quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

TERAPEUTICA

Cura pela razão e pela fé – I.

Cura significa estabelecimento ou restabelecimento de um bom estado de saúde. O processo da cura tem por destinatário um sujeito singular (homem, mulher, adulto, criança) ou um sujeito coletivo (comunidade, humanidade) e comporta duas vias: racional e irracional. A via racional compreende a medicina convencional e a medicina alternativa (utilizam-se produtos químicos e fitoterápicos, cirurgia, aparelhos, agulhas). A via irracional compreende as artes fundadas na fé (harmonização espiritual, passes mediúnicos, cromoterapia, magia indígena, orações, exorcismos, chás e outras beberagens). Quanto ao estabelecimento da saúde do sujeito coletivo, a tarefa cabe aos profetas, gurus, santos, líderes, cientistas, filósofos e, de um modo geral, ao Estado e à Sociedade (leis, programas, ações, medidas preventivas e repressivas, atividades educativas e esportivas, tudo com o propósito de debelar os males sociais).

A fonte primária de todos os males está no ser humano como espécie do reino animal. No entanto, há fontes telúricas que independem do pensamento e da ação humana: tempestades, raios, inundações, terremotos, maremotos. Além dessas, há outras fontes naturais como as epidemias e as pragas. Essas forças da natureza atuariam mesmo que no planeta não houvesse vida humana. Matam e ferem vegetais e animais, causam danos, indiferente se a vida é humana, se as pessoas e os bichos são pecadores ou inocentes, se as casas, móveis e veículos são de ricos ou de pobres. As forças da natureza são cegas aos valores éticos e religiosos da humanidade. No sentido amplo, vida é a energia fundamental que gerou o universo e o mantém em movimento. Vida biológica é conceito restrito aos seres vivos. A vida biológica terminará em nosso planeta quando o Sol se apagar, o que está previsto para daqui a milhões de anos. Antes mesmo da escuridão, a baixa temperatura extinguirá espécies, inclusive a humana. O Sol será mais uma estrela a se converter em buraco negro, como tantas outras observadas pelos astrônomos. Diante dessa realidade, caem por terra as ridículas e pretensiosas fantasias das escrituras religiosas (hebraica, cristã, muçulmana).

Perante Deus, não há diferença entre o nosso planeta e qualquer outro astro do universo; entre o ser humano e qualquer outro ser vivo do universo. A vida biológica pode surgir e desaparecer em qualquer parte do universo, desde que presentes as condições ambientais de nascimento e morte. Se houvesse predileção divina pelos humanos não haveria morte e destruição decorrentes das leis naturais (que são leis inflexíveis promulgadas por Deus). Os fenômenos telúricos acontecem na Terra, no sistema solar, na Via Láctea e em qualquer outra galáxia. Não se trata, pois, de castigo. A mente doentia, contaminada por falsos axiomas e dogmas, invadida pelo medo, vê nos fatos naturais “castigo de Deus por causa dos nossos pecados”. Essa visão deformada permeia a bíblia. A praga de gafanhotos serve de exemplo (Joel, capítulos 1 e 2). Não há pecado algum responsável por esses fenômenos. Os danos por eles causados devem ser debitados ao determinismo da natureza e/ou à incúria humana, conforme o caso. Exemplo: ao construir, morar ou exercer atividades ao nível do mar, às margens dos rios, ao pé de montanhas nevadas, nos morros, cavernas e minas, os seres humanos cavam a própria sepultura.

Deus, Adão e Eva nada têm a ver com isso. Aliás, esse casal inventado pelo escritor hebreu nunca existiu. Trata-se de um conto da carochinha para crianças, como dizia o cientista Albert Einstein (Sec. XX – 1901/2000). A bíblia é uma fraude colossal, afirmava o filósofo Baruch Spinoza (Sec. XVII – 1601/1700). Em conseqüência da sua crítica racional, Spinoza foi expulso da sinagoga e da comunidade judia na Holanda. A fraude é útil para manter os judeus unidos, a versão de que eles são eleitos de Deus e introdutores do monoteísmo. Ambos, cientista e filósofo, eram judeus, portanto, insuspeitos ao emitirem tais juízos de valor sobre a escritura religiosa do seu povo. Thomas Hobbes (Sec. XVII – 1601/1700) filósofo inglês, ao tratar do Estado Cristão na terceira parte do seu livro Leviatã, já informava que o Antigo Testamento (AT) fora escrito no século IV a.C. (400/301) por um judeu chamado Esdras que se dizia inspirado por Deus. Verifica-se, pois, que o AT saiu da cabeça desse sacerdote qualificado de erudito. Hobbes transcreve os versículos 21, 22 e 45, do capítulo 14, do segundo livro de Esdras, onde o escritor judeu confessa a autoria da falsidade ideológica. Faço meus estudos em duas bíblias católicas e uma protestante. Em nenhuma delas encontrei o capítulo 14, do segundo livro de Esdras, mencionado e transcrito por Hobbes. O capítulo sumiu da bíblia após a publicação do Leviatã. Adições e exclusões nas escrituras “sagradas” são constantes para afeiçoá-las à doutrina e aos interesses eclesiásticos. Livros, doutrinas, escolas, inspirados na escritura hebraica e cristã, desde Santo Agostinho, passando pela escolástica até os nossos dias, não merecem fé alguma. Caracterizam-se pelo engodo, pela enxurrada de palavras vazias sobre idéias falsas, fantasiosas, distantes da realidade. E pensar que alguns dos pilares da civilização ocidental assentam-se nesse terreno falso!

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