EUROPA (1900 a
2014). Continuação.
Na literatura do século XX, os realistas se extremam na linguagem picante dos marinheiros e vagabundos, na maneira bronca e indelicada dos trabalhadores se expressarem. Os temas mais freqüentes são: civilização burguesa degenerada, crueldade do sistema fundado no lucro, estupidez da guerra, corrupção, ignorância e intolerância.
Anatole France (1844 a 1924) satirizou a loucura humana. Escreveu ensaios, historietas maliciosas, sátiras religiosas e políticas. Em “O Jardim de Epicuro”, ele valorizou a ironia gentil e bondosa “que nos ensina a rir dos maldosos e dos tolos que poderíamos, sem ela, ter a fraqueza de odiar”. Anatole fez parceria com Emile Zola no vigoroso ataque contra os perseguidores de Dreyfus. Aliou-se também aos socialistas ao se convencer da injustiça reinante na sociedade moderna. Foi contemplado com o Prêmio Nobel de Literatura.
Arthur Conan Doyle (1859 a 1930), médico
escocês, prestou seus serviços em duas guerras (Afeganistão + Transvaal), fixou
residência em Londres e se dedicou à literatura. Criou dois personagens amigos
e narrou suas aventuras que ganharam o mundo e ainda fazem sucesso: o detetive
Sherlock Holmes e o médico Dr. Watson.
Maurice Maeterlinck (1862 a 1949), poeta,
ensaísta, dramaturgo, nasceu na Bélgica, viveu parte da sua vida em Paris, onde
aderiu ao simbolismo. A sua peça teatral mais famosa intitula-se “Pélleas et
Melisande”, animada pela música de Debussy. Simplicidade e poder de persuasão
caracterizam a coletânea poética “As Estufas Quentes”. Escreveu, entre outros,
os ensaios “A Vida das Abelhas” e “A Morte”. Recebeu o Prêmio Nobel de
Literatura.
Luigi Pirandello (1867 a 1936) italiano, poeta, romancista, contista, novelista, dramaturgo, renovador do teatro, originalidade e senso de humor, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, cuja medalha de ouro doou ao governo italiano na campanha “coleta de ouro” iniciada por Mussolini como resposta às sanções econômicas impostas à Itália pela Liga das Nações. Sua obra é extensa: peças de teatro e livros. Delas saíram os filmes: “A Viagem Proibida”, “Enrico IV” e “Lê Due Vite di Mattia Pascal”. Afirmava que o cômico nasce de uma percepção do contrário. Distinguia o cômico do humorístico. Entre os seus escritos contam-se principalmente: “Assim é, se lhe parece”, “Seis Personagens à Procura de um Autor”, “Cada um a seu modo”, “Um, Nenhum, Cem, Mil”, “O Falecido Matias Pascal”.
Maurice Leblanc (1864 a 1941) francês,
nascido no seio de rica família da Normandia, jornalista, mestre da ficção
policial, criou o tipo de gatuno elegante, inteligente, espirituoso, charmoso,
mais esperto do que os detetives mais célebres: Arsène Lupin. No livro “Arsène
Lupin contra Sherlock Holmes”, o autor contrapõe o inglês defensor da lei ao
heróico francês violador da lei. Entre os seus contos de maior sucesso consta o
“Arsène Lupin na Prisão”, engenhoso e magistral. Entre as suas obras mais lidas
estão “Ladrão de Casaca” e “A Agulha Oca”. Filmes modernos para o cinema e a
televisão seguem o modelo Leblanc: a delinqüência bem sucedida de personagens
inteligentes e encantadores.
Luigi Pirandello (1867 a 1936) italiano, poeta, romancista, contista, novelista, dramaturgo, renovador do teatro, originalidade e senso de humor, recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, cuja medalha de ouro doou ao governo italiano na campanha “coleta de ouro” iniciada por Mussolini como resposta às sanções econômicas impostas à Itália pela Liga das Nações. Sua obra é extensa: peças de teatro e livros. Delas saíram os filmes: “A Viagem Proibida”, “Enrico IV” e “Lê Due Vite di Mattia Pascal”. Afirmava que o cômico nasce de uma percepção do contrário. Distinguia o cômico do humorístico. Entre os seus escritos contam-se principalmente: “Assim é, se lhe parece”, “Seis Personagens à Procura de um Autor”, “Cada um a seu modo”, “Um, Nenhum, Cem, Mil”, “O Falecido Matias Pascal”.
Marcel Proust (1871 a 1922), um dos maiores escritores da escola realista francesa, filho de um médico e de uma judia rica, sofria de asma, prestou serviço militar e morreu em decorrência de pneumonia. Ele escreveu diversos artigos e ensaios. Na série “Em Busca do Tempo Perdido”, sua mais famosa obra, composta de sete livros, o personagem central é sempre o mesmo, de saúde precária, pessoa rica que freqüenta a alta sociedade parisiense, cuja vida é narrada desde a infância até a velhice, com os amores da adolescência e da maturidade e seus desenganos. A narrativa mostra a relação do personagem com o pai, com a mãe, com a avó, com a empregada (vida doméstica), com o pederasta Charlus e com o oficial militar Saint-Loup, ambos nobres, com a duquesa de Guermantes, com Odete, Gilberte, Albertine e outras mulheres (vida social). Conta viagens a cidades francesas de nome fictício e a Veneza. Em prosa atraente com frases interpoladas em períodos longos, Marcel descreve a moda e os costumes do século XIX. Menciona o caso Dreyfus. De modo ousado para a época, inclui a prostituição, a pederastia e o lesbianismo na obra. [Marcel era homossexual]. Faz cuidadosa análise psicológica e registra as mudanças na aparência e na conduta dos personagens operadas na passagem do tempo. Aqui, certamente, inspira-se no pensamento de Pascal: “Mudamos com a passagem do tempo. Os amigos do passado distante não são os mesmos. Assim também os amores. Olhamos as coisas com outros olhos. Todos os prazeres não passam de vaidades”. Marcel retrata a realidade social e econômica da nobreza decadente e da burguesia ascendente. Relata com detalhes as reuniões sociais nos salões e a competição entre as madames para ver quem reunia no seu salão as pessoas mais ilustres. O convite para a reunião media o prestígio de quem o recebia. Marcel mostra conhecer o estágio científico e as nuances filosóficas e políticas da sua época.
William Somerset Maugham (1874 a 1965), nasceu em
Paris quando o pai servia na embaixada inglêsa, ainda criança voltou para a
Inglaterra. Romancista, contista e dramaturgo inglês, viveu entre os pobres
enquanto estudava medicina. Esta experiência inspirou o seu romance de estréia:
Liza of Lambeth. Em “Servidão Humana”
narra, com base na sua própria vida, uma adolescência solitária e o doloroso
caminho em direção à maturidade. Inspirado na vida do pintor Paul Gauguin,
escreveu “Um Gosto e Seis Vinténs”. Com base na sua experiência de viajante
escreveu: “Histórias dos Mares do Sul”, “Um Drama na Malásia”, “A Carta”,
“Chuva”.
James Augustine Aloysius Joyce (1882 a 1941), romancista e poeta irlandês, colocado no Olimpo literário ao lado de Proust e Kafka, educado em regime de internato na cidade de Dublin, ele sai da sua terra natal por discordar da intolerância do catolicismo romano ali reinante. Erra por Trieste, Zurique e Paris. Revolucionou a estrutura do romance. Contribuiu para a chamada corrente da consciência. Influenciado pela psicanálise, James busca retratar em suas obras o que se passa na mente humana. As palavras adquirem inúmeros significados de modo a sugerir uma fragmentação do pensamento comum. Em “Ulysses”, sua obra-prima, paródia da “Odisséia” de Homero, ele navega do realismo à fantasia ao relatar um dia na vida de Leopold Bloom, um personagem comum (1922). Em “Finnegans Wake”, ele conta a história de Chimpden Earwicker, taberneiro de Dublin (1939).
Franz Kafka (1883 a 1924), romancista,
contista, nasceu em família rica, na cidade de Praga, na Boêmia
(Tchecoslováquia), sob o império austro-húngaro. Formou-se em direito e exerceu
a advocacia. Apesar do namoro com quatro mulheres e o noivado com uma delas,
preferiu o celibato. O pai não o reconheceu como escritor. Na obra de Franz,
marcam presença: o fantástico, o humor grotesco, a culpa, a dúvida, a autoridade
e a liberdade. A sua morte ocorreu no sanatório de Kierling, próximo a Viena,
em conseqüência da doença nos pulmões. No idioma alemão, escreveu romance,
conto, novela, tais como: “Carta ao Pai”, “O Veredicto”, “Na Colônia Penal”, “O
Castelo”. Franz narra a submissão de um filho à sentença de morte proferida
pelo pai durante conversa doméstica. Em “Metamorfose”, a sua imaginação
trabalhou mais na esfera do fantástico. Enquanto escrevia, leu o primeiro
capítulo aos amigos em um bar e todos riram às gargalhadas, inclusive ele. O
personagem central, Gregor Samsa, solteiro, morava com seus pais e sua irmã.
Certa manhã, ao acordar, ele percebe que se transformou em um inseto
monstruoso. Durante meses causa problemas à família. Finalmente, morre, para
alívio de todos. Com uma vassoura, a criada o retira do quarto. Em “O
Processo”, considerado o seu melhor romance, fica evidente a formação jurídica
de Franz. O personagem Josef K, procurador de um banco, que morava em cômodo
alugado na casa da senhora Grubach, esperava pelo café da manhã que lhe traria
Anna, a criada, quando vê o seu quarto invadido por um homem enquanto outro
aguardava na sala. Sem lhe dar explicações, o homem comunicou-lhe que estava
detido. Assim, tem início o processo que Josef respondeu em liberdade,
autorizado a continuar seu trabalho no banco e seguir a sua vida habitual, que
incluía freqüência a uma cervejaria após o trabalho e visitas esporádicas a
Elsa, sua amiga e amante. O processo tinha seus trâmites perante tribunal de
exceção, onde Josef prestava depoimento e dialogava com diversas pessoas
desconhecidas. No final, Josef é executado por dois indivíduos supostamente
oficiais de justiça que cumpriam ordens. O motivo da acusação e da condenação
não foi revelado.
Thomas Mann (1875 a 1955), alemão, filho
de um senador e rico comerciante da cidade de Lübeck, romancista, contista,
recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Seus primeiros contos foram reunidos em
um volume intitulado “O Pequeno Senhor Friedman”. Depois publicou “O
Buddenbrook”, livro que o tornou célebre. Outras obras de menor vulto lhe
seguiram como “A Morte em Veneza”, adaptada para o cinema, “Tristão”, “Tobias
Mindernickel”, pequeno conto em que o personagem que o intitula, solitário e
esquisito, adquire um cão e dele cuida com carinho, mas, de modo inexplicável e
infame, em certo dia, no seu apartamento, mata o animal com uma facada. Thomas
ainda publicou o livro considerado um dos maiores do século: “A Montanha
Mágica”. Mudou-se para os EUA, para fugir do nazismo e depois para a Suiça.
Prosseguiu na sua produção literária: “Cabeças Trocadas”, “Doutor Fausto”, “Os
Famintos”.
James Augustine Aloysius Joyce (1882 a 1941), romancista e poeta irlandês, colocado no Olimpo literário ao lado de Proust e Kafka, educado em regime de internato na cidade de Dublin, ele sai da sua terra natal por discordar da intolerância do catolicismo romano ali reinante. Erra por Trieste, Zurique e Paris. Revolucionou a estrutura do romance. Contribuiu para a chamada corrente da consciência. Influenciado pela psicanálise, James busca retratar em suas obras o que se passa na mente humana. As palavras adquirem inúmeros significados de modo a sugerir uma fragmentação do pensamento comum. Em “Ulysses”, sua obra-prima, paródia da “Odisséia” de Homero, ele navega do realismo à fantasia ao relatar um dia na vida de Leopold Bloom, um personagem comum (1922). Em “Finnegans Wake”, ele conta a história de Chimpden Earwicker, taberneiro de Dublin (1939).
Andrés Maurois (Emile Salomon
Wilhelm Herzog, 1885 a
1967), francês, nascido no seio de rica família de industriais de Elbeuf,
romancista, contista, membro da Academia Francesa. Seus primeiros livros foram:
“O Silêncio do Coronel Branbles” e “Os Discursos do Dr. O´Grady”. As obras que
o tornaram célebre foram biografias de Byron, Sheley e Disraeli, que se
tornaram clássicas neste gênero de literatura. No comovente conto “O Mal-entendido”,
narra a história de Neuville, jovem e sedutor diplomata e Beatriz, jovem e bela
francesa, governanta de outra família nobre na Áustria. Os dois se amavam, mas
não se tornaram amantes e nem cônjuges porque ela não acreditava na sinceridade
do amor daquele Don Juan. Ela se casou com outro. Ele nunca se casou, sempre
fiel à lembrança de Beatriz. No final da vida, depois de quarenta anos de
separação, ela soube notícia dele e do verdadeiro e sincero amor que ele lhe
devotara certo de que ela não o amava. Ao amigo mensageiro ela confessa que
sempre o amara, mas se recusou a visitá-lo para não apagar a imagem da sua
juventude. Na semana seguinte dessa troca de informações, Neuville morre com
mais de oitenta anos de idade, sem rever aquela mulher que ele amara por toda a
vida e da qual fora separado por um mal-entendido.
Vladimir Mayakovsky (1894 a 1930), russo, poeta, dramaturgo, preso diversas vezes pelo governo soviético por subversão. Vladimir liderou o movimento futurista. Os mitos da revolução lhe serviram de matéria para longos poemas. Dirigiu peças teatrais criticando o provincianismo que se seguiu à revolução russa. O governo soviético impediu-o de viajar para o exterior. Ele se suicidou. Poemas mais conhecidos: “Okay”, “Do Alto da Minha Voz” e “Sobre Isto”.
François Mauriac (1885 a 1970), romancista
francês, a sua obra provém de uma visão religiosa e pessimista da vida. Seus
personagens se debatem na luta entre o corpo e o espírito. O cenário de sua
predileção é o sudoeste da França, onde o calor e a floresta contribuíram para
o clima emocional dos seus romances. Nesse clima, desenrola-se a história de
“Thérèse Desqueyroux”, seu romance mais conhecido. Recebeu o Prêmio Nobel de
Literatura.
Agatha Christie (1891 a 1976), inglesa, romancista,
contista, dramaturga, poetisa, escreveu livros, peças de teatro e ficção policial.
Seus livros tiveram grande aceitação pelo público. Escritora mais publicada no
mundo, depois de Shakespeare e da Bíblia. Entre os personagens que criou,
presentes em muitas das aventuras narradas, estão Hercule Poirot, detetive
belga que morava em Londres, e seu amigo Arthur Hasting. O detetive de meia
idade, vaidoso, inteligente, tem excepcional faro para seguir a pista certa. O
amigo relata as aventuras do detetive e se coloca sempre como menos perspicaz,
sempre vencido pelo raciocínio do outro. Algumas das obras de Agatha foram
adaptadas para o cinema, como “A Testemunha do Processo” e “Assassinato no
Expresso do Oriente”. Outra obra de grande sucesso foi “O Caso dos Dez
Negrinhos”. Ela primava por esconder a identidade do assassino e por finais
inesperados.
Vladimir Mayakovsky (1894 a 1930), russo, poeta, dramaturgo, preso diversas vezes pelo governo soviético por subversão. Vladimir liderou o movimento futurista. Os mitos da revolução lhe serviram de matéria para longos poemas. Dirigiu peças teatrais criticando o provincianismo que se seguiu à revolução russa. O governo soviético impediu-o de viajar para o exterior. Ele se suicidou. Poemas mais conhecidos: “Okay”, “Do Alto da Minha Voz” e “Sobre Isto”.
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