EUROPA. (Cristianismo. Continuação).
Em livro intitulado “Ato
dos Apóstolos”, incluído na Bíblia (Novo Testamento - NT), Lucas narra
vicissitudes dos apóstolos posteriores à morte de Jesus. Em assembléia, os 11
apóstolos escolhem Matias para ser o 12º e ocupar o lugar de Judas Iscariotes
no colégio apostólico. Lucas diz que no dia de pentecostes (50º dia depois da
páscoa) o espírito santo desceu sobre a assembléia formada de 120 pessoas.
Nesse número incluíam-se homens e mulheres fiéis, discípulos e apóstolos. Os
membros da assembléia passam a conversar em diferentes línguas. Pedro faz um
discurso de autenticação: declara Jesus o Senhor e o Cristo. Pedro consegue as
primeiras conversões dos judeus ao cristianismo. Prega a união dos fiéis em
comunidade: uma só alma, um só coração e um só patrimônio. Apóstolos eram
considerados nazarenos porque
consagravam sua vida a deus. O povo palestino considerava-os integrantes de uma
nova seita religiosa com aquele nome (nazarena). Adeptos proprietários de terras e casas vendiam-nas e entregavam o produto da
venda ao colégio apostólico. Os bens eram repartidos entre os membros da
comunidade, segundo a necessidade de cada um. {A doutrina marxista sobre a
distribuição dos bens na sociedade finca raízes aí nessa prática comunitária
dos primitivos cristãos: “a cada um segundo suas necessidades”, ao invés de “a
cada um segundo sua capacidade”}. Diáconos eleitos pela assembléia
administravam o patrimônio da comunidade depois de confirmada a escolha pelo colégio
apostólico.
Lucas narra: (1) os
milagres dos apóstolos; (2) a prisão de Pedro e João por ensinarem em nome de
Jesus; (3) a prisão e a morte do diácono Estevão sob acusação de blasfêmia
contra a lei de Moisés e contra o lugar santo (templo); (4) a dispersão dos
membros da comunidade cristã de Jerusalém pelas diferentes regiões da
Palestina, a fim de escaparem da perseguição dos judeus; (5) a conversão de
Saulo de Tarso no caminho de Damasco e o seu batismo por Ananias; (6) as
pregações de Saulo (Paulo) em Damasco e a sua fuga para a cidade de Tarso a fim
de não ser morto pelos judeus de fala grega; (7) a participação de Paulo na
assembléia de Jerusalém; (8) a visão de Pedro e a sua atividade como apóstolo;
(9) o episódio na casa de Cornélio, em Cesaréia, quando Pedro expõe o conceito
de deus: que não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável
quem o temer e fizer o que é justo.
Em Jerusalém, Pedro é
censurado pelos fiéis circuncisos por comungar com pessoas incircuncisas. Pedro
convence-os de que fizera a vontade de deus e que a mensagem de Jesus não se
destinava apenas aos judeus, mas incluía os pagãos. Lucas ainda menciona: (1) a
fundação da igreja na Antioquia pelo apóstolo Barnabé e a conversão de muitos
pagãos; (2) a morte de Tiago; (3) a prisão de Pedro por ordem de Herodes
Antipas, a milagrosa libertação do apóstolo por um anjo e a morte do rei. Lucas
relata a difusão dos ensinamentos cristãos pela Ásia Menor e Europa, atividades
missionárias de Barnabé e de Paulo, controvérsia no concílio dos apóstolos em
Jerusalém sobre os requisitos a serem preenchidos pelos novos adeptos,
inclusive sobre o valor da circuncisão. Naquela oportunidade, ficou decidido
que: (I) dos novos adeptos devia ser exigida apenas a abstenção de carnes
sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da impureza; (II) a
circuncisão não era obrigatória; (III) Barnabé, Judas, Paulo e Silas levariam a
decisão do concílio às igrejas da Antioquia, Síria e Cilícia.
Lucas menciona: a
discussão entre Barnabé e Paulo e a separação dos dois; a prisão de Paulo e
Silas, sob acusação de amotinarem a cidade; o encontro de Paulo com os
discípulos de João Batista em Éfeso {alguns discípulos fiéis a João Batista não
se misturavam com os discípulos fiéis a Jesus}; as viagens à Macedônia, Grécia,
Mileto, Tiro, Cesaréia e Jerusalém. Sobre a prisão e o julgamento de Paulo em
Jerusalém, sob acusação de blasfêmia contra o templo e de violar a lei de
Moisés, Lucas diz: que Paulo afirmou ser judeu convertido ao cristianismo; que
sem ser convencido, o povo judeu pede a morte dele; que o tribuno (autoridade
pública) ordena que Paulo seja recolhido e açoitado; que Paulo se declara
romano de nascimento e cita a norma que vedava açoitar um romano; que ele é
libertado, mas o tribuno ordena o seu comparecimento perante o Grande Conselho
Judaico; que perante este Conselho, Paulo se declara fariseu, filho de fariseus
e que fora preso por causa da sua crença na ressurreição; que houve divergência
entre os juízes desse Conselho (funcionava como tribunal): de um lado, os
juízes fariseus que acreditavam na ressurreição dos justos; de outro, os juízes
saduceus que não acreditavam na ressurreição; que os ânimos se exaltaram; que a
autoridade romana recolhe Paulo na cidadela, sem uma sentença. Depois disto,
Paulo foi enviado a Cesaréia, acusado de pertencer à seita dos nazarenos e de
ser uma peste que fomentava a discórdia entre os judeus no mundo inteiro. Paulo
negou as acusações. O governador de Cesaréia suspendeu o processo e manteve Paulo
recluso, porém, permitiu que ele fosse assistido por companheiros. Após o
decurso de dois anos, Paulo invoca a cidadania romana e apela a César. O
governador despacha-o para Roma. Forte tempestade desvia o barco para a ilha de
Malta de onde ele parte três meses depois. Em Roma, ele obtém licença para
morar em casa própria vigiado por soldado. A prisão domiciliar durou dois anos.
Neste ponto, termina a narrativa de Lucas.
Os
judeus convertidos eram poucos. Tanto os judeus que residiam na Palestina como
os que viviam em outras regiões permaneceram fiéis a Moisés. Os judeus e pagãos
convertidos ao cristianismo eram perseguidos pelos judeus e pagãos não
convertidos. Paulo mostrou-se hábil argumentador e se valeu da sua cultura
geral e jurídica. Invocava tanto a lei hebraica como a lei romana sempre que
essas leis lhe fossem favoráveis. Em Roma, viveu livre até ser acusado da
prática de delito contra o Estado. Foi preso, condenado e decapitado.
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