quarta-feira, 25 de junho de 2014

FILOSOFIA XII - 17



EUROPA (1000 a 1600). Final.

Francis Bacon introduziu o método experimental na pesquisa científica como indispensável ao conhecimento verdadeiro e sistemático. A natureza deve ser observada diretamente a fim de se descobrir as leis que a governam. A indução e a experimentação são as vias para este desiderato. Ao contrário da dedução, a indução tem caráter material e permite avançar no conhecimento. A partir de fatos pesquisados chega-se ao conhecimento sobre fatos não incluídos na pesquisa (generalização racional aceita).
A autoridade, a tradição e a lógica silogística devem ser evitadas. A fonte do conhecimento é sensorial e a sua base é racional. Os fenômenos naturais apresentam uma face estrutural, o esquematismo latente e também uma face dinâmica, o processo latente responsável pelas mudanças. As duas faces são conexas. “Os sentidos são como o sol que torna visível a face da terra, mas esconde a do céu. Para viajar ao reino da verdade celeste é necessário abandonar o barco da razão humana e se colocar a bordo do navio da igreja”.
Francis considera estéril a filosofia que o antecedeu por nada trazer de prático à vida dos homens. Os filósofos parecem aranhas que tecem teias maravilhosas, porém alheias à realidade. Francis tem sido mencionado como fundador da ciência moderna. A sua divisa era: “saber é poder”. Na opinião dele, a filosofia natural há de ser ativa e fecunda em resultados práticos, sendo de pouco valor o conhecimento puramente teórico ou contemplativo. [Mais tarde, Karl Marx navegaria nessas águas]. Esta opinião evidencia o caráter utilitário da filosofia de Francis. Para ele, as idéias de Aristóteles favoráveis à vida contemplativa são adequadas ao bem privado, ao prazer e à dignidade do indivíduo. Os homens, entretanto, devem saber que nesse teatro da vida humana apenas deus e os anjos podem ser espectadores.
Os ídolos e as noções falsas obstruem o intelecto humano. {A teoria dos ídolos contribuiu para os estudos sobre ideologia e comunicação}.
O ídolo da tribo é erro que decorre da natureza humana: (1) ao tomar como verdadeira a imagem produzida pelos sentidos e simplificar o complexo segundo a conveniência {inércia do espírito, oportunismo}; (2) ao ignorar os resultados negativos da adivinhação e se fixar nos resultados coincidentes com a esperança {astrologia, quiromancia}; (3) ao imaginar coisas que correspondam a necessidades numéricas {cabala, numerologia}; (4) ao tratar a ação da natureza de modo análogo à ação humana e ver simpatias e antipatias nos fenômenos {alquimia, magia}.
O ídolo da caverna é erro individual e não da espécie humana: “cada pessoa possui sua própria caverna particular; interpreta e distorce a luz da natureza”. O indivíduo vê as coisas sob a luz a que está acostumado. [Pode estar tão enfurnado na sua profissão técnica, científica, artística, religiosa, que tudo interpreta à luz dessa atividade].
O ídolo do foro é erro decorrente da ambigüidade das palavras utilizadas na comunicação entre pessoas. A mesma palavra utilizada com significados diferentes gera desentendimento entre as pessoas. “O homem crê que a razão governa as palavras, mas também é certo que as palavras atuam sobre o intelecto e é isso que torna sofística e ociosa a filosofia e a ciência”.
O ídolo do teatro é erro proveniente dos sistemas filosóficos fundados em invenções como as peças de teatro que não retratam fielmente os fatos. Francis refere-se a Platão como trocista que cometeu o maior dos erros ao confundir teologia com filosofia. Ele qualifica Aristóteles de “pior dos sofistas”.
O método indutivo proposto por Francis compreende as tábuas de investigação. A primeira é a tábua de presença onde são arroladas as características concordantes do objeto sob observação. A segunda é a tábua de ausência onde são arrolados os casos discordantes. A terceira é a tábua das graduações onde são anotados os graus de variação ocorridos no objeto da investigação com o fim de identificar possíveis correlações entre eventuais mudanças.
Além das tábuas, há procedimentos complementares tais como: prolongar, transferir, inverter, mudar condições. Há fatores que o filósofo denomina de instâncias prerrogativas que forçam a investigação a um sentido determinado. Francis arrola mais de vinte fatores entre os quais as instâncias: (1) solidárias, quando os corpos são iguais em tudo salvo uma única característica; (2) migrantes, quando a natureza se manifesta repentinamente; (3) ostensivas, quando certa característica é evidente; (4) analógicas, quando um fenômeno esclarece outro.

Nenhum comentário: