quarta-feira, 23 de julho de 2014

FILOSOFIA XIII - 8



EUROPA (1600 a 1800). Continuação.

Gottfried William Leibniz afirmou a relatividade do tempo e do espaço. Na opinião dele, o universo está organizado segundo determinados fins. No universo não há dois seres idênticos e a diferença não é numérica, espacial ou temporal, mas sim essencial. Os seres que compõem o universo são forças vivas (mônadas). A natureza não dá saltos. O éter é o meio que a luz do Sol atravessa para chegar a Terra. Christian Huygens inventou o relógio de pêndulo, aperfeiçoou o telescópio, descobriu o fenômeno da polarização, o método para fabricação de vidro acromático e desenvolveu a teoria ondulatória da luz. William Gilbert contribuiu para o conhecimento do fenômeno elétrico e introduziu a palavra “eletricidade” no vocabulário científico ao descobrir as propriedades do imã. Stephen Gray e Charles Dufay descobriram que a condutividade das substâncias variava e que havia dois tipos de eletricidade: positiva e negativa (1698 a 1739). Alessandro Volta constrói a primeira bateria e prova a identidade entre o magnetismo animal e a eletricidade (1745 a 1827).

Robert Boyle, irlandês, químico, notabilizou-se com a sua obra “O Químico Cético ou Paradoxos e Dúvidas Físico-químicas”, onde rejeita as teorias dos alquimistas e a dos médicos que seguiam a orientação de Paracelso (1627 a 1691). Com o seu trabalho contribuiu para a autonomia científica da Química. Estabeleceu a distinção entre mistura e composto, estudou a natureza do fósforo, tirou álcool da lenha, sugeriu a idéia de elementos químicos e reviveu a teoria atômica. Ainda no século XVIII foram descobertos alguns gases como o dióxido de carbono, o hidrogênio e o oxigênio. Henry Cavendish, um dos homens mais ricos da Inglaterra nesse período, além de descobrir o hidrogênio demonstrou que o ar e a água não eram substâncias simples como então se acreditava, mas sim substâncias compostas (ar = oxigênio + nitrogênio; água = oxigênio + hidrogênio). Antoine Lavoisier (1743 a 1794) batizou de oxigênio e hidrogênio os dois gases recentemente descobertos e provou que: (1) a combustão e a respiração são formas de oxidação, aquela rápida, esta lenta; (2) o diamante é uma forma de carbono; (3) a vida é um fenômeno químico. Dele é a lei da conservação das massas: “em a natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Ainda que a matéria possa alterar o seu estado numa série de reações químicas, isto não mudará o seu total; a quantidade de matéria é a mesma, tanto no começo como no fim de cada operação, podendo ser verificada pelo peso. Lavoisier, que também era coletor de tributos, sugeriu reformas fiscais. Por ser funcionário do governo anterior (monarquia) foi acusado de crime contra o povo. O advogado alertou o tribunal de que o réu era um grande cientista. Entre os fundamentos da sentença que condenou o réu consta o de que “a república não precisa de cientistas”. O químico genial morreu na guilhotina por obra e graça da revolução francesa.

Robert Hooke foi o primeiro biólogo a observar a estrutura celular da matéria viva através do microscópio (1653 a 1703). Quando ele expôs a descoberta ao seu colega Isaac Newton, este exclamou: “Isto é incrível Hooke”! [Dizem que, envaidecido, Hooke ficou verde de alegria e contentamento]. Marcelo Malpighi descobriu a sexualidade das plantas e constatou a semelhança da função das folhas dos vegetais com a função dos pulmões nos animais (1628 a 1694). Anthony van Leeuwenhock descobriu o protozoário e a bactéria e descreveu o espermatozóide humano (1632 a 1723). Jan Swammerdam, médico holandês, contribuiu para a embriologia ao descrever a vida de insetos desde a larva até a maturidade. Ele comparou a transformação do girino em rã ao desenvolvimento do embrião humano. Carl Von Linné (simplesmente, Lineu) cientista sueco, destacou-se na tarefa de classificar o conhecimento existente (1707 a 1778). Dividiu os seres naturais em três reinos: mineral, vegetal e animal. A nomenclatura refletiu a forma política da época: monarquia, reino, rei. Dividiu cada reino em classes, gêneros e espécies. Inventou a nomenclatura biológica: cada planta ou animal é designado pelo nome do gênero seguido do nome da espécie. Ao ser humano, Lineu deu o nome de homo sapiens. Contrariou a Bíblia e a igreja ao afirmar que o número de espécies não era fixo. Buffon, cientista francês, reconheceu a íntima relação entre os humanos e os animais superiores e considerou-os membros da mesma família (1707 a 1788). Ele admitia a possibilidade de as formas orgânicas descenderem de um único tipo primordial. James Hutton foi o primeiro cientista a estudar sistematicamente as rochas com o propósito de compreender a história do nosso planeta (geologia). Em 1785, ele publica a sua Teoria da Terra. Defende a tese de que os processos geológicos do passado foram os mesmos do presente. Causas análogas às mudanças no passado remoto ocorrem no presente. Isto contrariava a Bíblia, segundo a qual a Terra foi criada por deus na forma atual em seis dias (Gênesis 1,2).

A medicina avançou pouco no século XVII. A dissecação de cadáveres era considerada profanação. As escolas de medicina que a praticassem arriscavam-se a ser depredadas pela população (1750). A cirurgia era ofício menor, próprio dos barbeiros. No século XVIII houve redução da taxa de mortalidade motivada: (1) pela inoculação e pela vacinação no combate à varíola; (2) pela instalação de maternidades com técnicas novas de obstetrícia; (3) pelo progresso da higiene e adoção de hábitos sadios.

Na arte e na literatura européia dos séculos XVII e XVIII nota-se uma inclinação geral para reviver o espírito da idade clássica (Grécia e Roma). Alusões à mitologia e temas clássicos estão presentes nas obras (estátuas, quadros, livros). Na arquitetura prevaleceu o estilo barroco (extravagante, magnificente, esplendoroso, artificial) presente nas igrejas, palácios, teatros, museus, edifícios públicos. Esse estilo refletia o poderio dos estados dinásticos que surgiram nessa época e o absorvente interesse por luxo propiciado pela revolução comercial. Outro estilo mais leve do que o barroco que vigorou principalmente no século XVIII foi o rococó, assim apelidado por causa das volutas e dos desenhos imitando conchas, muito usados na decoração. A pintura evoluiu em paralelo com a arquitetura. Os expoentes dessa época no estilo barroco foram: Peter Paul Rubens (1577 a 1640), Anthony Van Dyck (1599 a 1641), ambos flamengos, retrataram governantes e nobres; pintaram nus em formas arredondadas e exuberantes de acordo com a robustez física enaltecida naquela época. Diego Velásquez (1599 a 1660), pintor da corte real de Espanha, representava em grande parte das suas obras as cabeças da realeza e da nobreza, geralmente em luz branda e prateada. No estilo rococó destacaram-se os pintores Antoine Watteau (1624 a 1721) e François Boucher (1703 a 1770); reproduziram a elegância aristocrática de maneira sentimental e que bem servia à finalidade decorativa. Alguns pintores não se subordinaram aos dois estilos vigentes, tais como: Rembrandt, Hals e Goya. O primeiro (Rembrandt van Ryn, 1606 a 1660), holandês, consta do rol dos maiores pintores de todos os tempos. Seus quadros mostram sutil colorido e raridades da natureza, rabinos solenes, pedintes esfarrapados, cenas da Bíblia, com forte carga dramática. Franz Hals (1580 a 1666), também holandês, pintava retratos realistas, como o sorriso de um bêbado na taberna, o entusiasmo de itinerantes cantores e comediantes, a miséria dos desamparados. O espanhol Francisco Goya (1746 a 1828) mostra a crueldade da guerra. Ele detestava a aristocracia, desprezava a igreja e ridicularizava a hipocrisia social, sentimentos e atitudes refletidos em seus quadros.

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