quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

PILULAS

Atividade da presidenta.

No final de janeiro (2011) em sua primeira viagem internacional, a Presidente da República Federativa do Brasil visitou a presidenta da Argentina. Isto parece indicar preferência brasileira à valorização do relacionamento com os países da América Latina e às organizações regionais. Pode-se ver nessa atitude, implícito recado ao governo dos EUA: podemos continuar parceiros, mas a política externa brasileira admite e cultiva outras parcerias. Há notícia de que o presidente dos EUA visitará o Brasil no primeiro semestre deste ano (2011). Estratégia, talvez, para reanimar as relações entre os dois países e desculpar a ausência daquele presidente à posse da presidenta. Diferença de estilo: (1) Luiz Inácio, mesmo antes de tomar posse no cargo de Presidente da República, correu aos EUA lamber as botas texanas de Bush; (2) Dilma Rousseff só viajou após tomar posse no cargo. Foi abraçar carinhosa e fraternalmente a sua colega argentina que recentemente perdera o marido. Gentil e apropriadamente, em atenção ao luto da argentina, a brasileira apresentou-se com vestido escuro.

No começo de fevereiro de 2011 (02/02/11), a presidenta compareceu à abertura da 54ª Legislatura do Brasil. Traje claro, simples e elegante. Mudou a praxe. Regularmente, a mensagem presidencial era lida pelo chefe do gabinete civil da presidência da República. Dilma revelou senso político e autonomia em relação ao cerimonial. Com o seu gesto, cativou eleitores e eleitos, além de prestigiar o Congresso Nacional como instituição legislativa. No seu discurso escrito, como convém à solenidade, tratou genericamente das metas do seu governo nos diferentes setores da administração pública. Leitura tranqüila, serena, em tom moderado. Diferença de estilo: (1) Luiz Inácio discursava de maneira espalhafatosa e vulgar, como se estivesse em palanque eleitoral; (2) Dilma Rousseff discursa de maneira recatada, como se estivesse no recinto de uma academia de letras. Presentes os parlamentares da nova legislatura, os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outras autoridades, em cerimônia de forte simbolismo cívico. O presidente do STF leu a mensagem do Poder Judiciário. Outra boa inovação, pelo seu significado político institucional, foi dar voz, na cerimônia, ao presidente do TSE que, de modo objetivo, relatou o processo eleitoral de 2010.

Revolução no Egito.

O povo egípcio cansou da autocracia. Seguramente, não é o mesmo povo que suportou a monarquia teocrática dos faraós por três mil e duzentos anos até a queda da sua civilização no alvorecer da era cristã. O governo de Hosni Mubarak dura, apenas, 30 anos. Esse militar se manteve no poder graças à aura de libertador, a permanente propaganda em torno da sua pessoa e à continuidade da aliança com os EUA e Israel. Em nome de Deus e da democracia o governo estadunidense invade países e desrespeita valores culturais de outras nações. No entanto, apóia ditaduras civis e militares em qualquer país, desde que os interesses econômicos e estratégicos dos EUA estejam atendidos.

Assim foi na América Latina, durante a guerra fria: o governo estadunidense deu apoio doutrinário e logístico a ditaduras em todos os países para impedir governos socialistas. Havia escola nos EUA para doutrinar – como de fato doutrinava – os militares latino-americanos para instituírem ditaduras. Salvador Allende, presidente eleito pelo povo chileno, foi uma das inúmeras vítimas da trama política engendrada pelo governo estadunidense. Tentaram acabar com Fidel Castro e o regime cubano, mas não conseguiram. No Brasil, sob os auspícios do governo estadunidense, com o objetivo de implantar e assegurar regime ditatorial, foram afastados do poder e eliminados líderes políticos como João Goulart e Juscelino Kubitschek.

No Iraque, depois de apoiar o ditador Saddam Hussein por longos anos, o governo estadunidense providenciou a sua morte. Aquela ditadura já não lhe servia mais. Agora, o citado governo pretende se descartar de outra ditadura que recebeu seu apoio durante 30 anos: a de Mubarak, no Egito. O assassinato do ditador poderá entrar na pauta dos assuntos internacionais dos EUA. Diante da forte determinação de parcela significativa do povo egípcio de afastar o ditador e votar nova Constituição, o governo dos EUA tenta um modo engenhoso de transição a fim de evitar que o poder egípcio caia em mãos muçulmanas. Os governos dos EUA e Israel querem manter um títere no Egito que não se alie ao governo do Irã ou a qualquer outro que não esteja afinado com os interesses daqueles dois países. O governo dos EUA pretende conservar as atuais e ganhar novas posições no tabuleiro do Oriente Médio e do norte da África. A situação política no Egito pode frustrar essa pretensão.

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