quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

HOLOCAUSTO

Na entrevista coletiva concedida à imprensa internacional no domingo, 18/02/2024, em Adis Abeba, capital da Etiópia, o presidente do Brasil disse: O que está acontecendo em Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças
A entrevista tem sido elogiada por simpatizantes e amigos, de um lado; execrada por adversários e inimigos, de outro lado. Há também o fogo amigo. Israel é a pátria comum dos judeus espalhados pelo mundo. Daí, judeus brasileiros posicionarem-se a favor de Israel na conjuntural crise com o Brasil. O atual governante israelense afirmou que o governante brasileiro ultrapassou a linha vermelha ao desonrar os 6 milhões de judeus do holocausto. Oficialmente, considerou o brasileiro persona non grata. Trata-se de linha vermelha imaginária traçada ao talante do sujeito. A linha vermelha da cidade do Rio de Janeiro é real. Ali trafegam pessoas de diferentes nacionalidades sem que nenhuma seja considerada non grata por discordar da regra de trânsito. Quem desonra a memória dos judeus do holocausto é o governo israelense com a sua conduta criminosa. Ser considerado persona non grata por governo desse naipe é galardão para o presidente brasileiro como estadista de relevo no cenário internacional. O governo israelense está sendo processado na Corte Internacional de Justiça (Haia). 
O entrevistado não empregou o vocábulo holocausto, não citou genocídios ocorridos desde a Idade Antiga até a Idade Moderna, apenas deixou implícita a semelhança entre Hitler e Netanyahu. Outros líderes israelenses do século XX também foram comparados ao líder nazista (Begin, Sharon).
Comparar é operação intelectual própria da racionalidade humana. Dessa operação resulta  conhecimento vulgar, artístico, científico e filosófico. A comparação revela as semelhanças e as diferenças entre as coisas. Comparar o genocídio praticado pelos alemães contra os judeus no século XX com o genocídio praticado pelos judeus contra os palestinos no século XXI é buscar as semelhanças e as diferenças. Esses dois episódios são: 
I. Semelhantes no que concerne: [1] À historicidade e ao morticínio coletivo de humanos desarmados e indefesos [2] Ao nazismo do governo alemão daquela época (1933-1945) e o nazismo do governo israelense posterior (1950-2024) [3] Ao perfil político dos chefes, o alemão Hitler e o israelense Netanyahu, ambos nacionalistas, autoritários, racistas e genocidas [4] Ao expansionismo territorial à luz da doutrina nazista do espaço vital.
II. Diferentes no que concerne: [1] À quantidade dos mortos [2] À personalidade dos chefes: (i) Hitler, carismático, empreendedor eficiente, líder autêntico (ii) Netanyahu, líder medíocre, grosseiro, corrupto [3] À independência do governo nazista alemão e a dependência do governo nazista israelense em relação ao governo dos Estados Unidos da América. 
Não há notícia de combinação entre jornalistas e entrevistado. Sem conhecimento prévio das perguntas, o entrevistado não pode trazer respostas escritas e sim prestá-las oralmente, de improviso. A protocolar leitura de texto se faz, por exemplo, nos pronunciamentos unilaterais, sem apartes, em reuniões oficiais solenes. O chefe do governo israelense mostrou oportunismo político ao tentar afastar as críticas relacionadas ao genocídio dos palestinos. 
Os judeus fizeram do holocausto uma indústria rentável do ponto de vista econômico e político, conforme descrito e explicado pelo professor Norman G. Finkelstein no seu livro “A Indústria do Holocausto. Reflexões sobre a exploração do sofrimento dos judeus” (Rio/SP, Record, 2001). A reação do governante israelense encaixa-se nessa esperta exploração ao tirar proveito da crise por ele mesmo gerada, ou seja, ao aproveitar-se da própria torpeza. 
Holocausto significa sacrifício em que a vítima é consumida pelo fogo. Trata-se de ritual do povo hebreu (judeus + israelitas) de oferenda ao deus satânico, cruel, vingativo, genocida, denominado Javé ou Jeová (Bíblia. Antigo Testamento. Levítico 1: 1/17). A vítima queimada (novilho, cordeiro, rolas, pombinhos) substitui o seu dono na expiação. Evita-se sacrificar humanos. Os judeus colocam-se como eternas vítimas. Entretanto, eles também são algozes cruéis, vingativos e genocidas, à imagem e semelhança daquele deus. Eles mataram todos os habitantes, homens, mulheres, crianças e idosos, bois, ovelhas e jumentos, quando invadiram e destruíram Jericó (Josué 6: 21). O mesmo fizeram quando invadiram o reino de Amalec (I Samuel 15: 3). 
A matança promovida por Hitler nos campos de concentração não foi só de judeus, mas, também, de milhares de outros humanos: comunistas, ciganos, negros, homossexuais, deficientes físicos e mentais, adversários políticos. Falta certeza quanto à quantidade de judeus mortos pelos nazistas. Há possível exagero com o fito de aumentar a comoção e o lucro social. Os judeus consideram o seu sofrimento com exclusivismo monopolista na sua permanente propaganda para impressionar o público. 
O caso em tela não é de retratação do presidente do Brasil. Nas circunstâncias desse episódio, só os covardes, colonizados, invertebrados morais, submeter-se-iam a tal humilhação. No local apropriado, no momento certo e no tom adequado, o presidente falou a verdade que precisava ser dita em sintonia com os fatos públicos e notórios. O tom usado foi o Sol, não o Si, da escala musical. Os críticos pedantes, insanos e petulantes, seccionam a personalidade do presidente em natural e política no intuito de ensiná-lo a selecionar o que ele deve e o que ele não deve falar. 
A parcela da opinião pública nacional e internacional que apoiou o presidente brasileiro ficará decepcionada se a exigência do governo israelense for atendida. Espera-se que tal humilhação não aconteça. O governo tem que zelar pela soberania, princípio fundamental da república brasileira. A repreensão ao embaixador brasileiro pelo governo israelense foi atrevida, descabida e injuriosa. O embaixador é hierarquicamente subordinado ao ministro das relações exteriores do Brasil e não ao ministro de Israel. Quem deve pedir desculpas e se retratar é o governo israelense por essas afrontas. Se não o fizer, cabe ao governo brasileiro romper as relações diplomáticas com Israel e mandar às favas aquele arrogante governo.

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