sábado, 15 de março de 2014

FILOSOFIA X - C



Europa. (Cristianismo. Continuação).

Sem amparo na realidade histórica, mas tão só para fins de convencimento dos crentes, o “apóstolo” Paulo diz que Ismael, patriarca da nação árabe, filho da natureza (mãe egípcia) perseguia Isaac, patriarca da nação judia, filho da liberdade (mãe judia) e que ele (Paulo) e os crentes são filhos da liberdade. {Não há notícia alguma no Antigo Testamento de que o garoto Ismael, filho de Abraão, perseguisse o garoto Isaac, suposto filho de Abraão. Este sofisma discriminatório coloca os judeus (Isaac) como vítimas dos árabes (Ismael) e estimula a animosidade entre as duas nações}. Na opinião de Paulo, liberdade não significa entregar-se às obras da carne (fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, briga, ciúme, discórdia, ódio, ambição, inveja, bebedeira, orgia). A obra do espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. O crente não deve ser ávido de vangloria; no seio da comunidade não há lugar para provocações e inveja; quem for surpreendido em falta deve ser admoestado com mansidão; todos devem se cuidar para não cair em tentação; ajudar um ao outro, porém, cada um carrega o seu próprio fardo. Quem recebe a catequese deve repartir todos os seus bens com aquele que o instrui {preceito que se mostrou de grande valia ao tesouro da igreja}. O que o homem semeia isto mesmo colherá. {Ditado popular: “quem semeia vento, colhe tempestade”}. Ao encerrar a missiva, Paulo diz que a escreveu de próprio punho {afirmação desnecessária se fosse veraz}. Paulo escreve à igreja de Roma (anciãos + bispos + presbíteros + diáconos + crentes). O intróito é o mesmo das epístolas anteriores. Embora a Ásia fosse a sua jurisdição, Paulo visitava cidades da Europa por serem pagãs. Percebe-se nele, o desejo de dividir com Pedro o prestígio derivado da proeza de catequizar os habitantes da capital do império romano, a grande potência da época. Esta ambição custou-lhe a vida. À igreja de Roma ele diz que o evangelho {não o livro e sim a palavra de Cristo} é uma força vinda de deus para salvar os crentes; que deus se manifesta do céu contra a impiedade e a perversidade humana; pela injustiça, os homens aprisionam a verdade. Paulo dá conselhos e dita preceitos éticos; critica a depravação de homens e mulheres e cita os vícios. As bênçãos cabem aos judeus em primeiro lugar e depois aos estrangeiros embora não deva existir distinção entre as pessoas {aqui Paulo abre exceção ao princípio da igualdade e mantém o dogma do “povo eleito de deus”}. Justos são os que praticam a lei, pois não basta ouvi-la; merece censura quem ensina o bem e pratica o mal; a verdadeira circuncisão é a do coração, segundo o espírito e não a letra da lei; a incredulidade dos judeus {da Palestina} serviu para salvar os pagãos que receberam o evangelho; a injustiça humana realça a justiça divina; há um só deus para judeus e pagãos {omitiu os cristãos}. Paulo escreve à igreja de Corinto solicitando que os crentes acabem com os abusos e as disputas internas. Diz que foi enviado por Cristo, não para batizar e sim para pregar o evangelho. {Paulo tenta se sobrepor a João Batista; ignora, ou finge ignorar, que o fundador da seita também ensinava além de batizar}. Para os crentes – prossegue a missiva – Cristo se tornou sabedoria, justiça, santificação e redenção; Cristo é o único fundamento do edifício de deus; cada um receberá o louvor que merece de deus quando o tempo chegar. A carta sugere aos crentes que imitem Paulo; refuta os que o denigrem; recrimina a igreja de Corinto pela luxúria. Os crentes devem submeter suas desavenças à irmandade, sem recorrer aos tribunais profanos. Quem se ajunta a uma prostituta torna-se um só corpo com ela. O corpo do crente é o templo do espírito santo. O corpo da mulher pertence ao marido e o do marido à esposa. Os solteiros e as viúvas, se não puderem se conter, devem casar, pois melhor casar do que se abrasar. O celibato convém a quem se dedica ao Senhor. Por seu trabalho espiritual, os missionários têm direito a colher bens materiais dos crentes {o exercício deste “direito” rendeu riqueza material aos padres, pastores e igrejas}. Os crentes não devem comer alimento oriundo do sacrifício a ídolos; as mulheres devem orar com a cabeça coberta e os homens com a cabeça descoberta. Nas assembléias, os irmãos devem se comportar bem, um esperando o outro; as mulheres devem permanecer caladas e submissas. Na ceia comum, todos devem comer com moderação, pois quem tiver fome, coma em casa. Diversos são os dons, mas o espírito é um só; devemos preferir o dom da profecia ao dom das línguas. Quem não acredita na ressurreição de Cristo está em pecado. Jesus morreu por nossos pecados, foi sepultado, ressurgiu no terceiro dia, apareceu sucessivamente a Pedro, aos doze apóstolos, a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a Tiago, novamente aos apóstolos e por último, a ele, Paulo, como a um abortivo que, por ser o menor dos apóstolos, não se considera digno de ser chamado de apóstolo, pois perseguiu a igreja de deus. {Falsa modéstia de Paulo, cuja pieguice é desmentida por suas próprias epístolas. Jesus apareceu primeiro a Madalena. A aversão de Paulo às mulheres o faz omitir esse fato. Eram 11 apóstolos, pois a vaga de Judas ainda não fora preenchida. Depois da sua morte, Jesus nunca apareceu a Paulo e nem à multidão referida (a “aparição” de Jesus na estrada de Damasco é mais uma das mentiras de Paulo)}. Carne e sangue não participam do reino de deus, diz ele {isto implica afastar a lenda sobre a ascensão ao céu em carne e sangue de Enoc, Moisés, Elias e Jesus}. Diz mais: quando soar a trombeta, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e os vivos serão transformados. Ele instrui os coríntios sobre a coleta em benefício dos santos (ajuda financeira à igreja de Jerusalém). Na segunda missiva aos coríntios, Paulo segue no mesmo diapasão. Fala do consolo dos angustiados, da tribulação que sofreu na Ásia, da sua sinceridade pessoal; defende-se da acusação de ser leviano, alude à dificuldade que encontra no seu ministério e à confiança na morada espiritual. Pede aos crentes que se reconciliem com deus, pois não pode haver acordo entre a luz e as trevas. Faz referência à carta anterior que causou sofrimento aos crentes pelas reprimendas. Mostra-se grato pela coleta em favor da igreja de Jerusalém. Exorta os crentes à mansidão, à bondade e ao respeito à sua autoridade, da qual confessa se orgulhar. Justifica o fato de receber o seu sustento das igrejas. Esclarece que não é louco. Afirma ter apelado a deus para que o apartasse de Satanás e ter recebido a seguinte resposta: Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela toda a minha força. {Esta é mais uma passagem em que Paulo tenta se nivelar a Jesus e impressionar os crentes, porque Jesus também fora tentado por Satanás}. Fala de um homem que há 14 anos atrás (por volta do ano 50) foi arrebatado ao paraíso – com ou sem o corpo, não sabe dizer – e lá ouviu palavras inefáveis que não é permitido a um homem repetir {muito conveniente à simulação}. Paulo deixa subentendido, em subliminal falsa modéstia, que esse homem é ele próprio. O objetivo é sempre o mesmo: nivelar-se a Jesus para impressionar e convencer os crentes {o profeta fora arrebatado, segundo narrativa dos evangelistas Marcos e Lucas}. Diz que foi insensato ao elogiar a si próprio; que às igrejas cabia elogiá-lo porque ele em nada era inferior aos apóstolos. {Pedir para ser elogiado ou elogiar a si próprio é expediente solerte e de mau tom}. Avisa que visitará a igreja de Corinto, ouvirá testemunhas e desta vez não haverá perdão pelas faltas apuradas; diz que os crentes não devem exigir, como vêm exigindo, prova de que é Cristo que fala por ele. À igreja de Filipos, Paulo fala das suas orações em favor da igreja, tal qual nas epístolas anteriores, em que faz referência aos seus padecimentos por amor a Cristo, na visível intenção de comover os crentes. Pede união e perseverança. Fala de si mesmo, da sua vida farisaica e da sua vida cristã e pede aos crentes que o imitem {pedido que já fizera alhures e continuaria a fazer, como se imitado devesse ser ele e não Jesus}. Agradece a ajuda que recebe da igreja. A Filêmon, cristão rico, Paulo escreve pedindo que receba e perdoe o escravo fugitivo de nome Onésimo, que ele convertera à fé cristã; que Onésimo fosse recebido não mais como escravo e sim como irmão de fé. Diz que podia usar da sua autoridade em Cristo para prescrever o que era da obrigação de Filêmon, porém, prefere apenas fazer um apelo à sua caridade. Compromete-se a pagar qualquer prejuízo que Onésimo tenha causado. Paulo solicita pouso na casa de Filêmon, pois espera sair da prisão em breve. Timóteo e Tito foram colocados à frente das igrejas de Éfeso e Creta, como bispos.

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