sábado, 16 de março de 2024

EU E A ROSA-CRUZ

Durante 55 anos (1965-2020), com o número 27513 (R+C), estive filiado à Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis - AMORC, cuja sede para os países de língua portuguesa localiza-se no Brasil, na cidade de Curitiba, capital do Estado do Paraná. Durante todo esse período paguei pontualmente as contribuições até outubro de 2020, inclusive. A partir daí, a AMORC não mais enviou boletos. Cessados os pagamentos, extingue-se o vínculo contratual. Na maçonaria (Grande Oriente), onde fui iniciado nos graus de aprendiz, companheiro e mestre, o maçom mantém o seu título e o seu vínculo mesmo que esteja inativo. Ao contrário da ordem rosa-cruz, a ordem maçônica tem um braço político que me pareceu, depois de algum tempo, comprometer a independência e a imparcialidade exigidas pela função de juiz de direito por mim exercida. Em consequência, assumi o status de maçom adormecido (inativo).  
Enquanto filiado à AMORC, percorri todos os graus e recebi todos os ensinamentos da venerável fraternidade. Participei de cerimônias iniciáticas. As aposições de nome (batismo) dos meus 3 filhos, ainda bebês, foram realizadas na Loja Curitiba (1972, 1975, 1979). No Rio de Janeiro, eu e outros membros fundamos o Capítulo Leblon do qual fui mestre, minha esposa foi matre e minha filha, columba. Os membros se cotizaram para a compra de um imóvel na Gávea onde se instalou a Loja Gávea, sucessora do Capítulo Leblon. As maiores cotas foram dadas por mim e pelo frater Romualdo. Da escritura de compra consta a AMORC como adquirente.
As monografias ensinam técnicas para: (i) reflexão e meditação (ii) conexão com o mundo espiritual (iii) operar com as leis naturais e sobrenaturais (iv) obter boa saúde física e mental. 
Os ensinamentos rosa-cruzes têm seus alicerces nas crenças: (i) no Deus que cada pessoa traz no coração e na mente (ii) na imortalidade da alma (iii) na existência de um mundo espiritual habitado por grandes mestres e por almas desencarnadas (iv) na reencarnação das almas. 
Eu divergia desses pontos centrais da doutrina sem contestação explícita a fim de salvaguardar a harmonia e evitar divisão e conflito internos. A Paz Profunda não se alcança sem a pacificação dos afetos. A minha liberdade de pensar, sentir, agir e a minha capacidade de tolerar ampliaram-se. A minha concepção de mundo e as minhas atitudes perante a vida mudaram e não mais coincidiam com os belos e vetustos ensinamentos da AMORC. 
Respeito a imagem da divindade que cada humano traz em sua mente e em seu coração. Acredito: [1] Que essa imagem é desenhada pelas instituições religiosas e místicas [2] Que “inspiração divina” é engodo [3] Que conhecimentos podem ser obtidos por harmonização, tanto a espontânea (insight) como a intencional, com os conteúdos da zona gravitacional da Terra [4] Que deuses e deusas antigos e atuais da África, da América, da Ásia, da Europa e da Oceania, têm suas respectivas imagens desenhadas pela cultura de cada povo, selvagem ou civilizado [5] Que a origem das crenças religiosas está: (I) no medo, na ignorância e na credulidade dos humanos (II) na consciência que eles têm (i) da sua fraqueza ante a pujança da natureza (ii) da finitude e da brevidade das suas existências (III) no anseio por proteção superior (IV) na esperança de viver num mundo melhor após a morte [6] Que a parte animal dos seres humanos é forte e comanda; que a parte racional é fraca e orienta.    
A personalidade-alma de cada pessoa, construída durante a existência terrena, morre com o corpo. Daí, a impossibilidade da reencarnação. Nada de ilusões metafísicas, apesar do encanto e da beleza que proporcionam. O mundo espiritual é o arquivo dinâmico da história humana. O seu conteúdo pode ser comparado às partículas eletromagnéticas de fonte humana que inundam o nosso planeta, captadas pelos telefones celulares e transformadas em sons e imagens.
Segundo a teoria de Einstein, o Sol, ao “afundar na superfície da grade do espaço/tempo", cria em torno de si uma zona gravitacional por onde circulam os planetas. Provada essa teoria, cada planeta será como um Sol que se “afunda na superfície da grade do seu espaço/tempo" e cria em torno de si uma zona gravitacional. Na zona da Terra circulam a Lua e trilhões de partículas eletromagnéticas. Considerada no seu conjunto psicossomático, ao “afundar na superfície da grade do seu espaço/tempo", a humanidade cria uma zona gravitacional em torno de si onde circulam os elementos da sua energia vibrátil. Cuida-se de um repositório de sons, imagens, experiências e conhecimentos cuja fonte é o ser humano.
Por espíritos, entendo essas vibrações de energia significante emanadas da zona gravitacional da Terra, captadas de acordo com as suas diferentes frequências: (1) involuntariamente pelos bebês (2) voluntariamente, por via introspectiva, pelos adultos, para fins místicos, artísticos ou científicos. Depois da morte restam, na zona gravitacional, as partículas da significante energia vibrátil do ser humano que podem ser acessadas pelas vias apropriadas. 
“O Homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras). Cada ser humano é um Sol “afundado na superfície da grade do seu espaço/tempo". Em sua privada zona de gravitação, giram pensamentos, sentimentos, valores, interesses, coisas, pessoas e instituições. Ecce homo!     
 

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