EUROPA (1600 a
1800). Continuação.
Gottfried William Leibniz
afirmou a relatividade do tempo e do espaço. Na opinião dele, o universo está
organizado segundo determinados fins. No universo não há dois seres idênticos e
a diferença não é numérica, espacial ou temporal, mas sim essencial. Os seres
que compõem o universo são forças vivas (mônadas). A natureza não dá saltos. O éter é o meio que a luz do Sol atravessa
para chegar a Terra. Christian Huygens inventou o relógio de pêndulo,
aperfeiçoou o telescópio, descobriu o fenômeno da polarização, o método para
fabricação de vidro acromático e desenvolveu a teoria ondulatória da luz.
William Gilbert contribuiu para o conhecimento do fenômeno elétrico e
introduziu a palavra “eletricidade” no vocabulário científico ao descobrir as
propriedades do imã. Stephen Gray e Charles Dufay descobriram que a
condutividade das substâncias variava e que havia dois tipos de eletricidade:
positiva e negativa (1698 a
1739). Alessandro Volta constrói a primeira bateria e prova a identidade entre
o magnetismo animal e a eletricidade (1745 a 1827).
Robert Boyle, irlandês,
químico, notabilizou-se com a sua obra “O Químico Cético ou Paradoxos e Dúvidas
Físico-químicas”, onde rejeita as teorias dos alquimistas e a dos médicos que seguiam
a orientação de Paracelso (1627
a 1691). Com o seu trabalho contribuiu para a autonomia
científica da Química. Estabeleceu a distinção entre mistura e composto,
estudou a natureza do fósforo, tirou álcool da lenha, sugeriu a idéia de
elementos químicos e reviveu a teoria atômica. Ainda no século XVIII foram
descobertos alguns gases como o dióxido de carbono, o hidrogênio e o oxigênio.
Henry Cavendish, um dos homens mais ricos da Inglaterra nesse período, além de
descobrir o hidrogênio demonstrou que o ar e a água não eram substâncias
simples como então se acreditava, mas sim substâncias compostas (ar = oxigênio
+ nitrogênio; água = oxigênio + hidrogênio). Antoine Lavoisier (1743 a 1794) batizou de oxigênio e hidrogênio os dois gases recentemente descobertos e provou que: (1)
a combustão e a respiração são formas de oxidação, aquela rápida, esta lenta;
(2) o diamante é uma forma de carbono; (3) a vida é um fenômeno químico. Dele é
a lei da conservação das massas: “em a
natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Ainda que a
matéria possa alterar o seu estado numa série de reações químicas, isto não
mudará o seu total; a quantidade de matéria é a mesma, tanto no começo como no
fim de cada operação, podendo ser verificada pelo peso. Lavoisier, que também
era coletor de tributos, sugeriu reformas fiscais. Por ser funcionário do governo
anterior (monarquia) foi acusado de crime contra o povo. O advogado alertou o
tribunal de que o réu era um grande cientista. Entre os fundamentos da sentença
que condenou o réu consta o de que “a república
não precisa de cientistas”. O químico genial morreu na guilhotina por obra
e graça da revolução francesa.
Robert Hooke foi o
primeiro biólogo a observar a estrutura celular da matéria viva através do
microscópio (1653 a
1703). Quando ele expôs a descoberta ao seu colega Isaac Newton, este exclamou:
“Isto é incrível Hooke”! [Dizem que, envaidecido, Hooke ficou verde de alegria e contentamento].
Marcelo Malpighi descobriu a sexualidade das plantas e constatou a semelhança
da função das folhas dos vegetais com a função dos pulmões nos animais (1628 a 1694). Anthony van
Leeuwenhock descobriu o protozoário e a bactéria e descreveu o espermatozóide
humano (1632 a
1723). Jan Swammerdam, médico holandês, contribuiu para a embriologia ao
descrever a vida de insetos desde a larva até a maturidade. Ele comparou a
transformação do girino em rã ao desenvolvimento do embrião humano. Carl Von
Linné (simplesmente, Lineu) cientista sueco, destacou-se na tarefa de
classificar o conhecimento existente (1707 a 1778). Dividiu os seres naturais em três
reinos: mineral, vegetal e animal. A nomenclatura refletiu a forma política da
época: monarquia, reino, rei. Dividiu cada reino em classes, gêneros e
espécies. Inventou a nomenclatura biológica: cada planta ou animal é designado
pelo nome do gênero seguido do nome da espécie. Ao ser humano, Lineu deu o nome
de homo sapiens. Contrariou a Bíblia
e a igreja ao afirmar que o número de espécies não era fixo. Buffon, cientista
francês, reconheceu a íntima relação entre os humanos e os animais superiores e
considerou-os membros da mesma família (1707 a 1788). Ele admitia a possibilidade de as
formas orgânicas descenderem de um único tipo primordial. James Hutton foi o
primeiro cientista a estudar sistematicamente as rochas com o propósito de
compreender a história do nosso planeta (geologia). Em 1785, ele publica a sua Teoria da Terra. Defende a tese de que
os processos geológicos do passado foram os mesmos do presente. Causas análogas
às mudanças no passado remoto ocorrem no presente. Isto contrariava a Bíblia,
segundo a qual a Terra foi criada por deus na forma atual em seis dias (Gênesis
1,2).
A medicina avançou pouco
no século XVII. A dissecação de cadáveres era considerada profanação. As escolas
de medicina que a praticassem arriscavam-se a ser depredadas pela população
(1750). A cirurgia era ofício menor, próprio dos barbeiros. No século XVIII
houve redução da taxa de mortalidade motivada: (1) pela inoculação e pela
vacinação no combate à varíola; (2) pela instalação de maternidades com
técnicas novas de obstetrícia; (3) pelo progresso da higiene e adoção de
hábitos sadios.
Na arte e na literatura européia dos séculos XVII e
XVIII nota-se uma inclinação geral para reviver o espírito da idade clássica
(Grécia e Roma). Alusões à mitologia e temas clássicos estão presentes nas
obras (estátuas, quadros, livros). Na arquitetura prevaleceu o estilo barroco (extravagante, magnificente,
esplendoroso, artificial) presente nas igrejas, palácios, teatros, museus,
edifícios públicos. Esse estilo refletia o poderio dos estados dinásticos que
surgiram nessa época e o absorvente interesse por luxo propiciado pela
revolução comercial. Outro estilo mais leve do que o barroco que vigorou
principalmente no século XVIII foi o rococó,
assim apelidado por causa das volutas e dos desenhos imitando conchas, muito
usados na decoração. A pintura evoluiu em paralelo com a arquitetura. Os
expoentes dessa época no estilo barroco foram: Peter Paul Rubens (1577 a 1640), Anthony Van
Dyck (1599 a
1641), ambos flamengos, retrataram governantes e nobres; pintaram nus em formas
arredondadas e exuberantes de acordo com a robustez física enaltecida naquela
época. Diego Velásquez (1599
a 1660), pintor da corte real de Espanha, representava
em grande parte das suas obras as cabeças da realeza e da nobreza, geralmente
em luz branda e prateada. No estilo rococó destacaram-se os pintores Antoine
Watteau (1624 a
1721) e François Boucher (1703
a 1770); reproduziram a elegância aristocrática de
maneira sentimental e que bem servia à finalidade decorativa. Alguns pintores
não se subordinaram aos dois estilos vigentes, tais como: Rembrandt, Hals e
Goya. O primeiro (Rembrandt van Ryn, 1606 a 1660), holandês, consta do rol dos
maiores pintores de todos os tempos. Seus quadros mostram sutil colorido e
raridades da natureza, rabinos solenes, pedintes esfarrapados, cenas da Bíblia,
com forte carga dramática. Franz Hals (1580 a 1666), também holandês, pintava retratos
realistas, como o sorriso de um bêbado na taberna, o entusiasmo de itinerantes
cantores e comediantes, a miséria dos desamparados. O espanhol Francisco Goya (1746 a 1828) mostra a
crueldade da guerra. Ele detestava a aristocracia, desprezava a igreja e
ridicularizava a hipocrisia social, sentimentos e atitudes refletidos em seus
quadros.
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