edison. A luz
elétrica era privilégio de poucos (1879). O seu uso generalizou-se após o
trabalho de Nikola Tesla com a corrente alternada que permitiu instalar o
sistema de iluminação das casas, das ruas e da cidade inteira (1888). Poderosas
firmas alemãs com mais de 140 mil empregados, como a Siemens, dominavam a
indústria elétrica européia. A refrigeração artificial aperfeiçoada por J. J.
Coleman e outros, a máquina de escrever, a máquina fotográfica e a cinematográfica,
além de encorparem a indústria e o comércio, contribuíram para o trabalho
profissional, o conforto e o lazer das pessoas. A agricultura recebeu
contribuição da química e da metalurgia: adubos artificiais, arados, grades
aperfeiçoadas, máquina debulhadora, segadeira mecânica.
Desenvolveu-se o processo
de fabricação do aço com a eliminação do carbono existente no ferro. Henry
Bessemer descobriu que a introdução de um jato de ar no ferro em fusão na
fornalha de uma fundição eliminava toda a percentagem de carbono e convertia o
ferro em aço (1856). O aço substitui o ferro como material industrial básico. A
máquina a vapor, a mais nova fonte de energia da época, foi de grande
importância na produção de carvão, ferro e teve inúmeras utilidades, além de
revolucionar os transportes. Caldeiras a carvão produziam o vapor de modo mais
eficiente. O carvão se valorizou e a sua mineração se intensificou. O serviço
postal orgulhava-se de suas carruagens correrem dia e noite e percorrerem 200 quilômetros em apenas 24 horas. A máquina a vapor
foi adaptada às diligências e algumas delas percorreram estradas. A tração
animal em vagões sobre trilhos usados para transportar carvão foi substituída
pela tração a vapor. A primeira locomotiva atingiu a espetacular velocidade de 24 quilômetros por
hora. Modelos posteriores dobraram essa velocidade. Inúmeras estradas de ferro
foram construídas para transporte de carga e de passageiros (dez mil quilômetros
por volta de 1848, na Inglaterra). Aumentou a fabricação de locomotivas e
vagões. A máquina a vapor no transporte fluvial e marítimo incrementou a
indústria naval.
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