sábado, 2 de abril de 2011

RELIGIÃO

ANTIGO TESTAMENTO – FINAL.

Eclesiastes.

Eclesiastes significa assembléia ou aquele que comanda uma assembléia. Este livro é uma coletânea de meditações sobre a vida humana atribuídas ao personagem de nome Eclesiastes, que seria o próprio Salomão, como se deduz do cabeçalho do livro: Palavras do Eclesiastes, filho de Davi, rei de Jerusalém. No prólogo, a mais conhecida das máximas: Vaidade das vaidades, diz o Eclesiastes, vaidade das vaidades! Tudo é vaidade. Vaidade da sabedoria: o acúmulo de sabedoria é vento que passa; quem aumenta a ciência, aumenta a dor. Vaidade dos prazeres: ao pecador Deus incumbe acumular bens que depois passará a quem lhe agradar; isto, ainda, é vaidade e vento que passa. Vaidade das riquezas: aquele que ama o dinheiro nunca se fartará; aquele que ama a riqueza não tira dela proveito; também isso é vaidade. Diz o sábio: há tempo para tudo, para cada coisa há um momento, debaixo dos céus: tempo para nascer, tempo para morrer, tempo para plantar, tempo para colher. O livro faz referência: (i) às injustiças do mundo: o destino dos racionais é o mesmo dos irracionais: a morte; nada há de melhor para o homem do que se alegrar com os frutos do seu trabalho; (ii) aos tormentos da vida humana; (iii) aos conselhos de piedade; (iv) às máximas de sabedoria: Deus criou o homem reto, mas é o homem que procura os extravios; (v) à submissão ao rei: juramento de fidelidade tendo Deus como testemunha; (vi) ao igual destino dos homens: tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria; quem observa o vento não semeia e quem examina as nuvens não sega (não ceifa, não corta). No epílogo, o autor sintetiza: teme a Deus e observa os seus preceitos; é este o dever de todo o homem.

Comentário. A sabedoria não é vento que passa; perdura enquanto o sábio vive e aproveita à posteridade (tradição cultural). Quem ama a riqueza e é rico, dela tira proveito na vida terrena. Muito conveniente ao soberano poeta incluir entre os preceitos éticos a fidelidade dos súditos. Nenhuma certeza há quanto à região dos mortos, salvo a localizada na Terra (sepultura, cremação). Se a sabedoria provém de Deus e se Deus dita leis, então, há inteligência no mundo espiritual. Preceitos são formulados pelos humanos e não por Deus.

Eclesiástico.

Este livro foi escrito por volta do ano 200 a.C., no período em que a Palestina era disputada pela Síria e pelo Egito. O autor chama-se Jesus (xará do Cristo). Trata dos aspectos da vida humana relacionados com os mandamentos divinos e à fidelidade ao Senhor. A primeira parte é dedicada à origem da sabedoria, amor à sabedoria, felicidade do sábio, temor ao Senhor, justiça humana e divina, piedade filial, médicos e terapias, cautela nas relações sociais, disciplina da língua, riqueza e pobreza, distribuição de bens, liberdade do homem, juízos temerários, autodomínio, moderação, mansidão, bondade, humildade, amizade, prudência, mulheres, mesquinhez, inveja, hipocrisia, insensatez, governo, negócios, orações, exortações e outros tópicos. Eis alguns: toda sabedoria vem do Senhor Deus; como é infame aquele que abandona seu pai, como é amaldiçoado por Deus aquele que irrita sua mãe; tua mão não seja aberta para receber e fechada para dar; faças justiça tanto para o pequeno como para o grande; feliz o homem que persevera na sabedoria e que se exercita na prática da justiça; antes de julgar, procura ser justo; antes de falar, aprenda; a boa palavra multiplica os amigos e apazigua os inimigos; o amigo não se conhece durante a prosperidade; não abandones um velho amigo, pois o novo não o valerá; quem revela o segredo de um amigo perde a sua confiança; estende a mão para o pobre; não avalies um homem pela sua aparência; não tragas um homem qualquer à tua casa; o olhar do invejoso é mau; não há cólera que vença a da mulher; o homem sensato crê na lei de Deus; doce é a vida do operário que se basta a si próprio.

Na segunda parte do livro, o autor louva a Deus e aos antepassados; fala da grandeza de Deus na criação e elogia vultos da história do povo hebreu. Na terceira parte, há um apêndice em que o autor se refere aos filisteus e aos samaritanos de modo pejorativo; autentica o seu livro; lança uma oração e exorta todos à busca da sabedoria.

Daniel.

Este livro se divide em três partes. A primeira relata o recrutamento de Daniel e outros jovens bem dotados do ponto de vista físico e intelectual para o serviço do rei da Babilônia (Nabucodonosor II). Ao fim de três anos de estudos sob orientação dos magos, os jovens se apresentaram ao rei, foram entrevistados e se tornaram conselheiros. Chamados para adivinhar e interpretar o sonho do rei, os escribas e feiticeiros acharam a tarefa impossível. O rei mandou mata-los. Daniel solicitou um prazo para executar a tarefa e impedir o morticínio. Orou ao seu deus e obteve a resposta. O rei sonhara com uma estátua com cabeça de ouro, corpo de prata, pernas de bronze e pés de barro. Daniel interpretou o sonho. O rei ficou agradecido, deu-lhe muitos presentes e o nomeou governador da província da Babilônia, chefe dos escribas e dos magos. Companheiros de Daniel descumpriram as ordens do rei e não se prostraram perante a estátua de ouro que ele mandara construir, motivo pelo qual foram jogados em uma fornalha. Além de não se queimarem, eles passeavam pelo fogo orando ao Senhor. O rei glorifica o deus dos judeus. Durante o governo de Baltazar, filho e sucessor de Nabucodonosor II, Daniel, vítima de intrigas palacianas, foi jogado na cova dos leões. No dia seguinte, o rei foi à cova e chamou por Daniel. O profeta respondeu, dizendo-se protegido do Senhor: os leões ficaram com a boca fechada. Daniel foi retirado da cova e nela o rei mandou jogar os acusadores com as respectivas famílias; um banquete para os leões.

Na segunda parte do livro, narram-se visões proféticas, oração de Daniel, destino do povo judeu, disputa dos reis pelo domínio dos povos e a profecia contra Antíoco IV (175/163 a.C.) descrito como homem vil, sem dignidade real, da dinastia selêucida que governava a Palestina e a Síria. Essa parte do livro termina com um ser antropomórfico que apareceu a Daniel e lhe revelou o futuro; menciona os tempos messiânicos e anuncia a morte do profeta.

A terceira parte (apêndices) contém três pequenas histórias: a de Suzana, a do ídolo Bel e a do dragão. Suzana era mulher bela e piedosa, casada e educada na lei de Moisés. Dois juizes se apaixonaram por ela. Frustrados por não obter os favores sexuais da bela mulher, os juizes a denunciaram perante a assembléia dos anciãos e prestaram falso testemunho. Suzana foi condenada à morte por adultério. Presente à sessão de julgamento, Daniel protestou, certo da injustiça. Acusou os juízes de mentirosos. Daniel pediu que os acusadores fossem ouvidos em separado. Os juizes acusadores deram respostas diferentes à mesma pergunta. A sentença de Suzana foi cancelada. Os acusadores foram condenados à morte. Quanto a Bel, ídolo da Babilônia, Daniel se recusou a lhe prestar culto; disse que já cultuava um deus vivo e aquele era um deus morto. O rei contestou: morto era o deus de Daniel; o deus babilônico comia e bebia as oferendas. Daniel replicou: isto era impossível, porque o deus era de barro por dentro e de bronze por fora. Para verificar de que lado estava a verdade, o rei depositou oferendas ao ídolo e evacuou o recinto. Antes do trancamento da porta, cinzas foram espalhadas por todo o chão, a pedido de Daniel. Na manhã do dia seguinte, o rei verificou que as portas ainda estavam lacradas. Ao abri-las, viu que as oferendas tinham sido consumidas. Daniel, então, chamou-lhe a atenção para o piso, todo marcado por pés de adultos e crianças. Os sacerdotes, esposas e filhos, entravam por uma porta secreta embaixo da mesa de oferendas e as consumiam. O rei mandou matar a todos e entregou o ídolo a Daniel, que o destruiu. Quanto ao dragão, deus vivo que come e bebe, Daniel também se recusou a adorá-lo. Afirmou que mataria aquele dragão sem arma alguma. O rei permitiu que Daniel provasse o que afirmava. Daniel preparou um cozido. Ao comê-lo, o dragão morreu. Os sacerdotes se enfureceram. Daniel foi novamente lançado na cova dos leões, mas não foi devorado. O rei libertou-o no 7º dia e lançou seus detratores na cova. Parece que Daniel hipnotizava os leões. Enquanto ficou na cova, Daniel se alimentava do que o profeta Habacuc lhe trazia da Judéia, nas asas do Anjo do Senhor. Linha aérea Judéia-Babilônia-Judéia. Angel Airways Co. Vôos diários. Teve imitador no Brasil: “Voe pelas asas da Panair”.

Macabeus I e II.

Estes livros foram escritos por volta de 100 a.C. No primeiro, o autor conta que Alexandre Magno, antes de morrer, ainda jovem, repartiu o império entre cortesãos e amigos. Narra a conquista do Egito por Antioco IV, o assalto a Jerusalém, o edito do rei para a união dos povos sob sua jurisdição, impondo a religião pagã a todos e proibindo os ritos judaicos. Aos desobedientes aplicar-se-ia a pena de morte. Matatias, líder judeu, rebela-se contra o real decreto e contra os judeus que aderiram à idolatria; convida os fiéis à divindade para segui-lo; abandonou seus bens e foi para o deserto. Alguns seguidores foram mortos pelos guerreiros da Síria. Isto levou os fiéis a se organizarem sob o comando de Matatias, a enfrentar os sírios, a massacrar os judeus prevaricadores e traidores, a circuncidar crianças à força, e a viver sob as próprias leis. Judas Macabeu, filho de Matatias, o sucedeu no comando e promoveu incursões por todo o território judeu, expulsando os ímpios. Ele, seus irmãos e exército, venceram os sírios invasores, entraram em Jerusalém, purificaram o templo, atacaram os vizinhos hostis à Judéia, derrotaram forças inimigas e celebraram aliança com Roma. Judas morre em combate e é sucedido por seu irmão Jônatas. Com a prisão de Jônatas, outro irmão, Simão, assume o comando e renova a aliança com Roma e Esparta. Desfrutaram a independência por 100 anos.

O segundo livro começa com as cartas aos judeus do Egito e a Aristóbolo, conselheiro de Ptolomeu, rei daquele país. Há um prólogo em que o autor diz que resumiu o conteúdo de 5 livros escritos por Jasão de Cirene, sobre os acontecimentos no tempo de Judas Macabeu e de seus irmãos: a purificação do templo, as guerras sustentadas contra Antioco Epifanes e seu filho, as manifestações celestiais em favor dos bravos que pelejaram pelo judaísmo, que se tornaram senhores do país, que puseram em fuga as hordas bárbaras, que recobraram a posse do templo, que livraram a cidade e restabeleceram as leis. A seguir, relata perseguições religiosas, a revolta e a vitória de Judas Macabeu e repete os temas do primeiro livro.

Fim do resumo dos livros do Antigo Testamento.

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