segunda-feira, 18 de abril de 2011

RELIGIÃO

NOVO TESTAMENTO – FINAL.

Apocalypse.

O vocábulo grego apocalypse significa revelação. O livro com esse nome foi elaborado por volta do ano 100 pelo apóstolo João, octogenário, homiziado na ilha de Patmos para escapar da perseguição de Domiciano, imperador de Roma. Constantemente os cristãos fugiam dos judeus e dos romanos sem que o Pai Celestial de Jesus disparasse raios sobre os perseguidores. O livro compreende o período entre o isolamento de Jesus da vida social e o seu futuro regresso. Os fiéis impacientavam-se com a demora do prometido retorno de Jesus. Os apóstolos se esforçavam para acalmá-los e impedir a vitória do paganismo. João usa linguagem ora ameaçadora, ora tenebrosa, como professor que busca obediência dos alunos pelo terror. O livro contém: (i) prólogo e epílogo (ii) as epístolas de João às sete igrejas da Ásia: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia (iii) as visões de João: o livro dos 7 selos, as 7 trombetas, os 7 portentos, os 7 anjos com seus 7 cálices, a besta de 7 cabeças, o aprisionamento do Maligno por 1.000 anos, a batalha final, a nova Jerusalém.

João diz que foi arrebatado em espírito, descreve a visão que teve de Jesus, a cujos pés ele caiu como se estivesse morto e notou que o divino mestre pousou sobre ele a mão direita [certamente, João abriu um dos olhos, viu a mão esquerda de Jesus e deduziu que era tocado pela mão direita]. João transmite, a cada igreja, as mensagens recebidas de Jesus naquela visão, nas quais o divino mestre afirma conhecer as obras de todas aquelas igrejas, as suas virtudes e fraquezas, a todas dirige palavras encorajadoras, fala das tribulações de cada uma e de como serão punidas em caso de desídia, desânimo ou desistência da fé.

O texto das visões do futuro do mundo e da igreja é uma desordenada miscelânea de dados e imagens do passado e do presente brotados da mente febril do apóstolo. Do exame desse texto conclui-se que se trata de alucinação decorrente do estado senil de João. As confusas expressões do prólogo já são sintomas do delírio. Ainda que levado a sério por gente crédula, o texto se presta a múltiplas interpretações, adaptável a qualquer época, tal como as profecias de Nostradamus, águas turvas em que navegam vigaristas de todos os quilates.

João conta que entrou por uma porta que se abriu no céu e viu: (i) um ser sentado no trono rodeado por 24 tronos e em cada trono um ancião (ii) mais 4 animais vivos e cheios de olhos [isto lembra a visão de Ezequiel] (iii) a abertura do livro de sete selos por um cordeiro que estava no meio do trono celeste (iv) os quatro animais e os vinte e quatro anciãos se prostrarem diante do cordeiro (v) milhares de anjos a bradar: digno é o cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor [bens ambicionados pelos humanos na vida terrena; em sendo onipotente, onisciente e onipresente, a divindade prescinde desses bens].

Ao abrir os quatro primeiros selos saíram do templo sucessivamente: (i) um cavalo branco e seu cavaleiro portando arco (ii) um cavalo vermelho cujo ginete veio para tirar a paz da Terra e provocar guerras entre os homens (iii) um cavalo preto e seu cavaleiro portando balança (iv) um cavalo verde cujo cavaleiro chamava-se Morte. Ao abrir o quinto selo aparece sob o altar almas dos homens imolados por causa da fé a clamarem por vingança. Na abertura do sexto selo há grande terremoto, o Sol escureceu, a Lua avermelhou, as estrelas caíram, quatro anjos se posicionaram nos quatro cantos do planeta para destruí-lo, resguardando as pessoas com o divino sinal na fronte. Na abertura do sétimo selo, houve silêncio no céu, um ritual com turíbulo, 7 anjos tocam trombetas produzindo horrores na Terra, matança de seres humanos pela cavalaria imperial.

O monge leigo José Maria, da região do Contestado, no Paraná, aguardava o exército celeste de São Sebastião para defender a posse da terra e a comunidade que lá se formara (gente pobre, simples e crédula) contra as forças do governo secular. A população foi dizimada. O monge também morreu na batalha (1912/1916). A cavalaria imperial celeste referida por João também é um engodo, fruto da imaginação fantasiosa do apóstolo.

João recebe uma vara para medir o templo e o altar celestial [ação inútil]. Ele menciona a Fera vencedora que sobe do abismo; a mulher revestida de Sol tendo a Lua sob os pés e coroa de 12 estrelas na cabeça; a batalha de Miguel e seus anjos contra o Dragão; a derrota dos acusadores dos cristãos. João conta que viu: (i) uma serpente vomitar contra a mulher um rio de águas, mas sem conseguir afogá-la (ii) levantar-se do mar uma Fera com 10 chifres e 4 cabeças, semelhante a uma pantera (iii) outra Fera, cujo número é 666, levantar-se da terra, com 2 chifres como o cordeiro, a falar como dragão e fazer prodígios (iv) o cordeiro e 144 mil pessoas com o sinal divino nas frontes, todas resgatadas da Terra [não diz como contou esses milhares de pessoas] (v) 3 anjos: o primeiro exorta os homens à adoração de Deus [fato do presente], o segundo anuncia a queda da Babilônia [fato do passado] e o terceiro ameaça com punição aqueles que adorarem a Fera [fato do futuro] (vi) outro anjo sair do templo celeste e ceifar a Terra (vii) mais 7 anjos que tinham 7 flagelos através dos quais se consumou a ira de Deus [isto lembra os supostos flagelos impostos por Moisés aos egípcios, referidos no AT, capítulos 7/11 do Êxodo] (viii) a grande meretriz que inebriou os habitantes da Terra (ix) a vitória do exército celeste sobre o exército terreno da Fera (x) anjo descer do céu, acorrentar Satanás e atirá-lo no abismo, onde ficará fechado por 1.000 anos e depois será solto (xi) tronos em que se assentavam almas daqueles homens decapitados por causa da fé em Jesus (xii) aquele que se assentava em um trono branco e julgava os mortos conforme o que estava escrito no livro da vida, segundo as obras de cada um; quem não fosse encontrado no livro da vida seria lançado ao fogo (xiii) novo céu, nova terra, a descida da cidade santa, a nova Jerusalém (xiv) o ocupante do trono dizer: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o começo e o fim. João descreve a cidade santa mostrada por um anjo; menciona um rio de água viva resplandecente saindo do trono de Deus e a árvore da vida; não haverá mais noite; a luz de Deus iluminará a cidade santa pelos séculos dos séculos. Deus recomenda colocar em prática as palavras do livro sem que nada lhe seja acrescentado ou retirado.

Fim do resumo dos livros do Novo Testamento (NT).

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