quinta-feira, 13 de outubro de 2011

FUTEBOL

O mimetismo típico da conduta do povo brasileiro, conseqüência da sua origem colonial, ocorre também no futebol. A partir da exibição da seleção holandesa na copa de 1974, os treinadores brasileiros passaram a adotar a múltipla função dos jogadores. Atacante tem que ser também armador e defensor. Armador tem que ser também defensor e atacante. Defensor tem que ser também atacante e armador. Esse modelo ajustou-se bem a treinadores medrosos, que se sentem seguros na retranca. Para esse tipo de treinador, a vitória é secundária; a prioridade é evitar a derrota.

Tal modelo mostrou-se inadequado ao futebol brasileiro. Retrospecto dos jogos da seleção nestes últimos 40 anos constata essa realidade. A seleção ficou 24 anos sem vencer copa do mundo (1970/1994). Depois, no lapso de 20 anos ainda incompletos (1994/2014) ganhou uma copa (2002). Os jogadores de nível técnico apurado não ficam à vontade ao exercer múltiplas funções. Nota-se que eles não têm vocação para coringa. Há alguns anos atrás, Oséias protagonizou caso emblemático. Ao ajudar a defesa em um escanteio, saltou e cabeceou para dentro do gol. Pintura mais bem acabada de gol contra a própria equipe. Ao tomar, logo em seguida, consciência do que praticara, ele se espantou. Todos compreenderam que ele, sem pensar, agira por reflexo decorrente do seu condicionamento de atacante e faro de goleador.

Auxiliar a defesa é uma coisa, assumir a função de defensor é outra. De um modo geral, o defensor tem mais habilidade para atacar do que o atacante para desarmar. Jogadores condicionados psicologicamente a atacar carregam a probabilidade de, no desarme, sem intimidade com a função defensiva, machucar a si próprios e aos adversários, receber cartões amarelos e vermelhos por imperícia ou imprudência. Os exemplos são numerosos. A função defensiva não é a praia deles. Alguns jogadores rendem menos na seleção do que nos seus clubes porque o treinador exige que eles exerçam funções estranhas às suas especialidades. Ocasionalmente, o esquema traçado pelo treinador sufoca a habilidade do jogador. O atacante de nível excelente pode auxiliar a defesa, sem recuar além da linha intermediária, simplesmente acossando o adversário. Deixa o desarme para quem é do ramo. Acossa e se aproveita do erro do adversário. Nada de carrinhos, rasteiras, tapas e cotoveladas. Quando o adversário adianta demais a bola, aproveita para tomá-la. Quando o adversário é interceptado pelo defensor, aproveita a sobra. Estas são maneiras inteligentes de o atacante ajudar os companheiros da defesa sem comprometer o seu desempenho no ataque. Evidente que o atacante não há de evitar o confronto direto quando estiver com a bola dominada. Aí entram o seu destemor, a sua perícia e a sua determinação.

A seleção brasileira atuou bem diante de uma seleção mexicana superior à costarriquenha em valores individuais. O início do jogo foi às 23,00, horas, meridiano brasiliense (11.10.2011). Horário injustificável e abusivo. O teste foi muito bom. Torcida contra. Árbitro contra. Gol contra. Inferioridade numérica em campo. Placar adverso (Mex1 x 0 Bra). No período final, a seleção canarinho virou o placar (Bra2 x1Mex). Jefferson e Hulk aprovados. Lucas do SP acanhado. Davi Luiz atabalhoado. Quiçá, a ausência de Lúcio o tenha deixado inseguro e aumentado o peso da responsabilidade. Nos últimos jogos, Davi se mostrou temperamental. Daniel praticou falta inexplicável dentro da área. Sem razão, ele reclamou da arbitragem e recebeu o segundo cartão amarelo, ainda no primeiro tempo. Desfalcou o time. Os demais jogadores mantiveram bom nível. Destaque para Marcelo e Ronaldo. Atuaram acima da média. Brindaram o público com dois gols de bonita e eficiente execução.
Estádio do Pacaembu. 12/10/2011. Botafogo vence o Corinthians (2x0). Gols feitos no primeiro tempo. No segundo, o time carioca, desfalcado pela expulsão de Cortês, fechou-se na defesa. Correu sério risco diante da qualidade técnica do time paulista. Confronto dramático. A defesa botafoguense foi submetida a intenso bombardeio. O contra ataque tornou-se quase impossível. Apesar dos inúmeros escanteios e finalizações, os paulistas não conseguiram marcar gol. Destaque para Renan, goleiro do Botafogo, por suas excelentes defesas.

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