quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

FILOSOFIA XV - 24



EUROPA (1900 a 2014). Continuação.

Albert Camus (1913 a 1960), escritor e filósofo francês que esteve na moda nos anos 1960. Na opinião dele, a dignidade e a liberdade serão possíveis apenas quando o homem se conscientizar do absurdo do universo em que vive. Entre as obras de Albert contam-se: “O Mito de Sísifo” (ensaio), “Calígula” (peça de teatro), “A Peste” e “A Queda” (romances), publicadas entre 1942 e 1956. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. 

Umberto Eco, escritor italiano nascido em 1932, na cidade de Alessandria, professor da Universidade de Bolonha, no âmbito acadêmico dedicou-se à filosofia da linguagem e à semiótica. Esta última palavra ele extraiu da parte final do livro de John Locke “Ensaio Sobre o Entendimento Humano”. Entre as dezenas de textos que ele escreveu sobre essa matéria podem ser citados: “Obra Aberta”, “Apocalípticos e Integrados”, “Tratado Geral Sobre Semiótica”, “Lector in Fabula”, “Os Limites da Interpretação”, publicados entre os anos 1962 e 1990. No seu pensamento, a obra de arte amplia o universo semântico mediante jogos semióticos que repercutem no intérprete. Ele se opõe às posturas: (1) apocalíptica, segundo a qual a cultura de massa é a ruína dos altos valores artísticos; (2) integrada, segundo a qual a cultura de massa resulta da integração das massas na sociedade democrática.

Na literatura, favorecido por sua cultura e atividade acadêmica, Umberto estréia em 1980 com o romance “O Nome da Rosa”, de sucesso internacional e que virou filme. O roteiro é policial: investigação sobre uma série de crimes praticados no interior de um mosteiro no ano de 1327. A história inclui a vida religiosa daquela época e movimentos heréticos. Na biblioteca do mosteiro estão arquivados códigos e livros antigos da cultura grega e latina. O monge investigador soluciona o caso. Descobre a técnica e a astuciosa tática empregadas na consecução dos crimes. Os outros livros, como “O Pêndulo de Foucault”, “Baudolino”, “O Cemitério de Praga”, embora possam agradar, carecem da mesma força emotiva daquela primeira obra.         

Salman Rushdie, indiano radicado na Inglaterra, nasceu em Bombaim no ano de 1947, no seio de família muçulmana liberal e abastada. Formou-se em história no King´s College (Cambridge). Dedicou-se à literatura e seus livros foram publicados a partir de 1971, tais como: “Oriente Ocidente” e “O Último Suspiro do Mouro”. O seu livro intitulado “Os Versos Satânicos”, publicado em 1988, causou celeuma internacional. Considerado blasfemo pelos muçulmanos, Salman tornou-se destinatário da fatwa, a sentença de morte do islamismo. Quem matá-lo terá as bênçãos divinas, merecerá o paraíso e ganhará recompensa em dinheiro. Questionar a validade do sagrado Islã é pecado imperdoável. A liberdade individual, declarada valor supremo no mundo ocidental, não se ajusta ao dever de submissão que caracteriza a religião islâmica. O espírito crítico de Salman também questiona valores do mundo ocidental. Na conciliação dos opostos (oriente x ocidente) ele busca uma resposta para a existência terrena. Questões que os filósofos gregos da Idade Clássica já tratavam, estão implícitas no enredo do livro censurado.

Segundo a narrativa do livro maldito (“Versos Satânicos”), dois atores indianos, Saladin e Gibreel, caem no solo depois de o avião em que viajavam ter sido derrubado por terroristas. Saladin empresta sua voz aos comerciais de televisão. Gibreel é astro do cinema. Um deles se metamorfoseia em diabo e o outro em anjo; um é apolíneo e o outro dionisíaco; um é fiel à sua pátria e o outro quer adquirir a nova nacionalidade. Ambos caíram em solo inglês quando o governo era chefiado pela senhora Thatcher, “a dama de ferro”. A narrativa entrelaça história e fantasia, o ordinário e o fantástico, o profano e o sagrado, o bem e o mal.      

Na pintura, Wassily Kandinski (1866 a 1944), russo naturalizado alemão e francês, sucessivamente, foi pioneiro da arte abstrata. Wassily dispensou os elementos representativos ao pintar os seus quadros. Usou a cor e o traço como expressividade vigorosa. Na série de pinturas intitulada “Composições, Improvisações e Impressões”, Wassily chegou à pura abstração.  

Pablo Picasso, nascido em 1881, na Catalunha, Espanha, radicado em Paris, criou o cubismo, técnica que reduz o objeto da pintura à forma geométrica. Além disto, o pintor ainda desmembra o objeto, separa as várias partes e as arranja de modo distinto do original. Com isto, ele simboliza o caos da vida moderna ao mesmo tempo em que se afasta da tradição e da concepção da arte como expressão do belo. Os cubistas vão ao extremo de recusar cores em seus quadros.

Outro movimento na arte pictórica veio de um poeta italiano: F.T. Marinetti. Ele é o autor do manifesto publicado em 1910, em que declarava guerra sem tréguas aos ideais estéticos do passado. A veneração pelos mestres e pela natureza, a glorificação das idades clássica e medieval, a obsessão pelo erótico e sentimental, tudo deve ser substituído pela devoção à ciência e à tecnologia. Esta corrente foi denominada futurismo. Inspirados na teoria científica da energia, os futuristas adotaram como tema central o movimento. A ilusão do tremido e do vibrátil passou a figurar nos quadros desses pintores (animal correndo, automóvel em velocidade, fábrica em funcionamento). A decoração futurista se faz presente em edifícios públicos e privados e nas estações das estradas de ferro.

Houve outras correntes extremadas, como o expressionismo e o surrealismo, que grassaram entre os pintores do século XX. O expoente do expressionismo foi o pintor alemão George Grosz. A característica desse movimento artístico é colocar na pintura o sentimento do próprio artista. Isto implicou no desprezo da forma e no uso da deformação para representar o estado da alma. Outro movimento contrário aos consagrados padrões da arte e da vida social ficou conhecido como surrealismo, fruto dos efeitos da guerra e do modismo psicanalítico. Os surrealistas, entre eles o desvairado Salvador Dali, têm o propósito de representar principalmente o ser humano e não a natureza. Sondam o subconsciente, os sonhos, as mágicas impressões dos momentos de devaneio. Os padrões convencionais de beleza e forma não preocupam os surrealistas. Para eles, a arte deve ter algum valor como expressão do pensamento.   

O impressionismo também marca presença na escultura, deformada e mais abstrata. Os materiais utilizados pelos escultores se diversificaram (rocha, metal, vidro, madeira, gesso, excremento).

A fotografia entra definitivamente para o mundo da arte ao lado da pintura e demais expressões artísticas. Escolas, museus e salões recebem-na. Criatividade e expressividade de fotógrafos futuristas, expressionistas e surrealistas ao fotografarem pessoas, objetos, paisagens. 

Nenhum comentário: