sábado, 30 de março de 2024

FUTEBOL

A seleção brasileira masculina de futebol enfrentou, em jogos amistosos, duas poderosas seleções europeias. Em 23/03/2024, venceu a inglesa em Londres, no estádio Wembley, pelo placar mínimo (1x0), gol de Endrick no segundo tempo da partida. A inglesa mostrou-se agressiva e persistente no ataque. A brasileira fechou-se na defesa, acautelou-se contra as bolas altas na área, valeu-se do contra-ataque e perdeu algumas finalizações. Em 26/03/2024, a brasileira empatou (3x3) com a espanhola em Madri, no estádio Santiago Bernabéu. Arbitragem sofrível. No primeiro tempo, a anfitriã marcou um gol de pênalti e outro em jogada individual do camisa 10 (Olmo). A visitante marcou um gol em jogada individual do camisa 10 (Rodrygo) que, ao interceptar passe, encobriu o goleiro. No início do segundo tempo, placar ainda adverso, Endrick marcou o segundo gol da visitante. Depois, a anfitriã, de pênalti, marcou o seu terceiro gol.  No último minuto, a visitante, de pênalti, cobrado por Paquetá, marcou o seu terceiro gol. 
Jogos disputados como se fossem de campeonato. Gramados em bom estado. Campeãs mundiais em 1966, a inglesa e em 2010, a espanhola, as duas seleções exibiram futebol de alto nível apoiadas por suas torcidas. Dois fatores contribuíram para o bom desempenho da brasileira: [1] A presença (i) de treinador maduro, seguro, eficiente e (ii) de jogadores confiantes, de bom nível técnico, moralmente bem formados. [2] A ausência (i) de treinador que desestabiliza a equipe e (ii) de jogadores com deficiência moral, como Daniel, Neymar e Robinho. 
Ao contrário do caso de Neymar com a brasileira no hotel de Paris, nos casos de Daniel e Robinho não houve acordo com as vítimas, ambas europeias. Instaurou-se processo judicial e os dois foram condenados. Dir-se-á que, sob o ângulo moral, outro jogador também devia estar fora da seleção por ato criminoso. Todavia, há diferença entre a situação deste e a daqueles três, porque (i) o caso das apostas esportivas não está concluído, o que assegura o vigor da presunção de inocência (ii) o objeto da investigação é a prática de crime patrimonial e não a de crime contra a liberdade sexual. Psicologicamente, o episódio das apostas parece influir. O jogador cometeu muitas faltas no primeiro jogo. Se fosse campeonato, seria expulso. No jogo seguinte, ele voltou a ser punido com cartão amarelo. Tecnicamente, trata-se de jogador acima da média.  
A Confederação Brasileira de Futebol parece que outorgou carta branca ao novo treinador para selecionar e escalar. Nada de Tite. Nada de Neymar. Nada de patrocínio intervencionista. Se reduzir o número de passes errados, de desarmes sofridos e de chances de gol perdidas, a seleção, bem treinada e autoconfiante, poderá ser campeã. Ronaldo conta que certa ocasião, ao ser perguntado pelo treinador se havia estudado a equipe adversária, respondeu: “Eles é que devem se preocupar comigo e não eu com eles”. Ronaldo fora eleito o melhor jogador do mundo. Tal confiança, porém, não afasta o cuidado da equipe de “combinar com os russos” (royalties para Garrincha). 
Aliás, bom evitar comparações com os jogadores da letra R de Rivaldo, Rivelino, Roberto Carlos, Romário, Ronaldinho, Ronaldo e, também, com o grupo de letras GLP de Garrincha, Gerson, Leônidas e Pelé. Hoje, brasileiros e europeus se nivelam. Destarte, a prudência aconselha aguardar a Copa América para, então, avaliar, elogiar e erigir novos ídolos, se for o caso. 
O racismo entrou na ordem do dia por causa das ofensas sofridas na Espanha por Vini Jr., jogador negro do clube Real Madri. Da seleção espanhola participaram dois jogadores negros que deram muito trabalho aos defensores brasileiros. Tal escalação indica que as ofensas não ganharam a simpatia geral dos espanhóis. Negros de distintas nacionalidades jogam em clubes espanhóis sem que o racismo se manifeste de modo explícito e constrangedor. Ronaldinho Gaúcho, por exemplo, jogando pelo Barcelona contra o Real Madri, foi aplaudido de pé pela torcida adversária. Diante desses fatos, o caso Vini desperta curiosidade. Às vezes, o êxito dos negros incomoda os brancos, como se viu nas olimpíadas de 1936, em Berlim (Owens x Hitler).  
A justiça desportiva aplicou pena de suspensão ao jogador Gabriel Barbosa por tentativa de fraude no exame antidoping. Não fosse isto e diante da sua excelente qualidade técnica e boa forma física, ele poderia integrar o elenco da seleção brasileira. Segundo noticiado pela imprensa, dos exames a que ele foi submetido ao longo da carreira, nenhum resultou positivo. A fraude, consumada ou tentada, deve ser provada sem deixar margem à dúvida. In dúbio pro reo. Com imparcialidade, o tribunal deve examinar os fatos, as circunstâncias, a idoneidade dos meios de prova e pesar os efeitos da decisão. A aplicação da lei ao caso concreto deve ser ponderada, razoável e justa. Havendo 22 jogadores em campo, o critério da escolha para exame antidoping sujeita-se a questionamento. Se exames periódicos são realizados em datas  diferentes, cabe indagar, por exemplo, o motivo de a escolha recair, invariavelmente, sobre o mesmo atleta. Isto pode caracterizar perseguição, deliberado propósito de prejudicar o atleta e/ou o clube, assistindo a estes, o direito de recorrer ao poder judiciário nacional com fulcro nas garantias constitucionais. [CR 5º, XXXV, LXVIII, LXIX + 217, § 1º]. 
As decisões da justiça desportiva estão sujeitas ao crivo do poder judiciário, mormente quando afetam direitos fundamentais. A definição de tentativa de fraudar exame antidoping não está clara e bem desenhada na lei. Essa lacuna deixa o atleta e o clube à mercê do capricho dos acusadores e julgadores. Outrossim, desatende ao direito, decisão lançada em termos genéricos tais como: “prejudicar de várias maneiras o trabalho dos oficiais”. Necessário especificar o prejuízo e detalhar as maneiras. Se os exames foram realizados a contento, como noticiado no caso em tela, maior será a necessidade de explicar em que consistiu a tentativa e se houve, ou não, intenção de fraudar. Não se descarta a hipótese de abuso da autoridade à vista do hábito comum, no Brasil, de usar pessoas famosas como escada para o agente se promover socialmente. O árbitro Armando Marques, branco espevitado, por exemplo, sem justa causa, expulsou Pelé durante um jogo. Fê-lo para constar do seu currículo ter sido ele o único árbitro do planeta a expulsar de campo o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Espiritual miséria humana!   

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