segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

TERAPEUTICA

Cura pela razão e pela fé – VI.

O papa Urbano II convoca um concílio e exorta os senhores feudais a guerrear os turcos e tomar Jerusalém (século XI – 1001/1100). Começam as cruzadas, a mortandade e os saques. A igreja patrocinou direta e indiretamente este e outros episódios contrários ao espírito cristão, tais como: as batalhas contra os mouros na Espanha, os horrores da inquisição, as nebulosas relações do Vaticano com o governo nazista da Alemanha. Fizeram da igreja um Estado soberano com sede em pequena área da cidade de Roma (Vaticano) desprezando a lição de Jesus sobre o divórcio entre política e religião: dar a César, o que é de César e a Deus, o que é de Deus (Mateus 22: 21; Marcos 12: 17; Lucas 20: 25).

Ao contrário da política da igreja, a doutrina de Jesus é pacifista e amorosa. Jesus tomou como sua própria, a piedosa missão descrita pelo profeta Isaías: anunciar a boa nova aos humildes, a redenção aos cativos, a restauração da vista aos cegos e curar os corações doloridos (Lucas 4: 18; Isaías 61: 1). Os ditames da lei de Jesus distinguem-se dos ditames da lei de Moisés. Ao contrário deste, o grande mestre diz: “Não resistais ao mau; se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra. Se alguém te citar em justiça para tirar-te a túnica, cede-lhe também a capa. Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mateus 5: 38/44). Jesus rejeitou a lei mosaica de amar o amigo e odiar o inimigo, do olho por olho, dente por dente (lei do talião inscrita no código de Hamurabi).

Em nível existencial, católicos e protestantes são judeus. Alicerçam-se no Antigo Testamento e cultuam a Jeová. O evangelho de Jesus é figura decorativa para salvar aparências. Paulo de Tarso deu contornos judaicos à igreja e fundou um falso cristianismo. Nascido romano, na cidade de Tarso, no seio de família de judeus fariseus, Paulo teve Gamaliel como preceptor, notável doutor da lei mosaica. Fariseu, iniciado na doutrina judaica desde a juventude, perseguidor de cristãos, Paulo, em certo momento, resolveu mudar de lado. Inventou o encontro na estrada de Damasco e que ficara cego com a luz que emanava de Jesus. Paulo não conheceu Jesus em vida. Inventou a cegueira para evitar o risco de descrever Jesus aos apóstolos e se ver desmascarado. Havia apóstolos ainda vivos, como Pedro e João, que conheceram Jesus pessoalmente e poderiam desmascarar Paulo se a descrição não fosse correta. A aparência de Jesus antes da crucifixão era a de um nazareno; depois da crucifixão era a de uma pessoa comum. O episódio inventado por Paulo teria ocorrido de 6 a 10 anos depois da crucifixão, entre os anos 36 e 40 da era cristã.

Jesus nunca cegaria pessoa alguma, bem ao contrário, curava a cegueira física e mental. A luz que emanava de Jesus era espiritual e não física; ao invés de cegar, iluminava a personalidade anímica de cada ser humano. Na mentira contada por Paulo, influiu a sua formação judaica. Na cultura judia imagina-se a divindade cruel, raivosa, vingativa, que fere e mata. Traído por sua arquitetura mental e seu berço cultural, Paulo atribuiu a Jesus características da divindade judia. Entretanto, conforme se extrai das narrativas do Novo Testamento, outros eram os atributos da personalidade de Jesus: sabedoria, humildade, sinceridade, fortaleza, tolerância, bondade, fé inabalável no Pai Celestial (e não em Jeová). A expulsão dos mercadores que negociavam no templo foi um ato de indignação que não implicou violência contra pessoas e sim contra mercadorias e moedas expostas. As demais agressões contra pessoas e cidades foram verbais. Exemplo: Jesus chamava de hipócritas os sacerdotes e escribas judeus que não praticavam o que ensinavam; praguejava contra Corozaim, Besaida e Cafarnaum, por considerá-las cidades impenitentes (Mateus 11: 20/24 + 23: 13/29).

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