segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

FILOSOFIA XV - 20



EUROPA (1900 a 2014). Continuação.

A conquista do espaço sideral, os problemas comuns em escala planetária e as comunicações sem fronteiras geram consciência cosmopolita, ou seja: as pessoas expandem sua consciência individual para além de si mesmas, do seu lar, da sua cidade, do seu país e do seu planeta. A Física especula sobre: (1) o limite espacial do universo; (2) a matéria escura; (3) o plasma universal; (4) as múltiplas dimensões em nível subatômico. Introduz o acaso e o caos na especulação científica. Diversifica-se a aplicação do raio laser, das fibras óticas e do silício (chip eletrônico, semicondutores em transistores, cristais para relógios de precisão, aplicação no aço, bronze, vidro). Aperfeiçoam-se aparelhos de sondagem interna do corpo humano e técnicas cirúrgicas. A humanidade percebe que mananciais podem secar, a poluição afeta o clima e a saúde, o aquecimento global provoca degelo no pólo e elevação do nível do mar.

O código genético é decifrado. A engenharia genética se desenvolve. Há clonagem de animais a partir da experiência com a ovelha Dolly, na cidade de Edimburgo, primeiro animal mamífero gerado de uma célula extraída de animal adulto (1996). Empresas passam a produzir animais clonados que entram no comércio pecuário. Debates sobre pesquisa genética ensejam nova disciplina: Bioética. A UNESCO promulga a “Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos” (11.11.1997). Órgãos são transplantados de pessoa para pessoa. Christian Neethling Barnard (1922 a 2001), médico cirurgião sul-africano, revolucionou a cardiologia ao realizar o primeiro transplante de coração conhecido no mundo (1967). Causou polêmica ao defender e praticar a eutanásia em doentes terminais (inclusive sua mãe). A igreja cristã opõe-se à pesquisa científica com célula tronco-embrionária, ao aborto, a métodos anticoncepcionais e a uniões homossexuais. Aids, câncer, diabetes e epidemias multiplicam o número de vítimas no mundo e exigem pesquisas de controle e erradicação. Drogas com efeitos colaterais danosos são lançadas no mercado pelos laboratórios (o mundo se alarmou com as vítimas da talidomida). Fora da Europa, há países carentes de remédios, assistência médica, alimentos, moradia, saneamento básico e escolas. Países europeus prestam assistência aos consumidores de bebidas alcoólicas, tabaco, maconha e outras drogas, independente de persecução criminal.

A robotização aumenta a produtividade e reduz o número de trabalhadores nas fábricas, o que contribui para agravar o problema do desemprego. Cresce o consumo de energia e a demanda por automóveis, computadores, telefones celulares e outros produtos tecnológicos. Os meios de comunicação social padronizam condutas e opiniões, fazendo do planeta uma aldeia global, como dito por MacLuhan. A sensibilidade moral se atrofia com a passividade do sujeito diante do aparelho de televisão ligado. Gente feia, faminta, desnutrida, maltrapilha, doente, sem teto, filmados nos países da África; gente bonita, bem nutrida, bem vestida e agasalhada, saudável, em lugares paradisíacos com casas, automóveis, jatinhos e barcos luxuosos, filmados na América e na Europa; cenas que desfilam pelos olhos indiferentes do telespectador.    

A literatura no século XX ganhou reforço com a instituição, na Suécia, do Prêmio Nobel (1901). A premiação é realizada todos os anos sob a direção da academia sueca. A fama do escritor e a extensão territorial em que a obra é conhecida pesam pouco na avaliação. Possivelmente, 99,9% da população mundial nunca ouviram falar dos escritores premiados. Certamente, o público maior desses escritores é composto de professores e alunos do curso de Literatura nas diferentes universidades da Europa e da América. Fatores políticos, econômicos e sociais entram no processo de escolha. O prêmio pode ser outorgado a um escritor em dificuldade financeira; a outro, pela defesa da liberdade em país totalitário; a outro, por se relacionar bem com a comunidade de escritores e editores, e assim por diante. Inúmeros escritores que mereciam o prêmio não foram escolhidos. Entre eles estão: Tolstoi, Proust, Joyce, Kafka, Ibsen, Zola, Valery, Amado, Borges, Galeano. Houve duas recusas: a de Boris Pasternak, impedido de receber o prêmio pelo governo soviético (1958) e a de Jean-Paul Sartre, que se negou a recebê-lo por se considerar filósofo e não literato (1964).

Do total de 111 (cento e onze) escritores premiados até 2014, 10 (dez) são mulheres e 1 (um) é negro. A maioria é da Europa. Até a segunda guerra mundial, foram abertas duas exceções: uma para a Índia, em 1913 e outra para os EUA, em 1930, 1936 e 1938 (era importante o apoio americano na guerra que estava prestes a eclodir). Depois da guerra, novas exceções: 6 (seis) prêmios para os EUA entre 1948 e 1998; 2 (dois) prêmios para: o Chile em 1945 e 1971, o Japão em 1968 e 1994, a África do Sul em 1991 e 2003, a China em 2000 e 2012; 1 (um) prêmio para: Israel em 1966, Guatemala em 1967, Austrália em 1973, Colômbia em 1982, Nigéria em 1986, Egito em 1988, México em 1990, Peru em 2010 e Canadá em 2013. Por ordem cronológica de premiação em cada continente, a partir de 1901 até 2014 inclusive, foram agraciados:

EUROPA: Sully Prudhomme, França; Theodor Mommsen, Alemanha; Bjornstjerne Bjornson, Noruega; José Echegaray, Espanha; Frédéric Mistral, França; Henrik Sienkiewicz, Polônia; Giosué Carducci, Itália; Rudyard Kipling, Reino Unido; Rudolf Eucken, Alemanha; Selma Lagerlöf, Suécia; Paul J.L. von Heyse, Alemanha; Maurice Maeterlinck, Bélgica; Gerhart Hauptmann, Alemanha; Romain Rolland, França; Verner von Heidenstam, Suécia; Karl Adolph Gjellerup e Henrik Pontoppidan, Dinamarca; Carl Spittele, Suíça; Knut Hamsun, Noruega; Anatole France, França; Jacinto Benavente, Espanha; William Butler Yeats, Irlanda; Wladyslaw Reymont, Polônia; George Bernard Shaw, Irlanda; Grazia Deledda, Itália; Henri Bérgson, França; Sigrid Undset, Noruega; Thomas Mann, Alemanha; Erik Axel Kailfeldt, Suécia; John Galsworthy, Reino Unido; Ivan Bunin, URSS; Luigi Pirandello, Itália; Roger Martin du Gard, França; Frans Eemil Sillanpää, Finlândia; Johannes Vilhem Jensen, Dinamarca; Hermann Hesse, Alemanha; André Gide, França; Bertrand Russell, Reino Unido; Pär Lagerkvist, Suécia; François Mauriac, França; Winston Churchillj, Reino Unido; Halldón Laxness, Islândia; Juan Ramón Jiménez, Espanha; Albert Camus, França; Boris Pasternak, URSS; Salvatore Quasimodo, Itália; Saint-John Perse, França; Ivo Andríc, Iugoslávia; Giórgos Seféris, Grécia; Jean-Paul Sartre, França; Michail Sholokhov, URSS; Nelly Sachs, Alemanha; Samuel Beckett, Irlanda; Alexander Soljenitsin, URSS; Henrich Böll, Alemanha; Eyvind Johnson e Harry Martinson, Suécia; Eugênio Montale, Itália; Vicente Alexandre, Espanha; Isaac Bashevis Singer, Polônia; Odysséas Elytis, Grécia; Czeslaw Mitosz, Polônia; Elias Canetti, Turquia; William Golding, Reino Unido; Jaroslav Seifert, República Checa; Claude Simon, França; Joseph Brodsky, URSS; Camilo José Cela, Espanha; Derek Walcott, Santa Lúcia; Seamus Heaney, Irlanda; Wistawa Szymborska, Polônia; Dario Fo, Itália; José Saramago, Portugal; Günter Grass, Alemanha; Vidiadhar Naipaul, Reino Unido; Imre Kertész, Hungria; Elfriede Jelinek, Áustria; Harold Pinter, Reino Unido; Orhan Pamuk, Turquia; Doris Lessing, Reino Unido; Jean-Marie G. Lê Clésio, França; Herda Muller, Alemanha; Thomas Tranströmer, Suécia; Patrick Modiano, França. AMÉRICA: Sinclair Lewis, Eugene O´Neill e Pearl S. Buck, EUA; Gabriela Mistral, Chile; T.S. Eliot, William Faulkner, Ernest Hemingway e John Steinbeck, EUA; Miguel Angel Astúrias, Guatemala; Pablo Neruda, Chile; Saul Bellow, EUA; Gabriel Garcia Márquez, Colômbia; Octávio Paz, México; Toni Morrison, EUA; Mario Vargas Llosa, Peru; Alice Munro, Canadá. ÁFRICA: Wole Soyinka, Nigéria; Naguib Mahfouz, Egito; Nadine Gardiner e J.M. Coetzee, África do Sul. ÁSIA: Rabindranath Tagore, Índia; Shmuel Yosef Agnon, Israel; Yasunari Kawabata e Kenzeburo Oe, Japão; Gao Xingjian e Mo Yan, China. OCEANIA: Patrick White, Austrália.

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