EUROPA (1900 a
2014). Continuação.
Houve estímulos recíprocos entre
a revolução intelectual e a revolução industrial. Elevou-se o padrão de vida na
sociedade européia. A ânsia por conforto e prazer estimula a produção de
utilidades cada vez mais aperfeiçoadas e diversificadas. Algumas demandas são
provocadas pelos produtores. Ante a insaciável sede de conhecimento e progresso
foram criadas associações de cunho científico cujo patrocínio, às vezes, molda
o respectivo trabalho. Instrumental para a pesquisa científica é produzido e
aperfeiçoado desde o telescópio e o microscópio até aparelhos altamente
sofisticados, como os computadores e as máquinas cibernéticas (robôs).
Augusto Weismann (1834 a 1914), cientista
alemão, impugnou a tese da transmissão dos caracteres adquiridos. Mostrou a
distinção entre as células somáticas e as células reprodutoras e a
impossibilidade de modificações nas somáticas afetarem as reprodutoras.
Concluiu: as únicas qualidades transmissíveis à descendência são aquelas que
sempre estiveram no plasma germinativo dos pais.
Hugo De Vries (1848 a 1935), botânico
holandês, publicou seus estudos sobre as mutações. Este cientista partiu das
leis da hereditariedade descobertas pelo monge austríaco Gregório Mendel e do
princípio darwiniano da seleção natural.
Segundo o cientista holandês, a evolução se processa por saltos
repentinos, mediante mutações ou modificações radicais de uma geração a outra e
não por pequenas variações como supunha Darwin. Os descendentes herdam as
qualidades decorrentes das mutações sofridas pelos ascendentes. De tempos e em
tempos, surgem novos mutantes melhor adaptados ao meio. Depois de um
determinado número de gerações, nova espécie pode surgir.
Takamine, cientista japonês,
isola a adrenalina segregada pelas
glândulas supra-renais e mostrou a sua utilidade no funcionamento do coração
(1901). Descobriu-se, depois, que a glândula pituitária produz substância
essencial ao crescimento do corpo (1912). Intensificou-se o estudo do sistema
glandular para fins terapêuticos que inclui a administração de hormônios no
paciente. Práticas místicas orientais incidem sobre as glândulas. Ao tratarem
da técnica terapêutica, as monografias da Antiga e Mística Ordem Rosacruz –
AMORC consideram as glândulas centros
psíquicos. Descobriu-se que amido, gordura, açúcar e proteína não eram as
únicas substâncias necessárias à boa alimentação, mas também elementos
acessórios encontrados exclusivamente em certos alimentos. Tais elementos
receberam o nome genérico de vitamina.
Em 1915, foram identificados dois tipos de vitaminas: A e B; posteriormente,
dezenas de tipos foram descobertos. O médico canadense Frederik Banting
desenvolve a insulina para combater
diabetes. Esse produto também se mostrou eficaz na cura de certos tipos de
loucura. Os vírus causadores da varíola, raiva, paralisia infantil, febre
amarela e resfriado comum foram identificados; buscam-se meios de
neutralizá-los ou exterminá-los.
Novas drogas foram produzidas. A sulfa destina-se ao tratamento das
infecções provocadas por estafilococos. Penicilina
e Estreptomicina utilizadas na cura
de numerosas moléstias e infecções. Hormônios
sintéticos aplicados para restabelecer o equilíbrio hormonal nos pacientes.
A pílula anticoncepcional recebeu boa
acolhida pelas mulheres e enriqueceu ainda mais a indústria farmacológica. Na
ânsia de lucro, os laboratórios também produzem drogas nocivas, como a talidomida, responsável pelos defeitos
congênitos em crianças cujas mães ingeriram aquele remédio. Foram criados métodos
para tratamento do câncer, inclusive mediante radiação, e técnicas para o armazenamento
de sangue, de plasma e de genes.
Ernest Rutherford e Niels Bohr
descrevem o átomo (invisível) como miniatura do sistema solar (visível): um
núcleo (próton + nêutron) de carga positiva em torno do qual giram unidades
elétricas de carga negativa (elétrons). Concluíram que a eletricidade é o elemento fundamental da matéria. No período
compreendido entre 1905 e 1915, Albert Einstein publica suas teorias divergindo
das teorias vigentes que consideravam absolutos o espaço e o movimento. Na
escala astronômica, o espírito relativista (Einstein) transcende o espírito
clássico (Newton). A tese de Einstein é a de que há relação entre movimento e espaço e que há quatro dimensões: comprimento, largura, altura e
tempo. Agrupou as quatro na síntese: espaço-tempo
continuum. A massa depende do movimento. Tamanho e peso dos corpos em
movimento variam segundo a velocidade e diferem quando em repouso. Velocidade
e movimento são conceitos distintos. “O
fluxo de eletricidade negativa livre possui duas velocidades diferentes: uma
quando o consideramos como um conjunto de partículas; outra quando aí vemos um
curso de ondas” (Karl Darrow). Ambígua, neste caso, é a realidade e não a
formulação do cientista. No entender de Einstein, a matéria na sua originária manifestação é energia e o universo é finito no que concerne ao espaço. {O
espaço é finito e depende do tempo}. Há uma região além do espaço onde não
existe matéria. O espaço curva-se sobre si mesmo e faz do universo uma
gigantesca esfera dentro da qual estão as galáxias com as suas estrelas, os
seus planetas, cometas e asteróides. No século XXI, servindo-se de poderosos e
modernos telescópios, os astrônomos verificaram a conexão por filamentos entre
galáxias que, assim, formam um conjunto
galático.
Werner Heinsenberg (1901 a 1976), físico alemão,
ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1932. Ele desenvolveu a mecânica quântica e descobriu que os elétrons não seguem qualquer
lei definida de causa e efeito. A esta dinâmica que ocorre no mundo subatômico
foi dado o nome de princípio da indeterminação ou princípio da incerteza. Destarte, pelo menos, neste nível da
matéria, o princípio mecanicista da causalidade universal perdeu a sua
plenitude, assim como, a geometria do sólido perdeu a sua plena aplicação. Do
mundo subatômico, o cientista não extrai certezas e sim probabilidades tão somente. A perturbação, a incerteza, o erro,
passam a ser considerados no estudo dos fenômenos físicos. O determinado sofre a concorrência do indeterminado. O determinismo provoca o – ou provém do – sentimento de ordem,
repouso, certeza, simetria, segurança; o indeterminismo
provoca o – ou provém do – sentimento de desordem, agitação, incerteza,
assimetria, insegurança. As idéias de perturbação
e deformação passam a freqüentar o
vocabulário científico. No século XXI, os físicos se defrontam com o bóson de Higgs, possivelmente
responsável pela massa de todas as partículas atômicas.
As teorias de Rutherford, Bohr,
Einstein e Heisenberg mudaram a antiga concepção do universo. Os físicos também
engendraram técnicas para liberar a energia contida no átomo. Descobrem que
além dos prótons de carga positiva, o núcleo também se compõe de nêutrons de
carga elétrica neutra. Ao bombardear os átomos do urânio com nêutrons, os
cientistas conseguiram dividi-lo. Desprendeu-se enorme quantidade de energia.
Sob a direção e o patrocínio do governo dos EUA, os cientistas produziram as
primeiras bombas atômicas (1945). Esse governo brindou o final da guerra com
duas bombas atômicas, uma para Nagasaki e outra para Hiroshima. Grato pelo
brinde, o Japão celebrou a paz.
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