segunda-feira, 31 de outubro de 2011

FUTEBOL

Treinadores medalhões não bastam para conduzir um time de futebol à vitória final em campeonatos.
O Palmeiras FC estava bem sob a orientação de um auxiliar técnico. A diretoria contratou um medalhão para substituí-lo. A equipe desceu a ladeira e ficou mal classificada no campeonato e nem conseguirá vaga na copa Libertadores da América. O auxiliar técnico menosprezado pela diretoria palmeirense foi contratado como treinador pela Portuguesa paulistana e o resultado aí está: campeã da série B, a lusa disputará o campeonato de 2012 na série A.
A diretoria do Santos FC contratou treinador medalhão e ficou mal classificada, apesar do bom elenco.
Sem êxito no Cruzeiro de Minas Gerais, treinador medalhão é contratado pelo Flamengo FR. A equipe está claudicando, apesar do bom elenco e de estar na parte superior da classificação do campeonato brasileiro. Remota é a possibilidade de conquistar o título ou até de obter uma vaga na disputa da copa Libertadores da América.
Nos demais clubes que participam do campeonato brasileiro de futebol militam treinadores triviais que mostram eficiente serviço. Corinthians, Vasco, Botafogo e Fluminense com chances de vitória. Internacional e São Paulo com probabilidade de conquistar vaga na copa Libertadores da América. Grêmio de Porto Alegre e Atlético de Minas Gerais reagindo e escapando do rebaixamento.
Embora o campeonato brasileiro termine dentro de um mês, a dança das cadeiras continua. Há notável equilíbrio entre os clubes: vitórias de clubes situados na parte de baixo sobre clubes situados na parte de cima da tabela. No último domingo (30/10/2011), por exemplo, o Grêmio de Porto Alegre venceu o Flamengo do Rio de Janeiro.
As emissoras brasileiras de TV transmitem bem os jogos de futebol do campeonato brasileiro e mal os jogos do futebol europeu. A Band está com o melhor narrador, Luciano do Vale, que mantém sintonia fina com os comentaristas. Formou excelente e inesquecível dupla com Juarez há alguns anos. Testemunha da história do esporte e vasta experiência no ramo, Luciano transmite com fidelidade o que se passa no estádio e com entusiasmo as boas jogadas. O narrador do canal SporTV, Milton Leite, forma boa dupla com o comentarista Maurício Noriega, ambos com tiradas inteligentes e bem humoradas.
Há ex-jogadores que se tornaram excelentes comentaristas de jogos na TV, como Edmundo, Casagrande e Júnior. Controlam o emocional e fazem análises concisas e inteligentes, adequadas ao que se passa durante as partidas. Quando em campo o clube da sua predileção, embora com a isenção comprometida, tais comentaristas mostram-se comedidos e revelam senso de profissionalismo.
Narradores e comentaristas deixam transparecer preferências por determinados jogadores: exaltam-lhes as jogadas felizes e silenciam sobre as infelizes (passes mal feitos, oportunidade de gol perdida, faltas violentas, furadas, dribles sofridos, perdas de bola, pisadas na bola). Das transmissões, nota-se que há, pelos menos, dois momentos previstos para a intervenção do comentarista, no primeiro e no último quarto de cada um dos tempos do jogo. Há, também, intervenção imprevista, por iniciativa do próprio comentarista ou a chamado do narrador, como acontece na Band, ou por exclusiva provocação do narrador, como acontece nas demais emissoras. A intervenção imprevista requer senso de oportunidade, limitada a ocorrências no campo dignas de comentário imediato. Repetir o que os olhos do telespectador viram é encher lingüiça, consoante jargão popular, ou duvidar da inteligência do público. Interessante é explicar aspectos da jogada despercebidos pelo público, mas captados pelos treinados olhos do profissional. Os comentaristas de arbitragem enquadram-se nesse padrão. Desde que ex-árbitros passaram a atuar nas emissoras de TV, os comentários sobre arbitragem melhoraram muitíssimo. Com o treinado olhar da experiência, eles enxergam coisas que passam despercebidas pelos narradores e pelo público. Informados sobre as regras do futebol, bem fundamentam as suas opiniões. Todos exibem nível satisfatório, alguns com mais desembaraço, outros com menos. Alguns contornam as intromissões dos narradores; outros, as refutam de modo direto, com educação, independência e personalidade. A rigor, não há hierarquia entre narrador e comentarista de jogo ou de arbitragem. Por motivo óbvio, o narrador dispõe da maior parte do tempo e o comentarista de jogo dispõe de mais tempo do que o comentarista de arbitragem, porém essa divisão não implica opiniões subordinadas. Há narradores cuja vaidade é maior do que a ética profissional; donos do tempo, eles gostam de exibir conhecimento e de se sobrepor aos comentaristas; às vezes, recebem merecida traulitada.

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