sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

FILOSOFIA XV - 19



EUROPA (1900 a 2014). Continuação.

Houve estímulos recíprocos entre a revolução intelectual e a revolução industrial. Elevou-se o padrão de vida na sociedade européia. A ânsia por conforto e prazer estimula a produção de utilidades cada vez mais aperfeiçoadas e diversificadas. Algumas demandas são provocadas pelos produtores. Ante a insaciável sede de conhecimento e progresso foram criadas associações de cunho científico cujo patrocínio, às vezes, molda o respectivo trabalho. Instrumental para a pesquisa científica é produzido e aperfeiçoado desde o telescópio e o microscópio até aparelhos altamente sofisticados, como os computadores e as máquinas cibernéticas (robôs).

Augusto Weismann (1834 a 1914), cientista alemão, impugnou a tese da transmissão dos caracteres adquiridos. Mostrou a distinção entre as células somáticas e as células reprodutoras e a impossibilidade de modificações nas somáticas afetarem as reprodutoras. Concluiu: as únicas qualidades transmissíveis à descendência são aquelas que sempre estiveram no plasma germinativo dos pais.

Hugo De Vries (1848 a 1935), botânico holandês, publicou seus estudos sobre as mutações. Este cientista partiu das leis da hereditariedade descobertas pelo monge austríaco Gregório Mendel e do princípio darwiniano da seleção natural.  Segundo o cientista holandês, a evolução se processa por saltos repentinos, mediante mutações ou modificações radicais de uma geração a outra e não por pequenas variações como supunha Darwin. Os descendentes herdam as qualidades decorrentes das mutações sofridas pelos ascendentes. De tempos e em tempos, surgem novos mutantes melhor adaptados ao meio. Depois de um determinado número de gerações, nova espécie pode surgir. 

Takamine, cientista japonês, isola a adrenalina segregada pelas glândulas supra-renais e mostrou a sua utilidade no funcionamento do coração (1901). Descobriu-se, depois, que a glândula pituitária produz substância essencial ao crescimento do corpo (1912). Intensificou-se o estudo do sistema glandular para fins terapêuticos que inclui a administração de hormônios no paciente. Práticas místicas orientais incidem sobre as glândulas. Ao tratarem da técnica terapêutica, as monografias da Antiga e Mística Ordem Rosacruz – AMORC consideram as glândulas centros psíquicos. Descobriu-se que amido, gordura, açúcar e proteína não eram as únicas substâncias necessárias à boa alimentação, mas também elementos acessórios encontrados exclusivamente em certos alimentos. Tais elementos receberam o nome genérico de vitamina. Em 1915, foram identificados dois tipos de vitaminas: A e B; posteriormente, dezenas de tipos foram descobertos. O médico canadense Frederik Banting desenvolve a insulina para combater diabetes. Esse produto também se mostrou eficaz na cura de certos tipos de loucura. Os vírus causadores da varíola, raiva, paralisia infantil, febre amarela e resfriado comum foram identificados; buscam-se meios de neutralizá-los ou exterminá-los.

Novas drogas foram produzidas. A sulfa destina-se ao tratamento das infecções provocadas por estafilococos. Penicilina e Estreptomicina utilizadas na cura de numerosas moléstias e infecções. Hormônios sintéticos aplicados para restabelecer o equilíbrio hormonal nos pacientes. A pílula anticoncepcional recebeu boa acolhida pelas mulheres e enriqueceu ainda mais a indústria farmacológica. Na ânsia de lucro, os laboratórios também produzem drogas nocivas, como a talidomida, responsável pelos defeitos congênitos em crianças cujas mães ingeriram aquele remédio. Foram criados métodos para tratamento do câncer, inclusive mediante radiação, e técnicas para o armazenamento de sangue, de plasma e de genes.

Ernest Rutherford e Niels Bohr descrevem o átomo (invisível) como miniatura do sistema solar (visível): um núcleo (próton + nêutron) de carga positiva em torno do qual giram unidades elétricas de carga negativa (elétrons). Concluíram que a eletricidade é o elemento fundamental da matéria. No período compreendido entre 1905 e 1915, Albert Einstein publica suas teorias divergindo das teorias vigentes que consideravam absolutos o espaço e o movimento. Na escala astronômica, o espírito relativista (Einstein) transcende o espírito clássico (Newton). A tese de Einstein é a de que há relação entre movimento e espaço e que há quatro dimensões: comprimento, largura, altura e tempo. Agrupou as quatro na síntese: espaço-tempo continuum. A massa depende do movimento. Tamanho e peso dos corpos em movimento variam segundo a velocidade e diferem quando em repouso. Velocidade e movimento são conceitos distintos. “O fluxo de eletricidade negativa livre possui duas velocidades diferentes: uma quando o consideramos como um conjunto de partículas; outra quando aí vemos um curso de ondas” (Karl Darrow). Ambígua, neste caso, é a realidade e não a formulação do cientista. No entender de Einstein, a matéria na sua originária manifestação é energia e o universo é finito no que concerne ao espaço. {O espaço é finito e depende do tempo}. Há uma região além do espaço onde não existe matéria. O espaço curva-se sobre si mesmo e faz do universo uma gigantesca esfera dentro da qual estão as galáxias com as suas estrelas, os seus planetas, cometas e asteróides. No século XXI, servindo-se de poderosos e modernos telescópios, os astrônomos verificaram a conexão por filamentos entre galáxias que, assim, formam um conjunto galático.    

Werner Heinsenberg (1901 a 1976), físico alemão, ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1932. Ele desenvolveu a mecânica quântica e descobriu que os elétrons não seguem qualquer lei definida de causa e efeito. A esta dinâmica que ocorre no mundo subatômico foi dado o nome de princípio da indeterminação ou princípio da incerteza. Destarte, pelo menos, neste nível da matéria, o princípio mecanicista da causalidade universal perdeu a sua plenitude, assim como, a geometria do sólido perdeu a sua plena aplicação. Do mundo subatômico, o cientista não extrai certezas e sim probabilidades tão somente. A perturbação, a incerteza, o erro, passam a ser considerados no estudo dos fenômenos físicos. O determinado sofre a concorrência do indeterminado. O determinismo provoca o – ou provém do – sentimento de ordem, repouso, certeza, simetria, segurança; o indeterminismo provoca o – ou provém do – sentimento de desordem, agitação, incerteza, assimetria, insegurança. As idéias de perturbação e deformação passam a freqüentar o vocabulário científico. No século XXI, os físicos se defrontam com o bóson de Higgs, possivelmente responsável pela massa de todas as partículas atômicas.

As teorias de Rutherford, Bohr, Einstein e Heisenberg mudaram a antiga concepção do universo. Os físicos também engendraram técnicas para liberar a energia contida no átomo. Descobrem que além dos prótons de carga positiva, o núcleo também se compõe de nêutrons de carga elétrica neutra. Ao bombardear os átomos do urânio com nêutrons, os cientistas conseguiram dividi-lo. Desprendeu-se enorme quantidade de energia. Sob a direção e o patrocínio do governo dos EUA, os cientistas produziram as primeiras bombas atômicas (1945). Esse governo brindou o final da guerra com duas bombas atômicas, uma para Nagasaki e outra para Hiroshima. Grato pelo brinde, o Japão celebrou a paz.    

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