A Terra, o homem, a sociedade, o Estado, podem ser vistos
sob prismas distintos, como o geográfico, demográfico, racial, histórico,
cultural, econômico, social, político. As análises e estatísticas feitas por
diferentes pessoas e instituições nem sempre são concordantes porque, entre
outros fatores, dependem da idoneidade e consistência dos dados, da perspectiva
em que se coloca o analista, da acuidade e do propósito do observador, dos critérios
utilizados na pesquisa, das preferências, formação cultural e honestidade dos
operadores.
Do ponto de vista quantitativo, houve crescimento da
população mundial, apesar das guerras, das epidemias, das doenças incuráveis, dos
abortos e da mortalidade infantil. Essa população está distribuída entre mais
de uma centena de países em continentes e ilhas. Em alguns países, aumentou a
duração da vida das pessoas. Na primeira década do século XXI, sete bilhões de
pessoas habitavam o planeta, reunidas em diversas nações e etnias. Apesar da
padronização facilitada pelos meios de comunicação, ainda há diferenças
culturais entre os povos. Do ponto de vista qualitativo, melhorou o padrão de
vida em países capitalistas e socialistas.
O Brasil é povoado por duzentos milhões de indivíduos de
diversas etnias, com um idioma nacional prevalecente sobre as várias línguas dos aborígenes
e dos imigrantes e seus descendentes (africanos, europeus, asiáticos, americanos),
cada grupo com suas tradições culturais. População urbana, rural e ribeirinha
composta de: (1) índios, negros, cafuzos, mulatos, pardos, amarelos, morenos e brancos;
(2) analfabetos e alfabetizados de escolaridade primária, secundária, técnica e
universitária; (3) solteiros, casados, amigados, divorciados, viúvos, heterossexuais e homossexuais;
(4) cristãos, judeus, muçulmanos, espíritas, budistas, deístas e ateístas; (5)
civis e militares; (6) autocratas, aristocratas, democratas, radicais e moderados;
(7) liberais, fascistas, nazistas, anarquistas, socialistas, comunistas e furta-cores;
(8) vagabundos, criminosos, desempregados, servidores públicos, trabalhadores
rurais e urbanos, empreendedores e profissionais liberais; (9) miseráveis,
pobres, remediados, ricos, milionários; (10) gente saudável, doente, alegre,
triste, bonita, feia, cordial, hostil, bem educada, mal educada, honesta,
desonesta, inocente e pecadora.
Na Idade Moderna, o mundo ocidental conheceu
considerável progresso na esfera do direito. Das relações entre o indivíduo e o
Estado, ora pacíficas, ora conflitantes, nasceram direitos fundados na
liberdade, na igualdade e na fraternidade. Foram reconhecidos direitos naturais
à vida, à liberdade, à propriedade, à segurança e à resistência à opressão, que
limitam o poder dos governantes. Esses direitos naturais são considerados, lógica
e historicamente, anteriores ao ordenamento posto pelo Estado. No evolver
histórico, de modo objetivo, direitos sociais e econômicos foram
gerados com estribo na igualdade e na fraternidade, protegendo o proletariado e
as minorias. Esses direitos sociais e econômicos decorreram de um prisma
coletivo sob o qual foram vistos os interesses em jogo na Europa e na América, a
partir do século XIX. Esses direitos visam a atender de modo concreto as
necessidades reais das pessoas: (1) exigindo do Estado, prestações positivas {intervenção
na economia, monopólio estatal, função social da propriedade, previdência
social, assistência social}; (2) incluindo a participação dos trabalhadores no
lucro da empresa; (3) concedendo garantias aos trabalhadores em face do poder
econômico dos detentores do capital; (4) outorgando imunidades aos
legisladores, administradores, juízes, professores, para preservar a
incolumidade do indivíduo e da sociedade.
Na Idade Contemporânea, surgem direitos cosmopolitas, coletivos,
difusos, como: promoção da paz universal, segurança contra armamentos de
extermínio em massa, controle das experiências genéticas, defesa da qualidade
de vida em níveis local, regional e universal, desenvolvimento sustentável,
circulação de dados pela rede de computadores, proteção à privacidade das
pessoas, proteção ao consumidor. Esses direitos decorrem da repercussão social
do avanço científico e tecnológico, do maior grau de complexidade das relações
de produção, circulação e consumo de bens, da valorização da vida e da expansão
da consciência ecológica.
O progresso da
humanidade em ciência e tecnologia foi espetacular. O ritmo desse progresso foi
vertiginoso a partir do século XIX. Os benefícios materiais e intelectuais
trazidos por esse progresso não são desfrutados igualmente pelos diferentes
povos do planeta. Nota-se alguma solidariedade para amenizar a ausência de
efetiva, permanente e fraterna cooperação e a disparidade na troca de
conhecimentos. A justiça social consta
do programa constitucional de algumas nações. No Brasil, o legislador
constituinte deferiu ao governo do Estado a incumbência de promover e
incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação
tecnológicas. A eficácia dos direitos sociais declarados na Constituição
(educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência, proteção à
maternidade e à infância, assistência aos desamparados) depara-se com óbices
postos pela realidade social, econômica e política do país.
Do ponto de vista econômico, grande foi o desenvolvimento,
desde a Idade Antiga até a Idade Contemporânea. O ritmo desse desenvolvimento acentuou-se
com as revoluções comercial e industrial ocorridas na Europa. Houve sucessão de
sistemas econômicos: escravocrata, feudal, capitalista e socialista. Essa
linearidade pode gerar equívocos, pois, no plano dos fatos, convivem sistemas
diferentes na mesma época. Acontece, também, na mesma época e no mesmo país, o
espírito de um sistema influir em outro sistema vigente. As exigências
concretas da vida em sociedade afastam as posições extremadas e o radicalismo
ideológico, como se viu na segunda metade do século XX, na China e na ex-União Soviética.
Utopia à parte, a exploração do homem pelo homem ocorre em qualquer sistema
econômico. A distribuição da riqueza é desigual, quer entre os povos, quer no
interior de cada Estado. O auxílio entre os Estados está condicionado à
estratégia militar e econômica e, às vezes, depende da adesão a um modelo
político e cultural.
No Brasil, as raízes coloniais impediram o
desenvolvimento econômico por largo tempo. A situação de dependência era
acentuada mesmo na fase republicana. O Brasil era um país agrícola fornecedor
de matéria-prima. Isto começou a mudar após a revolução de 1930. O país
aumentou a sua capacidade de produzir energia, industrializou-se, utiliza
tecnologia de ponta e hoje é a sétima economia do mundo. Atualmente, o governo
brasileiro enfrenta a ressaca da crise econômica internacional de 2008 e busca
soluções racionais, apesar das dificuldades adicionais colocadas pela estupidez
de uma oposição política encardida. Em momento de crise setorial aguda, qualquer
país necessita internamente de união construtiva e solidária, sem
politicagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário