sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

FILOSOFIA XV - 22



EUROPA (1900 a 2014). Continuação.

Aldous Leonard Huxley (1894 a 1963), escritor inglês, faz o seu primeiro poema aos 13 anos de idade: “Cavalos do Mar”. Forma-se em letras pela Universidade de Oxford (1915). Publica versos em revistas inglesas a partir de 1916. Mudou de paradeiro por duas vezes: Suíça e EUA (Los Angeles). Extensa foi a sua produção literária na qual se incluem: “Limbo”, “Essas Folhas Mortas”, “Contraponto”, “Sem Olhos em Gaza”, “As Portas da Percepção”, “A Ilha”, livros publicados no período de 1920 a 1962. Criou também a utopia “Admirável Mundo Novo”, futura sociedade humanamente padronizada que soluciona o problema do excesso de população pela esterilização metódica. Sociedade totalitária organizada em castas. Ridiculariza a fé no progresso científico e materialista. Projetou a dimensão mística e filosófica da sua personalidade em “A Filosofia Perene”, onde salienta a raiz comum de todas as crenças conhecidas. Busca amparo nas escrituras de santos e profetas, nos pensadores chineses (taoísmo), nos ensinamentos de Sidarta e Maomé (budismo e islamismo), nos textos hindus (bramanismo), no antigo testamento (judaísmo) e novo testamento (cristianismo), comentando esse patrimônio místico e religioso da humanidade. A exposição de Aldous favorece a reflexão e o debate sobre os temas religiosos do passado e do presente e possibilita a avaliação da conduta dos indivíduos e comunidades através dos séculos, panorama de comportamentos individuais e coletivos contraditórios reveladores da distância entre a crua realidade dos fatos, de um lado e as doutrinas e teorias, de outro.         

Antoine de Saint-Exupéry (1900 a 1944), escritor francês, ilustrador, participou da segunda guerra mundial como piloto de avião das Forças Francesas Livres, no Mediterrâneo. O seu avião foi abatido por fogo inimigo (alemão). O mar foi a sua sepultura. Antoine escrevia artigos para revistas e jornais franceses e alguns romances como “O Aviador”, “Correio do Sul”, “Terra dos Homens”, “Piloto de Guerra”, no período de 1926 a 1942. No entanto, o livro que o consagrou foi “O Pequeno Príncipe”, fábula para despertar a criança que mora no coração do adulto e questionar a hierarquia dos valores da humanidade. O autor se faz personagem nos seus diálogos com o pequeno visitante oriundo de um pequeno planeta. O príncipe visitante queria um pequeno carneiro para comer arbusto em seu planeta e impedir que crescessem árvores grandes como o baobá, mas que fossem preservadas as flores. O príncipe viaja por asteróides vizinhos ao seu planeta nos quais encontra determinados tipos de pessoa. No primeiro asteróide, o rei que não tinha súdito e ficou alegre com a sua chegada para poder exibir autoridade sobre alguém. No segundo asteróide, o vaidoso que via no visitante um seu admirador. No terceiro, o bêbado que bebia para esquecer que tinha vergonha de beber. No quarto, o homem de negócios que contava as estrelas das quais se julgava proprietário e não tinha tempo para mais nada, nem para cuidar da saúde. No quinto, o menor dos asteróides, o zelador do lampião cuja tarefa era acendê-lo e em seguida apaga-lo e tornar a acender e apagar, sucessivamente, sem parar porque este era o regulamento e o planeta girava cada vez mais depressa, quase sem intervalo entre o dia e a noite. No sexto asteróide, dez vezes maior do que o anterior, o geógrafo que escrevia livros enormes, mas que não sabia se havia oceano, cidade, rio e deserto em seu planeta porque não era explorador e não podia se afastar da sua escrivaninha, mas sabia que há coisas efêmeras e coisas que não mudam. A última visita do príncipe foi no planeta Terra. Ele pousou no deserto da África e o primeiro ser que encontrou foi uma serpente que o informou sobre a sua localização e o motivo de ali não haver humanos. Depois, ele encontra uma flor que lhe diz existirem na Terra seis ou sete homens que ela viu certa vez em caravana; que eles não gostam de fincar raízes e o vento os leva. O príncipe escalou uma montanha, ouviu o eco da sua voz e pensou tratar-se da voz dos homens e os julgou sem imaginação por repetirem o que ele dizia. Na sua caminhada, ele se deparou com um jardim cheio de rosas. Conversou com elas. Chorou desolado porque pensava que a rosa do seu planeta era a única do universo. Ele escuta um cumprimento. A raposa se identifica e se nega a brincar com ele porque ainda não foi cativada. Diz que, se for cativada, ela será necessária a ele e ele a ela. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas, disse a raposa. O príncipe entendeu que a rosa do seu planeta era a única no universo porque ela o cativara. Prosseguiu sua caminhada e finalmente encontrou alguns homens: o guarda-chaves que despacha os trens em direções opostas; o vendedor que vendia pílulas para aplacar a sede; o piloto a consertar o avião, com quem ele travou diálogos sobre a sua experiência e os valores humanos. Encerrada a visita, o pequeno príncipe regressa ao seu pequeno planeta.              

André Malraux (1901 a 1976) participou da resistência francesa na segunda guerra mundial, escritor festejado como um dos expoentes da literatura mundial. Escreveu várias obras de caráter político, social e filosófico. A sua última “L´Homme Precaire et la Literature” foi publicada após a sua morte. Destacam-se ainda: “La Condition Humaine”, inspirada no levante comunista chinês, “Esperança”, inspirada na guerra civil espanhola e “La Métamorphose des Dieux”.

Haldór Laxness, romancista nascido em 1902 na Islândia, sofreu influência de crenças e idéias católicas, socialistas e comunistas. Critica a instalação de bases estadunidenses na Islândia, país pacífico e cenário das suas obras. Ataca a moderna política de poder. Descreve pessoas lutando contra um mundo hostil em busca de independência. Escreveu: “Salka Valka”, “Luz do Mundo”, “A Base Atômica” e “Guerreiros Felizes”. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Marguerite Yourcenar (1903 a 1987) escritora belga, nascida Marguerite Cleenewerck de Crayencour, em Bruxelas, recebeu educação doméstica e ainda na infância aprendeu latim e grego. Após a morte do seu pai em 1929, levou uma vida boêmia viajando pela Europa. Em decorrência da proximidade da segunda guerra mundial, Marguerite muda-se para os EUA em 1939, onde se radica. Posteriormente, adquire cidadania americana. Isto não impediu sua admissão na Academia Francesa em 1980. Marguerite escreveu quase duas dezenas de livros em língua francesa. No primeiro (1929), intitulado “Aléxis”, o personagem central, músico famoso, envia carta à esposa confessando a sua homossexualidade e declarando o propósito de romper o casamento. “Memórias de Adriano” foi a sua obra-prima. Ficou conhecida internacionalmente. Na pessoa desse imperador romano a autora exemplifica os elevados atributos do humanismo da Idade Clássica. Apesar do cenário geográfico, social e político, o livro não é biográfico e sim ficcional, um romance extraordinário inspirado na História.

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