domingo, 14 de março de 2010

LUZ5

Quinta parte.

Distinguem-se no ser humano: a inteligência racional, ativada na parte superior do cérebro; a inteligência emocional, ativada na parte média; a inteligência instintiva, ativada na base do cérebro. Para conhecer a si mesmo e ao mundo, o ser humano utiliza esses três níveis da inteligência. Em ocasiões de perigo, a inteligência instintiva indica rumos, desempenha papel defensivo relevante. Por intermédio da inteligência emocional a pessoa tem acesso ao mundo espiritual, apreende o sentido de uma obra de arte, percebe a oculta intenção do interlocutor, tem uma lúcida percepção da fonte dos sentimentos próprios e alheios. A inteligência racional mostra-se adequada ao trabalho científico e filosófico, ao equacionamento de problemas mundanos, à disciplina da conduta individual e coletiva no campo social, político e econômico. Essas funções da inteligência podem atuar em conjunto. Assim, nos jogos, pode-se tipificá-la como inteligência lúdica.

O cérebro é o órgão produtor e emissor da luz intelectual. As idéias são concebidas com os dados fornecidos pelos sentidos e depositados na memória. Nessa operação o cérebro gera energia eletromagnética que se propaga em ondas. Essa energia também produz calor, aquecendo a cabeça, mormente quando o indivíduo está concentrado na solução de um problema. As ondas neurais podem ser captadas por um cérebro receptor, desde que esteja em sintonia com o emissor. Experiências parapsicológicas realizadas na antiga URSS e nos EUA, para fins militares, mostraram que idéias e imagens podem ser transmitidas intencionalmente de cérebro a cérebro sem utilização de aparelho. A transmissão de idéias e imagens provocada, voluntária, ocorre também mediante experimentos místicos. A transmissão espontânea, involuntária, é comum entre pessoas que convivem por muito tempo, como cônjuges, pais e filhos ou colegas de trabalho. Mostra-se correta, pois, a analogia entre esse fenômeno mental e o fenômeno da emissão e recepção de ondas de rádio e televisão.

Remetem-se à filosofia e ao misticismo as questões sobre a permanência das ondas neurais no espaço depois de cessada a emissão, bem como, sobre a existência de idéias e imagens fora do cérebro, produzidas e localizadas no mundo espiritual. Depois de cessada a fonte emissora, a força gravitacional mantém no espaço as ondas cerebrais. Forma-se uma aura ou uma auréola em torno do planeta como se fora um tipo de memória onde estariam arquivadas as idéias e a história da humanidade. Em certas circunstâncias, geralmente depois de refletir ou meditar sobre algum assunto, o indivíduo apreende uma idéia ou imagem inesperada, como um foco de luz que se acende. Platão crê no mundo espiritual, do qual o mundo material é a sombra; naquele mundo, as idéias existem originalmente como arquétipos. Os seres humanos têm acesso a essa memória cósmica, espacial e/ou ideal, desde que devidamente sintonizados. Desse modo, obtêm conhecimento. Eureca! Exclama Arquimedes, no século III a.C, ao entrar na banheira e notar o deslocamento da água provocado por seu corpo; acabara de descobrir a lei do volume dos líquidos. Newton, no século XVII, descobrira a lei da gravitação universal ao receber na cabeça, segundo a lenda, maçã caída da árvore sob a qual descansava.

A filosofia e o misticismo se debruçam, também, sobre a questão do agente pensante, se é o cérebro ou se é a alma personalizada. A ciência e a filosofia materialista respondem que é o cérebro. Os místicos e a filosofia idealista respondem que é a personalidade anímica. O cérebro é o órgão físico processador do pensamento, mas quem pensa é a personalidade. As idéias são produzidas pela inteligência e a inteligência é função da alma universal e da alma personalizada. Aquietando o cérebro e entrando em contato direto com a memória cósmica é possível obter conhecimento

Quando opera para colocar ordem nas idéias a inteligência recebe o nome de razão; quando opera para produzir idéias e imagens, a inteligência recebe o nome de imaginação. Razão e imaginação parece forma operacional da inteligência exclusiva do ser humano. Há probabilidade – não há certeza – da existência de seres racionais e imaginativos em outros pontos do universo. Quanto aos seres desencarnados que pairam no mundo espiritual – tomando-se como certa a existência desse mundo e desses seres – a citada forma operacional é dispensável, posto o acesso direto ao conhecimento sem os entraves da matéria. O terreno metafísico, envolto em permanente neblina, impede a visão racional; nele se penetra com a lanterna da fé e da intuição. A razão opera com os dados trazidos pelos sentidos. O silogismo de autoria de Aristóteles, citado nos manuais de lógica, serve de exemplo: todo homem é mortal (axioma fundado na experiência); Sócrates é homem (verificação sensível, pois “Sócrates” pode ser o nome de um animal de estimação); logo, Sócrates é mortal (inferência racional). De proposições evidentes por si mesmas denominadas axiomas a razão deduz novas proposições denominadas teoremas.

Algumas proposições consideradas axiomáticas são colocadas fora de discussão, tais como: existência de Deus, imanência da vida no universo, bipolaridade da energia fundamental do universo, mortalidade dos seres vivos, racionalidade dos humanos. Os céticos duvidam da capacidade da inteligência humana de ir além da aparência e chegar à essência das coisas. Inobstante, a partir das proposições axiomáticas e do testemunho dos sentidos o ser humano elabora teorias e doutrinas a fim de orientar e disciplinar a conduta humana, explicar e compreender o mundo natural, cultural e espiritual. Nessa tarefa há desacordos. O debate enseja luz. Perplexos, os debatedores descobrem que em certos assuntos que estimulam a curiosidade, a mente humana é incapaz de chegar à verdade definitiva e monolítica.

A pretensão à verdade monolítica aduba o totalitarismo no mundo político e o fanatismo no campo religioso e místico. A verdade de cada um há de ser guardada com carinho, porém a mente deve se abrir a novas possibilidades. A substituição da verdade antiga pela nova nem sempre é imediata; geralmente, há um período de resistência até que os espíritos se acomodem. A mente inquiridora prossegue na busca de maior luz.

Após uma taça de poesia, o próximo tema será AMOR.

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