sábado, 15 de outubro de 2011

FUTEBOL

As equipes do Atlético e do Coritiba, ambas do Paraná, foram infelizes na noite de quinta-feira, 13/10/2011.

Depois de vencer o Vasco no primeiro tempo, na arena da baixada, em Curitiba (2x0), o Atlético cedeu o empate e quase perde o jogo no segundo tempo. Erro tático. Recuou em demasia para garantir o placar. Contra time forte, isto equivale a suicídio. Ao aplicar essa tática suicida na rodada anterior, o Botafogo manteve a vitória conquistada no primeiro tempo, mas foi bombardeado intensamente pelo Corinthians, no segundo; o treinador botafoguense teve mais sorte do que juízo; os jogadores sofreram desgaste físico e emocional desnecessário. O treinador do Atlético paranaense não teve a mesma sorte. O Vasco reagiu no segundo tempo, intensificou o ataque, acertou nas finalizações e deu mínimas chances ao clube paranaense de contra atacar. Somente após sofrer o segundo gol, o Atlético resolveu atacar novamente. Se não houvesse abdicado do ataque desde o início do segundo tempo, certamente teria ampliado o placar e impedido a vitória do clube carioca. Conseqüência: o Atlético permanece na zona do rebaixamento.

A derrota do Coritiba diante do Fluminense foi mais fácil de digerir (3x1). O clube paranaense atuou bem, mas o carioca foi mais eficiente nas finalizações. Fred marcou os gols do Fluminense. Beneficiou-se das boas assistências dos seus companheiros. Superou o incidente fora de campo, quando agredido por torcedores, tempos atrás.

Ao saber das agressões a companheiros por torcedores descontentes com a atuação do time no campeonato brasileiro, o jogador Kleber, do Palmeiras, manifestou a vontade de mudar de clube, tal como anteriormente fizera Fred, do Fluminense, em nome da segurança própria e da família. Nos dois episódios, carioca e paulista, o problema não foi criado pela torcida – que se compõe de milhares de pessoas de bem, cumpridoras dos seus deveres para com a família e a sociedade – e sim por um grupo sem representatividade. O registro policial da ocorrência foi boa iniciativa. Nenhuma surpresa causará se for constatada ficha criminal de alguns membros desse pequeno grupo. Em geral, esses grupos são formados por arruaceiros que gostam de exibir força contra jogadores, invadir o clube, depredar instalações e veículos, como aconteceu no Corinthians em passado recente. As diretorias dos clubes e demais vítimas das agressões não devem ser complacentes com os agressores, ainda que sejam proletários que enfrentam dificuldades sociais e econômicas. O fato de alguém ser torcedor e proletário não autoriza vandalismos, arruaças, práticas criminosas. A paixão pelo time não justifica a violência. Os agressores ficam sujeitos às sanções legais pelos danos pessoais e patrimoniais causados.

Má fase do time não é óbice à permanência do jogador profissional no clube, nem justa causa para romper unilateralmente o contrato de trabalho. Risco de vida gerado pela atividade laboral não previsto em cláusula contratual tipifica justa causa para a unilateral rescisão. Crises acontecem no mundo da natureza e no mundo da cultura, nos organismos biológicos e nas instituições humanas. As crises ocorrem em momentos culminantes do processo natural ou artificial, por saturação e disfunção provocadoras de mudanças.
No mundo da cultura – criado pelo ser humano – as crises integram a dinâmica social e favorecem o progresso material, intelectual e moral. Abrem portas a novas técnicas, novos conhecimentos, novos padrões de conduta. Geram reestruturação ética e social. Caracterizam-se: (i) pela turbulência originada por questionamento da eficiência e da adequação do modelo vigente diante dos desafios de uma nova realidade; (ii) por situações aflitivas ou perigosas oriundas de alicerces materiais ou morais corroídos; (iii) por súbita alteração no status quo decorrente de fatores endógenos ou exógenos; (iv) por variáveis que apontam direções opostas. As crises podem abranger a comunidade nacional ou internacional, do que serve de exemplo a crise da economia mundial de 2008/2011; ou abranger setores da sociedade, como clubes de futebol. Da crise setorial pode resultar redirecionamento de relações internas e externas, aquisição e alienação de bens, contratação e dispensa de pessoal, e assim por diante. A mutação a partir de um ponto crítico e a adaptabilidade à situação resultante são fatos da natureza observáveis também na sociedade. O fim de um ciclo não é o fim do mundo. A vida continua.

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